Compositor. Cantor. Escritor. Pintor. Músico. Ator.
Nasceu na Santa Casa de Misericórdia, na Praça XV.
Filho de Rosa Maria da Conceição (cozinheira, lavadeira e empregada doméstica) e Olympio José de Matos (cozinheiro-chefe do Armazém Dragão Secos e Molhados, da Rua Hadock Lobo). Sua mãe, com a separação do primeiro marido, uniu-se a Arthur Pequeno, que morava no Morro do Salgueiro.
Aos nove anos, morava no Morro do Salgueiro, com mais 17 irmãos, onde desfilava na Escola de Samba Azul e Branco.
Aos 12 anos, mudou-se para o Morro da Mangueira, sendo adotado por Alfredo Lourenço, pintor de paredes nascido em Portugal e que chegara em um navio, fixando-se no Morro da Mangueira, onde recebeu o apelido de Alfredo Português. O padrasto (ex-fadista), a essa altura Arthur Pequeno faleceu e a mãe se unira a Alfredo, levava o pequeno Nelson para os ensaios da Escola Unidos da Mangueira, já extinta.
Aprendeu a tocar violão com Aluísio Dias, Cartola, Nelson Cavaquinho e Geraldo Pereira, passando a musicar os versos feitos pelo pai adotivo.
Seguindo os passos de Alfredo Português, tornou-se pintor de paredes aos 17 anos.
Trabalhou na Fábrica de Vidros José Scarrone, no bairro de Vila Isabel.
Por influência de Alfredo Português e Carlos Cachaça passou a integrar a ala de compositores da Mangueira, em 1942.
Foi sargento do Exército de 1945 a 1949, daí o apelido que tomou como nome artístico após ter participado do musical “Rosa de Ouro”.
No ano de 1958 assumiu o cargo de Presidente da Ala de Compositores do Grêmio Recreativo e Escola de Samba Estação Primeira de Mangueira.
No ano de 1973 Sérgio Cabral organizou uma reunião em sua casa e fez uma pequena exposição de alguns (seis) de seus quadros. Na ocasião, Paulinho da Viola comprou um deles.
No ano de 1981 escreveu com Alice Campos, Francisco e Dulcinéia Duarte, a monografia “Um certo Geraldo Pereira”, lançada pelo “Projeto Lúcio Rangel”, criado por Hermínio Bello de Caravalho para a Funarte.
A partir de 1982, passou a conciliar a carreira de músico com a de artista plástico.
No Rio de Janeiro, em 1983, expôs seus quadros de cenas do cotidiano e figuras primitivistas no Arquivo da Cidade.
No ano de 1992, foi realizado um documentário sobre sua vida e obra, “Meia hora de arte”, produzido por Luiz Guimarães Castro. No ano seguinte, em 1993, expôs seus trabalhos de artista plástico no Museu da Imagem e do Som.
No ano de 1994 lançou o livro de poemas “Prisioneiro do mundo” fez exposição de quadros na Câmara Municipal do Rio de Janeiro. No ano posterior, em 1995, expôs seus quadros no Museu do Folclore.
Por serviços prestados à cultura, em 1996, foi condecorado com a “Medalha Pedro Ernesto”, da Câmara Municipal do Rio de Janeiro.
Casou com a produtora Evonete Belisário e pai de 11 filhos (sete naturais e quatro de criação).
Como ator estreou no longa-metragem “É Simonal”, de Domingos de Oliveira. Também atuou em filmes dirigidos por Estevão Pantoja, Luiz Guimarães de Castro, Alice de Andrade, Walter Salles, Daniela Thomas, Cacá Diegues (em “Orfeu do carnaval”) e Flávio Tambellini, assim como na minissérie “Presença de Anita”, da Rede Globo.
No ano de 1997 por sua atuação no documentário “Nelson Sargento na Mangueira”, de Estevão Ciavatta Pantoja, foi premiado na categoria “Melhor Ator” e “Melhor Trilha Sonora no “Festival de Cinema Rio Cine”. O documentário “Nélson Sargento da Mangueira” foi exibido em vários festivais de cinema, sendo premiado em diversos deles. A composição “A felicidade se foi” fez parte da trilha sonora do filme. No ano seguinte, em 1998, fez exposição de quadros na Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro e no ano seguinte, em 1999, voltou a expor no Museu da Imagem e do Som do Rio de Janeiro, e ainda, atuou em “O primeiro dia”, filme de Walter Salles e Daniela Thomas.
