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Nome Artístico
Vanja Orico
Nome verdadeiro
Evangelina Orico
Data de nascimento
15/11/1929
Local de nascimento
Rio de Janeiro, RJ
Data de morte
29/1/2015
Local de morte
Rio de Janeiro, RJ
Dados biográficos

Cantora. Atriz. Cineasta. Filha do acadêmico e escritor paraense Oswaldo Orico, que ingressou na Academia Brasileira de Letras aos 36 anos de idade. Inicialmente apareceu como atriz, descoberta pelos cineastas Alberto Lattuada e Federico Fellini no ano de 1952, quando atuava em Roma no show chamado Macumba, patrocinado pela RAI (Rádio e TV Italiana). Atuou em diversos filmes nacionais e estrangeiros, entre os quais “Mulheres e luzes” – dirigido por ambos, quando cantou o tema folclórico “Meu limão, meu limoeiro”, “Lampião, O rei do cangaço” – de Carlos Coimbra, no qual dividiu o papel principal com Leonardo Vilar, “O cangaceiro” – de Lima Barreto, de 1953, com o qual ganhou o Prêmio de Melhor Filme de Aventura no Festival de Cannes daquele ano, “Lucci Del Variata” – de Federico Fellini e Alberto Lattuada e “Yalis – A flor das selvas”, de Robertis. Em 1957, Heitor Villa-Lobos, de Paris, escreveu sobre ela: “Os cinco rivais da moreninha, bem brasileira, Vanja Orico: o canário – que aprende com os mestres; o coleiro – que canta nas alvoradas; a araponga – que imita os ferreiros do sertão; o sabiá – que sonoriza as florestas do Brasil e o tico-tico – que espalha fubá…”. Alguns anos mais tarde, outro grande brasileiro, Jorge Amado, escreveu sobre ela: “Vanja Orico, cantora, artista, cineasta, atuante figura cultural brasileira, presença que se impõe à admiração de todos que amam a arte, a literatura e a democracia.”.

