3.504
Nome Artístico
Nelson Gonçalves
Nome verdadeiro
Antônio Gonçalves Sobral
Data de nascimento
21/6/1919
Local de nascimento
Santana do Livramento, RS
Data de morte
18/4/1998
Local de morte
Rio de Janeiro, RJ
Dados biográficos

Cantor. Compositor.

Seus pais eram portugueses e, logo após seu nascimento, transferiram-se para São Paulo, passando a residir no bairro do Brás. Na adolescência, empregou-se como garçom no bar de seu irmão, situado na Avenida São João, passando a partir de então a freqüentar bares de boêmios e músicos. Aos 16 anos, tornou-se lutador de boxe na categoria de peso-médio. Dois anos mais tarde, tentou a sorte como cantor, num programa de calouros apresentado por Aurélio Campos, na Rádio Tupi de São Paulo, tendo sido reprovado. Numa nova tentativa realizada na semana seguinte, conseguiu ser contratado para o programa. Em 1939, foi dispensado da rádio, transferindo-se então para o Rio de Janeiro. Nos anos 1950, envolveu-se com drogas, problema que causaria a interrupção de sua carreira em 1962. Três anos mais tarde foi preso em São Paulo, sob a acusação de tráfico, da qual foi absolvido em julgamento. Foi considerado um dos maiores cantores do Brasil, cuja atuação perdurou de 1941 até sua morte em 1998.

