5.002
Nome Artístico
Geraldo Filme
Nome verdadeiro
Geraldo Filme de Sousa
Data de nascimento
1928
Local de nascimento
São João da Boa Vista, SP
Data de morte
5/1/1995
Local de morte
São Paulo, SP
Dados biográficos

Compositor. Cantor.
Nasceu em São João da Boa Vista.
A avó entoava cantos do tempos dos escravos e o pai era exímio violinista e tocava nos primeiros blocos do carnaval paulistano.
Em 1933, a família mudou-se para São Paulo, indo morar na Barra Funda, local onde passou a infância.
Sua mãe, Dona Augusta, fazia marmitas e ele as entregava, fato que determinou o pseudônimo de Negrinho das Marmitas. Por essa época, também freqüentava o o Cordão Carnavalesco Campos Elíseos.
Ficou conhecido durante um bom tempo como Geraldão da Barra Funda, alusão ao reduto do samba paulistano. Freqüentava também as rodas de Tiririca (tipo de disputa com pernadas ao ritmo de samba) no Largo da Banana, onde aprendeu a dar pernadas nas disputas com os malandros e outros sambistas.
Compôs para o cordão Paulistano da Glória e sambas-enredos vitoriosos para o Peruchão e  Vai-Vai. Cronista, registrava em seus sambas personagens e fatos do bairro do Bexiga, pelo qual tinha um carinho especial.
Trabalhou como assessor da diretoria executiva da Escola de Samba Vai-Vai.
Participou do Teatro Popular Brasileiro, de Solano Trindade, mais tarde conhecido como Teatro Popular Solano Trindade.
Faleceu em 1995. Nesta época, trabalhava como Coordenador de Carnavais do Bairro Anhembi.
Segundo, outro sambista de renome, o carioca Mano Décio da Viola: “Geraldão no momento é quem melhor arma samba enredo no Brasil”.

