
Cantor. Compositor. Violeiro.
Nasceu no lugarejo de São Julião, distrito de Teófilo Otoni, no Vale do Mucuri, no nordeste de Minas Gerais. Sua família é descendente de índios. Viveu durante algum tempo em São Mateus, no Espírito Santo. Seu pai era lavrador e teve mais 13 filhos. Também trabalhou na lavoura, assim como os pais. Cresceu ouvindo sua mãe cantar antigas cantigas da roça e ouvindo folias-de-reis, o que lhe despertou o interesse musical. Aprendeu a tocar viola sozinho.
Com dificuldades de freqüentar a escola, acompanhou os movimentos culturais de sua região e procurou seguir os passos do músico Miltinho Edilberto. Aos 37 anos iniciou a carreira artística, nos anos 1980.
Em 1993, gravou seu primeiro disco, “Terra boa”. Em 1996, lançou seu segundo disco, “Tawaraná”, onde se destacam diversas composições de sua autoria, entre as quais “Fantasia rabisal”, “Saudade da terra boa”, “Tear”, “Viola menina” e a que dá título ao disco, entre outras.
Em 1997, convidado pela escritora e ensaísta Lélia
Coelho Frota, exibiu-se no Rio ao lado da cantora Titane, quando foi apreciado em noite única, na Urca, por muitos críticos cariocas, entre os quais Ary Vasconcelos, Ilmar de Carvalho e Ricardo Cravo Albin, em casa do qual fez a exibição. Também nesse ano, apresentou-se em várias cidades no show “No Encontro das Cordas” que reuniu no palco, além do próprio, os violeiros Ivan Vilela, Paulo Freire, Roberto Corrêa e Braz da Viola, em projeto realizado pelo SESC.
Em 1998, lançou “Viola cósmica”, considerado por muitos o seu melhor disco, onde se destacam “Eu tenho saudade”, de autor desconhecido, que ele interpreta juntamente com a mãe, a moda de viola “Princesinha”, de Braguinha Barroso e Juraildes da Cruz, a composição que dá título ao disco, de sua autoria e Gildes Bezerra, “Boi graúna”, de domínio público, “Prucutundá”, de Chico Lobo, e “Boi encantado”, dele e João Rodrigues.
Em seu repertório estão calangos, forrós, catiras, frevos, maracatus, toadas e folias. Fez o arranjo para viola do “Bolero”, de Ravel, e de “Habanera”, da ópera “Carmen”, de Bizet. Viajou pelo Brasil central, Norte e Nordeste, apresentando-se e recolhendo sons. Sua música apresenta influências indígenas, africanas e das modinhas ouvidas na infância.
Em 2003, promoveu um Encontro Nacional de Violeiros, na cidade de Ribeirão Preto (SP). O evento recebeu 10 mil pessoas e resultou na criação da Associação Nacional dos Violeiros do Brasil, da qual foi eleito o primeiro presidente.
A Associação Nacional dos Violeiros do Brasil, criada em março de 2004, buscou a defesa das tradições da cultura sertaneja de raiz.
Ainda em 2004, participou, em julho, no Iº Festival de Inverno de Alto Paraíso, cidade do interior de Goiás, que prestou homenagem especial à viola. No evento encontraram-se diversas vertentes do instrumento, de Almir Sater, passando pela Orquestra Popular de Câmara.
Também em 2004, participou do CD “Violeiros do Brasil, com a faixa EMBOLADA DO CABOCLO E SINHA MARIA de sua autoria com Josias dos Santos. O disco foi gravado ao vivo no Teatro do Sesc Pompéia entre agosto e setembro de 1997 e lançado em junho de 1998, pelo SESC-Núcleo Contemporâneo. Em outubro de 2004, o CD foi relançado pelo Selo Revivendo. A edição apresenta importantes artistas da viola caipira das várias regiões do Brasil, entre os quais, Almir Sater, Zé Gomes, Renato Andrade, Roberto Corrêa, Paulo Freire, Ivan Vilela, Adelmo Arcoverde, Josias Dos Santos, Angelino de Oliveira, Renato Andrade, Tavinho Moura, Heitor Villa-lobos, Zé Mulato e Cassiano e Zé Coco do Riachão. O projeto foi idealizado pela produtora Myriam Taubkin e a gravação do disco foi sugerida pelo músico e produtor Benjamim Taubkin.
Ainda em 2004, lançou o CD “Viola Ética”que tem as participações especiais de Inezita Barroso e Ivan Vilela.
Em 2005, realizou uma turnê pela Venezuela, onde representou o Brasil no Festival da Canção Necessária.
Em 2007, fez participação especial, ao lado de Chico Lobo, em show realizado no Teatro Palácio das Artes, em Belo Horizonte (MG), na ocasião do lançamento do CD produzido por João Araújo,”Violando Fronteiras”, que reuniu trabalhos de bandas dos estados de Minas Gerais, São Paulo, Espírito Santo, Paraná e Pernambuco.
No mesmo ano, lançou o CD “Akpalô”, em que retratou algumas das influências da cultura do Vale do Mucuri (MG), local de seu nascimento, na sua obra e arte.
Em 2011, foi convidado, ao lado de Dércio Marques, Irmãs Galvão e Genésio Tocantins para participar, como intérprete, do Projeto/ Porgrama “Brasil Clássico Caipira”, apresentado na TV Brasil. O programa foi composto de uma série dividida em 5 episódios, que apresentou um total de 22 composições consideradas clássicas do cancioneiro caipira, passando por diversas épocas, e teve curadoria do pesquisador Adelzon Alves, projeto musical de Rildo Hora, apresentação de Antonio Grassi, e arranjos de Joaquim França.
Foi escolhido como padrinho do Grupo de Viola Caipira Cordas da Mantiqueira, regido pelo também violeiro Oliveira Neto.