Dados artísticos

Seu primeiro LP foi gravado no Rio de Janeiro em 1954, para a gravadora Sinter. Neste disco, interpretou entre outras: “O uirapuru” (Waldemar Henrique) e “João valentão” (Dorival Caymmi), além de sua primeira música composta, “Confissão”, arranjada pelo então iniciante Antonio Carlos Jobim. Seu segundo disco foi gravado na União Soviética, na época em que fazia uma turnê por dez repúblicas soviéticas, e nela cantou as músicas de “O Cangaceiro”, especialmente “Muié rendeira”, grande sucesso por quase toda Europa. No início da década de 1960, gravou dois LPs. Por essa época, apresentou-se no Carnegie Recital Hall, de Nova York. Em 1964, lançou pela gravadora Chantecler seu terceiro LP. Neste disco, apresentado por Ary Vasconcelos, interpretou diversas composições inéditas, que mais tarde foram sucessos nas vozes de outros intérpretes: “Opinião” e “Acender as velas”, ambas de autoria de Zé Keti; “Afoché” (Dorival Caymmi) e “Dandara”, de autoria de Jorge Ben. Ainda neste disco, constaram duas composições de Catulo de Paula: “Canção da tristeza” e o “O nordeste não se rende”, temas do filme “Lampião, o rei do cangaço”. Na década de 1960, morou mais tempo no exterior, sempre fazendo espetáculos em que defendia com persistência o melhor da canção não comercial do Brasil. Em Paris, onde mantinha sua residência, gravou diversos 45 rpm para a Philips francesa, que os distribuía para o mundo inteiro. De 1957 a 1962, gravou em discos temáticos de filmes, entre eles: “O império do sol” e “Os bandeirantes”, este último de Marcel Camus. No ano de 1969, gravou várias músicas de Marcos e Paulo Sérgio Valle, entre elas “Viola enluarada”, cuja versão em francês fez grande sucesso em países europeus. Em 1981, lançou mais um LP pelo selo Seta, no qual incluiu “Lamento de um homem só” (Carlos Lyra e Vinicius de Moraes), “Varandas antigas” (Kleidir Ramil e Fogaça), “Quem dá mais” (Noel Rosa) e “Acorda, Maria Bonita”, adaptação do folclore brasileiro por Marcus Vinícius. Ainda neste disco, apareceu um texto de Antônio Houaiss sobre a cantora: “Ninfa, mito, espera, verdade, beleza, certeza. O fato é que ser Brasil chegou em você a um ponto de cristalização que, se alguém fizer uma equação Brasil – Vanja – Mulher, estarei aí de coração.” Ainda na década de 1980, criou o projeto Rio Boa Praça, com música, teatro e outras artes, desenvolvido na Praça do Méier, subúrbio do Rio de Janeiro. Por essa época, gravou o disco “Te quero, Brasil”, no qual incluiu “Sodade, meu bem, sodade” (Zé do Norte), “Jogo perigoso” (Tom da Bahia e Zé do Maranhão) e a faixa título “Te quero, Brasil”, de autoria de Taiguara e Sérgio do Napp, com participação especial de Taiguara interpretando ao seu lado a canção. Ainda na década de 1980, gravou um CD reunindo vários de seus sucessos em uma compilação lançada somente na França. Em 1997, lançou no Brasil o CD “Vanja Orico e Quinteto Violado”, no qual interpretou “Manhã de carnaval” (Luiz Bonfá e Antônio Maria), “Chaquito” (Geraldo Vandré), “De chapéu de sol” (Capiba) e uma composição inédita de Carlos Lyra: “Amarga vinha”. Em 2002 iniciou a filmagem de um video sobre sua vida e carreira, dirigido pelo cineasta Luiz Carlos Ribeiro Prestes. Em 2007, foi lançado o DVD “Vanja vai Vanja vem” com roteiro e direção de Luis Carlos Prestes Filho, e o CD “Mexe com o corpo”, produção da cantora Lucina que fazem um retrospecto de sua carreira. Como parte do lançamento do CD apresentou-se no Espaço BNDES no Rio de Janeiro com o show “Mexe com o corpo” acompanhada por Mario Paris no violão e voz, Caroline SantAnna na zabumba e voz, Luiz Fernando Graciano no acordeom e voz, Maiara Branco no contrabaixo, e Sérgio Monteiro, na percussão, apresentando o repertório do disco: “Mulher rendeira” e “Sôdade meu bem sôdade”, de Alfredo Ricardo do Nascimento, “Meu limão meu limoeiro”, de José Carlos Burle e Carlos Imperial, “O samba nasceu no morro”, de Xangô da Mangueira, “Mandou maravilha”, de Sonia dos Prazeres e Lucia Helena Carvalho e Silva, “Te quero”, de Taiguara e Sergio Napp, “Zabelê”, de Gilberto Gil e Torquato Neto, “Flor do campo”, de Alfredo Ricardo do Nascimento, “Latiniana”, de Mario Paris e Jesus Chediack, “Salve Amazônia”, de sua autoria, Pedro Lopes, e Cesar Caetano, “Mexe com o corpo”, de Osvaldo Orico, e “Mulher rendeira”, com arranjos de Alfredo Ricardo do Nascimento.

Discografias
1997 Independente CD Vanja Orico e Quinteto Violado
1988 Independente LP Te quero, Brasil
1981 Selo Seta LP Vanja Orico
1964 Chantecler LP Vanja Orico
Obras
Confissões
Bibliografia Crítica

ALBIN, Ricardo Cravo. Dicionário Houaiss Ilustrado Música Popular Brasileira – Criação e Supervisão Geral Ricardo Cravo Albin. Rio de Janeiro: Instituto Antônio Houaiss, Instituto Cultural Cravo Albin e Editora Paracatu, 2006.

AMARAL, Euclides. Alguns Aspectos da MPB. Rio de Janeiro: Edição do Autor, 2008. 2ª ed. Esteio Editora, 2010. 3ª ed. EAS Editora, 2014

AMARAL, Euclides. O Guitarrista Victor Biglione & a MPB. Rio de Janeiro: Edições Baleia Azul, 2009. 2ª ed. Esteio Editora, 2011. 3ª ed. EAS Editora, 2014.

COSTA, Cecília. Ricardo Cravo Albin: Uma vida em imagem e som. Rio de Janeiro: Edições de Janeiro, 2018.

PASCHOAL, Marcio. Pisa na fulô mas não maltrata o carcará. Vida e obra do compositor João do Vale, o poeta do povo. Rio de Janeiro: Lumiar Editora, 2000.