4.673
Nome Artístico
Taiguara
Nome verdadeiro
Taiguara Chalar da Silva
Data de nascimento
9/10/1945
Local de nascimento
Montevidéu, Uruguai
Data de morte
14/2/1996
Local de morte
São Paulo, SP
Dados biográficos

Compositor. Cantor.

Filho de Ubirajara, que tocou bandônion em vários de seus discos, e de Olga, que havia sido cantora. Seu avô, Glaciliano Correia da Silva, foi parceiro em algumas canções. Nascido em Montevidéu, veio para o Brasil aos quatro anos, estabelecendo-se no Rio de Janeiro. Aos oito anos, ganhou um piano do avô e começou a compor aos 10. Ainda menino, incorporou diversos ritmos como a guarânia paraguaia, o samba, a bossa nova e o pop-rock. Aos 15 anos, mudou-se para São Paulo.

Dados artísticos

Segundo o próprio cantor, em depoimento ao pesquisador Aramis Millarchi, “entrou na música pelo lado mais operário, mais artesão”. Começou consertando instrumentos e acabou construindo um acordeão com as próprias mãos em Porto Alegre. Começou a cantar na noite aos 18 anos, quando foi contratado pela PolyGram, gravando seu primeiro LP dois anos depois. Em 1964, teve a oportunidade de mostrar seu trabalho no Juão Sebastião Bar, (SP), onde toda quarta-feira a já veterana Claudette Soares abria espaço para músicos então iniciantes, como César Camargo Mariano, Toquinho e Chico Buarque. O contato com Claudette transformou-se em amizade e, em 1966, os dois juntaram-se ao Jongo Trio e apresentaram o show “Primeiro tempo: 5 x 0”, dirigido pela dupla Miéle e Bôscoli, no Rio. O espetáculo ficou em cartaz durante um ano, na Boate Rui Bar Bossa. Depois, o mesmo show foi adaptado para uma versão pocket para o Teatro Princesa Isabel, permanecendo durante dois anos em cartaz. Foi esse espetáculo que compôs “Hoje”, um de seus maiores sucessos. O show foi gravado ao vivo pela Philips, em 1966, e hoje se transformou em peça rara de colecionador. Participou, em 1966, da trilha sonora do filme “Crônica da cidade amada”, de Carlos Hugo Christiensen, lançada pela Philips. Em 1967, atuou no show “Farenheit”, ao lado de Eliana Pittman, Cipó, Dori Caymmi e Luiz Eça. Oespetáculo foi gravado em disco pela Odeon. Versátil, capaz de navegar por mares de diversos gêneros musicais, postou-se contra a repressão artística imposta pela ditadura militar. Em 1971, as canções do LP “Ilha” chamaram a atenção da censura. Dois anos depois, teve 11 músicas proibidas. O disco “Imyra, Tayra, Ipy, Taiguara”, de 1975, teve participação especial de Hermeto Pascoal e Wagner Tiso e uma curiosidade: naquele ano, Taiguara estava sob as lentes da censura e foi Ge Chalar da Silva, então sua esposa, quem assinou as letras das músicas. O disco seria lançado em 1976, num show no Rio Grande do Sul, com as participações de Hermeto Pascoal e Toninho Horta, mas o espetáculo foi cancelado. Entre 1968 a 1975, suas músicas eram freqüentes nas rádios, com destaque para “Universo no teu corpo”, “Hoje”, “Viagem” e “Teu sonho não acabou”. Ainda na década de 1970, viveu na Inglaterra, França, Tanzânia e Etiópia. Estudou regência em Londres, onde gravou o LP “Let the children hear the music”, em inglês. O disco foi proibido de ser lançado, pela EMI, por decisão da Polícia Federal brasileira. O compositor recorreu ao Conselho Superior de Censura, em 1982, por sugestão de seu amigo pessoal, o crítico Ricardo Cravo Albin, que então defendia os autores de rádio, TV e MPB naquele Conselho. O parecer de Albin acabou por ser aprovado pela unanimidade do plenário do Conselho, liberando-se imediatamente o disco. Retornou ao Brasil em 1978. Nos anos 1980, aprofundou-se nas pesquisas das sonoridades africanas e paraguaias, que resultaram no disco “Brasil Afri”. Em 1990, seu último show, montado no Teatro João Caetano, com roteiro e direção de Ricardo Cravo Albin, e gravado pela TV Manchete, teve repercussão nacional. Em 1994, passou alguns meses em Nova York. Faleceu de câncer na bexiga no dia 14 de fevereiro de 1996, quando preparava o repertório do disco seguinte, que seria de sambas que falavam sobre pobreza e alegria de viver nos morros cariocas. Em maio desse mesmo ano, a amiga e intérprete favorita de suas canções, Claudette Soares, homenageou o compositor com um show no Memorial da América Latina, em São Paulo. Constam da relação dos intérpretes de suas canções Emílio Santiago, Pery Ribeiro, Angela Maria, Claudia, Evinha, Agnaldo Timóteo, Célia, Orlando Silva, Roupa Nova e Erasmo Carlos, entre outros. Em 2014, foi publicada pela Kuarup o livro “Os outubros de Taiguara – Um artista contra a ditadura: Música, censura e exílio”, biografia escrita por Janes Rocha. Em 2015, foi homenageado com a exposição “Taiguara 70 Anos – Amor e Resistência”, realizada no Instituto Cultural Cravo Albin em cuja abertura ocorreu um show de sua filha Imyra cantando composições do pai.

