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Nome Artístico
Gilberto Milfont
Nome verdadeiro
João Milfont Rodrigues
Data de nascimento
7/11/1922
Local de nascimento
Lavras da Mangabeira, CE
Data de morte
13/12/2017
Local de morte
Rio de Janeiro, RJ
Dados biográficos

Cantor. Compositor.

Ainda na adolescência, integrou regional onde atuava ao lado de Zé Cavaquinho (Zé Meneses). Contam que sua voz na época se assemelhava muito à voz de Carmen Miranda. Durante o período de dois anos, fase de mudança de voz, afastou-se das atividades artísticas. Já como adulto, seu modelo musical foi Orlando Silva, em cujo fraseado se inspirou.

Dados artísticos

Sua primeira apresentação pública ocorreu em 1936, quando se apresentou no programa Hora infantil na PRE – 9, levado por um tio.Em 1938, voltou a se apresentar no programa na PRE – 9. Como os lançamentos de discos feitos no Rio de Janeiro demoravam a chegar ao Ceará, de maneira curiosa, buscou uma alternativa para que seu repertório não ficasse ultrapassado: enquanto ouvia os programas de rádio das emissoras cariocas, taquigrafava as letras e sua irmã aprendia a melodia das canções. Desta forma, foi capaz de apresentar em primeira audição no Ceará o samba “Atire a primeira pedra”, de Ataulfo Alves e Mário Lago, antes mesmo que a gravação de Orlando Silva tivesse sido lançada.

Em 1945, transferiu-se para o Rio de Janeiro, onde estreou na Rádio Mayrink Veiga. No ano seguinte, o cantor Dick Farney gravou uma composição sua, o samba “Esquece”. Em 1946, estreou em disco com as gravações das canções “Geremoabo” e “Maringá”, compostas por Joubert de Carvalho e acompanhadas pela orquestra do maestro Gaó. No mesmo mês, lançou os sambas “Estão vendo aquela mulher” e “Apelo”, da dupla Pedro Caetano e Claudionor Cruz. Ainda nesse ano, gravou os frevos-canção “E…nada mais”, de Capiba e “Quando lhe vi chorando”, de Eduardo Barbosa com acompanhamento de Zaccarias e sua orquestra. No final do mesmo ano, gravou a clássica canção “Minha terra”, de Valdemar Henrique, o choro “Framboeza” e a valsa “Uma serenata…uma despedida”, de Pedro Caetano e Claudionor Cruz e o samba “É muito tarde”, de Lauro Maia.

Em 1947, gravou os sambas “O meu prazer”, de Haroldo Lobo e “Doroty”, de Erasmo Silva. Em 1948, lançou da dupla Haroldo Lobo e Milton de Oliveira os sambas “Ela não voltou” e “Seis horas da manhã”. Nesse ano, Dick Farney fez sucesso com o samba “Esquece” gravado na Continental. Apresentado por Luiz Gonzaga, conseguiu fazer um teste na Rádio Nacional. Tendo sido aprovado, estreou no programa “A canção romântica”, de Francisco Alves. Em 1949, gravou os sambas “Capricho inútil”, de Marino Pinto e Mário Rossi, “Ódio”, de Wilson Batista e Paulo Marques, “Falsa mulher”, de Haroldo Lobo e Milton de Oliveira e “Covardia”, de J. Piedade e Alex e a marcha “Cabeleira de verão”, de Peterpan e Ari Monteiro. Nesse ano, lançou para o carnaval do ano seguinte o samba “Um falso amor”, de Haroldo Lobo, Milton de Oliveira e Jorge Gonçalves. Ainda nesse ano, seu samba “Não devemos mais brigar”, parceria com Milton de OLiveira foi lançado na Odeon pelos Vocalistas Tropicais.

