
Compositor. Cantor. Produtor.
Nasceu no bairro da Gamboa, no centro do Rio de Janeiro.
Filho do professor, político e jornalista Celso Octávio do Prado Kelly e de Luzia Kelly.
Aos 11 anos, começou a aprender piano com a mãe e com a avó. Mais tarde, estudou música e piano com a professora Zélia Lima Furtado no Conservatório Brasileiro de Música.
Cursou o primário, ginásio e clássico no colégio Padre Antônio Vieira.
Bacharelou-se em Direito pela Faculdade de Direito do Rio de Janeiro.
Em 1957 o pai o apresentou ao cronista Leon Eliachar e Geysa Boscoli que o convidaram a musicar a revista “Sputinik no morro”, de autoria de ambos. A peça estreou no Teatro Jardel no Rio de Janeiro, naquele mesmo ano.
Em 1961, Elza Soares gravou em 78 rpm pela Odeon a sua composição “Boato” e viria a incluir esta mesma música em vários outros LPs, nos anos seguintes. Neste mesmo ano, Elizete Cardoso, no LP “A Meiga Elisete nº 2”, incluiu de sua autoria “Esmola”. No ano seguinte, a mesma cantora, no disco “A Meiga Elizete nº 3” gravou “Esmola”, de sua autoria. Elizete Cardoso regravou “Boato” no LP “Sax Voz nº 2”, de Elizete Cardoso e Moacir Silva.
No ano de 1962, Elizete Cardoso voltou a gravar outra composição de sua autoria, desta vez “Se vale a pena”, desta vez no LP “A meiga Elizete nº 3”, lançado pela gravadora Copacabana.
Em 1963, o pianista Luis Reis o levou para a TV Excélsior, sendo contratado pelo diretor artístico Miguel Gustavo para fazer aberturas de programas. Neste mesmo ano, Elza Soares gravou em compacto pela Odeon “Gamação”, de sua autoria. Um ano depois, foi convidado por Chico Anísio e Carlos Manga a musicar os quadros humorísticos do programa “Times Square”. Mais tarde, foi convidado também a fazer as músicas do programa “My fair show”, com direção de Carlos Manga e Maurício Sherman. Neste mesmo ano, Jorge Goulart gravou de sua autoria “Cabeleira do Zezé” (c/ Roberto Faissal) e anos mais tarde interpretou “Joga a chave, meu amor”, ambas grandes sucessos nos carnavais a partir dos seus lançamentos. Ainda em 1963 Elizete Cardoso gravou de sua autoria “Se vale a pena”. Ingressou na TV Rio no ano de 1965, onde musicou o programa”Praça Onze”, com textos de Meira Guimarães e J. Rui. Por essa mesma época, a pedido de Walter Clark, passou a produzir e apresentar os programas “Noites Cariocas” e “Musikelly”. Neste mesmo ano, Emilinha Borba gravou com sucesso a marchinha de carnaval “Mulata iê-iê-iê” e Dalva de Oliveira interpretou “Rancho da Praça Onze” (c/ Chico Anísio).
Em 1966, apresentou no Canal 5 de São Paulo o programa “Alegro” e “Tonelux”, na TV Globo do Rio de Janeiro, reapresentando nesta mesma emissora o programa “Musikelly”. No ano seguinte, sua música “Colombina iê-iê-iê”, em parceria com David Nasser, foi uma das composições mais cantadas e executadas no carnaval daquele ano, sendo gravada também por Roberto Audi.
A Orquestra do Maestro Gonzaga, em 1968, gravou um LP ao vivo do Baile do Teatro Municipal, no qual continha algumas composições suas.
Na década de 1970, voltou para a TV Rio e apresentou o programa “Rio dá samba”, que ficou 12 anos no ar.
Em 1971, Clóvis Bornay interpretou “Paz e amor”, parceria com Toninho. No ano seguinte, Emilinha Borba interpretando “Israel” (c/ Carlos Gonçalves dos Santos), vencendo o Concurso de Carnaval da TV Tupi.
Em 1974, gravou pela Odeon um LP com seus maiores sucessos, como “Boato” e “Gamação”.
Em 1976, Elza Soares gravou em seu LP “Pilão + raça= Elza” uma composição de sua autoria, “De pandeiro na mão”.
Entre as décadas de 1970 e 1980, percorreu mais de 100 cidades do Rio de Janeiro com o show “Rio dá samba – Kelly e mulatas”, patrocinado pela Caderneta de Poupança Morada. Por essa mesma época, apresentou vários shows em diversas capitais brasileiras como Brasília, São Paulo e cidades do exterior. Apresentou-se também em shows nos teatros João Caetano, Teatro Municipal de Niterói e Teatro Villa-Lobos.
Na década de 1980, participou do programa “Gente do Rio” e fez a direção musical de diversos programas da TVE, no Rio de Janeiro.
