
Cantor. Compositor.
Filho do afinador de pianos Antonio Narciso Caldas e de Alcina Figueiredo Caldas. Nasceu no bairro carioca de São Cristóvão.
Com cinco anos de idade já era visto desfilando no carnaval carregado nos ombros dos remadores do Clube de Regatas São Cristóvão, do bairro onde morava no bloco “Família Ideal”. Nessa idade fez sua primeira apresentação pública cantando uma música brejeira no Teatro Fênix. Começou a trabalhar numa garagem como aprendiz de mecânica aos nove anos.
Em 1924, já mecânico formado, mudou-se para São Paulo onde trabalhou na Companhia Tobias Torres de Barros & Cia e na Companhia Telefônica. Logo depois, percorreu o interior paulista como motorista. Fixou-se um tempo em Catanduva onde trabalhou como lavador de carros.
Em 1927, voltou ao Rio de Janeiro à convite de Antônio Gomes para atuar na Rádio Mayrink Veiga. Mesmo cantando em Rádios, manteve por algum tempo a profissão de mecânico. Chegou a fazer a manutenção de cerca de vinte caminhões numa ocaião em que trabalhavam na construção da Rodovia Rio – São Paulo.
Os últimos 40 anos de sua vida foram vividos em seu sítio na cidade de Atibaia, em São Paulo. Na década de 1980, seu filho mais moço foi morto vítima de trágico atropelamento, fato que muito abalou a opinião pública de todo o país.
Cantando desde criança, iniciou a carreira artística profissional quando em 1927 foi convidado por Antônio Gomes, conhecido como “Milonguita”, para atuar na Rádio Mayrink Veiga na qual fez amizade com o pianista Bequinho e com os compositores Uriel Lourival e Cândido das Neves. Dois anos depois passou a cantar na Rádio Sociedade com um contrato de 20 mil réis por noite.
Em fevereiro de 1930, gravou pela primeira vez, pela gravadora Victor, cantando em dueto com Breno Ferreira o desafio “Tracuá me ferrô”, de Sátiro de Melo. Em seguida, interpretou o samba “Amoroso”, de sua autoria e Quincas Freire num disco que tinha no lado A Elpídio Dias cantando o samba “Ópio”, de S. F. das Neves. Em agosto do mesmo ano, gravou pela primeira vez nos dois lados de um disco, na gravadora Brunswick, cantando a canção “Recordar é viver” e o samba-canção “Amor e poeta”, ambas de Sinhô, com acompanhamento de Henrique Vogeler ao piano. Nesse ano, atuou ao lado da atriz Margaria Max na revista “Brasil do amor”, de Ary Barroso e Marques Pôrto apresentada no Teatro Recreio, onde cantava o samba “Faceira”, então inédito de Mestre Ary que também começava. No ano de 1930, lançou 19 discos pela Victor com 32 músicas.
Em 1931, lançou para o carnaval as marchas “Bambina, meu bem!” e “Sestrosa”, ambas de Rogério Guimarães. Nesse ano, gravou o sambas “Gamela quebrada”, de Príncipe Pretinho; “Samba de reúna”, de Cícero de Almeida; “Vira as butuca”, de Rogério Guimarães; “Chorei nega”, de J. Aimberê; “Pobrezinha da Madalena”, de André Filho e “Faceira”, de Ary Barroso, seu primeiro grande sucesso. Ainda nessa época, gravou mais quatro sambas de Ary Barroso: “Não faz assim meu coração”, “Vai tratar da tua vida”, “É mentira oi!” e “Um samba em Piedade”. Gravou ainda, em dueto com Elisa Coelho, “Batuque” e “Terra de iaiá”, de Ary Barroso.
No ano seguinte, gravou entre outras, os sambas “Jurei me vingar”, de Valfrido Silva e André Filho; “Se eu fora rei”, de sua autoria; “Não te perdôo”, parceria com De Chocolat e “E ela não jurou”, de André Filho. Nesse ano, fez sucesso com o samba-canção “Maria”, de Ary Barroso e Luiz Peixoto, que mesmo gravado em novembro, destacou-se bastante.
