Poeta.
Nasceu no Beco da Marinha, na beira do Rio Cuiabá.
Filho de João Venceslau Barros, capataz com influência naquela região e que se tornou fazendeiro.
Até 1949 viveu no Rio de Janeiro, quando se transferiu para a fazenda de seu pai no Pantanal de Corumbá.
Formado em Direito, morou nos Estados Unidos (Nova York), França (Paris), Portugal e Itália.
Publicou diversos livros de poesia: “Poemas concebidos sem pecado” (1937), “Face imóvel” (1942), “Poesia” (1956), “Compêndio para uso dos pássaros” (1960), “Gramática expositiva do chão” (1966), “Matéria de poesia” (1974), “Arranjo para assovio” (1980), “Livro de pré-coisas” (com ilustração da capa feita pela filha Martha Barros/1985), “O guardador de água” (1989), “Gramática expositiva do chão: Poesia quase toda” (1990), “Concerto a céu aberto para solos de aves”, Rio de Janeiro, Editora Civilização Brasileira (1993), “O livro das ignorãnças” (Editora Civilização Brasileira/Rio de Janeiro, 1993), “Livro sobre nada”, com ilustrações de Wega Nery (1996), “Das Buch der Unwissenheiten”, Edição da revista alemã Akzente (1996), “Retrato do artista quando coisa”, ilustrações de Millôr Fernandes (1998), “Exercício de ser criança” (1999 – infantil), “Encantador de Palavras. Organização e seleção Walter Hugo Mãe. Vila Nova de Famalicão, Quase, Portugal (2000), “Ensaios fotográficos” (2000), “O fazedor de amanhecer” (2001), “Tratado geral das grandezas do ínfimo”, com lustrações de Martha Barros (2001), “Águas” (2001), “Para encontrar o azul eu uso pássaros” (2003), “Cantigas para um passarinho à toa” (2003), “La Parole sans Limites. Une Didactique de lInvention. [O Livro das Ignorãças]. Édition Bilingue. Tradução e apresentação Celso Libânio. Ilustração Cicero Dias. Paris: Éditions Jangada, (2003). “Todo lo que no invento es falso”, Antologia. Espanha (2003), “Poemas Rupestres”, com ilustrações de Martha Barros (2004), “Riba del dessemblat” [Antologia Poética], Ed. Catalã, Lleonard Muntaner, Editor, Espanha (2005), “Memórias inventadas I” [Ilustrações de Martha Barros, 2005], “Memórias inventadas II” [Ilustrações de Martha Barros, 2006], “Memórias inventadas III” [Ilustrações de Martha Barros, 2007], “Menino do Mato” (2010), “Poesias Completas” [Editora LeYa, 2010] e “Escritos em Verbal de Aves” (Editora LeYa, 2011) e ainda “No sertão, no Pantanal: Conversamentos com J. Guimarães Rosa”, pela Editora Civilização Brasileira.
Ganhou vários prêmios de literatura, entre eles, 1960 – “Prêmio Orlando Dantas”. Diário de Notícias, com o livro “Compêndio para uso dos pássaros”; 1966 “Prêmio Nacional de poesias, com o livro “Gramática expositiva do chão”; 1969 “Prêmio da Fundação Cultural do Distrito Federal”, com o livro “Gramática expositiva do chão”; 1989 “Prêmio Jabuti de Literatura”, na categoria Poesia”, como o livro “O guardador de águas”; 1990 “Prêmio Jacaré de Prata”, da Secretaria de Cultura de Mato Grosso do Sul, como “Melhor Escritor do Ano”; 1996 “Prêmio Alfonso Guimarães”, da Biblioteca Nacional, com o livro “Livro das ignorãças”; 1997 “Prêmio Nestlé de Poesia”, com o livro “Livro sobre nada”; 1998 “Prêmio Nacional de Literatura do Ministério da Cultura, pelo conjunto da obra; 2000 “Prêmio Odilo Costa Filho”, da Fundação do Livro Infanto Juvenil, com o livro “Exercício de ser criança”; 2000 “Prêmio Academia Brasileira de Letras”, com o livro “Exercício de ser criança”; 2002 “Prêmio Jabuti de Literatura”, na categoria “Livro de Ficção”, com “O fazedor de amanhecer”; 2005 “Prêmio APCA 2004”, de “Melhor Poesia”, com o livro “Poemas rupestres”; 2006 “Prêmio Nestlé de Literatura Brasileira, com o livro “Poemas rupestres”; 2010 “Prêmio Bravo” (Bradesco Prime de Cultura), como “Artista Bradesco Prime 2010”; 2012 “Prêmio de Literatura da Casa da América Latina/Banif 2012” (Portugal), de criação literária, pelo livro “Poesia completa”, publicado pela Editora Caminho.
No ano de 2014 toda a sua obra foi publicada, em 18 volumes, sob o título “A biblioteca do Manoel” (Editora Leya Brasil). Neste mesmo ano, pela mesma editora, foi publicada uma nova edição de sua antologia poética “Poesia completa Manoel de Barros”, na qual também foram incluídos vários poemas inéditos.
Faleceu aos 97 anos, em novembro de 2014, quando estava há mais de uma semana internado em uma unidade de tratamento intensivo de um hospital em Campo Grande (MS).
