Cantor. Compositor.
Filho de Manoel e Elza Costa, nascido e criado no Morro do Catrambi, no Complexo do Borel, na Tijuca, Zona Norte do Rio de Janeiro. Filho de criação de Edgar (primo de João Luiz Duboc Pinaud – Secretário Estadual de Direitos Humanos do Rio de Janeiro).
Morador do bairro da Glória, Zona Sul do Rio de Janeiro e pai de dez filhos com mães diferentes.
Na década de 1980 estudou no Colégio Pedro II, na Tijuca, onde atuou como líder estudantil, participando da criação do Grêmio Estudantil.
Na adolescência, foi guitarrista em uma banda de rock. Também aprendeu a tocar bateria.
Na década de 1990, em parceria com o ex-VJ da MTV, o paulista Primo Preto, criou a empresa Rapsoulfunk (gravadora, griffe de roupas e organizadora de bailes funk e shows hip hop no Rio de Janeiro e São Paulo).
No ano de 2001, junto a MV Bill, lançou o PPPomar (Partido Popular Poder para a Maioria), partido que abandonou no ano de 2002 por divergência com Celso Athayde, dono da Produtora Hutus e empresário de MV Bill e Racionais MCs. Ainda em 2002 foi processado pela cúpula da Polícia Militar do Rio de Janeiro por apologia ao crime, devido a suas letras, pricipalmente a da composição “Cachorro”, um de seus maiores sucessos, que versa sobre policiais corruptos. Sobre o assunto ele esclareceu em entrevista: “Não sou cúmplice do crime, sou cúmplice da favela. Não estou fazendo apologia ao crime, estou é relatando uma realidade”.
Em 2004 sua empresa Rapsoulfunk foi responsável pela contratação de artistas do universo hip hop para o “Festival Hip Hop Manifesta”, o principal da América do Sul. O evento aconteceu no Riocentro e entre os nomes internacionais contratados destacaram-se os rappers norte-americanos Snoop Dogg e Ja Rule.
Em 2011 a tese de Doutorado “A estética Funk carioca: criação e conectividade em Mr. Catra”, da antropóloga Mylene Mizrahi, do Ifcs/ UFRJ, recebeu o “Prêmio IPP-Rio Maurício de Lima Abreu 2011” como primeira colocada.
Radicou-se na cidade de Mogi das Cruzes, em São Paulo.
Em 2018 faleceu vítima de um câncer gástrico, diagnosticado em 2017, deixando três viúvas e 32 filhos. Seu corpo foi velado em Guarulhos (SP) e enterrado no Rio de Janeiro, sua cidade natal.
Como violonista no início da carreira montou uma banda de rock, “O Beco” que se apresentava em festas particulares, escolas e faculdades.
Considerado um dos expoentes do “Funk Proibidão” (sub-gênero que fala da violência, tráfico de drogas e é pouco divulgado fora das favelas), sendo considerado adversário do sub-gênero “Funk sensual”.
Por intermédio do VJ Primo Preto, de São Paulo, assinou contrato com a gravadora independente Zâmbia records, a mesma dos Racionais MCs. No ano de 1995, pela Zâmbia Records, lançou “Bonde do Justo”, o primeiro CD, do qual se destacou o sucesso “Vida na cadeia” com o seguinte trecho: “A vida na cadeia não dá nem pra imaginar/acredite meu amigo, só vendo pra falar”. No ano seguinte lançou, pela mesma gravadora, o CD “O segredo do altíssimo”.
Em 1999 a Warner Music lançou o disco “O fiel”. Logo depois, afastou-se da gravadora por achar que a mesma não trabalhou o CD, executando apenas uma das faixas de apelo sensual, muito comum na época.
Várias de suas composições foram incluídas nas coletâneas piratas “Proibidão do rap”, por suas músicas enaltecerem facções criminosas do Rio de Janeiro.
Em 2001 foi incluído na coletânea “Bonde do tesão”, da gravadora Pipos Records, disco do qual também participaram Gorila e Preto, Cidinho e Doca, Equipe Pipos, Bonde do Tigrão, MC Tati Quebra-Barraco e Lady Lú.