Fez sucesso no carnaval de 1933 com a marcha “Segura esta mulher”, de Ary Barroso, destacando-se nessa época como interprete das obras do compositor mineiro. No mesmo ano, lançou disco com os sambas “Vitória”, de Noel Rosa e Nonô e “Chora”, de André Filho. Gravou ainda os sambas “Eu vivo sem destino”, de sua autoria com Wilson Batista e Osvaldo Santiago; “Os homens são uns anjinhos”, de Custódio Mesquita; “Na floresta”, de sua parceria com o mangueirense Cartola e “Lenço no pescoço”, de Wilson Batista, música que fez deflagrar a famosa polêmica musical entre Noel Rosa e Wilson Batista. No final de 1933, gravou o samba “Na aldeia”, de sua autoria com Caruzinho e De Chocolat, grande sucesso do ano seguinte. No mesmo disco, estava a valsa “Mimi”, de seu amigo Uriel Lourival e considerada um clássico da música popular brasileira.
Em 1934, lançou mais três composições de Ary Barroso, o samba-canção “Tu!…” e os sambas “Perdão” e “Malandro sofredor”. Gravou também os sambas “Se teu amor consola”, de André Filho e “Vais viver no esquecimento”, de André Filho e Saul de Carvalho, a valsa “Santa dos meus amores” e a valsa-canção “Serenata”, de sua parceria com Orestes Barbosa, sendo esta última uma de suas mais aclamadas composições, adotada por ele como marca musical de suas apresentações e um exemplo típico de modinha, com seu característico lirismo e beleza. Ainda em 1934, passou a gravar na Odeon e lançou a marcha “Coração ingrato”, de Nássara e Frazão e o samba “Eu sonhei”, de Ary Barroso. Nesse ano, fez sucesso com a valsa “Boneca”, de Benedito Lacerda e Aldo Cabral e com os sambas “O telefone do amor”, de Benedito Lacerda e Jorge Faraj e “Inquietação”, de Ary Barroso e “Por causa dessa cabocla”, de Ary Barroso e Luiz Peixoto.
Em 1935, lançou mais duas composições de Ary Barroso, a marcha “A casa dela…” e o samba “Volta, meu amor!”. Gravou também duas obras de Benedito Lacerda, a valsa “Ísis”, parceria com Jorge Faraj e o samba “Última carta de amor”, com Zeca Ivo. Nesse mesmo ano, atuou no filme “Favela dos meus amores”, de Humberto Mauro. No ano seguinte, gravou o sambas “Tudo me fala do teu olhar”, de Newton Teixeira e Cristóvão de Alencar; “Morena da minha aldeia”, de sua autoria e Cristóvão de Alencar; “O que é que há ?”, de sua autoria; “Madrugada” e “Acorda escola de samba”, de Benedito Lacerda e Herivelto Martins e “Saudades dela”, de Ataulfo Alves. Ainda em
1936, gozando já de grande popularidade no meio artístico, tanto no disco, quanto na radiofonia, participou do filme “Carioca maravilhosa”, de Luís de Barros. Em 1937, lançou dois sambas de sua parceria com Newton Teixeira e Cristóvão de Alencar, “Adeus felicidade!” e “Quando você me abandonou”. Nesse ano, gravou os sambas-canção “Sabiá”, e Vicente Paiva e Jararaca e, “Lua triste”, de Leonel Azevedo e Luis Bittencourt; a valsa “Arranha-céu”, de sua autoria e Orestes Barbosa e a canção “Chão de estrelas”, também de sua parceria com Orestes Barbosa e que além de grande sucesso, tornou-se clássico do cancioneiro popular brasileiro e presença obrigatória nas rodas de serestas. Considerada por muitos como a obra prima da dupla, a canção “Chão de estrelas”, cujo título original era “Sonoridade que acabou”, modificado por sujestão do poeta paulista Guilherme de Almeida, só se tornaria sucesso nacional quando de sua segunda gravação, realizada na década de 1950. Composta sobre um poema em decassílabos – que Orestes relutou em consentir que fosse musicado -, a obra foi citada em uma crônica de Manuel Bandeira que assim terminava: ” se se fizesse aqui um concurso … para apurar qual o verso mais bonito de nossa língua, talvez eu votasse naquele de Orestes tu pisavas os astros distraída “.