Discografias
1994 Movieplay CD Brasil Afri
1990 EMI-Odeon CD Teu sonho não acabou

(coletânea)

1989 EMI-Odeon LP Teu sonho não acabou

(coletânea)

1988 EMI-Odeon LP duplo O talento de Taiguara

(coletânea)

1987 EMI-Odeon LP A paz do meu amor

(coletânea)

1986 EMI-Odeon LP Grandes sucessos de Taiguara volume 2

(coletânea)

1985 EMI-Odeon LP Grandes sucessos de Taiguara

(coletânea)

1984 Alvorada Continental Discos LP Canções de amor e liberdade
1984 Alvorada Continental Discos compacto duplo extraído do LP Canções de amor e liberdade. Mais valia/Vos do leste/Guarânia Guarani/Anita
1981 Alvorada Continental Discos Compacto simples Porto de Vitória/Sol do Tanganica
1975 EMI-Odeon LP Imyra, Tayra, Ipy, Taiguara
1974 KPM LP Let the children hear the music
1973 EMI-Odeon LP Fotografias
1972 EMI-Odeon LP Taiguara, piano e viola
1971 EMI-Odeon LP Carne e osso
1970 EMI-Odeon LP Viagem
1969 EMI-Odeon LP Hoje
1968 EMI-Odeon LP Taiguara-Taiguara, o vencedor dos festivais
1966 Philips LP Crônica da cidade amada
1966 Philips LP Primeiro tempo 5x0
1965 Philips LP Taiguara
Obras
A companheira
A flor na areia
A hora do nego
A ilha
A norma
A transa
A volta do pássaro ameríndio
Amanda
América del Índio
Ana e a lua
Anita
Aquarela de um país na lua
Berço de Marcela
Carne e osso
Cartinha pro Leblon
Cecília
Coisas
Como em Guernica
Companheira Eliane
Delírio transatlântico e chegada no rio
Dois animais na selva suja da rua
Donde
Eronita e eu
Essa pequena
Estrela vermelha (c/ Glaciliano Corrêa da Silva)
Flauta livre
Fotografias
Frevo novo (c/ Paulo Sergio Valle, Novelli e Marcos Valle)
Geração 70
Gotas
Graúna (c/ Graciliano Corrêa da Silva)
Guarânia Guarani
Hoje
Luanda, violeta africana
Luzes
Mais valia
Manhã de Londres
Maria José
Maria do futuro
Marília das Ilhas
Menino da Silva
Mensagem de um planeta perdido
Meu amor, Santa Tereza
Momento do amor
Moína me sorriu
Mudou
Mulata é pra sambar
No avião
No colo da nuvem
Nova York
O Cavaleiro da Esperança
O amor da justiça
O homem
O mundo é um só
O pesqueiro
O troco
O velho e o novo
Olhar
Outra cena
Pianice (Pecinha sinfônica)
Piano e viola
Pra Laetitia
Pra Luíza
Pra ser brasileira
Primeira bateria
Pros filhos do Zé
Público
Que as crianças cantem livres
Quem
Rei forte (c/ Novelli)
Romina e Juliano
Rua dos ingleses
Samba das cinco
Samba de copo na mão
Samba do amor
Sarro de 30'
Saudade de Marisa
Sete cenas de Imyra
Situação
Tché Tajira
Tema de Adão
Tema de Eva
Terra das palmeiras
Teu sonho não acabou
Tributo a Jacob do Bandolim
Universo do teu corpo
Uvardente (Pétit Syrah)
Viagem
Virgem dos olhos de vidro
Voz do leste
África Mãe
Bibliografia Crítica

ALBIN, Ricardo Cravo. Dicionário Houaiss Ilustrado Música Popular Brasileira – Criação e Supervisão Geral Ricardo Cravo Albin. Rio de Janeiro: Rio de Janeiro: Instituto Antônio Houaiss, Instituto Cultural Cravo Albin e Editora Paracatu, 2006.

AMARAL, Euclides. Alguns Aspectos da MPB. Rio de Janeiro: Edição do Autor, 2008; 2ª ed. Esteio Editora, 2009.

AMARAL, Euclides. O Guitarrista Victor Biglione & a MPB. Rio de Janeiro: Edições Baleia Azul, 2009. 2ª ed. Esteio Editora, 2011. 3ª ed. EAS Editora, 2014.

COSTA, Cecília. Ricardo Cravo Albin: Uma vida em imagem e som. Rio de Janeiro: Edições de Janeiro, 2018.

ROCHA, Janes – Os outubros de Taiguara – Um artista contra a ditadura: Música, censura e exílio – Kuarupa – 2014