Em 1987, realizou o show “Quero Kelly”, ao lado de Emilinha Borba, na Série Carnavalesca da Sala Funarte Sidney Miller, com roteiro e direção de Ricardo Cravo Albin, espetáculo que resumia e homenageava apenas suas composições.
Na década de 1990, foi contratado pela Agência Focus para estrear um programa musical no Canal 5 da TV a Cabo.
Em janeiro de 1993, convidado pelo mesmo R. C. Albin, fez o prefixo, a direção musical e atuou no programa “Fama”, em que a Rede Brasil distribuiu os prêmios a mais de dez personalidades, consideradas as melhores do ano anterior.
Em 1998, foi lançado pelo Jornal O Dia a coletânea “O Dia da Folia volume I”, contendo algumas de suas composições, como “Bota a camisinha”, “Mulata iê-iê-iê” e “Cabeleira do Zezé”.
No ano 2000 realizou vários shows, dentre eles Carnaval de Sempre, no Clube Monte Líbano e na Casa de Portugal, em Teresópolis.
Em 2003 apresentou-se no carnaval carioca: na Cinelândia e no baila carnavalesco do Copacabana Palace. Neste mesmo ano foi homenageado no programa “Domingão do Faustão”, da Rede Globo. Ainda neste ano, o bloco carnavalesco Monobloco regravou de sua autoria “Cabeleira do Zezé”, sucesso deo carnaval de 1964 e “Mulata Iê-Iê-Iê”, também conhecida como “Mulata bossa-nova”.
No ano de 2004 compôs o hino do bloco Embaixadores da Folia, bloco no qual também participavam da roda de samba Darcy da Mangueira, Baianinho, Gallotti,Toninho Gerais, Nélson Rufino, Flávio Moreira, Rubem Confete e Clarice Seabra.
No ano de 2005 apresentou-se diversas vezes no bar Dama da Noite, na Lapa, centro boêmio do Rio de Janeiro.
Entre suas músicas mais gravadas estão: “Boato”, interpretada por Ademilde Fonseca, João Roberto Kelly e Lalo Schifrin nos EUA; “Samba do teleco-teco”, cantada por Valdir Calmon e Aracy Cortes; “Dor-de-cotovelo” e “Pororopó-pó”, gravadas por Elis Regina e ainda “Cafezinho”, interpretada por Dóris Monteiro e Cyro Monteiro.
Outros intérpretes seus foram: Dalva de Oliveira e A Banda de Fuzileiros Navais (Rancho do Rio – Hino do 4º Centenário da Cidade do Rio de Janeiro), Jamelão, Helena de Lima e Angela Maria (Mormaço), Cauby Peixoto e Emílio Santiago (Mistura) e Agnaldo Timóteo (Minhas trovas de amor, em parceria com J. G. de Araújo Jorge e Canção para mamãe, com David Nasser). Sua música “Zé da Conceição”, foi interpretada por Miltinho, Ari Cordovil e ainda por Zezinho e coro da gravadora Copacabana. Outro grande sucesso seu foi “Rancho da Praça Onze”, em parceria com Chico Anísio, gravada por Cauby Peixoto e Francisco José, entre outros. De sua autoria, o apresentador Chacrinha gravou “Maria sapatão” e “Pacotão”.
Um de seus grandes sucessos é “Dança do bole-bole”, gravada pelo próprio autor e pelos conjuntos Sambrasil e Vem Que Tem. A Banda do Canecão gravou de sua autoria várias músicas, dentre elas “Maria Sapatão”.
Em 2014, participou na Sala Funarte Sidney Miller da série “Memória Musical Funarte em canto e conto” no espetáculo intitulado “João Roberto Kelly canta e conta as marchinhas de carnaval” apresentando os clássicos carnavalescos e seus criadores.
Em 2017, realizou o show “O Rei das marchinhas” no mítico Beco das Garrafas, no qual apresentou sua nova composição para o carnaval “Ele não sabia de nada”, com Pedro Ernesto. Neste ano foi um intransigente defensor das antigas marchinhas de carnaval, então acusadas por alguns blocos carnavalescos de politicamente incorretas. Em 2018, o jornalista Ancelmo Gois publicou a seguinte nota em sua coluna no jornal O Globo: “João Roberto Kelley, de 80 anos, o Rei das Marchinhas, pegou carona nessa polêmica decisão do STF de pedir reajuste de 16, 38% para os salários de seus ministros, o que pode gerar uma conta extra de uns R$ 4 bi. Ele compôs uma marchinha cujos versos dizem assim: “Senhor Ministro, senhor ministro/Esse aumento ficou sinistro/O povo de pires na mão/é grave a situação/Senhor ministro, com todo respeito/o Congresso tem que dar um jeito”.
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