Ainda nesse ano, gravou com sucesso em dueto com Carmen Miranda o samba-jongo “Quando eu penso na Bahia”, de Ary Barroso e Luiz Peixoto. Gravou também com a mesma cantora o samba “Onde vai você Maria?”, de Benedito Lacerda e Darci de Oliveira.
Alcançou grande repercussão no carnaval de 1938 com a marcha “As pastorinhas”, de Noel Rosa e João de Barro, uma adaptação da marcha “Linda pequena”, de 1936, e foi escolhido “Cidadão samba”. Nesse ano, fez sucesso também com o samba “Professora”, de Benedito Lacerda e Jorge Faraj. Também nesse ano, voltou a lançar discos pela Victor com a valsa-canção “Falsa felicidade” e a valsa “Sorris da minha dor”, ambas de Paulo Medeiros. Gravou também as valsas-canção “Com o pensamento em você” e “Não me abandones nunca”, de Joubert de Carvalho e os sambas “Na mão direita”, de Nássara e Mário Lago e “Pra que mentir”, de Noel Rosa e Vadico.
Fez sucesso no carnaval de 1939 com a marcha “Florisbela”, de Nássara e Frazão, com a qual venceu o concurso oficial do carnaval desse ano. Gravou no mesmo ano o samba “Já sei sorrir”, de Ataulfo Alves e Claudionor Cruz e a marcha “Mentira carioca”, de César Brasil e Jorge Faraj. Alcançou outro triunfo no mesmo ano com a valsa “Deusa da minha rua”, de Newton Teixeira e Jorge Faraj, música que embora relutasse, acabou gravando. Segundo relato do compositor Newton Teixeira, “tive que tirar Sílvio de uma roda no Café Nice e praticamente arrastá-lo ao estúdio”. Apesar da relutância, a música foi um grande sucesso, contando com brilhante interpretação do cantor. Fez sucesso também com o samba “A cor o pecado”, de Bororó, e com mais duas composições de Ary Barroso, o samba-canção “Maria”, com Luiz Peixoto e o samba “No rancho fundo”, com Lamartine Babo.
Em 1940, obteve repercussão com o fox-canção “Mulher”, de Custódio Mesquita e Sadi Cabral em disco que trazia na face B a valsa “Velho realejo”, da mesma dupla e também sucesso. Também nesse ano, gravou a valsa “O amor é assim”, de Sivan Castelo Neto; os sambas “Preto velho”, de Custódio Mesquita e Jorge Faraj e “Eu quero essa mulher”, de Murilo Caldas e as marchas “Andorinha”, de sua autoria e “Sinhá moça chorou”, de sua parceria com Cristóvão de Alencar. No ano seguinte, registraria a marcha “Capim mimoso”, parceria com Rubens Soares. Nesse ano, gracou com Orlando Silva e Cyro Monteiro o samba “Rosinha”, de Heber de Bóscoli e Mário Martins. Também nesse ano, fez drande sucesso com mais duas obras de Ary Barroso, o samba “Morena boca de ouro”, para o qual fez interpretação marcante, e a canção “Três lágrimas”.
Lançou duas composições suas com Frazão em 1942, o samba “Chuva miúda” e a marcha “Se for preciso eu caso…”. No mesmo ano regravou os sambas “Aquarela o Brasil” e “Na baixa do sapateiro”, de Ary Barroso, além das marchas “Fibra de herói”, de Teófilo de Barros Filho e Guerra Peixe e “Canção do soldado”, de Ulisses Sarmento e Cícero Braga e o samba “Meus vinte anos”, parceria com Wilson Batista.
