
Instrumentista (trombonista). Compositor.
Começou a tocar trombone aos 16 anos, na banda da Fábrica de Tecidos de Bangu. Trabalhou em gafieiras cariocas, adotando, por sugestão de Ary Barroso, o nome artístico Raulito, depois adaptado para Raulzinho e finalmente para Raul de Souza.
Em 1957, fez sua primeira gravação, ao lado da Turma da Gafieira, que reunia músicos como Baden Powell, Edison Machado e Sivuca.
Entre 1958 e 1963, fez parte da Força Aérea Brasileira, em Curitiba, onde comandou a banda da corporação.
Integrou o grupo Bossa Rio, de Sérgio Mendes, com o qual gravou, em 1963, o LP “Você ainda não ouviu nada” e excursionou pelos Estados Unidos e Europa.
Integrou a Orquestra Carioca da Rádio Mayrink Veiga e atuou em programas de televisão, acompanhando vários cantores, dentre os quais Roberto Carlos.
Em 1965, gravou seu primeiro disco solo, “À vontade mesmo” contendo as canções “Você e eu” e “Primavera”, ambas de Carlos Lyra e Vinicius de Moraes, “Olhou pra mim” (Ed Lincoln e Sílvio César), “Pureza” (César Camargo Mariano e Humberto de Souza), “Estamos aí” (Maurício Einhorn e Durval Ferreira), “Jor-du” (Duke Jordan), “Inútil paisagem” (Antonio Carlos Jobim e Aloysio de Oliveira), “Fly me to the moon” (Bart Howard), “Muito à vontade” (João Donato) e “Samba do avião” (Tom Jobim), além da faixa-título, de sua autoria.
Ainda na década de 1960, fez parte, juntamente com os músicos José Roberto Bertrami, Alexandre Malheiros, Victor Manga, Marcio Montarroyos, Ion Muniz e Fredera, além das cantoras Regininha, Málu Ballona e Dorinha Tapajós, do conjunto A Turma da Pilantragem, com o qual lançou dois discos.
Em 1969, mudou-se para o México. Nessa época, foi convidado para participar de uma turnê de shows com Airto Moreira e Flora Purim. Em seguida, mudou-se para Boston, onde estudou na Berklee Music College.
Mais tarde, transferiu-se para Los Angeles, onde gravou o disco “Colors”, em 1975, produzido por Airto Moreira. Constam do repertório do disco sua composição “Water buffalo”, além de “Nanã” (Moacir Santos e Mário Telles), “Canto de Ossanha” (Baden Powell e Vinicius de Moraes), “Dr. Honoris Causa” (Joe Zawinul), “Festival” (Jack DeJohnette), “Crystal silence” (Chick Corea) e “Chants to burn” (Barry Finnerty).
Em 1977, lançou o LP “Sweet Lucy”, registrando a faixa-título e “Wires”, ambas de George Duke, “Banana Tree” (João Donato), “A song of love” (L. L. Smith) e “New love (Canção do nosso amor)” (Castles, Silveira e Medeiros), além de “Wild and shy”, “At will” e “Bottom heat”, todas de sua autoria.
No ano seguinte, gravou o LP “Don’t ask me neighbours”, contendo suas canções “Fortune” (c/ M. Castles) e “Jump street”, além de “La La Song” (H. Mason), “Daisy Mae” (G. Duke), “Beauty and the beast” (W. Shorter), “Overture” (M. Colombier), “At the concert” (M. Henderson), “I believe you” (D. Addrisi) e a faixa-título (Scarborough). Também em 1978, foi contemplado com o título de Cidadão Honorário da cidade de Atlanta, na Geórgia.
Em 1979, lançou o LP “Till tomorrow comes”, registrando exclusivamente músicas de A. Wright: a faixa-título (c/ B. Nakagawa), “Only when you can”, “Fe-no-me-nol”, “Pleasurize” (c/ G. Know), “Everybody’s got to dance to the music”, “Self sealing”, “Boogie shoes” e “Up and at it”, parceria de ambos.
Na década de 1980, começou a tocar também sax tenor e sax alto.
Em 1986, gravou o LP “Viva volta”, contendo a faixa-título, “Manhã cedo” e “Inverno e verão”, todas de sua autoria, além de “Papel marche” (João Bosco e Aldir Blanc), “Obi” (Djavan), “Samba mestiço” (Rui S. Yamamura), “Feitiço de oração” (Vadico e Noel Rosa), “Salve o Rio” (Rogério de Souza) e o pot-pourri com “Travessia” (Milton Nascimento e Fernando Brant), “Amor em paz” (Tom Jobim e Vinicius de Moraes) e “Fato consumado” (Djavan).
