
Compositor. Radialista. Filho de um professor e uma jovem de tradiconal família paulista. Começou a interessar-se pela música ainda criança quando ficava ouvindo seu avô, o maestro João Pedro Gomes Cardim tocar piano. A partir dos sete anos de idade passou a frequentar a escola Caetano de Campos onde fez os cursos primário e complementar. Aos 14 anos, ingressou na Escola Normal e também no Conservatório Dramático e Musical, começando a estudar violino e logo trocando pelo aprendizado de piano. Em 1934, interessado em seguir a carreira artística na música popular, mudou-se para o Rio de Janeiro, já quer a família preferia que seguisse a música clássica. Em 1936, casou-se com a também compositora Lela Cardim. No Rio de Janeiro atuou como radialista tornando-se amigo de inúmeros artistas como Carolina Cardoso de Menezes, Zé Bacurau, Manoel da Nóbrega, Didi Vasconcelos, Albenzio Perrone, Diamantina Gomes, Lauro Borges, Paulo Roberto, Almirante e outros. Retornando à São Paulo, foi nomeado pelo governador Adhemar de Barros como fiscal musical. Sócio da SBACEM, exerceu cargo no conselho deliberativo.
Iniciou a carreira artística ainda em 1934, quando mal acabara de chegar ao Rio de Janeiro. Foi fazer uma visita à Rádio Cajuti, na Rua 13 de Maio, centro do Rio de Janeiro, na ocasião em que estava sendo apresentado o programa de calouros dirigido pelo radialista Paulo Bevilaqua. Sentou-se inadivertidamente na primeira fila, reservada aos calouros do programa e acabou sendo chamado para ir ao microfone. Mesmo sem ter preparado nenhuma apresentação resolveu aproveitar a chance, dizendo vir de São Paulo. No microfone, disse que sabia contar piadas, declamar, tocar piano e cantar paródias. Depois de sua apresentação, a Rádio recebeu inúmeros telefones de elogios à sua apresentação. Quem também muito apreciou seus dotes artísticos foi um representante da firma Irmãos Guimarães, proprietária da Casa Lotérica Esquina da Sorte, que lhe ofereceu um contrato de patrocínio para a apresentação de um programa diário na Rádio Educadora do Brasil com o título de “Programa da cidade”. Atuou ainda em outras Rádios como a Ipanema e Transmissora Brasileira, posteriormente Rádio Globo, na qual permaneceu por nove anos. Em seus programas foram lançados nomes como Emilinha Borba, Zé da Zilda, Jorge Veiga, e Caçulinha. Entre outros, criou o programa “A Hora do sentenciado”, transmitido diretamente da casa de correção com a participação e colaboração dos detentos. Como compositor passou a ter músicas gravadas a partir da década de 1940. Em 1944, fez com Felisberto Martins o vira “Vira, vira Maria!” gravado pelo cantor Manoel Monteiro na Odeon. No mesmo ano, teve a marcha “Canto da pátria” gravada pelo Coro de Cadetes da Escola Militar de Realengo e pela Banda da Escola Militar de Realengo. Em 1945, teve o fado-canção “Pátria distante” gravado por Manoel Monteiro e a valsa “Alguém que sofre”, com Felisberto Martins, lançada pelo cantor Rui de Almeida, ambas na Odeon. Em 1947, a marcha “O azar é seu” foi gravada pelo Trio de Ouro na Odeon. Em 1948, teve a marcha “Não me falte a lua”, com Fernando Martins, e o samba “Você chorou”, com Noel Vitor, gravadas por Wilson Roberto na Odeon. No mesmo ano, os Trigêmeos Vocalistas registraram a marcha “Eta cabrocha boa”, com Felisberto Martins, também na Odeon.
Fez sucesso nos anos 1950 com a valsa “Onde está ele?”, e com a marcha-rancho “Meu São João”, parcerias com Lêla. Em 1951, a valsa “Seremos felizes”, com Lela e Airton Amorim foi gravada por Francisco Carlos na RCA Victor, e a valsa “Saudade do passado”, com David Nasse e Francisco Alves foi lançada pelo Rei da Voz. Teve gravado por Joel e Seu Ritmo Alegre a marcha “Coisa louca”, com Carvalhinho, em 1952. No mesmo ano, Paulo Fernandes gravou a marcha “Quero, quero”, com Lola Cardim. Em 1953, a cantora Leni Caldeira gravou na RCA Victor o samba-canção “Ingratidão”, com José Roy, e o cantor Wilson Roberto registrou, também na RC A Victor, o bolero “Maria José”, com Wilson Roberto. No mesmo ano, teve quatro composições lançadas pelo cantor Valdemar Roberto pela Sinter: os sambas “O tempo dirá”, “Nosso destino” e “Conselho de amigo”, e a valsa “Não zombe da vida”. Para o carnaval de 1953, foram gravados por Alcides Gerardi a marcha “Toca o bonde”, com Ramalho Neto e Moisés Cardoso, e o samba “Uma saudade e um adeus”, com Rubens Campos e Lela Cardim, e pela Dupla de Ouro, o samba “Nas maõs de Deus” e a marcha “Eu quero é chacoalhar”.
Em 1954, Valdemar Roberto gravou o samba “É tarde demais…”, e o grupo Galãs do Ritmo lançou a marcha “Brotinho”, com Lela Cardim. No mesmo ano, Francisco Egídio gravou o samba “Terra Bandeirante” e o dobrado “São Paulo das bandeiras”, e Sônia Maria Dorse lançou a mazurca “Minha infância” e o poema “Coração do Brasil”, essas duas, parcerias com Lela Cardim. Em 1957, o samba “Retalhos de felicidade” foi lançado na gravadora Copacabana pelo cantor Francisco Magno, e a valsa “De joelhos te imploro” foi gravada na Odeon por Mário Martins. Na mesma gravadora, a Banda Pacaembu e coro gravou a marcha “Brazão preto e branco”, com Jaime Moreira Filho. Em 1958, ingressou na TV Paulista, posteriormente TV Globo, na qual permaneceu por seis anos como Diretor Musical, produtor e diretor de programas. Mudou-se depois para a cidade de Santos, São Paulo, onde assumiu a direção da Rádio Clube de Santos na qual durante seis anos produziu e dirigiu programas. Ainda em 1958, Dalva de Oliveira gravou a marcha “Belezas do Rio”, com Lela Cardim, Francisco Egídio o samba “Greve de amor”, com Antoninho Lopes, e Isaura Garcia o samba “Eu jurei por Jesus”, com José Roy, as três na Odeon.
Em 1963, sua “Valsa das crianças”, foi gravada por Gilberto Alves no LP “Gilberto Alves de sempre nº 2” da gravadora Copacabana. Para o carnaval de 1965, compôs com Mirabeau e S. Lima a “Marcha do pau dágua”. Em 2001, a valsa “Saudade do passado”, com Francisco Alves e David Nasser foi relançada no CD “O Rei da Voz canta Francisco”, do selo Revivendo. Com mais de cem composições, teve obras gravadas por nomes como Francisco Alves, Trio de Ouro, Alcides Gerardi e outros.