Em 1943, gravou as valsas “Não voltarás, nem voltarei…”, de Georges Moran e Nogueira da Silva e “Ninotchka”, de Georges Moran e Cristóvão de Alencar; “Modinha”, do poeta Manuel Bandeira e Jaime Ovalle; a canção “Meu amigo violão”, de Georges Moran e J. G. de Araújo Jorge e os sambas “Promessa” e “O samba da Beatriz” e a marcha “É inútil mentir”, essas três da dupla Custódio Mesquita e Evaldo Rui. Ainda nesse ano, fez a primeira gravação da gravadora Continental, registrando a canção “Mágoas de um trovador”, de J. Cascata e Manezinho Araújo e a valsa “Suburbana”, de sua parceria com Orestes Barbosa. Voltou a gravar composições da dupla Custódio Mesquita e Evaldo Rui no ano seguinte: os sambas “Como os rios correm pro mar” e “Noturno em tempo de samba” e a “Valsa do meu subúrbio”. Também em 1944, gravou o samba “Algodão”, de Custódio Mesquita e David Nasser. Ainda nesse ano, participou do filme carnavalesco “Tristezas não pagam dívidas”, de José Carlos Burle. Em 1945, gravou de Custódio Mesquita e Evaldo Rui o samba “Feitiçaria” e o fox “Sim ou não”. Nesse ano, atuou no filme carnavalesco “Não adianta chorar”, de Watson Macedo. Gravou duas composições de Joubert de Carvalho em 1946, a canção “Minha casa” e a valsa “Nunca soubeste amar”, além dos sambas “Gilda” e “E ela não voltou”, de Erasmo Silva e Mário Lago e “Companheira de quem ama”, de Antônio Almeida e Alberto Ribeiro, além das marchas “Tire a camisa”, de Antônio Almeida; “Anda Luzia!”, de João de Barro e “O teu olhar”, de sua parceria com Antônio Almeida. Em 1947, participou do filme “Luz dos meus olhos”, de José Carlos Burle. A cada ano, novos sucessos consolidaram sua carreira, fazendo-o um dos quatro grandes da cena artística musical.
Gravou em 1949 o samba “Não me pergunte”, de José Maria de Abreu e Jair Amorim, a toada “Você de mim não tem dó”, de José Maria de Abreu; as valsas “Boa noite amor”, de José Maria de Abreu e Francisco Mattoso e “Chuva e vento”, de José Maria de Abreu e Alberto Ribeiro; a canção “A saudade”, de Eduardo Souto e Bastos Tigre e o samba “Tarde de maio”, de Alberto Ribeiro e Osvaldo Sá.
Registrou em 1950, da dupla Nássara e Roberto Martins, o samba “Obrigado doutor”, com acompanhamento de severino Araújo e Orquestra Tabajara, grande sucesso naquele ano e a marcha “Salve o Marquês”. Ainda nesse ano, gravou de Lamartine Babo as marchas do “São Cristóvão” e do “Vasco da Gama”, clubes do futebol carioca. No ano seguinte, lançou quatro composições de sua autoria, a canção “Cabelos cor de prata”, com Rogaciano Leite e os sambas “Violões em funeral”, com Sebastião Fonseca, “Nossa Senhora da Glória”, com David Nasser e “Voltaste”. Nesse ano, lançou pela gravadora Sinter os sambas “Nos braços de Isabel”, parceria com José Judice; “Quanto dói uma saudade”, de sua autoria e “Leonor”, de Marino Pinto, Lírio Panicali e Claribalte Passos e a marcha-rancho “Mamãe Dolores”, de Joubert de Carvalho.