Em 2003 finalizou o livro de contos “Samba eu”.
Em sua homenagem, Moacyr Luz e Aldir Blanc compuseram “Flores em vida”, da qual destacamos os seguintes versos:
“Sargento apenas no apelido/guerreiro negro dos Palmares/Nelson é o Mestre-Sala dos mares/Singrando as águas da Baía.”
No ano de 2005 lançou, na “1ª Bienal de Leitura de São Gonçalo”, o livro “Pensamentos”, pela Editora Olho do Tempo. Dois anos depois, em 2007, lançou a fotobiografia de Cacá Diegues.
Em 2010 apresentou junto ao compositor Agenor de Oliveira, o programa “Eles têm história para contar”, na Rádio Roquette Pinto FM, do Rio de Janeiro.
O pesquisador musical Diogo Costa e o historiador André Diniz lançaram o livro-perfil “Nelson Sargento, o samba da mais alta patente”, escrito ao longo de dois anos, com cerca de 50 horas de entrevistas gravadas.
No ano de 2012 foi enredo da Unidos do Jacarezinho, intitulado “O samba agoniza, mas não morre: Nelson Sargento da Mangueira e do Jacaré também”.
Em 2015 voltou a ser tema de enredo de uma escola de samba, desta vez do Grêmio Recreativo e Escola de Samba Inocentes de Belford Roxo, com o título “Nelson Sargento: samba, inocente e pé no chão”.
Tem publicado um conto erótico na revista “Ele&Ela”, segundo ele, inspirado nos quadrinhos de Carlos Zéfiro.
Em 2021 foi internado em estado grave, no hospital do Instituto Nacional de Câncer (Inca), no Rio de Janeiro, onde foi diagnosticado com coronavírus. Não resistiu, e no dia seguinte, faleceu aos 96 anos de idade. Neste mesmo ano, de 2021, a Câmara dos Vereadores da Cidade do Rio de Janeiro aprovou, com total maioria, uma PL renomeando o espaço Terreirão do Samba, no Centro da cidade, na Praça 11, para “Terreirão do Samba Nelson Sargento”.
Compôs em 1949, “Apologia aos mestres” (c/ Alfredo Português), samba que deu o título à Escola de Samba Mangueira. A composição exaltava Miguel Couto, Rui Barbosa, Oswaldo Cruz e Ana Néri. Por essa época, foi o responsável pela entrada de Darcy da Mangueira, Pelado, Cícero e Batista na ala de compositores da escola.
No ano de 1955 outro samba-enredo de sua autoria, desta vez em parceria com Alfredo Português e Jamelão, “Cântico à natureza”, classificou a escola em 2º lugar no desfile do Grupo Especial da época. De acordo com o escritor Hiram Araújo, no livro “Carnaval – seis milênios de história”, a composição também ficou conhecida com o título de “Quatro estações do ano” ou ainda “Primavera”, sendo considerado um dos 10 melhores sambas da escola e um dos mais belos de todos os tempos, chegando a ter, mais tarde, a mais de 30 regravações. Nesta época, iniciou parceria com Cartola, compondo “Vim lhe pedir”, “Samba do operário”, entre outras. Dois anos depois, em 1957, compôs, com Carlos Marreta, “Vai dizer a ela”.
A partir da década de 1960, passou a atuar profissionalmente no meio artístico, apresentando-se no Zicartola, restaurante de Cartola e Dona Zica, na Rua da Carioca, no Centro do Rio de Janeiro.
No ano de 1965, Elizeth Cardoso, no LP “Elizeth sobe o morro”, interpretou, de sua autoria, “Ela deixou”, parceria com Jair do Cavaquinho.