Em 1950, gravou os sambas “Esfingie”, de Mário Rossi e Milton de Oliveira, “Garota do café” e “Quando o inverno passar”, de Peterpan e Ari Monteiro, “Esqueceste o teu passado”, de Zé Pretinho e Reis Saint Clair, “Separação”, de Roberto Martins e Ari Monteiro e “Mulheres que passam”, de Mário Rossi e Milton de Oliveira. Nesse ano, obteve um de seus maiores sucessos com o samba “Pra o seu governo”, de Haroldo Lobo, e teve o samba-canção “Terminemos agora” gravado por Lúcio Alves na Continental. Em 1951, lançou da dupla Peterpan e Ari Monteiro os sambas “Adeus” e “Cavaleiro de Cristo”. Gravou ainda os sambas “Compaixão”, de Augusto Mesquita, “Esperança”, de Valdemar de Abreu e Jorge de Castro, “Foge dos meus olhos”, de Haroldo Lobo e Milton de OLiveira e “Eu não queria te perder”, de René Bittencourt. Em 1952, gravou os sambas “Penumbra”, de Mário Lago e “Suplicando”, de Carolina Cardoso de Menezes e Armando Fernandes, os sambas-canção “São os olhos dela”, e Herivelto Martins e “As aparências enganam”, de Lupicínio Rodrigues, o bolero “Senhora”, de Orestes Santos e Lourival Faissal, com o qual obteve outro grande sucesso, e o fox “Querida”, de Getúlio Macedo e Lourival Faissal. Ainda nesse ano, gravou os frevos-canção “O velho não presta mais”, de Marambé e “Aconteceu no oriente”, de Sebastião Lopes.

Em 1953, gravou os sambas “Perversa”, do russo Georges Moran e “Castigo”, de Lupicínio Rodrigues e Alcides Gonçalves, este considerado um dos clássicos da dupla gaúcha, o samba-canção “Tu não me dizes”, de Wilson Batista e Erasmo Silva e o frevo-canção “Margaret”, de Sebastião Lopes. Em 1954, lançou o bolero “Champanhe para dois”, de P. Trellese Lourival Faissal, o beguine “Meu grande coração”, de Haroldo Eiras e Lourival Faissal e os sambas “Se você souber”, de Ari Monteiro e “Amigo do peito”, de Raul Sampaio e Rubem Silva. Nesse ano, foi contratado pela Continental e nessa gravadora estreou com o fox-trot “Amor secreto”, de S. Fain, P. Francis Webster e Ghiaroni e a toada-baião “Valei-me Nossa Senhora”, de Paquito e Romeu Gentil. No ano seguinte, gravou os sambas “Cadê meu marinheiro”, de Haroldo Lobo e Milton de Oliveira e “Testamento”, de Paulo Soledade, a marcha “Você falou demais”, de Paquito, Romeu Gentil e Airton Amorim e com o Trio Melodia, o baião “Matando o tempo”, de João de Barro.

Em 1956, gravou os sambas “Fui tolo”, de sua autoria, “Pode chorar”, de Carlos Moraes e “Velho Estácio”, de Haroldo Lobo e Ari Cordovil e o fox-trot “Até a lua se escondeu”, de Getúlio Macedo. Em 1957, gravou a marcha “Galo vermelho”, de Haroldo Lobo e Ivo Santos e os sambas “Vou penar”, de Haroldo Lobo e “Maracangalha”, de Dorival Caymmi, que praticamente saiu do meio de ano para ser muito executado no carnaval. Em 1958, em seu último disco na Continental gravou o “Hino à Getúlio Vargas”, de João de Barro. Em 1959, foi contratado pela RGE e lançou em seu disco de estréia o samba-canção “Cabrocha Maria” e o samba “Timidez”, ambas de Adelino Moreira. No mesmo ano, gravou a marcha “A cara não ajuda”, de Valdir Machado e Benil Santos e o samba “Deixa a vida me bater”, de Raul Sampaio e Benil Santos.

