
Cantor. Compositor. Instrumentista.
Ganhou o primeiro instrumento aos seis anos e, aos 13, a sua primeira bateria profissional. Considerado não apenas um dos mais polêmicos artista da sua geração, como também um dos mais cultos e mais ilustrados músico-compositores de origem pop-rock.
Fundou o selo Universo Paralelo Records pelo qual lançou diversos discos e a revista “Outra coisa”.
Em 2010 apresentava os programas “Lobotomia” e “MTV Debates”, na emissora de televisão MTV, de São Paulo, onde passou a residir. Neste mesmo ano lançou em parceria com o jornalista Cláudio Tognolli a autobiografia “Lobão – 50 anos a mil”, pela Editora Nova Fronteira. O livro vendeu 150 mil cópias, sendo indicado ao “Prêmio Jabuti” de literatura, tendo seus direitos negociados com um diretor cinematográfico.
Em 2013 lançou “Manifesto do Nada na Terra do Nunca”, livro de ensaios editado Nova Fronteira.
Iniciou a carreira com apenas 17 anos, tocando bateria no grupo carioca Vímana, que também tinha como integrantes Lulu Santos e Ritchie.
Em 1976, com o término do grupo, passou a atuar apenas como músico com artistas como Luiz Melodia, Walter Franco, Zé Ramalho, Gang 90 & As Absurdettes.
No final dos anos 70 e início dos 80, participou da banda de apoio de Marina e da Blitz. Porém, saiu do grupo antes do grupo, A Blitz, fazer sucesso.
No ano de 1982, lançou-se em carreira solo com o LP “Cena de cinema”, com destaque para “Amor de retrovisor” e “O homem baile”. O disco contou com a participação de Lulu Santos, Marina, Ricardo Barreto, entre outros. No ano seguinte, formou a banda Os Ronaldos e, em 1984, lançou o LP “Ronaldo foi pra guerra”, cujo maior êxito foi a faixa “Me chama”, posteriormente gravada por Marina e João Gilberto. Nesse período, participou como ator no filme “Areias Escaldantes”, de Francisco de Paula.
Em 1985 saiu do grupo Ronaldos e lançou o LP “O rock errou”, com destaque para a faixa “Revanche”. Ainda no mesmo ano, em janeiro, foi preso em casa por porte de maconha e cocaína. Foi o início de uma série de problemas com a justiça devido a drogas.
Em fevereiro de 1987, voltou a a ser preso por porte de drogas, dessa vez no Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro. O mesmo se repetiria no mês seguinte, em Ipanema. Condenado, passou 32 dias encarcerado, primeiro na Polinter e depois no Ponto Zero. Mesmo assim, lançou o disco “Vida bandida”. O maior sucesso do LP disco foi “Vida louca vida” (c/ Bernardo Vilhena), posteriormente também gravada por Cazuza – seu parceiro em “Mal nenhum”. O LP vendeu quase 300 mil cópias, tornando-se o seu maior sucesso comercial. Ainda deste disco, outras composições se destacariam: “Chorando no campo” (c/ Bernardo Vilhena); “Vida bandida” (c/ Bernardo Vilhena) e “Blá, blá, blá… Eu te amo” (Rádio Blá), parceria com Arnaldo Brandão e Tavinho Paes, que foi incluída como tema da novela “Brega & Chique”, da Rede Globo. Por essa época, gravou uma faixa no disco em homenagem ao poeta russo Vladimir Maiakóviski: “Hino ao crítico”, musicando o poema com um maracatu. No ano seguinte, em 1988, lançou o LP “Cuidado!”, do qual se destacou a faixa “Pobre Deus”. Ainda neste disco, constam “O eleito” e “É tudo pose”.
Em 1989 lançou o disco “Sob o sol de parador”.
Em 1990, gravou o primeiro disco ao vivo, e teve o seu show considerado o melhor do “Hollywood Rock”, tanto na edição de São Paulo como na do Rio de Janeiro. No ano seguinte, participou também do “Rock in Rio II”. Ainda em 1991, lançou o LP “O inferno é fogo”, disco recebido friamente pela maioria da crítica e de baixa vendagem. Após o fracasso e um sério acidente de moto, ficou por quatro anos afastado da cena musical. Nesse período, estudou violão clássico, principalmente Villa-Lobos.