Entre 1965 e 1967 integrou o musical “Rosa de Ouro”, produzido e dirigido por Kléber Santos e Hermínio Bello de Carvalho, atuando, juntamente, com Paulinho da Viola, Araci Cortes, Elton Medeiros, Anescarzinho do Salgueiro e Clementina de Jesus. Por essa época, Zé Kéti foi incumbido pela gravadora Musidisc de formar um grupo de samba e convidou alguns componentes do musical para formar o grupo A Voz do Morro (Paulinho da Viola, Elton Medeiros, Jair da Costa, Anescarzinho, Zé Kéti, Oscar Bigode e José da Cruz), mais tarde foi convidado a participar deste grupo, com o qual gravou dois discos. Integrou também, com Anescarzinho do Salgueiro, Elton Medeiros, Jair do Cavaquinho e Paulinho da Viola, depois substituído por Mauro Duarte, o conjunto Os Cinco Crioulos, com o qual gravou três discos. Por essa época, gravou os discos “Rosa de ouro – volumes 1 e 2” (1965/1967), do Musical Rosa de Ouro; “Roda de samba 2” (1966) e “Os sambistas” (com o grupo A Voz do Morro); “Samba… No duro, volumes 1, 2 e 3” (1967/1968/1969), com o grupo Os Cinco Crioulos. Atuou como diretor musical, no LP “Rio é carnaval”, lançado em 1967, pela gravadora Master.
Em 1968, com Clementina de Jesus, Nora Ney, Cyro Monteiro e ainda integrando o conjunto Rosa de Ouro, fez parte do elenco do musical “Mudando de conversa”, criado e dirigido por Hermínio Bello de Carvalho para o Teatro Jovem do Rio de Janeiro, o que gerou o disco homônimo lançado no mesmo ano.
Na década de 1970, teve suas composições gravadas por vários cantores da MPB.
Em 1971, Paulinho da Viola gravou “Minha vez de sorrir” (c/ Batista) e, no ano seguinte, interpretou “Falso moralista”, no LP “A dança da solidão”. Neste mesmo ano, Elizeth Cardoso gravou “Dona Xepa”, no LP de mesmo nome.
No ano de 1975 Renata Lu interpretou “Cântico à natureza”. Três anos depois, em 1978, Beth Carvalho gravou “Agoniza mas não morre”, um dos maiores sucessos do LP da cantora “De pé no chão”. No ano seguinte, em 1979, lançou o disco “Sonho de um sambista”, pela gravadora Estúdio Eldorado, seu primeiro trabalho solo, no qual interpretou muitas de suas músicas, tais como “Falso amor sincero”, “Infra-estrutura”, “Lei do cão” e “Triângulo amoroso”, samba dedicado à Mangueira.
No início da década de 1980, gravou “Até hoje não voltou”, música de Geraldo Pereira, em parceria com J. Portela, no LP “Geraldo Pereira – Evocação V”.
No ano de 1986, gravou, pela Kuarup, o disco “Encanto da paisagem”.
Em 1989, participou, com o conjunto Cravo na Lapela, de um dos três shows da série intitulada “Bambas em Três Retratos”, criada e dirigida por Ricardo Cravo Albin na Sala Sidney Miller, na Funarte, que logo depois foi fechada por três anos, pelo governo Collor de Mello. Neste mesmo ano, no Japão, com produção de Katshonuri Tanaka para o selo Office Sambinha, gravou o CD “Mangueira chegou”, com a Velha-Guarda da Mangueira, no qual interpretou a música “Partido-alto de Padeirinho” e participou da gravação do CD “Inéditas do Mestre Cartola”, lançado pelo selo Tartaruga, no qual interpretou “Chorei por você”, “Desperta”, “Ingratidão”, “Perdoa” e “Velho Estácio”, uma parceria com Cartola. No ano seguinte, em 1990, lançou o segundo disco solo, “Inéditas de Nelson Sargento”, com produção do Clube da Criação, em São Paulo. No CD foram incluídas “A mesma fantasia”, “Energia da vida” (c/ Marília Barbosa), “Labirinto de dor” e “O remorso vai atrás”. Por essa época, voltou ao Japão, apresentando-se em shows e fazendo exposição de seus quadros.