Gravou em 1952 o LP “Saudades”, pelo selo Rádio, um dos primeiros discos no novo suporte que se chamou de long-playing e no qual interpretou, de sua autoria e Orestes Barbosa, “Torturante ironia”, “Quase que eu disse”, “Suburbana” e “Vestido de lágrimas”, além de “Favela”, de Joracy Camargo e Hekel Tavares. Em 1953, voltou a gravar composições de sua autoria, o samba “Romance de amor” e a “Canção das mães”, esta, em parceria com David Nasser. Nesse ano, lançou pelo selo Rádio o LP “Música de Ary Barroso – Canta Sílvio Caldas”, com oito músicas de Ary Barroso: “No rancho fundo”, com Lamartine Babo; “Morena boca de ouro”; “Três lágrimas”; “Faceira”; “Terra seca”; “Maria”, com Luiz Peixoto; “Tu” e “Risque”.
Assinou contrato com a gravadora Columbia em 1954 e lançou as canções “Poema dos olhos da amada” e “São Francisco”, de Vinícius de Moraes e Paulo Soledade e os sambas “Você não veio”, “Perdoa Senhor” e “Vivo em paz”, de sua autoria. No ano seguinte, gravou a valsa-canção “Turca do meu Brasil”, de sua autoria e os sambas-canção “Mágoa”, de Hervê Cordovil e Júlio Atlas, “A única rima”, de sua autoria e “Jangada”, de Hervê Cordovil e Vicente Leporace; o samba-choro “Meu segredo”, de Newton Teixeira e Jorge Faraj e a canção “Pierrô”, de Joubert de Carvalho e Pascoal Carlos Magno.
Lançou dois LPs em 1956, “Canta o seresteiro” e “Sílvio Caldas”. No primeiro, interpretou clássicos como “Feitiço da Vila”, de Noel Rosa e Vadico, “Ave Maria”, de Erotides de Campos, “A voz do violão”, de Francisco Alves e Horácio Campos e “Casinha pequenina”, de domínio público. O segundo LP reuniu composições lançadas em disco de 78 rpm.
Em 1957, gravou o LP “Serenata”, com sucessos como “Há um segredo em teus cabelos”, de Osvaldo Santigo e Gastão Lamounier; “Feitio de oração”, de Vadico e Noel Rosa; “Fita amarela”, de Noel Rosa; “Maringá”, de Joubert de Carvalho e “Meu segredo”, de Jorge Faraj e Newton Teixeira, além da música título, de sua autoria e Orestes Barbosa. Nesse ano, ganhou o Concurso “Canções para o Dia das Mães”, promovido pelo jornal O Globo, com a valsa-canção “Canção para mamãe”, de Lilá Santana, e fez sucesso com “Viva meu samba”, de Billy Blanco. No ano seguinte voltou a gravar dois LPs. Pelo selo pernambucano Mocambo lançou o LP “O seresteiro”, cantando entre outras, “Rosa de maio”, de Evaldo Rui e Custóio Mesquita; “Carinhoso”, de Pixinguinha e João de Barro; “Manhã de carnaval”, de Antônio Maria e Luiz Bonfá; “Azulão”, de Luiz Peixoto e Hekel Tavares e “Coração”, de Ariovaldo Pires e Marcelo Tupinambá. Pela Columbia lançou o LP “Cabelos brancos”, música título de Marino Pinto e Herivelto Martins, além de “Foi uma pedra que rolou”, de Pedro Caetano; “Uma jura que fiz”, de Ismael Silva e Noel Rosa; “Chuvas de verão”, de Fernando Lobo e “Serra da Boa Esperança”, de Lamartine Babo, além de outras músicas já gravadas por ele anteriormente. Em 1959, gravou em 78 rpm os sambas “Compromisso com a saudade” e “Pistom na gafieira”, de Billy Blanco e “Saudade de você”, de sua parceria com Billy Blanco e a canção “Serenata do adeus”, de Vinícius de Moraes.
