0.000
©
Nome Artístico
Tia Amélia
Nome verdadeiro
Amélia Brandão Néri
Data de nascimento
25/5/1897
Local de nascimento
Jaboatão, PE
Data de morte
18/10/1983
Local de morte
Goiânia, GO
Dados biográficos

Instrumentista. Pianista. Compositora.

Seu pai era maestro da banda da cidade de Jaboatão, além de clarinetista e solista de violão. Sua mãe tocava piano. Aos 4 anos começou a dar os primeiros passos ao piano. Aos 6 anos começou a estudar música. Por imposição do pai teve que dedicar-se ao estudo dos clássicos. Casou-se aos 17 anos e a oposição do marido a impediu de seguir a carreira de pianista conforme pretendia. Por essa época, morou numa fazenda em Jaboatão e tocava em festas de amigos. Passou a estudar o folclore musical das cercanias da cidade de Jaboatão. Ficou viúva aos 25 anos e com três filhos para criar o que a fez iniciar a carreira artística.

Dados artísticos

Aos 12 anos fez sua primeira composição, a valsa “Gratidão”. Em 1922 ficou viúva e decidiu ingressar na vida artística profissionalmente. Foi contratada pela Rádio Clube de Pernambuco, onde conheceu o sucesso. Em 1929 viajou para o Rio de Janeiro a fim de esclarecer uma questão de direitos autorais com a gravadora Odeon, que havia gravado sem sua autorização uma composição de sua autoria. No Rio de Janeiro foi contratada para apresentar-se no Teatro Lírico, onde obteve grande êxito. Foi chamada de “a coqueluche dos cariocas”. Com o sucesso de suas apresentações foi convidada a apresentar-se nas Rádios Mayrink Veiga, Sociedade e Clube do Brasil. Pouco depois voltou para o Recife, apresentando-se na Rádio Clube de Pernambuco e realizando pesquisas sobre a música folclórica pelo interior do estado.

Em 1930 a cantora Elisa Coelho gravou na Victor, de sua autoria, os sambas “Capelinha de melão”, adaptação de tema folclórico e “A minha viola é de primeira”. No mesmo ano Stefana de Macedo gravou na Columbia a cantiga “Casa de farinha” e a canção “Nos cafundó do coração”, o samba “Cavalo marinho” e a canção “Preta sinhá”. Ainda nesse mesmo ano, Jararaca gravou o samba “Oh, Chiquinha!”. Em 1931 voltou ao Rio de Janeiro atuando em algumas rádios. Em 1933 recebeu convite do Itamarati para realizar uma excursão pelas Américas em companhia da filha e cantora Silene de Andrade, apresentando composições inspiradas no folclore brasileiro. Durante a estadia na Venezuela, foi convidada pelo governo local para permanecer dois anos no país estudando o folclore venezuelano. Recusou o convite e pouco depois, viajou para os Estados Unidos onde foi contratada por uma emissora de rádio de Schenectady onde apresentou-se durante cinco meses patrocinada pela General Eletric. Apresentou-se ainda em New Iork e New Orleans. Em Hollywood foi convidada com a filha a participar em filme da RKO ao lado da orquestra de Rudy Vallee, mas não quis apresentar-se cantando e recusou o convite.

Em 1939 realizou excurssão com a filha por quase todo o Brasil. Com o casamento da filha resolveu encerrar a carreira. Apresentou-se ainda uma vez no Teatro Municipal do Rio de Janeiro e retirou-se da vida artística. Passou a residir no interior paulista, na cidade de Marília, mudando-se depois para Goiânia. Anos depois na casa de sua filha em Goiânia conheceu a cantora Carmélia Alves, que empolgada ao ouvi-la tocar valsas e choros, resolveu convencê-la a voltar a se apresentar. Após 17 anos longe dos palcos, voltou a apresentar-se no Rio de Janeiro e em São Paulo com um repertório de chorinhos de sua autoria e com o nome artístico de Tia Amélia. Apresentou-se na Rádio Nacional, no Clube da Chave e em outros clubes cariocas. Em São Paulo apresentou-se durante três meses na TV Record, na TV Tupi e na TV Paulista.

Em 1959 gravou pela Odeon com a Banda Vila Rica a marcha “Valência” de José Padilha e o choro “Revoltado”, de sua autoria. Por essa época viajou para Pernambuco onde apresentou-se nas rádios Clube de Pernambuco e Jornal do Comércio em Recife. Nesse período seu maior sucesso foi o programa Velhas Estampas, que esteve no ar durante 14 meses na TV Rio, onde tocava piano, contava histórias dos tempos de juventude e interpretava suas composições. Foi convidada pela Odeon a gravar o LP “Velhas estampas”, onde interpretou ao piano uma série de composições suas, entre as quais, “Dois namorados”, “Chora, coração”, “Sorriso de Bueno” e “Bordões ao luar”, esta última com título escolhido pelo poeta Vinícius de Morais, entre outras, contando com o acompanhamento da Banda Vila Rica. Recebeu com o disco o prêmio de melhor solista e compositora do ano.

Em 1960 foi contratada pela TV Tupi do Rio de Janeiro para fazer uma retrospectiva da época áurea do choro brasileiro. No mesmo ano gravou ao piano na RCA Victor os choros “Cuica no choro” e “Bom dia Radamés Gnattali”, de sua autoria. Lançou ainda o LP “Músicas da vovó no piano da titia”, pela Odeon. Em 1980, aos 83 anos realizou a sua última gravação, pelo selo Marcus Pereira, com o LP “A benção Tia Amélia”, interpretando 12 composições inéditas, entre valsas e choros. Na ocasião, recebeu calorosa crítica do jornalista José Ramos Tinhorão, que sobre ela, escreveu: “Assim, quando se ouve o som atual de Tia Amélia, pode-se dizer que é toda a história do piano popular brasileiro que soa em sua interpretação”.

Discografias
1995 CD A benção, Tia Amélia. Marcus Pereira
1980 LP A benção, Tia Amélia. Marcus Pereira
1960 Odeon LP As músicas da vovó no piano da titia
1960 RCA Victor 78 Cuica no choro/Bom dia Radamés Gnattali
1959 Odeon 78 Valência/Revoltado

(c/a Banda Vila Rica)

1959 Odeon LP Velhas estampas
Obras
A minha viola é de primeira
Bom dia Radamés
Bordões ao luar
Capelinha de melão
Casa da farinha
Cavalo marinho
Chora coração
Cuíca no choro
Dois namorados
Nos cafundó do coração
Oh, Chiquinha!
Preta sinhá
Revoltado
Sem nome
Sorriso de Bueno
Bibliografia Crítica

AZEVEDO, M. A . de (NIREZ) et al. Discografia brasileira em 78 rpm. Rio de Janeiro: Funarte, 1982.

MARCONDES, Marcos Antônio. (ED). Enciclopédia da Música popular brasileira: erudita, folclórica e popular. 2. ed. São Paulo: Art Editora/Publifolha, 1999.