No ano de 1997 participou do CD “Viva Noel”, cantando com Zeca Pagodinho, Ivan Lins e Nei Lopes a música “De babado” de Noel Rosa e João Mina. Ainda neste ano, comemorou 73 anos de idade, em uma festa organizada na quadra da Escola de Samba Unidos do Porto da Pedra, em São Gonçalo, no Rio de Janeiro. Neste mesmo ano de 1997, apresentou-se em várias capitais brasileiras pelo “Projeto Pixinguinha”. Ainda em 1997, o cineasta Estevão Ciavatta Pantoja foi premiado, no “VIII Festival de Curtas-Metragem de São Paulo”, pelo documentário “Nelson Sargento”. No ano posterior, em 1998, interpretou a faixa “O peso dos anos”, de autoria de Candeia, no CD “Eterna chama”. Ainda neste ano, participou do disco “Chico Buarque de Mangueira”, no qual interpretou “Pisei num despacho” (Geraldo Pereira e Elpídio dos Santos), “Resignação” (Geraldo Pereira e Arnô Provenzano), “Você está sumido” (Geraldo Pereira e Jorge de Castro) e “Se eu pudesse” (Zé da Zilda e Germano Augusto), as três últimas em dueto com Alcione. Neste mesmo disco, interpretou, ao lado de Chico Buarque, “Exaltação à Mangueira”, de Aloísio Augusto da Cunha e Enéas Brittes. Ainda em 1998, a convite do produtor Rildo Hora, participou do disco “Casa de samba 3”, fazendo dueto com Chico César. No ano seguinte, voltou a gravar composições de Cartola, ao lado do conjunto Galo Preto e Elton Medeiros, no CD “Só Cartola”, lançado pela gravadora Rob Digital. Também participou da gravação do CD “Mangueira – sambas de terreiro e outros sambas”, do Arquivo da Cidade do Rio de Janeiro, tocando violão e cantando nas faixas “Decepção de um autor”, “Modificado” e “O remorso me persegue”, as três de autoria de Padeirinho, “Lacrimário” (Carlos Cachaça), “Eu quero nota” (Arthuzinho), esta interpretada em dueto com Dona Neuma, “Naquela noite de sereno” (Alfredo Português e Babaú), em dueto com Comprido, “Os teus olhos cansam de chorar” (Nelson Cavaquinho e Alfredo Português) e “Sofrer é minha sentença” (Geraldo Pereira). Inaugurou uma exposição de pinturas no Espaço Cultural Toca do Vinicius, em Ipanema. Fez, ainda, uma série de shows acompanhado da Velha-Guarda da Mangueira, em homenagens a Tom Jobim.
Em 2000 participou do CD “Esquina carioca”, ao lado de Beth Carvalho, Dona Ivone Lara, Luiz Carlos da Vila, Walter Alfaiate e João Nogueira. Atuou, com Elton Medeiros e Conjunto Galo Preto, no show “Nelson Cavaquinho – inicial e essencial”, projeto dividido em quatro espetáculos e realizado durante o mês de fevereiro no Centro Cultural Banco do Brasil, no Rio de Janeiro, com roteiro e direção de Ricardo Cravo Albin. Ainda no ano 2000, Dorina e Walter Alfaiate interpretaram, de sua autoria, “Falso amor sincero”, no disco “Casa de samba 4”, produzido por Rildo Hora. Neste mesmo ano, fez uma participação especial no disco da cantora Daúde e ainda participou do disco “A música brasileira deste século por seus autores e intérpretes – Paulinho da Viola e os Quatro Crioulos”, CD no qual foram reunidos os integrantes do grupo Os Cinco Crioulos em show gravado em julho de 1990 no programa “Ensaio”, quando na época teve como convidado Paulinho da Viola. Para para a sua surpresa, foram também convidados os outros integrantes (Anescarzinho do Salgueiro, Jair do Cavaquinho, Elton Medeiros e Nelson Sargento), em uma homenagem aos 25 anos do antológico show “Rosa de Ouro”. O disco foi gravado ao vivo, com conversas e ainda execução de composições da época, entre elas “Quatro crioulos” (Joacyr Santana e Elton Medeiros), “Água de rio” (Anescarzinho e Noel Rosa de Oliveira), “O sol nascerá” (Cartola e Elton Medeiros), “No meu barraco de zinco” (Jair do Cavaquinho e Jamelão), “Agoniza mas não morre” (Nelson Sargento), “Cântico à natureza” (Alfredo Português, Jamelão e Nelson Sargento), “Pecadora” (Jair do Cavaquinho e Joãozinho da Pecadora) e “Rosa de ouro”, de Paulinho da Viola, Elton Medeiros e Hermínio Bello de Carvalho.
No ano de 2001, ao lado de Nei Lopes, Dauro do Salgueiro, Dona Ivone Lara, Baianinho, Niltinho Tristeza, Casquinha, Zé Luiz, Nilton Campolino, Monarco, Jair do Cavaquinho, Elton Medeiros, Luiz Grande, Jurandir da Mangueira e Aluízio Machado, participou do show “Meninos do Rio”, apresentado no Centro Cultural Banco do Brasil, no Rio de Janeiro. Neste mesmo ano, foi lançado o CD homônimo, pelo selo Carioca Discos, e Guilherme de Brito incluiu a composição “Jogo desonesto”, parceria de ambos no CD “Samba guardado” (Gravadora Lua Discos) de Guilherme de Brito. Ainda em 2001, ao lado de Soraya Ravenle e o Grupo Galo Preto, apresentou, no Teatro João Caetano, no Rio de Janeiro, o show “O Dono das Calçadas”, espetáculo em homenagem a Nelson Cavaquinho.
