
Instrumentista. Violonista. Cavaquinista.
Nasceu no diz 13, mas o pai o registrou dois dias após por motivo de supestição.
Filho de Álvaro Ramos de Miranda, violonista que tocou com Pixinguinha, Benedito Lacerda, Rogério Guimarães, Tico-Tico e Dante Santoro.
Nasceu na cidade de Apiacá, no Espírito Santo. Ainda pequeno, a família mudou-se para o Rio de Janeiro. Inicialmente foram morar no bairro de Santo Cristo, onde aprendeu os primeiros acordes de violão com o violonista (amigo de seu pai) Dino Sete Cordas. Por essa época, estudava também cavaquinho. Logo depois, a família transferiu-se para o bairro de Ramos, subúrbio da Leopoldina.
Durante oito anos estudou violão, tendo como colega de estudo o também iniciante Baden Powell. Aos 10 anos tocava no palco da igreja Nossa Senhora das Mercês, em Ramos, na ocasião, apresentavam-se também Claudete Soares, Helen de Lima, Alaíde Costa e Baden Powell. Participou, ainda menino, dos programas de calouros da Rádio Nacional, nos quais conviveu com Ary Barroso, além de Renato Murce (Programa Papel Carbono) e Jorge Cury (Programa A Hora do Pato).
No ano de 1964, abandonou a carreira de músico, dedicando-se à carreira de jornalista.
Trabalhou no Jornal do Brasil, Jornal O Globo e no tablóide “O Pulso”. Apesar do tablóide ser dedicado à classe médica, tinha como redator o poeta Carlos Drummond de Andrade.
Por volta de 1973 resolveu deixar a carreira de jornalista (na época, no Jornal O Globo) e passou a dedicar-se exclusivamente à carreira de músico.
Seu irmão Carlos Miranda também é músico e atua como pandeirista em vários grupos e gravações de diversos artistas.
Faleceu devido a uma parada cardíaca no momento em que se apresentava no Restaurante Siri Mole & Companhia, no meio de um solo de cavaquinho para “Inútil paisagem”, de Tom Jobim.
Músico requisitado por um grande número de cantores e amigos, respondia sempre sorrindo quando o convidavam: “É só dizer a hora, a roupa e o tom”.
Em 1976, ingressou na Orquestra da Rede Globo de Televisão, na qual trabalhou em vários programas, entre eles “Saudade não tem idade”, “Brasil pandeiro”, “Levanta a poeira”, “Fantático”, além dos especiais de Roberto Carlos e Dorival Caymmi. Trabalhou também (como músico) no caso especial “Caminho das pedras” e na novela “Pai Herói”. Integrou, por essa época, a orquestra de Radamés Gnatalli.
No ano de 1977 formou com (José Carlos Machado Ramos – Zé Carlos Bigorna/sax e flauta), Betinho Maciel (violão), Adriano Giffoni (baixo), Carlos Miranda (pandeiro) e Fernando Pereira (bateria), entre outros, o grupo Sambachoro. O conjunto gravou um único disco no ano de 1978, tendo boa acolhida da crítica, do público e de artistas como Hermeto Paschoal, Altamiro Carrilho, Abel Ferreira e Severino Araújo. O grupo apresentou em diversas casas noturnas do Rio de Janeiro, entre elas Mistura Fina e Sala Cecília Meirelles. No ano de 1980 o grupo encerrou as atividades. Por essa época, participou do “Projeto Pixinguinha” como diretor musical de Elza Soares, Leny Andrade e Marçal.
Em 1986 apresentou-se em Brasília no recital “Homenagem ao Maestro Zubin Metha e a Orquestra Filarmônica de Israel” e na Embaixada da Rússia, levando os bailarinos do Ballet Bolshoi a dançarem ao som do choro e do samba.
Em 1990, ainda em Brasília, produziu e fez os arranjos do disco comemorativo dos 30 anos da capital federal. Neste mesmo ano, produziu o LP da Banda Sinfônica da Polícia Militar do Distrito Federal.
No ano de 1996, convidado por Albino Pinheiro, participou do “Festival 20 Anos Seis e Meia – Petrobras”, no Teatro João Caetano, quando ficou em primeiro lugar como melhor instrumentista do Rio de Janeiro. No ano seguinte, ao lado de Heitorzinho dos Prazeres, Carlinhos do Pandeiro, João da Valsa, Zezinho do Surdo, Josimar Monteiro, Samuca da Mangueira, Valdir do Cavaco e Roberto Serrão, formou o grupo Velha Guarda do Samba (homenagem ao grupo homônimo criado na década de 1930 por Paulo da Portela, Heitor dos Prazeres e Cartola). Com esse grupo, apresentou neste mesmo ano um único show no Teatro Carlos Gomes, no Rio de Janeiro (com apoio da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro). Ainda fazendo parte do grupo Velha-Guarda do Samba, participou do “Brazilian Music Festival” como band-leader da Velha-Guarda do Samba, na abertura do Summerstage, no Central Park, em Nova Yorque, com sucesso de público e crítica (página inteira do Jornal The New York Times, Jornal O Globo, The Brazilian Monthly Newpaper, entre outros). Neste mesmo ano, participou do disco “Quem somos nós”, de Heitorzinho dos Prazeres, no qual interpretou de sua autoria o choro instrumental “Pimpolho”, além de tocar cavaquinho em várias faixas do CD.