Em 30 de dezembro de 2002 a PM carioca apreendeu mais um lote de CDs piratas da série “Probidão do rap”, disco no qual constavam algumas composições de sua autoria. Versos como “Não corre/não treme/mete bala no PM” são comuns nestes discos.
Em março de 2004 apresentou-se em Paris, na casa de shows “Favela Chic”. Na ocasião, apresentou-se em dupla com o MC, Joe Kaps, gravando um disco independente. Neste mesmo ano, com a banda Os Apóstolos, finalizou o disco “Leões de Judá”, que contou com a participação de Gérson King Combo e ainda participou da coletânea “Proibidão liberado”, no qual interpretou as faixas “O lucro parte II” e “Aba roedor”, em parceria com Beto da Caixa.
Entre suas composições mais divulgadas estão “Cachorro”, referindo-se à polícia militar (PM) na qual relata em um trecho da letra: “Cachoro (PM)/Se quer ganhar um dindin (dinheiro)/Vende o X-9 (delator) pra mim/O patrão (chefe o tráfico) tava preso, mas mandou avisar/que a sua sentença nós vamos executar/É com bala de HK (fuzil)”. Por causa destes versos foi processado pela PM carioca por apologia ao crime. Para se defender alegou que “O crime faz parte da cultura da favela. Não sou cúmplice do crime, sou cúmplice da favela. Não estou fazendo apologia, estou é relatando uma realidade”. Suas composições são incluídas na série de CDs piratas “Proibidão do rap”, ao lado de músicas que enaltecem facções criminosas do Rio de Janeiro. Sobre essas gravações, certa vez declarou em entrevista ao Jornal do Brasil: “Aquilo não era nem pra ser gravado e comercializado. Simplesmente vamos aos bailes, às rádios e cantamos com a rapaziada”.
Em 2012 lançou pela internet o CD “Com todo respeito ao samba”, que contou com faixas como “Tão lindo” (Márcio Local), “Triste fim da mina” (Mr. Catra), “Mangueira é uma mãe” (Serginho Meriti), “Líquido do amor” (Mr. Catra), “Antes, durante e depois” (Mr. Catra), “Preta luxo” (Márcio Local), entre outras.
Participou da coletânea “Pancadão das marchinhas” (Som Livre, 2014), produzida pelo DJ Dennis, para a qual gravou “A pipa do vovô não sobe mais” (Manoel Ferreira, Ruth Amaral e Silvio Santos) e “Índio quer apito” (Haroldo Lobo e Milton de Oliveira).
Fundou o projeto Mr. Catra & Os Templários, banda de rock na qual atuou como vocalista ao lado dos músicos Marcello Nunes (bateria), Stanley Zvaig (baixo), Reinaldo Gore Doom (guitarra), Wellington Coelho e Morgan Stern (Percussão).
Em 2015 participou do show de Lulu Santos apresentado no Palco Mundo, o palco principal do festival “Rock in Rio”, sendo o primeiro artista do funk a participar do festival.
Em 2016 apresentou o programa “Bagulho louco com Mr. Catra”, exibido ao vivo pelo canal Multishow, no qual recebeu convidados como Caetano Veloso, Lulu Santos, Xande de Pilares, Marcelo D2, Preta Gil. Seu filho Lucke atuou como DJ do programa.
Regravou em ritmo de funk a marchinha “Eu dei” (Ary Barroso), a convite de Marília Bessy, para o CD da cantora.
Em 2023 foi lançado o álbum póstumo “Com todo respeito ao samba”, gravado em Uberlândia (MG) no início da década de 2010, com produção de Pedrinho Ferreira. O álbum, inteiramente dedicado ao samba, incluiu músicas inéditas e autorais dentre as treze faixas, como “Ela vacilou”, “Preta de luxo” e “Se dê o valor”.
ALBIN, Ricardo Cravo. Dicionário Houaiss Ilustrado Música Popular Brasileira – Criação e Supervisão Geral Ricardo Cravo Albin. Rio de Janeiro: Instituto Antônio Houaiss, Instituto Cultural Cravo Albin e Editora Paracatu, 2006.
AMARAL, Euclides. Alguns Aspectos da MPB. Rio de Janeiro: Edição do Autor, 2008; 2ª ed. Esteio Editora, 2009.