No ano de 2002, com Carol Sabóya, participou do projeto “O Samba Agradece”, prestando homenagem a Carlos Cachaça, interpretando só composições do outro mangueirense. Neste mesmo ano, lançou o disco “O Dono das calçadas” (c/ Soraya Ravenle e o Grupo Galo Preto), no qual interpretaram “Minha honestidade vale ouro” (Nelson Cavaquinho e Guilherme de Brito), “Rugas” (Nelson Cavaquinho, Augusto Garcez e Ari Monteiro), “Luz negra” (Nelson Cavaquinho e Amâncio Cardoso), “A flor e o espinho” (Nelson Cavaquinho, Guilherme de Brito e Alcides Caminha), “Caminhando” (Nelson Cavaquinho e Nourival Bahia), “Nair” (Nelson Cavaquinho), “Pranto de poeta” (Nelson Cavaquinho e Guilherme de Brito), “Beija-flor” (Nelson Cavaquinho, Noel Silva e Augusto Tomás), e a inédita “Velho amigo”, parceria de Nelson Cavaquinho e Paulo César Feital. Ainda em 2002, lançou, pelo selo Rádio MEC, o disco “Flores em vida”. No CD contou com arranjos de João de Aquino e a participação de músicos do primeiro time do samba: Josimar Monteiro, Paulão Sete Cordas, Pedro Amorim, Ernesto Pires, Martnália, Gordinho, Analimar, Esguleba, Didu Nogueira e Márcio Almeida. No disco foram incluídas algumas de suas composições inéditas: “A noite se repete”, “Fundo azul”, “Mentia” (c/ Pedro Amorim) e “Conversando com o Brasil”, “Quando eu te vejo passar”, “Jamais pensei”, e fez algumas regravações como “O remorso vai atrás”, “Energia da vida” (c/ Marília Barbosa), “A mesma fantasia” e “Labirinto de dor”, esta última, com a participação de Emílio Santiago. No ano seguinte, em 2003, ao lado de Noca da Portela, Nelson Sargento, Tia Surica, Walter Alfaiate e Rico Doriléo, foi um dos convidados de Eliane Faria no projeto “Encontro Notáveis”, apresentado no Teatro do SESI da Graça Aranha, no Rio de Janeiro. Ao lado de Xangô da Mangueira, Beth Carvalho, Diogo Nogueira, Dalmo Castelo, Wilson Moreira, Délcio Carvalho, Nei Lopes, Eliane Faria e Áurea Martins, foi um dos convidados de Vó Maria para o show de lançamento do disco “Maxixe não é samba”, do Selo Musical Instituo Cultural Cravo Albin (Selo ICCA), que marcou a estreia de Vó Maria, na Sala Cecília Meireles, no Rio de Janeiro.
Em 2004 interpretou em dueto com a cantora Dorina a faixa “O tom do meu lugar” (Noca da Portela, Mario Lago Filho e Roberto Medronho) no disco “Samba, saúde & simpatia”, de Noca da Portela e Roberto Medronho. Junto ao grupo Galo Preto fez turnê em alguns países da Europa, apresentando-se na Noruega, Estônia e Finlândia. De volta ao Brasil, apresentou-se com o mesmo grupo na Lona Cultural João Bosco, em Vista Alegre, subúrbio do Rio de Janeiro. Neste mesmo ano de 2004, foi um dos convidados de Beth Carvalho no DVD “Beth Carvalho – a madrinha do samba”, no qual interpretaram em dueto a faixa “Agoniza mas não morre”, de Nelson Sargento.