Atuou, em 1994, no disco “Antonio Brasileiro”, de Tom Jobim.
Em 1997, participou do CD “Brazilian Horizons”, na faixa “Canto de Ossanha” (Baden Powell e Vinicius de Moraes).
No ano seguinte, gravou o CD “Rio – Featuring Conrad Herwig”, registrando as canções “Não deu” e “Íris”, ambas de Djavan, “Rio” (Roberto Menescal e Ronaldo Bôscoli), “Pra ser brasileira” (Taiguara), “Chora tua tristeza” (Oscar Castro Neves e Luvercy Fiorini), “Nós” (Johnny Alf), “Piano na Mangueira” (Tom Jobim e Chico Buarque) e “Aquelas coisas todas” (Toninho Horta). O disco teve a participação do trombonista Conrad Herwig.
Participou de vários festivais de jazz em Montreux, em Monterrey e no Brasil.
Durante o período em que morou nos Estados Unidos, tocou com vários artistas, como Freddie Hubbard, Sarah Vaughan, Stanley Clarke, Ron Carter, Sonny Rollins, George Duke, Chick Corea, Lionel Hampton e Frank Rosolino, entre outros.
No final da década de 1990, radicou-se em Paris, onde vem atuando em vários projetos.
Em 2001, esteve no Brasil, apresentando-se no Supremo Musical (SP).
Considerado pela crítica internacional (“Down Beat”, “New York Jazz Magazine” e outras publicações) um dos maiores trombonistas do mundo, é inventor do “souzabone”, trombone elétrico com quatro válvulas, uma das quais cromática, afinado em dó.
Em 2004, comemorando seu 70º aniversário e 50 anos de carreira profisisonal, foi escolhido como o grande homenageado do V Chivas Jazz, no Rio de Janeiro.
Lançou, em 2006, o CD “Jazzmim”, contendo suas composições “Violão quebrado”, “St. Remy” e “Yolaine”, além de “Tema para Raul” e “7 Maluco”, ambas de Mário Conde, “Piano na Mangueira” (Tom Jobim e Chico Buarque), “Nos conformes” (Glauco Solter), “Luiza” (Tom Jobim), “Grafia nua” (Silvana Leal) e “Alamanda” (José A. Boldrini), acompanhado do grupo curitibano de jazz Na Tocaia, formado por Mário Conde (guitarra, violão e cavaquinho), Endrigo Bettega (bateria), Glauco Sölter (baixos elétricos e fretless) e Jeff Sabagg (teclados).
Em 2008, gravou, com João Donato, Luiz Alves e Robertinho Silva, o CD “Bossa eterna”, que teve show de lançamento no Mistura Fina (RJ). Nesse mesmo ano, apresentou-se, novamente ao lado de João Donato, Luiz Alves e Robertinho Silva, no projeto “Sarau da Pedra”, realizado pela Repsol no Instituto Cultural Cravo Albin, com produção de Heloisa Tapajós e Andrea Noronha.
Em 2012, lançou o DVD “O universo musical de Raul de Souza”, gravado no Sesc Vila Mariana (SP), em 2011, com as participações de Altamiro Carrilho, Hector Costita e João Donato. Ainda em 2012 lançou “Voilá”, com o grupo Na Tocaia.
Em 2013, foi contemplado com o Prêmio da Música Brasileira na categoria Melhor Solista Instrumental/Canção Popular pelo DVD “O universo musical de Raul de Souza”.
De 2016 em diante lançou “Brazilian SambaJazz”, “Jobin’s Tribute Music by Raul de Souza”(2018), “Blue Voyage”(2018), “Curitiba 58″(2020) e “Plenitude”(2020).
Em novembro de 2020, Raul anunciou que tinha um câncer na garganta e iria se aposentar. O músico morreu em junho de 2021 por conta de complicações da doença.
Raul de Souza com João Donato, Luiz Alves e Robertinho Silva
Raulzinho e o Sambalanço Trio
ALBIN, Ricardo Cravo. Dicionário Houaiss Ilustrado Música Popular Brasileira – Criação e Supervisão Geral Ricardo Cravo Albin. Rio de Janeiro: Rio de Janeiro: Instituto Antônio Houaiss, Instituto Cultural Cravo Albin e Editora Paracatu, 2006.
AMARAL, Euclides. Alguns Aspectos da MPB. Rio de Janeiro: Edição do Autor, 2008; 2ª ed. Esteio Editora, 2009.