Poeta. Letrista. Agitador Cultural.
Filho de Marcial Galdino, ex-jogador do Fluminense.
Entre 1972 e 1973, morou em Londres e Lisboa.
Entre 1975 e 1979 fez parte do grupo de poetas músicos e artistas Nuvem Cigana, também integrado pelos poetas Ronaldo Bastos, Ronaldo Santos, Bernardo Vilhena, Guilherme Mandaro, Cláudio Lobato e Charles Peixoto, com o qual montou diversos eventos de nome “Artimanhas”, percorrendo circuitos alternativos e universidades na década de 1970.
Publicou vários livros de poesias e crônicas, entre eles: “Muito Prazer, Ricardo”, 1971; “Preço da Passagem”, 1972; “América”, 1975; “Quampérius”, 1977; “Olhos Vermelhos”, 1979; “Nariz Anis”, 1979; “Boca Roxa”, 1979; “Expresso Voador e Tantas Coisas” (crônicas), 1982 e “Drops de Abril”, em 1983.
Em 1977, formou-se em Comunicação pela UFRJ.
No ano de 1978, foi coautor da peça “Aquela Coisa Toda”, com Asdrúbal Trouxe o Trombone.
Nos anos 1980 escreveu crônicas para os jornais Folha de São Paulo, Correio Braziliense e Jornal do Brasil.
Em 1983 foi coautor da peça “Recordações do Futuro”, com o grupo Manhas e Manias.
No ano de 1987, publicou o livro “Comício de Tudo”, no qual reuniu poesias e crônicas publicadas em vários jornais, como Folha de São Paulo, Jornal do Brasil e Correio Brasiliense.
Em 1990 criou e coordenou o Centro de Experimentação Poética, CEP 20.000, no Rio de Janeiro, onde se apresentavam poetas e artistas de várias gerações.
Em 1996, editou a revista O Carioca, que trazia em seu conselho editorial Adriattigliani, Barrão, Fausto Fawcett e Waly Salomão. Em 25 de janeiro de 1999, foi lançado o nº 3 da revista.
Em 2006 foi lançado a coletânea “Poesia Marginal”, com poemas de cinco poetas da “Geração Mimeógrafo”, em uma antologia que trouxe e revelava o espírito não conformista da juventude durante a ditadura militar. O volume trouxe poemas de Cacaso, Chacal, Ana Cristina César, Francisco Alvin e Paulo Leminski.
Ao lado de Bruno Levinson e Guilherme Zarvos, foi um dos criadores do espaço CEP 20.000 (Centro de Experimentação Poética), no qual se apresentavam performers, bandas de rock e vanguardas em geral, além de sambistas, funkeiros e batedores de lata. Inicialmente o evento ocorria no Espaço cultural Sérgio Porto e posteriormente, em 2007, no Teatro do Jockey. Neste mesmo ano de 2007 lançou, pela Editora Cosac Naify, a coletânea de poemas “Belvedere”, reunindo trabalhos publicados em 35 anos de carreira. O livro também foi acompanhado por uma edição facsímile do livro de poesias “Quampérius”, publicado em 1977. Apresentou-se, também em 2007, em um festival de poesia lusofônica em Nova York.
Em 2010 foi lançada a antologia “Destino: Poesia”, na qual foram perfilados poemas de Cacaso, Ana Cristina César, Chacal, Francisco Alvin, Torquato Neto, Paulo Leminski e Waly Salomão. Organizada por Ítalo Moriconi, a antologia foi publicada pela José Olympio Editora.
No ano de 2015 deixou a direção do CEP 20.000, passando-a para os integrantes da banda Neturno (Gabriel Lessa, Juliano Lessa, Bianca Marzuzulo e Mariana Milani).
Em 2016 foi lançada pela Editora 34 a antologia poética “Tudo – e mais um pouco”, contendo seus livros de poesia entre os anos de 1972 (Muito prazer, Ricardo) até os mais recentes como “Murundum” (2012), “Seu Madruga e eu” (2015) e “Alô poeta” (2016), incluindo a versão teatral de sua autobiogafia “Uma estória à margem”, de 2010.
Colaborou com texto para o grupo teatral Asdrubal Trouxe O Trombone e atuou como agitador cultural do Circo Voador a convite de Maria Juçá.
Como letrista, teve diversas músicas gravadas, como “Revoada”, “Meio-fio”, “Leontina” e “Fogo-fátuo”, todas em parceria com Moraes Moreira, esta última gravada por Terezinha de Jesus No LP “Vento nordeste”.
Parceiro de Lulu Santos em “Você teima”, gravada em 1983 no LP “O ritmo do momento”, de Lulu Santos.
Entre seus vários parceiros estão Evandro Mesquita e Patrícia Travassos, em músicas como “Volta ao mundo”, gravada pela banda Britz em 1982, e ainda “Radioatividade” e “Última ficha”, interpretadas pela mesma banda.
