
Cantor.
Costumava cantar nas reuniões e festas da companhia onde serviu por três anos, 8º grupo de Artilharia de Costa (RJ).
Iniciou sua carreira profissional atuando em em bailes nos quais cantava, em inglês, rocks e calipsos. Foi crooner do Conjunto Dry Boys e fez parte do Conjunto Os Guaranis.
Em 1961, passou a se apresentar no programa “Os brotos comandam”, gravando, em seguida, um compacto simples contendo o cha-cha-cha “Teresinha”, de autoria do apresentador do programa, o compositor Carlos Imperial. Ainda nesse ano, apresentou-se em casas noturnas do Rio de Janeiro, como Drink e Top Club, e no Beco das Garrafas, levado por Miéle e Ronaldo Boscoli.
Em 1963, lançou seu primeiro LP, “Tem algo mais”, obtendo muito sucesso com a música “Balanço Zona Sul” (Tito Madi).
No ano seguinte, viajou pela América do Sul e América Central com o Bossa Três, liderado pelo pianista Luís Carlos Vinhas. Ainda em 1964, gravou o LP “A nova dimensão do samba”, com destaque para as faixas “Lobo Bobo” (Carlos Lyra e Ronaldo Boscoli) e “Nanã” (Moacir Santos).
Em 1965, gravou o LP “Wilson Simonal”, destacando-se “Garota moderna” (Evaldo Gouveia e Jair Amorim).
Ainda na década de 1960, lançou os LPs “Vou deixar cair…” (1966), “Wilson Simonal ao vivo” (1967), “Alegria, alegria!!!” (1967), “Alegria, alegria vol. 2 ou Quem não tem swing morre com a boca cheia de formiga” (1968), “Alegria, alegria vol. 3 ou Cada um tem o disco que merece” (1969) e “Alegria, alegria vol. 4 ou Homenagem à graça, à beleza, ao charme e ao veneno da mulher brasileira” (1969).
Em 1966 e 1967, comandou o programa “Show em Si Monal”, transmitido pela TV Record (SP). Registrou vários sucessos com sua interpretação de músicas como “País tropical” (Jorge Ben), “Mamãe passou açucar em mim”, “Meu limão, meu limoeiro” e “Sá Marina” (Antonio Adolfo e Tibério Gaspar) num estilo swingado que se popularizou como “pilantragem”.
Em 1969, no encerramento do IV Festival Internacional da Canção, destacou-se por reger um coro formado pela platéia de 15.000 pessoas que lotavam o Maracanãzinho.
Lançou, em 1970, o LP “Jóia” e, em 1972, o LP “Se dependesse de mim”.
Foi condenado, em 1972, como mandante de uma surra sofrida pelo contador de sua firma que supostamente o teria roubado. Durante o inquérito, foi acusado por um agente do Dops de ter sido informante daquele órgão, o que provocou um declínio em sua carreira.
Ainda na década de 1970, gravou os LPs “Ninguém proíbe o amor” (1975), “A vida é só pra cantar” (1977) e “Se todo mundo cantasse seria bem mais fácil viver” (1979).
Lançou, na década de 1980, os LPs “Wilson Simonal” (1981) e “Alegria tropical” (1985) e, na década de 1990, os LPs “Os sambas da minha terra” (1991), “Brasil” (1995) e “Bem Brasil – Estilo Simonal” (1998).
Faleceu no dia 25 de junho de 2000.
Em 2002, a pedido de seus familiares e amigos, foi aberto processo para apurar a veracidade das insinuações levantadas na década de 1970 quanto à possível colaboração do cantor com os órgãos repressores do regime militar. Além de depoimentos de artistas e de material enviado pela família e pelos amigos, constou do processo um documento de janeiro de 1999, assinado pelo então secretário de Direitos Humanos, José Gregori, que divulgava que, a partir de uma pesquisa realizada nos arquivos do SNI e do Centro de Inteligência do Exército, não havia evidências que provassem aquelas insinuações.
Em 2003, concluído o processo, o cantor foi moralmente reabilitado pela Comissão Nacional de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).
Em 2009, foi lançado “Ninguém sabe o duro que dei”, documentário sobre a vida do cantor co-dirigido por Claudio Manoel, Micael Langer e Calvito Leal.
Em 2010, a Som Livre lançou a coletânea “Simonal Sempre”, contendo as faixas “Vesti azul” (Nonato Buzar), “Carango” (Carlos Imperial e Nonato Buzar), “Balanço Zona Sul” (Tito Madi), “Sá Marina” (Antônio Adolfo e Tibério Gaspar), “Tributo a Martin Luther King” (Wilson Simonal e Ronaldo Bôscoli) e “Mamãe passou açúcar em mim” (Carlos Imperial), entre outros sucessos do artista.
Em 2011 foi lançado o livro “Simonal: quem não tem swing morre com a boca cheia de formiga”, do historiador Gustavo Alonso, pela Editora Record. Nele o autor mostrou um painel complexo dos anos 60 e 70, deixando claro que Simonal não foi o único que flertou com o regime, e problematizou a recente reabilitação do cantor.
Em 2019 foi realizado o musical “Simonal”, dirigido por Leonardo Domingues, com o ator baiano Fabrício Boliveira no papel principal. No mesmo o ano de 2019 o filme “Simonal”, sua cinebiografia, chegou aos cinemas. O filme teve a direção de Leonardo Domingues, produção de Nathalie Felippe e roteiro de Victor Atherino. O longa retratou seu auge e seu declínio e sua relação como informante da ditadura. Entre as cenas polêmicas, o cantor aparece acionando contatos na polícia para assustar o seu contador, Raphael Viviani, para forçá-lo a confessar que havia roubado a Wilson Simonal Produções. O contador teria sofrido agressões, como tortura no pau de arara. Simonal foi condenado por extorsão mediante sequestro e ficou preso por nove dias, para depois cumprir prisão domiciliar. Quando a pena acabou, em 1976, foi boicotado pela classe artística e nunca mais recuperou o prestígio.
Em 2021, o registro em áudio da apresentação de Simonal no Maracanãzinho, em setembro de 1969, na qual o cantor rege a plateia em “Meu limão, meu limoeiro” e canta sucessos como “Sá Marina” e “Tributo a Martin Luther King”, foi restaurado para lançamento em CD e nas plataformas digitais.
ALBIN, Ricardo Cravo. Dicionário Houaiss Ilustrado Música Popular Brasileira – Criação e Supervisão Geral Ricardo Cravo Albin. Rio de Janeiro: Rio de Janeiro: Instituto Antônio Houaiss, Instituto Cultural Cravo Albin e Editora Paracatu, 2006.
AMARAL, Euclides. Alguns Aspectos da MPB. Rio de Janeiro: Edição do Autor, 2008; 2ª ed. Esteio Editora, 2009.
FUSCALDO, Chris. Discobiografia Mutante: Álbuns que revolucionaram a música brasileira. Rio de Janeiro: Editora Garota FM Books, 2018. 2ª ed. Idem, 2020.