Em 1960, lançou pela RGE a marcha-rancho “Velhos carnavais” e o samba-canção “Ponte enferrujada”, ambas de Antônio Bruno. Nesse ano, lançou o LP “Sílvio Caldas em pessoa”, que trazia antigos sucessos de sua carreira. Também no mesmo ano, gravou o LP “Eternamente”, interpretando entrre outras, “Noite cheia de estrelas” e “Última estrofe”, de Índio e “Rosa”, de Pixinguinha. Gravou no ano seguinte os sambas “Qual é o babado?” e “Mas eu não ligo”, de sua autoria e os sambas-canção “Homenagem” e “Paciência”, de Lupicínio Rodrigues.
Lançou em 1968 pelo selo Premier o LP “Isto é São Paulo”, com onze composições de Lauro Miller falando da capital paulista: “Ipiranga”; “Aclimação”; “Jardim América”; “Barra Funda”; “Casa Verde”; “Braz”; “Freguesia do Ó”; “Penha”; “Vila Prudente”; “Lapa” e “São Paulo antigo”. No final da década de 1960, diminuiu o ritmo de suas atuações e praticamente se retirou da vida artística indpo morar num sítio na cidade de Atibaia em São Paulo. Voltou e retirou-se da carreira artística por várias vezes, recebendo por isso o título de “Cantor das despedidas”.
Em 1971, gravou dois LPs com Elizeth Cardoso pela gravadora Copacabana nos quais constaram sucessos como “Coração”, de Alberto Ribeiro; “Fita amarela”, de Noel Rosa; “Chuva miúda”, de sua parceria com frazão; “Andorinha”, de sua autoria e “Tristezas não pagam dívidas”, de Ismael Silva. Nesse ano, lançou outro LP pela Copacabana interpretando, entre outras, “Minha casa”, de Joubert de Carvalho; “Cabeça chata”, de Frazão; “Agora é cinza”, de Bide e Marçal; “O sol nasceu para todos”, de Lamartine Babo; “Onde o céu é mais azul”, de Alberto Ribeiro, João de Barro e Alcyr Pires Vermelho e “Não me diga adeus”, de Luiz Soberano, Paquito e João Correia da Silva.
Em 1973, gravou pela Entré/CBS dois LPs sob o título “Sílvio Caldas ao vivo – Histórias da MPB” nos quais contou em mais de 50 músicas a história da música popular brasileira interpretando obras de compositores como Dorival Caymmi, Sinhô, Capiba, Lamartine Babo, Noel Rosa, Ary Barroso e outros. No ano seguinte gravou LP pela Continental com destaque para “Beco sem saída”, de sua autoria, “Largo da Lapa”, de Marino Pinto e Wilson Batista; “Tristeza do Jeca”, de Angelino de Oliveira; “Minha casa”, de Joubert de Carvalho e “Deusa da minha rua”, de Jorge Faraj e Newton Teixeira. Nesse ano, gravou pelo selo Entré/CBS o LP “Grandes sucessos com Sílvio Caldas”, no qual cantou entre outros sucessos, “A distância”, de Erasmo Carlos e Roberto Carlos; “Ouça”, de Maysa; “Gente humilde”, de Chico Buarque, Garoto e Vinícius de Moraes; “Vingança”, de Lupicínio Rodrigues; “Se todo fossem iguais a você”, de Tom Jobim e Vinícius de Moraes e “Guardei minha viola”, de Paulinho da Viola.
Em 1975, a Som Livre lançou o LP “Sílvio Caldas “especial” ao vivo”, com sntigos sucessos além da inédita “Cabrocha do Rocha”, única parceria sua com Noel Rosa. Também nesse ano foi lançado pela Continental o LP Depoimentos”, com trechos de músicas, gravadas ou não por ele anteriormente.
Em 1978, foi lanaçado pela RCA Victor o LP “Sílvio Caldas e Pedro Vargas ao vivo no Canecão”, gravado ao vivo em show realizado na casa de shows carioca.