Dados artísticos

Inicialmente compunha sambas-enredos para o Cordão Carnavalesco Paulistano da Glória. Mais tarde, participou da transformação do bloco em escola de samba, sendo um de seus fundadores.
Ex-diretor de carnaval da Escola de Samba Colorado do Brás.
Foi campeão pela escola Vai-Vai com o samba-enredo “Solano, vento forte africano”, em homenagem ao poeta Solano Trindade. Por essa época atuou também como diretor da escola.
No ano de 1974  o escritor e dramaturgo Plínio Marcos produziu o LP “Nas Quebradas do Mundaréu”, lançado plea gravadora Continental, no qual figuram como intérpretes e compositores Geraldo Filme, Zeca da Casa Verde e Toniquinho Batuqueiro.
Em 1975 Clementina de Jesus ganhou o prêmio de “Melhor Intérprete” no “Festival Abertura”, da TV Globo, com a composição “A morte de Chico Preto”, de autoria de Geraldo Filme.
Em 1980, aos 52 anos, lançou pela Eldorado o primeiro LP, “Geraldo Filme”, que contou com textos do teatrólogo e escritor Plínio Marcos e gravou várias de suas composições, tais como “São Paulo, Menino Grande”, “Silêncio no Bexiga”, “Vai no Bexiga pra Ver”, “A Morte de Chico Preto”, “Vai cuidar da tua vida”, “Reencarnação”, “Vamos balançar” e “Garoto de pobre”, entre outras, de sua autoria, interpretando também “Tristeza do sambista”, de Osvaldo Arouche e Walter Pinho. Mais tarde, em parceria com Plínio Marcos, montou o espetáculo “Balbina de Yansã” e um musical de grande sucesso, “Pagodeiros da Paulicéia”.
Por essa época, junto a Osvaldinho da Cuíca, Germano Mathias e Tobias da Vai-Vai, entre outros, participou de um documentário em homenagem ao compositor Geraldão da Barra Funda (Geraldão da Vai-Vai).
No ano de 1982 gravou o LP “Canto dos escravos”, com Tia Doca e Clementina de Jesus, disco no qual interpertaram cânticos dos escravos de Minas Gerais, recolhidos pelo pesquisador Aires da Mata Machado Filho e lançado pela gravadora Eldorado.
Foi fundador da Escola de Samba Unidos do Peruche para a qual compôs o samba-enredo “Samba de bumbo de Pirapora”. Para o amigo e compositor da escola, Pato NÁgua, no dia de sua morte, compôs “Silêncio no Bexiga”. A música fez parte do CD “Beth Carvalho canta o samba de São Paulo, volume I”, lançado pela gravadora Velas em 1994. No mesmo disco foi incluída outra composição de sua autoria, “Tradição”, gravada com a participação do autor e da Anhembanda, banda carnavalesca do centro Anhembi. No mesmo ano, participou do show com sambistas da velha guarda,  no estádio do Anhembi.
Em 1999, Osvaldinho da Cuíca incluiu “Batuque de Pirapora”, de sua autoria, no CD “História do samba paulista”, que reuniu Osvaldinho da Cuíca, Thobias da Vai Vai, Aldo Bueno e Germano Mathias. O CD foi lançado pelo selo CPC-UMES com grande festa na Choperia do Sesc Pompéia, em São Paulo.
No ano de 2002 a cantora gaúcha Elizah regravou com sucesso “Batuque de Pirapora”.
Em 2003 a gravadora Eldorado reeditou único disco  solo através da coleção “Memória Eldorado”.
No carnaval de 2005 o compositor foi homenageado no Sesc Ipiranga através do projeto “Geraldo Filme – Carnaval e Tradição”, que contou diversos eventos cênicos, musicais e visuais, como shows, vídeos e uma exposição sobre sua vida e obra. A exposição iconográfica apresentou fotos, material jornalístico e discografia completa.
Vários amigos e parceiros deram depoimentos através de um programa de comunicação visual: o músico Osvaldinho da Cuíca e o diretor Heron Coelho. Em um dos dias do evento aconteceu uma roda de samba com o grupo Nó na Madeira, conduzido pela cantora Paula Sanches. No repertório, sambas históricos de Geraldo Filme, como “Silêncio no Bexiga” e “Eu Vou Mostrar”, além de sambas de outros compositores paulistanos. Nos dias finais do evento aconteceu o espetáculo cênico-musical “Geraldo Filme –  da senzala à favela – do quilombo ao século pós-progresso dos arranha-céus”, com a cantora Marília Medalha, o cantor e ator Celso Sim e o grupo teatral Companhia de Domínio Público, abrangendo as fases regional e urbana do compositor, com direção e roteiro de Heron Coelho. Ainda em 2005 o compositor foi alvo de outras homenagens: a TV Cultura, de São Paulo, apresentou no programa “Cultura Documento”, realizado em 1998 e dirigido por Carlos Cortez, o filme “Geraldo Filme”, uma coprodução da TV Cultura com o CPC da UMES e a produtora Birô de Criação.
No ano de 2010 o compositor foi homenageado na série de espetáculos “É Tradição e o Samba Continua” apresentada no Centro Cultural Banco do Brasil, em São Paulo.
No ano de 2011 a cantoa Anaí Rosa lançou o CD “Samba comigo”, no qual regravou “Garoto de pobre”.
Entre seus vários intérpretes destacam-se o cantor e compositor Itamar Assupção que regravou “Vai cuidar da tua vida” no CD “Pretobrás”; “Vai no Bexiga pra Ver” por Beth Carvalho e “A Morte de Chico Preto”, por Fabiana Cozza.

Discografias
1994 Gravadora Velas CD Beth Carvalho canta o samba de São Paulo, volume I
1982 Eldorado LP O canto dos escravos

(c/ Tia Doca e Geraldo Filme)

1980 Studio Eldorado LP Geraldo Filme
1974 Continental Discos LP LP Nas Quebradas do Mundaréu (c/ Zeca da Casa Verde e Toniquinho Batuqueiro)
Obras
A morte de Chico Preto
Batuque de Pirapora
Eu vou pra lá
Garoto de pobre
História da capoeira
Mulher de malandro
Reencarnação
Samba de bumbo de Pirapora
Silêncio no Bexiga
Solono, vento forte africano
São Paulo menino grande
Tradição
Vai cuidar de sua vida
Vamos balançar
Shows
1994 Anhembi. São Paulo, SP Show com a Velha Guarda
Bibliografia Crítica

ALBIN, Ricardo Cravo. Dicionário Houaiss Ilustrado Música Popular Brasileira – Criação e Supervisão Geral Ricardo Cravo Albin. Rio de Janeiro: Instituto Antônio Houaiss, Instituto Cultural Cravo Albin e Editora Paracatu, 2006.

AMARAL, Euclides. Alguns Aspectos da MPB. Rio de Janeiro: Edição do Autor, 2008; 2ª ed. Esteio Editora, 2009.

MARCONDES, Marcos Antônio. (Ed.). Enciclopédia da música Brasileira – erudita, folclórica e popular. 3. ed. São Paulo: Arte Editora/Itaú Cultural/Publifolha, 1998.

MARCONDES, Marcos Antônio. (Ed.). Enciclopédia da música brasileira – erudita, folclórica e popular. 1 v. São Paulo: Arte Editora/Itaú Cultural, 1977.