No ano de 2005, com Luiz Carlos da Vila e Tantinho da Mangueira, foi um dos convidados do Pagode da Tia Doca, apresentando-se no projeto “No Tom do Samba”, no Bar do Tom, no Rio de Janeiro. Neste mesmo ano, ao lado do diretor de cinema Estevão Ciavatta, apresentou-se no Teatro Odisseia, na Lapa, centro do Rio de Janeiro, em show no qual relembraram, através de bate-papo e músicas, grandes compositores que não nasceram no Rio de Janeiro. Três anos depois, em 2008, lançou pelo Selo Olho do Tempo o CD “Versátil”, com 16 faixas, destacando-se “Amar se ser amado” (c/ Agenor de Oliveira); “Pobre milhionara”; “Verão no rosto” (c/ Maurício Tapajós); “Primeiro de abril”; “Falso amor sincero”; “Sinfonia imortal” (c/ Agenor de Oliveira); “Bálsamo”; “Século do samba”; “Acabou-se meu sossego” (c/ Agenor de Oliveira); “ìdolos e astros” (c/ Marinho da chuva); “Só eu sei” (c/ Carlos de Souza, mais conhecido como Marreta); “Pranto ardente” (c/ Oscar Bigode” e “Parceiro da ilusão” (c/ Agenor de Oliveira). No disco também contou com participações especiais de Wagner Tiso em “Rosa Maria, flor de mulher” (c/ Wagner Tiso), que participa da faixa solando ao piano; Dona Ivone Lara em “Nas asas da canção” (c/ Dona Ivone Lara) e Zeca Pagodinho na faixa “Ciúme doentio”, feita em parceria com Cartola. O CD contou com arranjos de Paulão Sete Cordas, Josimar Monteiro e Eduardo Neves, sendo lançado em show no Canecão, com a participação da Velha Guarda da Mangueira.
No ano de 2010 participou do CD “Desde criança sou Mangueira”, de Reizilan, no qual interpretou em dueto com o anfitrião a faixa “Meu samba é das rocas”, de Carlos Zens.
Lançado no ano de 2011 pelo Selo Discobertas, do pesquisador Marcelo Fróes em convênio com o Selo ICCA (Instituto Cultural Cravo Albin), o box “100 Anos de Música popular Brasileira” é integrado por quatro CDs duplos, contendo oito LPs remasterizados. Inicialmente os discos foram lançados no ano de 1975, em coleção produzida pelo crítico musical e radialista Ricardo Cravo Albin a partir de seus programas radiofônicos “MPB 100 AO VIVO”, com gravações ao vivo realizadas no auditório da Rádio MEC entre os anos de 1974 e 1975. Paulinho da Viola participou do CD volume 8 interpretando o samba “Cântico à natureza” (Nelson Sargento, Jamelão e Alfredo Português). Neste mesmo ano, ao lado de Dorina, Ernesto Píres, Bira da Vila, Roberto Serrão, Gabrielzinho do Irajá, Renatinho Partideiro, Carlos Dafé, Maria Angélica, Toninho Gerais, entre outros, participou do show “Tributo a Luiz Carlos da Vila”, no Largo do Bicão, na Vila da Penha, Zona Norte do Rio de Janeiro. Apresentou, ao lado do cantor e compositor Agenor de Oliveira, o show “Pensamentos cantados”, realizado no Teatro de Arena da Caixa Cultural, no Rio de Janeiro. O show, concebido a partir do livro “Pensamentos”, de sua autoria, contou com um repertório de clássicos do samba. No ano posterior, em 2012, ao lado de Maria Bethânia, Caetano Veloso, Bruno Castro, Diogo Nogueira, Nei Lopes, Beth Carvalho, Sombrinha, Áurea Martins e Monarco, entre outros, participou do CD “Baú da Dona Ivone”, no qual interpretou a faixa “Vento da tarde”, de Dona Ivone Lara, Délcio Carvalho e André Lara. Neste mesmo ano, de 2012, lançou o CD “O samba da mais alta patente”, com várias composições inéditas de sua autoria. Em seguida, no ano de 2013, foi o vencedor do “24º Prêmio da Música Brasileira”, na categoria “Melhor Disco de Samba” com o CD “O samba da mais alta patente”. Neste mesmo ano, ao lado de Tantinho da Mangueira e Velha-Guarda da Mangueira, apresentou-se no bar Candongueiro, um dos principais redutos do samba na cidade de Niterói.