No ano de 1995, lançou o CD “Nostalgia da modernidade”, disco com marcada presença do samba. Parte da crítica mais uma vez reagiu mal e o público roqueiro estranhou a mudança, resultando em novo fracasso comercial. O mesmo ocorreu com o CD seguinte, “Noite”, de 1998, este mais eletrônico. Sempre polêmico, após vários problemas com gravadoras, lançou em 1999 o primeiro CD independente, “A vida é doce”, acompanhado por uma revista-manifesto, sendo vendido apenas nas bancas de jornal. O disco vendeu cerca de 97 mil cópias. Neste mesmo ano, deu início a uma campanha contra as gravadoras e conseguiu a vendagem recorde de 100 mil cópias (numeradas) de seu disco “A vida é doce”, apenas divulgando nas rádios comunitárias de todo o país, principalmente as do Rio de Janeiro. Logo depois, vários artistas partiram para essa solução alternativa para a vendagem de seus discos independentes. No mesmo ano esteve internado por 15 dias, em estado de coma, por misturar álcool com barbitúricos.
No ano 2000, ao lado de Elza Soares, Os Cariocas e Pedro Luís e a Parede, fez o show de encerramento do projeto Novo Canto (que lançou novos talentos como Vander Lee, Patrícia Mellodi, Andréa Dutra, Dudu Salinas, Elisa Queirós, Andréa Marquee, André Gabhé e Guima Moreno, entre outros).
Em 2001, no Ballroom, apresentou o show “Lobão 2001 – Uma Odisséia no universo paralelo”. O show foi transformado em um disco ao vivo, gravado pelo canal Multishow. Na ocasião, como declarou o compositor: “A concentração é no repertório recente, sem nostalgia”.
Em 2002 lançou por seu selo Universo Paralelo o CD “Uma odisséia no universo paralelo”. O disco trouxe as inéditas “Lullaby” e “Para o mano Caetano” e as pouco conhecidas de discos anteriores “A noite” e “Nostalgia da modernidade”, além de “Tão menina”, “O grito”, “El desdichado”, “Decadence avec elegance”, “Me chama”, “Noite e dia”, “Panamericana”, “Samba da caixa preta” e “Vida bandida” (c/ Bernardo Vilhena).
Em 2003 ao lado de Frejat e os poetas Chacal, Guilherme Zarvos, Guilherme Levi, Tavinho Paes e Fausto Fawcett, participou no Espaço Cultural Sérgio Porto, no Humaitá, Zona Sul do Rio de Janeiro, do evento “Brandolândia” (nome sugerido por Chacal) de Arnaldo Brandão, no qual o músico recebeu vários convidados. Ainda em 2003, lançou, pelo seu Selo Fonográfico Universo Paralelo, o CD “Canções dentro da noite escura”, disco no qual apresentou as inéditas “Capitão Gancho”, de sua autoria e ainda uma parceria inédita com Cazuza “Seda”, e outra também inédita com Júlio Barroso “Quente”. Lançou a revista “Outra coisa”, na qual foi encartado o CD “Enxugando gelo”, do cantor e compositor B Negão, também lançado pelo selo Universo Paralelo.
No ano de 2004, participou do debate e evento “A arte da crítica” sobre música popular no CCBB (Centro Cultural Banco do Brasil) que reuniu, Tárik de Souza, Arthur Dapieve e Hugo Sukman, entre outros. Como sempre, criatico, participante e polêmico, foi notícia em vários jornais por defender a criminalização do “Jabá”, forma de pagamento a algumas emissoras de rádio e televisão, com a qual as grandes gravadoras sustentam, segundo ele, o sucesso de seu cast.
Em 2007 lançou, pela gravadora Sony&BMG, o CD “Acústico MTV”, disco no qual interpretou alguns de seus maiores sucessos e outras composições não tão conhecidas do grande público, entre os sucessos e as pouco menos conhecidas destacamos “Me chama”, “Corações piscodélicos”, “Quente”, “Bambino”, “Noite e dia” (c/ Júlio Barroso), “Essa noite não”, “O místério” (c/ Ritchie e Lulu Santos), “A queda”, “A vida é doce”, “El desdichado II”, “Canos silenciosos”, “A gente vai se amar”, “Rádio Blá”, “Por tudo que for”, “Você e a noite escura”, “Pra onde você vai”, “Vou te levar”, “Décadence avec Élégance”, entre outras.
Em 2010 fez turnê pelas lonas culturais do Estado do Rio de Janeiro com o show “Elétrico”.
No ano de 2011 apresentou o show “Elétrico” no palco do Circo Voador, na Lapa, bairro do centro do Rio de Janeiro, no qual foram incluídos sucessos de carreira e composições novas, entre as quais “Me chama”, “Canos silenciosos”, “Esse jogo não valeu”, “Nostalgia da mopdernidade”, “Mal de amor”, “Vida bandida”, “Das tripas coração” e “Song for Sampa”. Neste mesmo ano foi lançada a coletânea “Box 81-91 + DVD Acústico MTV” perfilando boa parte da obra do compositor.