Em 1960, gravou a dupla René Bittencourt e Raul Sampaio o tango “Vida” e o samba “Enquanto a cidade dorme”. Em 1963, lançou outro disco pela Continental com a marcha “Arlequim palhaço”, de João de Barro e Jota Júnior e o samba “Cremilda”, de Haroldo Lobo e Milton Oliveira. Também nesse ano, gravou na Chantecler o samba “Vou gelar esta mulher”, de Haroldo Lobo e Milton Oliveira e a marcha “Falso pagador de promessa”, de Usias da Silva, Aires Viana e Reinaldo Felipe. Pouco depois abandonou o canto, mantendo, no entanto, sua atividade de compositor.

Funcionário da Rádio Nacional do Rio, foi transferido e trabalhou durante quase dez anos na Rádio MEC, bem como no Projeto Minerva, da Rádio MEC do Rio de Janeiro, onde seria assistente do produtor e apresentador R. C. Albin por quase cinco anos.

Dentre suas composições de maior sucesso destacam-se o samba “Reverso”, “Tudo acabou” e “Você vai”, entre outras. Como cantor, destacou-se com as gravações do bolero “Senhora”, além de “As aparências enganam” e “Castigo”, ambas de Lupicínio Rodrigues. Gravou com certa freqüência o repertório carnavalesco, obtendo alguns sucessos, especialmente com o samba “Pra o seu governo”, de Haroldo Lobo. Na década de 1970, participou do Projeto “MPB – 100 ao vivo”, do qual resultaram oito LPs produzidos por Ricardo Cravo Albin, nos quais cantou oito músicas. Também nos anos 80, participou de LPs produzidos para a Associação Atlética do Banco do Brasil, produzidos por José Silas Xavier, para resgatar memórias musicais valiosas. Em 2000, partcipou com sucesso do baile popular carnavalesco na Cinelândia, centro do rio de Janeiro onde apresentou músicais tradicionais do repertório os festejos de Momo. Em 2003, tornou a apresentar-se no baile carnavalesco da Cinelândia. Em 2011, foi lançado pelo selo Discobertas em convênio com o ICCA – Instituto Cultural Cravo Albin a caixa “100 anos de música popular brasileira” com a reedição em 4 CDs duplos dos oito LPs lançados com as gravações dos programas realizados pelo radialista e produtor Ricardo Cravo Albin na Rádio MEC em 1974 e 1975. No volume 3 estão incluídas suas interpretações para o samba-canção “Chão de estrelas”, de Sílvio Caldas e Orestes Barbosa; e, com o grupo vocal As Gatas, as interpretações para as marchas “O teu cabelo não nega”, de Lamartine Babo e Irmãos Valença; “Rasguei a minha fantasia”, de Lamartine Babo; “Linda lourinha”, de João de Barro e Alberto Ribeiro; “Cadê Mimi”, “Pirolito”, “Chiquita bacana”, “Pirata da perna de pau” e “Touradas em Madrid”, todas de João de Barro, o Braguinha; , e para os sambas “Ah que saudades da Amélia”, de Ataulfo Alves e Mário Lago, e “Oh Seu Oscar” e “O bonde de São Januário”, de Ataulfo Alves e Wilson Batista.