Em 1998 acompanhou Paulo Moura em shows pelo Brasil e exterior: “Projeto Gafieira… II tango de Brasile” apresentado em Gênova, Itália, ao lado de Paulinho Braga e David Fink, no Teatro Gustavo Modena. No ano seguinte, ao lado de Paulo Moura e do violonista Jerzy Milewski apresentou-se em Israel, durante a “Semana da Música Brasileira de Tel-Aviv”. Ainda em 1999, apresentou um worshop de cavaquinho para os alunos da Escola de Música Villa-Lobos (Auditório Guerra-Peixe), no Rio de Janeiro.
No ano 2000 participou da gravação da trilha sonora do filme “Villa-Lobos”, de Zelito Viana. Participou também da trilha sonora de “Terra de Deus”, filme dirigido por Iberê Cavalcanti, estrelado por Lucélia Santos e premiado no “Festival de Brasília” como “Melhor Trilha Sonora”. Durante o ano 2000, voltou a integrar o grupo Sambachoro com Zé Carlos Bigorna (flauta e sax) e Betinho Maciel (violão). O grupo fez show no Bar do Tom no qual relançou o primeiro disco e logo depois, gravou o CD “Alma carioca”. Por essa época, ao lado de Durval Ferreira e Bebeto Castilho (ambos do grupo Tamba Trio) participou de projetos voltados ao choro e à bossa-nova, entre eles “Som Brasileiro de Denise Pinaud”, no Sesc de Nova Friburgo, no Rio de Janeiro. Por essa época, ao lado de Durval Ferreira, fez dois arranjos para o CD “Primeira audição”, de Denise Pinaud, participando também do lançamento do disco no Teatro Municipal de Niterói. Ainda em 2000, ao lado de Jerzy Milewski e Aleida Schwiitzer, formou um trio de músicos que se apresentou em diversas cidades brasileira e no exterior.
Em abril de 2001 lançou no Mistura Fina, no Rio de Janeiro, o CD “Brasileiríssimo”, tendo como músicos acompanhantes Zé Carlos Bigorna, Roberto Marques, Eddy Palermo, Bebeto Castilho, Fernando Leporace, Fernando Moraes, Fernando Coelho, Rubinho e Carlinhos Miranda. O show foi ovacionado pela crítica músical: Tárik de Souza (Jornal do Brasil) e João Pimentel (Jornal O Globo), entre outros. Ainda em 2001, a convite do governo cubano e patrocinado pela Souza Cruz e Ministério da Cultura, apresentou-se nas cidades Cienfuegos e Havana (Teatro Nacional de Cuba, Teatro America e na casa de jazz La Zorra y el Cuervo). Ao lado do músico cubano Orlano Velle, apresentou-se no Teatro America e no Gala Cuba-Brasil e fez o encerramento do projeto “Cubadisco 2001” no Teatro Nacional de Cuba. Em setembro de 2001, apresentou de sua autoria a composição “Inspirado no Haroldo” no “Festival de Choro do Estado do Rio de Janeiro – Chorando no Rio”, classificando a composição para a semi-final. Neste mesmo ano, fez show de lançamento do CD “Brasileiríssimo” na Sala Funarte Sidney Miller, no Rio de Janeiro.
Em julho de 2002 foi um dos convidados especiais do grupo PagodeJazzSardinhaClub “Projeto Rio Choro” apresentando-se com o grupo na Sala Baden Powell, Copacabana, RJ. Apresentou-se regularmente (às quartas-feiras) no espaço Modern Soud, no centro do Rio de Janeiro.
No ano de 2003, foi um dos convidados do violonista francês, radicado no Rio de Janeiro, Nicolas Krassik, para participar do “Projeto Choro na Lapa”, no Ballroom, no qual o violonista recebeu músicos brasileiros.
Em 2004, em parceria com o percussionista Darcy Maravilha, recebeu como convidados Eliane Faria, Noca da Portela e Walter Alfaiate no Bar Sacrilégio, na Lapa, centro boêmio do Rio de Janeiro.
(c/ grupo Sambachoro)
(participação)
ALBIN, Ricardo Cravo. Dicionário Houaiss Ilustrado Música Popular Brasileira – Criação e Supervisão Geral Ricardo Cravo Albin. Rio de Janeiro: Instituto Antônio Houaiss, Instituto Cultural Cravo Albin e Editora Paracatu, 2006.
AMARAL, Euclides. Alguns Aspectos da MPB. Rio de Janeiro: Edição do Autor, 2008; 2ª ed. Esteio Editora, 2009.