No ano de 2014, ao lado de Euclides Amaral e Áurea Martins, foi um dos convidados de Eliane Faria em show na Sala Baden Powell. Sala Municipal Baden Powell, em Copacabana, Zona Sul do Rio de Janeiro. Neste mesmo ano, ao lado de Marquinho Sathan, Velha-Guarda do Salgueiro, Eliane Faria, Augusto Martins, Jamelão Netto, Walmir Lucena, Léo Russo e Agenor de Oliveira, foi um dos intérpretes convidados para o evento “Velha-Guarda da Mangueira entre amigos”, apresentado no Centro Cultural Cartola. Ainda em 2014 , em comemoração ao seu aniversário de 90 anos, foi entrevistado por Ricardo Cravo Albin no projeto “MPB na ABL” (Academia Brasileira de Letras – Teatro R. Magalhães Jr.) em evento intitulado “Apoteose do samba: 90 Anos do Sargento – Com Monarco e Nelson Sargento”, escrito e apresentado por Ricardo Cravo Cravo Albin. Na coasião, ele disse que passou a se considerar “Imortal do sAmba”.
Dentre seus shows mais importantes constam “Berço de Bamba”, no Teatro Rival BR, no Rio de Janeiro.
Entre seus vários parceiros, destacam-se Dona Ivone Lara, Agenor de Oliveira, Cartola, Noca da Portela, Guilherme de Brito e o escritor e violonista Arthur de Oliveira Filho, além de Maurício Tapajós em várias inéditas. No ano seguinte, em 2015, lançou, no palco do Sesc da Tijuca, no Rio de Janeiro, o CD “A história viva do samba”, show no qual contou com a participação especial do grupo Galo Preto, além de outros convidados, tais como os músicos Diego Zangado, Alexandre Paiva, José Maria Braga, Tiago e Afonso Machado e Pedro Miranda. No espetáculo, o compositor interpretou alguns de seus clássicos, como “Agoniza mais não morre”, “Falso amor sincero”, “Acabou meu sossego” (c/ Batista da Mangueira), “Vai dizer a ela” (c/ Batista da Mangueira) e “Vai dizer a ela” (c/ Marreta), além de composições do amigo Nélson Cavaquinho.
No ano de 2018 apresentou o show “Em Casa”, na Sala Municipal Baden Powell, em Copacabana, Zona Sul do Rio de Janeiro. No espetáculo, com cenário de Rui Cortez, recebeu vários convidados, entre os quais o cantor e violonista Pedro Miranda e as cantoras Monalise Monteiro e Alice Sales.No ano seguinte, em 2019, foi escolhido pelo carnavalesco Leandro Vieira para protagonizar o desfile da Escola de Samba Estação Primeira de Mangueira no papel de José, pai de Jesus Cristo no desfile de 2020.. Neste mesmo ano foi homenageado por escolas de samba do Japão, no Yokohama Niguiwaiza Nogue, onde foi recebido e aclamado por todos os presentes no desfile local. Ainda em 2019 foi homenageado com uma exposição de 14 de seus quadros no Espaço Favela, no “Rock In Rio”, a convite de Roberto Medina.
No ano de 2024, comando pelo parceiro Agenor de Oliveira, foi montado o espetáculo “Nelson Sargento 100 Anos – Uma sinfonia imortal”, apresentado no Teatro Rival Petrobras, com Agenor de Oliveira (voz e direção artística); Paulão Sete Cordas (violão, voz e direção musical); Ramón Araújo (violão 7 cordas); Léo Pereira (cavaquinho); Tiago Souza (bandolim); Waltis Zacarias (percussão) e Bidu Campeche (percussão), recebendo como convidados Áurea Martins, Soraya Ravenle e Didu Nogueira, contando com as participações especiais de Pedro Mattos e Anna Gento.
(Compilação com vários intérpretes)
(participação)
(participação)
(c/ Galo Preto e Soraya Ravenle)
(vários)
(participação)
(participação)
(vários)
(vários)
(vários)
(vários)
(c/ Elton Medeiros e Grupo Galo Preto)
(Série Dois em Um)
(vol. 3)
(c/ Clementina de Jesus, Cyro Monteiro, Nora Ney e Conjunto Rosa de Ouro)
(vol. 2)
(c/ A Voz do Morro)
(vol. II)
(c/ Os Cinco Crioulos)
(c/ A Voz do Morro)
ALBIN, Ricardo Cravo. Dicionário Houaiss Ilustrado Música Popular Brasileira – Criação e Supervisão Geral Ricardo Cravo Albin. Rio de Janeiro: Instituto Antônio Houaiss, Instituto Cultural Cravo Albin e Editora Paracatu, 2006.