Discografias
1963 Continental 78 Arlequim palhaço/Cremilda
1963 Chantecler 78 Vou gelar esta mulher/Falso pagador de promessas
1960 RGE 78 Vida/Enquanto a cidade dorme
1959 RGE 78 A cara não ajuda/Deixa a vida me bater
1959 RGE 78 Cabrocha Maria/Timidez
1959 RGE 78 Juca/Estela
1958 Continental 78 Hino á Getúlio Vargas
1957 Continental 78 Galo vermelho/Vou penar
1957 Continental 78 Marancangalha
1957 Continental 78 Não quero mais assunto/Deus me ajudou
1956 Continental 78 Fui tolo/Até a lua se escondeu
1956 Continental 78 Pode chorar/Velho Estácio
1955 Continental 78 Cadê meu marinheiro/Você falou demais
1955 Continental 78 Dois mil e quatrocentos/Batendo cabeça
1955 Continental 78 Il torrente/Tu precisas de mim
1955 Continental 78 Testamento/Matando o tempo
1954 Continental 78 Amor secreto/Valei-me Nossa Senhora
1954 RCA Victor 78 Champanhe para dois/Meu grande coração
1954 RCA Victor 78 Se você souber/Amigo do peito
1953 RCA Victor 78 Essa não/E eu penei
1953 RCA Victor 78 Margaret
1953 RCA Victor 78 Moramos na mesma rua/Dona de mil vestidos
1953 RCA Victor 78 PerversaCastigo
1953 RCA Victor 78 Que será de ti/Confissão
1953 RCA Victor 78 Tu não me dizes/Saber
1952 RCA Victor 78 Aconteceu no oriente
1952 RCA Victor 78 Carícia/Só
1952 RCA Victor 78 Chega/Eu não reclamei
1952 RCA Victor 78 Martirizei/Por essa mulher
1952 RCA Victor 78 Não matei/Sorris do meu sofrer
1952 RCA Victor 78 O velho não presta mais
1952 RCA Victor 78 Penumbra/Suplicando
1952 RCA Victor 78 Quem manda na minha vida/Salomé
1952 RCA Victor 78 Senhora/Querida
1952 RCA Victor 78 São os olhos dela/As aparências enganam
1951 RCA Victor 78 Adeus/Cavaleiro de Cristo
1951 RCA Victor 78 Castigo/Reminiscências
1951 RCA Victor 78 Compaixão/Eu não queria te perder
1951 RCA Victor 78 Esperança/Foge dos meus olhos
1951 RCA Victor 78 Figurinha difícil/Doce amada
1951 RCA Victor 78 Pombinha branca/Ela não quer
1951 RCA Victor 78 Sorrir/Levou minha roupa
1950 RCA Victor 78 Comprei um carro/Não me abandones
1950 RCA Victor 78 Esfinge/Garota do café
1950 RCA Victor 78 Esqueceste o teu passado/Separação
1950 RCA Victor 78 Fica comigo/Novo lar
1950 RCA Victor 78 Prá seu governo/Já cansei de chorar
1950 RCA Victor 78 Quando o inverno passar/Mulheres que passam
1949 RCA Victor 78 Cabeleira de verão/Falsa mulher
1949 RCA Victor 78 Capricho inútil/Ódio
1949 RCA Victor 78 Covardia/Um falso amor
1948 RCA Victor 78 Ela não voltou/Seis horas da manhã
1947 RCA Victor 78 O meu prazer/Dorothy
1946 Victor 78 E... nada mais
1946 Victor 78 Estão vendo aquela mulher/Apelo
1946 Victor 78 Geremoabo/Maringá
1946 Victor 78 Minha terra/Framboesa
1946 Victor 78 Quando lhe vi chorando
1946 Victor 78 Quem tem dinheiro/Deixei meu coração sofrer
1946 RCA Victor 78 Uma serenata...uma despedida
Obras
Despeito (c/ Mary Monteiro)
Esquece
Fui tolo
Não devemos mais brigar (c/ Milton de Oliveira)
Reverso (c/ Marino Pinto)
Talvez (c/ Marino Pinto)
Tudo acabou (c/ Milton de Oliveira)
Você vai (c/ Milton de Oliveira)
Bibliografia Crítica

AZEVEDO, M. A . de (NIREZ) et al. Discografia brasileira em 78 rpm. Rio de Janeiro: Funarte, 1982.

CARDOSO, Sylvio Tullio. Dicionário Biográfico da música Popular. Rio de Janeiro: Edição do autor, 1965.

MARCONDES, Marcos Antônio. (ED). Enciclopédia da Música popular brasileira: erudita, folclórica e popular. 2. ed. São Paulo: Art Editora/Publifolha, 1999.

SEVERIANO, Jairo e MELLO, Zuza Homem de. A canção no tempo. Volume1. São Paulo: Editora: 34, 1999.