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Nome Artístico
José Francisco de Freitas
Nome verdadeiro
José Francisco de Freitas
Data de nascimento
1897
Local de nascimento
Rio de Janeiro, RJ
Data de morte
13/2/1956
Local de morte
Rio de Janeiro, RJ
Dados biográficos

Compositor. Pianista.

Um dos principais responsáveis pela fixação da marchinha. Nasceu em uma família de classe média. Aos oito anos de idade compôs a valsa “13 de setembro”, sua primeira obra. Também conhecido como Freitinhas. Aos 10 anos compôs a valsa “Pereira Passos”, homenagem ao então prefeito do Distrito Federal, provavelmente, por influência do pai. Por conta dessa composição ganhou uma matrícula gratuita no Instituto Profissional Marcelino, onde conheceu o maestro Francisco Braga com quem estudou composição e piano.

Dados artísticos

Em 1912, teve sua primeira composição publicada, a valsa “Tarde”. Em 1914 teve publicada sua segunda obra, a valsa “Amor que engana”. Pouco depois, passou a exercer as atividades de compositor de músicas para as revistas musicais, de marchas carnavalescas e pianista da Casa Carlos Wehrs. Em 1918 escreveu as músicas para sua primeira revista, “Zé dos pacotes”, de Miguel Santos, encenada no Teatro Recreio. No mesmo ano, compôs com Assis Pacheco as músicas para a revuette em um ato “Só na flauta”, de Baldomero Carqueja e Judex de Souza, apresentada no Teatro São José. 

Por volta de 1920, teve suas primeiras composições gravadas, os tangos “A vida é um sonho” e “Suspiram que sangram”, pelo cantor Brandão na Odeon. Em 1923, conheceu seu primeiro grande sucesso, o fox-trot “Vênus”, gravado por Carlos Lima na Odeon. Desse fox-trot a casa Wehrs editou um número recorde de 50 mil partituras em todo o Brasil e foi dedicada pelo autor a santista Zezé Leone, vencedora do primeiro concurso de beleza no Brasil. No ano seguinte, escreveu a música para a revista “Noite de luar”, de J. Miranda, apresentada no Teatro Carlos Gomes. Sua produção musical era intensa e por essa época já possuía 64 composições editadas pela Casa Carlos Wehrs. 

Em 1925, teve lançada pela atriz Otília Amorim na revista “Se a moda pega…”, de Carlos Bittencourt e Cardoso de Menezes, seu primeiro grande sucesso carnavalesco, a marcha “Zizinha”. Essa marcha foi gravada no mesmo ano na Odeon pelo cantor Baiano acompanhado de coro e pela American Jazz Band Sílvio de Souza. Na mesma época, compôs com Zeca Ivo o tango canção “A vida é um jardim onde as mulheres são as flores”, gravada por Vicente Celestino. Em 1926, Pedro Celestino gravou com sucesso a marcha canção “Eu vi Lili…”. No mesmo ano, estreou a burleta “Ai, Zizinha”, de Freire Junior, com músicas suas em parceria com Freire Jr. no Teatro Recreio. Já no Teatro Carlos Gomes, foi apresentada a revista “Quem fala de nós…”, de Correia da Silva e M. B. Pinho com músicas suas em parceria com Sinhô. Em 1927, conheceu novo sucesso no carnaval com a marcha “Dondoca”, apresentada na revista “Sol nascente”, de Carlos Bittencourt, Cardoso de Menezes e Alfredo Pujol, e cantada em cena pela atriz Margarida Max. Esta marcha foi gravada na Odeon pela dupla Zaira de Oliveira e J. Gomes Jr. e regravada depois por Artur Castro no selo Imperador. Com essa marcha sagrou-se tri campeão do carnaval e recebeu por isso uma medalha da Casa Wehrs, em sua homenagem. No mesmo ano, escreveu música para as revistas “As bonecas da Avenida”, de Gastão Tojeiro, que contou também cam as músicas de Inácio Stabile e Henrique Vogeler e “Ninguém não”, de Luiz Peixoto e Marques Porto, na qual fez parceria com Sinhô. Foi também apresentada a revista “Dondoca” que explorava o sucesso de sua marcha, e que era apresentada com arranjos de Heckel Tavares. Em 1928 fez as músicas para a revista “Língua de sogra”, de Freire Júnior apresentada no Teatro Recreio. No mesmo ano, Francisco Alves gravou o fox “Que pequena levada” e a marcha canção “Meu suquinho”, que foi um grande sucesso do maestro, apresentada por muitos pesquisadores como sendo apenas de sua autoria, mas que no selo do disco consta como sendo parceria com Lamartine Babo. 

Em 1929, conheceu seu maior sucesso e praticamente a única música sua que ficou para a posteridade, o maxixe “Dorinha, meu amor”, gravado por Mário Reis na Odeon em dezembro do ano anterior e que daria ensejo para a revista “A Dorinha é da fuzarca”, de Gastão Tojeiro. Ainda em 1929, Francisco Alves gravou sua marcha “Não dou palpite”. Campeonísimo do carnaval, o autor explicou em artigo para a revista WECO, da Casa Wehrs, o segredo de seu sucesso: “Iniciada a época das contínuas batalhas de confetes, já me encontrava com um grupo de músicos organizados e bem treinados, a fim de não deixar de comparecer a nenhuma das melhores e afamadas. Já tive ocasião de, no meu automóvel, com saxofone, pistão e reco-reco, em uma só noite tomar nos corsos tocando e distribuindo folhetos com as letras, em cinco batalhas, e conquistando diversos prêmios, convindo notar que uma era na Praça Saenz Peña e outra no Leme, o que me obrigou, para ganhar tempo, a andar 80 Kh, e uma multazinha por excesso de velocidade…melódica”. Por essa época ainda, possuía uma orquestra no estilo jazz band, com a qual se apresentava em festas, bailes e reuniões, promovendo suas músicas. 