ALBIN, Ricardo Cravo. Driblando a censura – De como o cutelo vil incidiu na cultura. Rio de Janeiro: Editora Gryphus, 2002.
ALBIN, Ricardo Cravo. MPB – A História de Um Século. 2ª ed. Revista e ampliada, Rio de Janeiro: MEC/Funarte/Instituto Cultural Cravo Albin, 2012.
ALBIN, Ricardo Cravo. MPB, a história de um século. Rio de Janeiro: Atrações Produções Ilimitadas/MEC/Funarte, 1997.
AMARAL, Euclides. Alguns Aspectos da MPB. Rio de Janeiro: Edição do Autor, 2008; 2ª ed. Esteio Editora, 2011. 3ª ed. EAS Editora, 2014.
ARAÚJO, Hiram. Carnaval – Seis milênios de história. Rio de Janeiro: Editora Gryphus, 2000.
CABRAL, Sérgio. Elizeth Cardoso – Uma vida. Rio de Janeiro: Lumiar Editora, S/D.ARAÚJO, Hiram. Carnaval – seis milênios de história. Rio de Janeiro: Editora Gryphus, 2000.
CABRAL, Sérgio. Elizeth Cardoso – uma vida. Rio de Janeiro: Lumiar Editora, S/D.
COSTA, Cecília. Ricardo Cravo Albin: Uma vida em imagem e som. Rio de Janeiro: Edições de Janeiro, 2018.
COUTINHO, Eduardo Granja. Velhas histórias, memórias futuras. Rio de Janeiro: Editora Uerj, 2002.
MARCONDES, Marcos Antônio. (Ed.). Enciclopédia da música Brasileira – erudita, folclórica e popular. 3. ed. São Paulo: Arte Editora/Itaú Cultural/Publifolha, 1998.
MARCONDES, Marcos Antônio. (Ed.). Enciclopédia da música brasileira – erudita, folclórica e popular. 1 v. São Paulo: Arte Editora/Itaú Cultural, 1977.
Conheço Nelson Sargento desde os tempos dos grupos Os Cinco Crioulos e A Voz do Morro, em que ele se perfilava ao lado dos bambas Anescarzinho do Salgueiro, Jair do Cavaquinho, Elton Medeiros e Paulinho da Viola, o mais jovem do grupo (tinha, na época, anos 60, menos de 20 anos) e por quem Nelson sempre guardou uma afeição muito especial. Afeição que ele acabou por reiterar, para minha surpresa, a uma provocação que lhe fiz: “Mas você tem uma divindade da MPB que está na frente dos outros em seu coração e que é o Cartola, não é?” “Digo e repito sempre: Cartola parece que nem existiu. Foi um sonho bom na vida da gente, mas orgulho, mesmo, eu tenho é de ter visto nascer o Paulinho, para a vida e para a música.”
A palavra “orgulho” é muito adequada para definir o sentimento que todos nós, amigos do Sargento, a ele devotamos. E por todas as razões. Pelas já alinhadas neste texto e por uma dúzia de outras. Pouca gente sabe, por exemplo, que nosso General do Samba é também pintor. Tal como Heitor dos Prazeres, ele elabora uma pintura “naïf” que sempre me enterneceu: são, em geral, paisagens das favelas, cujos primeiros planos estão ocupados por casinhas coloridas. O efeito final desses quadros faz dele um pintor muito interessante, eu diria mesmo tão original quanto o citado Heitor ou o grande Poteiro de Goiás.
Mas não bastaria a um carioca como Nelson fazer sambas, pintar quadros e tocar violão? Nelson, contudo, tem aquele “algo mais” que qualifica o verdadeiro espírito carioca de proceder. Ele, acreditem ou não, é capaz de se indignar na defesa dos valores permanentes para o Rio. Como Tom Jobim, o nosso “general” ergue armas contra a decadência dos bons hábitos cariocas.
“Você notou como as pessoas andam mal-educadas? Você está sentindo como aquele espírito tão carioca de gentileza anda escapando pelo esgoto?” Aflito, quase indignado, ele me questiona sobre esses problemas a mim tão caros. Juntos, praguejamos. Juntos, nos exaltamos na defesa de um Rio mais amável.
Subitamente, Nelson corta a conversa ao me ver mais excitado do que deveria, agarra o violão e canta, como a pontuar toda essa resistência de que ele sempre foi capaz: samba agoniza, mas não morre.
Ricardo Cravo Albin