Em 2018 foi montada a peça teatral “O Delírio do Verbo”, com idealização, cenário e interpretação de Jonas Bloch, com trilha sonora de Alexandre Negreiros. No ano seguinte, em 2019, seria montada outra peça teatral tendo como base os seus textos, desta vez com o título “Meu quintal é maior que o mundo”, direção e criação de Gilberto Rodrigues. O monólogo, com Cássia Kiss, teve concepção e adaptação de Ulysses Cruz e Cássia Kiss. Ainda em 2019 estreou a exposição “Ocupação Manoel de Barros”, tendo concepção, realização e curadoria do Itaú Cultural, com consultoria de Martha Barros e Regina Ferraz, além de projeto expográfico de Adriana Yazebk.
No ano de 2022, a Editora Alfaguara lançou, por iniciativa de seus herdeiros, a antologia intitulada “Gramática Expositiva do Chão”.
No ano de 1993 Egberto Gismonti lançou o CD “Música de sobrevivência”, disco inspirado em textos da coletânea “Gramática expositiva do chão – Poesia quase toda”, lançada em 1990 pela Editora Civilização Brasileira. No trabalho foram incluídos vários poemas do livro. Dois anos depois, em 1995, Tetê Espíndola musicou o “Poema da lesma” e incluiu a composição em seu disco, lançado pela gravadora Jho Music. No ano seguinte, em 1996, Cátia de França, no CD “Avatar”, interpretou “Antoninha me leva”, “Apuleio” e “Rogaciano”, poemas musicados por ela.
No ano de 2001, Luiz Melodia musicou o poema “Retrato do artista quando coisa”, que deu título ao seu novo disco. Ainda neste ano, de 2001, gravou seu primeiro disco de poesias “Manoel de Barros por Pedro Paulo Rangel e Manoel de Barros” lançado pela “Coleção Poesia Falada”. O CD foi lançado pelo selo Luz da Cidade, com trilha sonora original de Renato Piau. No ano posterior, em 2002, estreou a peça “Inutilezas”, com texto de Bianca Ramoneda baseado em poemas de vários livros de Manoel de Barros. O espetáculo, dirigido por Moacir Chaves e com trilha sonora original de Pedro Luís, foi estrelado pelos atores Gabriel Braga Nunes e Bianca Ramoneda.
No ano de 2005, ao lado de Luiz Melodia, Renato Piau, Tim Maia, Armandinho, Rubens Cardoso, Perinho Santana e Fabio Rolon, entre outros, participou da coletânea “Balaio atemporal”, na qual foi incluída a sua declamação do poema “Catre-velho” na faixa “Reciclando o verbo”, de Renato Piau. Três anos depois, em 2008, com direção de Cláudio Savaget, teve sua vida e obra retratada no documentário “Paixão pela palavra”, com trilha sonora original composta pelo guitarrista Renato Piau e levado ao ar em capítulos no Canal Futura. Neste mesmo ano, de 2008, foi lançando o documentário “Só dez por cento é mentira”, dirigido por Pedro Cézar, no qual ao ser indagado sobre como gostaria de ser lembrado, Manoel riu, coçou o peito, disse que a pergunta é cruel; jamais sério, falou que o único jeito é pela poesia.
“A gente nasce, cresce, amadurece, envelhece, morre. Pra não morrer, tem que amarrar o tempo no poste. Eis a ciência da poesia: amarrar o tempo no poste.”
No ano de 2012 estreou no Centro Cultural Eletrobrás, em Botafogo, no Rio de Janeiro, a peça “Passarinho à toa”, reunindo parte de sua obra poética publicada. Neste mesmo ano, no CD “Sede”, a cantora Cláudia Amorim regravou “Amareluz”, parceria com o guitarrista Renato Piau, que também participou da faixa tocando violão e cantando em dueto com a intérprete.
Em 2014 o Canal Curta lhe prestou homenagem exibindo o documentário “Só Dez por Cento é Mentira – A desbiografia de Manoel de Barros”. Neste mesmo ano a TV Escola também reprisou o curta-metragem “As árvores de Manoel”, baseado em um de seus poemas.
No ano de 2017 Tetê Espíndola musicou o poema “Boca” e o incluiu em seu disco “Outro lugar”, lançado neste mesmo ano. No ano seguinte, em 2018, os músicos, poetas e atores Pedro Luís, Bianca Ramoneda, Jaqueline Roversi, Dandara Vital e Magenta Dawning apresentaram um musical baseado em seus poemas, com direção de Moacir Chaves, no projeto “Mar Em Cena”, na Sala de Encontro, no Museu de Arte do Rio (MAR).
No ano de 2021 a dupla Renato Piau e Claudia Amorim regavrou “Amareluz”, parceria com Renato Piau, sendo incluída na coletânea digital “Feminino Tom, vol. 2”, lançada pelo Selo Guitarra Brasileira.
(vários)
ALBIN, Ricardo Cravo. Dicionário Houaiss Ilustrado Música Popular Brasileira – Criação e Supervisão Geral Ricardo Cravo Albin. Rio de Janeiro: Instituto Antônio Houaiss, Instituto Cultural Cravo Albin e Editora Paracatu, 2006.
AMARAL, Euclides. A Letra & a Poesia na MPB: Semelhanças & Diferenças. Rio de Janeiro: EAS Editora, 2019.
AMARAL, Euclides. Alguns Aspectos da MPB. Rio de Janeiro: Edição do Autor, 2008; 2ª ed. Esteio Editora, 2009. 3ª ed. EAS Editora, 2014.
PIAU, Renato. Songbook Renato Piau Guitarra Brasileira. Rio de Janeiro: Booklink Publicações Ltda, 2002.
VAZ, Toninho. Meu nome é ébano – A vida e a obra de Luiz Melodia. São Paulo: Editora Tordesilhas, 2020.