
Compositor. Cineasta. Cenógrafo. Formado em medicina.
Em 1932, de férias em São Paulo, acabou participando da Revolução Constitucionalista lutando ao lado das tropas paulistas. No início da década de 1940, trabalhou no Jornal do Brasil como cronista de Rádio. Em 1941, foi um dos fundadores da Atlântida, produtora de cinema que marcou época, juntamente com Moacyr Fenelon, Edgar Brasil, Alinor Azevedo, e Arnaldo de Farias. Em 1947, seu filme “Luz dos meus olhos” foi escolhido pela crítica como melhor filme do ano. Em 1979, prestou depoimento do Museu da Imagem e do Som do Rio de Janeiro.
Cineasta de fundamental importância para o cinema brasileiro, foi também compositor. Fez uma conhecida versão para a canção folclórica “Meu limão meu limoeiro”. Entre suas composições está a canção “Confessando que te amo” com letra do poeta J. G. de Araújo Jorge. Em1936, a toada “Arara quebrando o coco”, parceria com Manezinho Araújo foi gravada na Odeon por Manezinho Araújo. No mesmo ano, gravou pela Columbia o maracatu “Senzala “Navio negreiro”, de sua autoria e Durval Borges, seu único reegistro fonográfico como cantor. No ano seguinte, sua canção “Confessando que te adoro”, parceria com o poeta J. G. de Araújo Jorge, e seu arranjo em forma de samba para o motivo popular “Meu limão meu limoeiro” foram gravados por Sílvio Caldas na Odeon. Ainda em 1937, Jorge Fernandes gravou na Odeon a valsa “Maria bonita” e o samba “Triste realidade”. Teve também a embolada “Segura o gato”, com Manezinho Araújo gravada por Manezinho Araújo na Odeon. Também nesse ano, fez as músicas para o filme “Maria bonita” que teve direção de Julien Mandel.
Em 1943, compôs os sambas “Brasil, coração da gente” e “Meu barco é veleiro” gravados por Nelson Gonçalves na Victor, além do samba “São João” gravado pelo trio vocal As Três Marias, também na Victor. Nesse ano, dirigiu o filme “Moleque Tião”, estrelado por Grande Otelo que contava de forma romanceada a vida do próprio ator. Dirigiu também o filme “Astros em desfile”. Em 1944, dirigiu com Rui Costa o filme carnavalesco “Tristezas não pagam dívidas” que contou com as participações de Sílvio Caldas e Emilinha Borba, entre outros. Em 1946, dirigiu o filme “Gol da vitória”, com Grande Otelo vivendo o papel do craque de futebol Laurindo. Este filme obteve bastante sucesso na época fazendo referências ao jogador Leônidas da Silva, o maior ídolo do futebol brasileiro naquele momento. No mesmo ano, sua valsa-canção “Estrela cadente” foi gravada na Victor por Carlos Galhardo.
No ano seguinte, dirigiu o filme “Luz dos meus olhos”, que teve músicas suas, e do qual participaram, entre outros, o cantor Sílvio Caldas. Também em 1947, dirigiu o filme “Este mundo é um pandeiro”, com direção musical de Lírio Panicali e que contou com as participações de Adelaide Chiozzo, Emilinha Borba, Nelson Gonçalves, Luiz Gonzaga, Bob Nelson e outros. Em 1948, dirigiu os filmes “É com esse que eu vou”, juntamente com Watson Macedo e “Barnabé, tu és meu”, que teve músicas do maestro Lírio Panicali, e nos quais atuaram entre outros a atriz e cantora Adelaide Chiozzo. Nesse ano, teve o samba “Onde canta o sabiá”, com Assis Valente gravado pelo conjunto vocal Quatro Ases e Um Coringa.
Em 1949, a canção “Vaquejada”, parceria com Gilberto Fontes foi gravada na Odeon pelo cantor Jorge Fernandes. Nesse ano, dirigiu o filme “Também somos irmãos”.
Em 1950, teve as toadas “Quando você foi-se embora” e “Xô! Xô! Passarinho” gravadas pelo grupo Quitandinha Serenaders na Odeon. Nesse ano, dirigiu o filme “Maior que o ódio”. Em 1951, teve a valsa “Luz dos meus olhos” gravada por Jorge Goulart na Continental. Em 1953, dirigiu o filme “Carnaval Atlântida” que contou com números musicais de Blecaute, Dick Farney, Nora Ney, Francisco Carlos, Caco Velho, e Chiquinho e sua orquestra. Nesse filme Nora Ney cantou o samba-canção “Ninguém me ama”, de Antônio Maria. Em 1954, dirigiu o filme “O craque”.
Em 1957, dirigiu os filmes “O cantor milionário”, e “Quem roubou meu samba?”, que contaram com as participações de Monsueto. Dividiu com Hélio Barroso a direção da comédia musical “Quem roubou meu samba”, que contou entre outros com as participações de Virginia Lane, Angela Maria, Marion, Marisa, Marlene, Germano Mathias, Venilton Santos, Jorge Veiga, e Trio Iraquitan.
Em 1963, dirigiu “Terra sem Deus”, seu último filme.
Em 1988, seu samba “Quase nada” foi relançado na voz de Francisco Carlos no LP “As vozes do Rádio – vol. XIV”, da Collectors Discos. Em 2000, a canção “Meu limão, meu limoeiro”, com Carlos Imperial, foi interpretada por Elza Soares em show na casa de espetáculos Carioca da Gema, centro do Rio de Janeiro. Em 2003, o samba “Cabocla”, com Ary Barroso foi regravado por Elba Ramalho e Osvaldinho no CD número 2 do Song Book Ary Barroso lançado pela Lumir Discos.
AMARAL, Euclides. A Letra & a Poesia na MPB: Semelhanças & Diferenças. Rio de Janeiro: EAS Editora, 2019.
AZEVEDO, M. A . de (NIREZ) et al. Discografia brasileira em 78 rpm. Rio de Janeiro: Funarte, 1982.
VASCONCELOS, Ary. Panorama da música popular brasileira. Sçao Paulo: Martins, 1965.