Em 2012 gravou o CD e DVD “Lino, Sexy & Brutal – Ao vivo”, pela gravadora Deck Disc. Gravado ao vivo na turnê “Elétrico”, que passou pelo Circo Voador (RJ) e Citibank Hall (SP), tendo sido acompanhado pela banda integrada por André Caccia Bava (guitarra), Dudinha Lima (baixo) e Armando Cardoso (bateria). O trabalho foi produzido pela empresa Universo Paralelo, e contou com direção cênica de Cris Winter, Rui Mendes e do próprio Lobão, com masterização feita nos estúdios de Abbey Road, em Londres, Inglaterra. No roteiro foram incluídas inéditas, tais como “Agora é tarde”, além dos sucessos de carreira como “Me Chama”, “Canos Silenciosos” e “Vida Bandida”, as mais recentes “Balada do Inimigo” e “Vamos Para o Espaço!”, e ainda a regravação de “Ovelha Negra”, de Rita Lee, na qual contou com a participação especial de Luiz Carlini, guitarrista da banda Tutti & Frutti. O CD/DVD foi lançado em show no Circo Voador, tendo a banda Picassos Falsos como grupo de abertura do espetáculo. No show contou com a participação do guitarrista Sérgio Carlini (ex-Tutti & Frutti).
Entre seus intérpretes destacam-se o grupo Biquini Cavadão na emblemática “Me chama”. No ano seguinte, em 2013, lançou “Manifesto do Nada na Terra do Nunca”, livro de ensaios editado Nova Fronteira.
No ano de 2015 lançou o CD “O rigor e a misericórdia”, com diversas composições inéditas. Neste mesmo ano de 2015 lançou, pela Editora Nova Fronteira,o livro “Em busca do rigor e da misericórdia: reflexões de um emirtão urbano”, no qual relatou o processo de composição do disco, do qual se destacaram as faixas “A esperança e a praia de um outro mar”, “A marcha dos infames”, “A ação fantasmagórica” e “A posse dos impostores”.
Em 2016 lançou “Lobão no estúdio showlivre (ao vivo).
Em 2018, lançou o álbum “Antologia politicamente incorreta dos anos 80 pelo rock” – inspirado pelo livro “Guia politicamente incorreto dos anos 80 pelo rock (2017)”. O lançamento foi feito nos formatos de CD duplo, de LP duplo, pen drive e edição digital. O artista buscou recursos via financiamento coletivo para finalizar o 18º álbum. Este foi o primeiro álbum como intérprete, gravado com a banda Os Eremitas da Montanha, formada pelos músicos Armando Cardoso (bateria), Augusto Passos (baixo e voz), Christian Dias (guitarra) e Felipe Faraco (teclados).
Em fevereiro de 2022, lançou crowdfunding para financiar lançamento, em CD duplo, do álbum triplo de vinil, e da versão em Dolby Atmos do trabalho “Canções de quarentena”. O compositor e cantor gravou todos os instrumentos das 32 canções que compõem o álbum, com exceção dos vocais de apoio e das vozes em duas músicas feitas pela esposa Regina. Entre as músicas, “Pedaço de Mim” (Chico Buarque), “Canteiros” (Fagner e Cecília Meireles), “Hoje Ainda É Dia de Rock” (Zé Rodrix), “Trem Azul” (Lô Borges) e “Hora do Almoço” (Belchior)
ALBIN, Ricardo Cravo. Dicionário Houaiss Ilustrado Música Popular Brasileira – Criação e Supervisão Geral Ricardo Cravo Albin. Rio de Janeiro: Instituto Antônio Houaiss, Instituto Cultural Cravo Albin e Editora Paracatu, 2006.
ALBIN, Ricardo Cravo. MPB, a história de um século. Rio de Janeiro: Atrações Produções Ilimitadas/MEC/Funarte, 1997.
ALBIN, Ricardo Cravo. O livro de ouro da MPB. Rio de Janeiro: Ediouro, 2003.
AMARAL, Euclides. Alguns Aspectos da MPB. Rio de Janeiro: Edição do Autor, 2008; 2ª ed. Esteio Editora, 2009.
CHAVES, Xico e CYNTRÃO, Sylvia. Da Pauliceia à Centopeia Desvairada – as Vanguardas e a MPB. Rio de Janeiro: Elo Editora, 1999.
FUSCALDO, Chris. Discobiografia Mutante: Álbuns que revolucionaram a música brasileira. Rio de Janeiro: Editora Garota FM Books, 2018. 2ª ed. Idem, 2020.
LOBÃO, Cláudio Tognolli – Lobão – 50 anos a mil. Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira, 2010.
MARCONDES, Marcos Antônio. (Ed.). Enciclopédia da música Brasileira – erudita, folclórica e popular. 3. ed. São Paulo: Arte Editora/Itaú Cultural/Publifolha, 1998.