Em 1930, lançou na revista “Dó-ré-mi”, de Luiz Iglésias, apresentada no Teatro São José, a cançoneta cômica “Lulu…acende a luz”, cantada pela atriz Edith Falcão. No mesmo ano, Mário Reis gravou seus sambas “Capricho de mulher” e “No Grajaú, Iaiá”, este, parceria com Dan Malio Carneiro. Em 1931, compôs com Domingos Magarinos o samba “Mulata macumbeira”, gravado por Celeste Leal Borges, que lançou no mesmo disco sua marcha “Sapeca”. Em 1932, Leonel Faria gravou os sambas “Quem tem amor tem ciúmes” e “Isto não é proceder”, parceria com F. Alonso. Em 1933, Jaime Vogeler registrou a marcha “A verdade é essa” e João Petra de Barros o samba “É carinho que ela quer”. No mesmo ano, ganhou o prêmio de música de carnaval da prefeitura com a marcha “Não faço questão de cor”, gravada na Odeon por Castro Barbosa. Por essa época, sua carreira começou a declinar. Em 1934, teve a marcha “Questão de raça”, parceria com Zeca Ivo, gravada por Arnaldo Amaral na Columbia. Em 1935, compôs com Sá Pereira e Henrique Vogeler, as músicas para a revista “Galinha morta”, dos Irmãos Quintiliano. 

Escreveu música ainda para cerca de 15 revistas, entre as quais “Dois aguias no sertão”, de J. Matias e Duque, apresentada em 1940, quando formou um sexteto e reapareceu como chefe de orquestra na Casa de Caboclo, dirigida pelo dançarino e compositor Duque.Em 1957, teve a marcha “Dorinha, meu amor”, regravada com sucesso por Solon Sales, sendo por semanas, uma das músicas mais tocadas nas rádios. 

Compôs cerca de 300 músicas, entre valsas, marchas, ragtimes, toadas, canções, maxixes e sambas. Faleceu num Domingo de carnaval, praticamente relegado ao esquecimento, sem que sua morte tivesse merecido sequer uma nota nos jornais. Em 2007, o selo Revivendo lançou o CD “Gastão Formenti – Noite de encanto” com gravações feitas pelo cantor em 1930 e 1931 pelo selo Brunswick. Fazem parte do CD suas composições “Eu não posso perder pra você” e “Trovas de minha terra”, com Domingos Magarinos. Em 2011, foi lançado pelo selo Discobertas em convênio com o ICCA – Instituto Cultural Cravo Albin a caixa “100 anos de música popular brasileira” com a reedição em 4 CDs duplos dos oito LPs lançados com as gravações dos programas realizados pelo radialista e produtor Ricardo Cravo Albin na Rádio MEC em 1974 e 1975. No volume 1 está incluída a gravação de sua marcha “Dorinha, meu amor”, na interpretação de Paulo Tapajós.

Obras
A verdade é essa
A vida é um jardim onde as mulheres são as flores (c/ Zeca Ivo)
A vida é um sonho
Amor que engana
Baú enferrujado
Beijos... . e muitos beijos
Bonitão
Capricho de mulher
Dondoca
Dorinha meu amor
Ela gosta de falseta
Ela quer é movimento
Eu sou e Ulio
Eu vi Lili...
Flor do mato (c/ Zeca Ivo)
Isto não é proceder (c/ F. Alonso)
Maldosa (c/ Milton Amaral)
Meu Brasil, meu Portugal
Meu suquinho (c/ Lamartine Babo)
Minha sogra quer me tapear
Mulata macumbeira (c/ Domingos Magarinos)
No Grajaú, Iaiá (c/ Dan Malio Carneiro)
Não chora neném
Não dou palpite
Pereira Passos
Praga que você tem (c/ Orlando Vieira)
Que pequena levada
Quem tem amor tem ciúmes
Questão de raça (c/ Zeca Ivo)
Revivendo o passado
Salomé, meu bem
Salve rainha
Sapeca
Tarde
Teu amor foi minha vida
Tou só t'spiando
Treze de setembro
Triste loucura
Um sonho bom pra recordar (c/ Roberto Roberti e Marques Júnior)
Vênus
Zizinha
É carinho que ela quer
És a minha assombração
Bibliografia Crítica

AZEVEDO, M. A . de (NIREZ) et al. Discografia brasileira em 78 rpm. Rio de Janeiro: Funarte, 1982.

CARDOSO, Sylvio Tullio. Dicionário Biográfico da música Popular. Rio de Janeiro: Edição do autor, 1965.

EFEGÊ, Jota. Figuras e coisas do Música Popular Brasileira. Editora: MEC/FUNARTE. Rio de Janeiro, 1978.

MARCONDES, Marcos Antônio. (ED). Enciclopédia da Música popular brasileira: erudita, folclórica e popular. 2. ed. São Paulo: Art Editora/Publifolha, 1999.

MARIZ, Vasco. A canção brasileira. Editora: MEC. Rio e Janeiro, 1956.

SALES, Fernando. MPB em pauta. Editora: José Olimpio. Rio de Janeiro, 1984.

SEVERIANO, Jairo e MELLO, Zuza Homem de. A canção no tempo. Volume 1. Editora: 34. São Paulo, 1997.

TINHORÃO. José Ramos. Música popular – Teatro e cinema. Editora: Vozes. Rio de Janeiro, 1972.

VASCONCELOS, Ary. Panorama da Música Popular Brasileira. Volume 1. Editora: Martins. Rio de Janeiro, 1965.