O grupo Brylho gravou de sua autoria “Em pé de guerra”.
Outros parceiros são Jards Macalé, Rogério Duarte e Duda Machado na música “Boneca semiótica”, gravada por Jards Macalé.
O grupo 14 Bis gravou de sua autoria “Xadrez chinês”.
Em 1990, juntamente com o poeta e produtor Bruno Levinson, criou o evento multimídia “CEP 20.000”, no qual se apresentavam bandas novas de rock, performáticos, poetas, enquetes teatral, dança e grupos instrumentais.
No ano de 1995, Fernanda Abreu lançou o CD “Da lata”, no qual incluiu “A lata”, parceria com Fernanda Abreu e Marcos Suzano.
Em 1997, a cantora, no CD “Raio X” , interpretou de sua autoria “Raio X” (c/ Fernanda Abreu e Chico Neves)
No ano de 2001, compôs “Uma odisseia no Suvaco” (c/ Nanico) para o Bloco Suvaco de Cristo. O samba foi o vencedor, e representou o bloco no carnaval daquele ano. Tem ainda parcerias inéditas com Roberto Frejat.
Em 2002, ao lado de Fernanda Abreu, Dado Villa-Lobos, Carlos Laufer, Tony Platão e Marcelo Bonfá, participou do show “Coliseu” de Fausto Fawcett, no projeto Terças Insanas, do Ballroom, no Rio de Janeiro.
Em 2003 ao lado de Frejat, Lobão e os poetas Guilherme Zarvos, Guilherme Levi, Tavinho Paes e Fausto Fawcett, participou no Espaço Cultural Sérgio Porto, no Humaitá, Zona Sul do Rio de Janeiro, do evento “Brandolândia” (nome sugerido por ele) de Arnaldo Brandão, no qual o músico recebeu vários convidados. Participou, ao lado de Gláuco Mattoso, Jorge Salomão e Roberto Piva, do evento “Roda de Leitura do CCBB” com o tema “Poetas marginais, experimentais e malditos”.
Em 2005, nas comemorações de 15 anos do evento CEP 20.000, fez várias apresentações pelas lonas culturais do Rio de Janeiro, entre as quais, Lona Elza Orbone, Lona João Bosco e ainda lonas de Guadalupe e Realengo, sempre dividindo o palco com artistas locais.
O grupo carioca de rock Canastra musicou e gravou, no CD “Chega de falsas promessas”, seu poema “Chá de rosas”.
Em 2010 através de projeto selecionado pelo “Programa Petrobras Cultural”, lançou, pela Editora 7Letras, a autobiografia “Uma estória à margem” na Livraria da Travessa, em Ipanema. Na contracapa escreveu:
“Para o mundo acadêmico sou um poeta descartável, de poucos recursos e baixo repertório. Para o mundo pop, um poeta, um intelectual, um crânio. E todos têm razão. Menos eu. Menos eu.”.
Em 2013 escreveu e montou o monólogo-biográfico “Uma história à margem”.
No ano de 2015 montou o espetáculo “XXV – Um Quarto de Século do CEP 20.000”, com temporada no SESC de Copacabana, com direção de Cristina Flores.
No ano de 2016 o “21º Festival Internacional de Documentários – É Tudo Verdade”, levado às telas no Espaço Itaú, Instituto Moreira Sales e Espaço Cultural BNDES, todos no Rio de Janeiro, exibiu o longa-metragem “As Incríveis Artimanhas da Nuvem Cigana”, dirigido por Cláudio Lobato (um dos poetas do grupo) e por Paola Vieira. Apesar de lançado em 2016 suas tomadas começaram no ano de 2004, quando Cláudio Lobato organizou um documentário em comemoração aos 30 anos da Nuvem Cigana. De acordo com a produção, havia uma fartura de material fotográficos e alguns filmes em super-8, além de cadernos, anotações, cartazes etc, cenas de desfile do samba criado pelo grupo, futebol, agitações poéticas e música, tendo em vista que a maioria também atuava como letrista.
De acordo com os jornalistas Mariana Filgueiras e Silvio Essinger na matéria “Palavras Estilhaçada”, publicada no Segundo Caderno do Jornal O Globo, de 4 de abril de 2016:
“As Incríveis Artimanhas da Nuvem Cigana revive os dias em que os poetas Chacal, Ronaldo Bastos, Bernardo Vilhena e Ronaldo Santos, agregados a fotógrafos, cineastas, músicos e outros artistas, tomaram como exemplo a experiência coletiva de índios em hippies para iniciar uma produção undergrouund que gerou livros, filmes, programas de rádio, uma revista (Almanaque Vitalidade), as Artimanhas (improvisos poéticos que acabavam em samba), bloco de carnaval (O Charme da Simpatia), inesquecíveis peladas e performances teatrais. O espírito era de que a poética era mais importante que a poesia”.
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