Em 1989, participou no Rio de Janeiro do derradeiro espetáculo montado em sua homenagem, no Teatro João Caetano. Escrito, dirigido, roteirizado e produzido por Ricardo Cravo Albin, o show, gravado pela Tevê Educativa e montado por duas semanas, celebrava os 80 anos do cantor e contava, além de músicos como Altamiro Carrilho e Orlando Silveira com a presença em palco do Rancho Azulão da Torre, de Santa Cruz, que se exibia no bloco final, todo dedicado às marchas de rancho criadas pelo cantor.
Em 1992, recebeu no Rio de Janeiro a Medalha Machado de Assis, concedida por unanimidade pela Academia Brasileira de Letras, por sugestão do escritor Jorge Amado. Em 1994, foi lançado o CD “Orestes Barbosa – O poeta nas vozes de Francisco Alves e Sílvio Caldas”. Em 1995, participou do Songbook “Ary Barroso” interpretando o samba “Quando eu penso na Bahia” em dueto com Aurora Miranda. Em 1998, por ocasião os seus 90 anos,foi homenageado com o CD “Sílvio Caldas 90 anos”, com Zé Renato e Orquestra. O cantor e compositor Zé Renato, ex-integrante do conjunto vocal Boca Livre, fora amigo de sua família e com quem convivera quando garoto.
Teve uma das mais longas carreiras artísrticas no Brasil e foi conhecido por diversos slogans, sendo os mais característicos o “Caboclinho querido”, dado pelo radialista César Ladeira e “Titio”. Foi considerado pela crítica e pelo público um dos quatro grandes cantores da chamada “Era do Rádio”. Em 2008, em comemoração ao centenário de seu nascimento foi lançado pelo pesquisador Carlos Marques o livro “Sílvio Caldas – O Seresteiro do Brasil”, contando a trajetória artística do cantor.
(ComOrlando Silva e Cyro Monteiro)
(Com Carmen Miranda)
(Com Carmen Miranda)
(Com Luiz Barbosa)
(Com Benedito Lacerda)
(Com Elisa Coelho)
(Com Carmen Miranda)
(Com Breno Ferreira)
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No final dos anos 30, em pleno apogeu da chamada era de ouro de nossa canção popular, estabeleceu-se no país um acentuado culto à voz, que levaria à condição de verdadeiros ícones do período as figuras de cantores como Sílvio Caldas, Orlando Silva e Francisco Alves.
Embora eclético, dominando os mais variados gêneros musicais, Sílvio iria se impor como o grande seresteiro, o cantor romântico por excelência. Possuidor de bela voz, mas de tessitura menos extensa do que a dos rivais Orlando e Alves, ele desenvolveu um extraordinário estilo de interpretação em que aliava, na dosagem certa, técnica e sensibilidade.
Seu canto, ao mesmo tempo coloquial e veemente, cativou milhares de admiradores por toda a sua longa carreira, chegando mesmo a formar fiéis seguidores. Antológicas, no verdadeiro sentido do termo, são as duas interpretações de alguns clássicos como “Meus vinte anos”, “Chão de estrelas”. “Deusa de minha rua”, “Velho realejo” e “Inquietação”, que se tornaram inadmissíveis nas vozes de outros cantores. Pode-se mesmo afirmar que ninguém foi capaz de superá-lo no seu jeito especial de dizer determinadas palavras – “saudade”, por exemplo – a inflexão precisa no momento exato. Não seria assim por acaso que Sílvio mereceu de dois de nossos maiores compositores, Ary Barroso e Custódio Mesquita, a preferência para o lançamento de inúmeras de suas melhores canções.
Mas Sílvio Caldas não entra para a história da música popular brasileira apenas como cantor. Tal como seu colega de geração, Francisco Alves, foi compositor musicando versos de vários parceiros, dos quais o mais ilustre seria o poeta Orestes Barbosa, com quem assinou mais de dez composições, incluindo-se nesse repertório obras-primas do porte da citada “Chão de Estrelas”.
Jairo Severiano