Dados artísticos

Apesar de sua atividade artística ter sido iniciada em São Paulo,  apresentou-se  no Rio de Janeiro como calouro em diversas emissoras. Numa dessas apresentações chegou a ser reprovado por Ary Barroso, no programa que este apresentava na Rádio Cruzeiro do Sul, ocasião na qual o compositor lhe sugeriu abandonar a carreira artística e voltar para o boxe. De volta a São Paulo, foi convidado pelos compositores Osvaldo França e Rosano Monello para um teste de gravação a partir do qual estes o recomendaram à gravadora Victor do Rio de Janeiro. Novamente na então capital federal, contando com a ajuda de Benedito Lacerda, gravou seu primeiro disco na Victor, em 1941, registrando o samba “Sinto-me bem”, de Ataulfo Alves, e “Se eu pudesse um dia”, de  França e R. Montello. O disco alcançou algum sucesso de público, o que lhe garantiu contrato com a gravadora e pouco depois com a Rádio Mayrink Veiga, para a qual foi levado por Carlos Galhardo. No mesmo ano, gravou os sambas “Formosa mulher”, de Constantino Silva e Osvaldo França; “A mulher dos sonhos meus”, de Ataulfo Alves e Orlando Monello; “Fingiu que não me viu”, de Haroldo Lobo e Milton de Oliveira, e “Quem fala é o coração”, de Valdemar de Abreu, o Dunga, e Sá Róris.
No ano seguinte, gravou o samba “Isso aqui tem dono”, de Benedito Lacerda e Darci de Oliveira, e o fox “Renúncia”, de Roberto Martins e Mário Rossi, com o qual fez bastante sucesso o que lhe valeria posteriormente o título de “Rei do Rádio”, em concurso promovido pela “Revista do Rádio”. Este fox inclusive tornou-se um de seus prefixos musicais. Gravou também nesse ano os sambas “Ingrata”, de Zé Pretinho e Nelson Trigueiro e “Ninguém quer ouvir os meus ais”, de Nássara e J. Cascata.
Em 1943, gravou o fox-canção “Solidão” e a valsa “A saudade é um compasso demais”, de Roberto Martins e Mário Rossi; a valsa “A valsa de Maria”, de Custódio Mesquita e David Nasser; o fox-canção “Olhos negros”, de Custódio Mesquita e Ari Monteiro; o fox “Noite de lua”, de Antônio Almeida, e os sambas “Brasil, coração da gente” e “Meu barco é veleiro”, ambos de José Carlos Burle. No ano seguinte, lançou o fox-canção “Dos meus braços tu não sairás”, de Roberto Roberti; a valsa “Saudades do Rio”, de Roberto Roberti e Pedro Camargo; a marcha “No céu é assim”, de Haroldo Lobo e Nássara; os sambas “Eu não posso viver sem mulher”, de Roberto Martins e Mário Rossi; “Não fiquei louco”, de Herivelto Martins e Príncipe Pretinho, e “Covarde”, de Herivelto Martins e Valdemar de Abreu, além dos frevos-canção “Não agüento mais” e “Que bom vai ser!”, de Capiba.
Gravou para o ano de 1945, os sambas “Meus amores”, de Antônio Almeida; “Aquela mulher”, de Cícero Nunes; “Se você quer deixar o meu lar”, de Cândida Maria e Ari Monteiro e “Direito de amar”, de Artur Costa e Delê, além dos frevos-canção “Segure no meu braço” e “Quando é noite de lua”, de Capiba. Ainda nesse ano, compôs com Heitor dos Prazeres o samba “Até que enfim, favela”, lançado no fim daquele ano. Em 1946, gravou a “Valsa do amor”, de Roberto Martins e Orestes Barbosa; o fox “Mais uma vez”, de sua autoria e Mário Rossi; o samba “O relógio da Central” e a batucada “A rainha do mar”, da dupla Benedito Lacerda e Eratóstenes Frazão. Gravou ainda, em dueto com Isaura Garcia, os sambas “Teu retrato”, de sua autoria e Benjamin Batista, e “Dona Rosa”, de Aluísio Silva Araújo e Armando Silva Araújo.
Em 1947, gravou com sucesso os sambas “Segredo”, de Herivelto Martins e Marino Pinto, e “Marina”, de Dorival Caymmi. Para o carnaval do ano seguinte, os frevos-canção “Morena cor de canela” e “Que será de nós”, de Capiba; “Não sei porque” e “Bem-te-vi”, de Nelson Ferreira, e “As covinhas de Iaiá”, dos Irmãos Valença. No ano seguinte, lançou sem muito sucesso as marchas “Princesa de Bagdad”, de Haroldo Lobo e David Nasser, e “Minha morena”, de Haroldo Lobo e Benedito Lacerda, e os sambas “Perdôo, sim”, de sua autoria e José Batista, e “Tormento”, de Haroldo Lobo e Geraldo Gomes.
Obteve em 1949 um dos maiores êxitos de sua carreira com o samba “Normalista”, de Benedito Lacerda e David Nasser. No ano seguinte, gravou os sambas “Ave Maria no morro”, de Herivelto Martins; “Só eu”, de sua autoria e Geraldo Gomes; “Bons tempos aqueles”, de Marino Pinto e Adollar, e “Mensageira dileta”, de Norberto Martins. Nesse ano, gravou quatro músicas com o Trio de Ouro: as marchas “Toureiro”, de Haroldo Lobo e Milton de Oliveira, e “Ai morena”, de Herivelto Martins e Benedito Lacerda, além dos sambas “Dama, valete e rei”, de Alcebíades Barcelos e Sebastião Gomes, e “Arrependida”, de José Batista e Nóbrega de Macedo.
Lançou em 1951 dois sambas e um bolero de sua autoria, “Nem coberta de ouro”, com Antônio Elias, e “Fala por mim violão”, com Luiz de França, e o bolero “Sem o teu amor”, com David Nasser. Nesse ano, fez sucesso com o samba “Perambulando”, de Fernando Lobo e Manezinho Araújo. Em 1952, gravou a marcha “Vai meu baião”, de sua autoria e Dênis Brean; o baião “Cada um com seu amor”, de Fernando Lobo e Paulo Soledade; os sambas-canção “Última seresta”, de Adelino Moreira e Sebastião Santana, com a qual fez bastante sucesso e “Arrependimento”, de sua autoria e Almeida Batista; o samba “Sempre vivemos em paz”, de Pereira Matos e José Pereira, e o choro “Quem tem”, com o qual iniciou sua parceria com Adelino Moreira.
Em 1953, gravou os sambas-canção “Tantos anos”, de sua autoria e René Bittencourt, e “A camisola do dia”, de Herivelto Martis e David Nasser; o fox “Só vejo você”, de Wilson Batista e Roberto Martins; os sambas “Louquinho pra casar”, de Nóbrega de Macedo e Roberto Martins e “Suplício”, de Wilson Batista, Nóbrega de Macedo e Brasinha, além da marcha “Se eu fosse o Getúlio”, de Arlindo Marques Júnior e Roberto Roberti. Por essa época, fez inúmeras viagens, tendo-se apresentado  por diversas cidades do  país  e também no exterior – Uruguai, Argentina e Estados Unidos, onde, aliás, integrou elenco de show brasileiro realizado no Radio City Hall, de Nova York.
Em 1954, lançou em homenagem ao quarto centenário de São Paulo o samba “Porque amo São Paulo”, de sua autoria e David Nasser. Fez sucesso nesse ano com o tango “Carlos Gardel” e o samba-canção “Francisco Alves” ambos de Herivelto Martins e David Nasser, que homenageavam os dois maiores cantores da Argentina e do Brasil falecidos antes.
Gravou em 1955 os tangos “Hoje quem paga sou eu”, um grande sucesso popular, e “Enfermeira”, de Herivelto Martins e David Nasser; os sambas “Seu nome não é Maria”, de Ismael Neto e Nestor de Holanda, e “Tortura mental”, de Wilson Batista e Jorge de Castro; o samba-canção “Meu vício é você”, de Adelino Moreira, e os frevos-canção “O que é que eu vou dizer”, de Capiba, e “Italiana”, de Sebastião Lopes. Em 1956, fez sucesso com os tangos “Vermelho vinte e sete”, de Herivelto Martins e David Nasser, além de registrar “Estrelas na lama”, de sua autoria e Herivelto Martins. Nesse ano, lançou o LP “Noel Rosa na voz romântica de Nelson Gonçalves” no qual interpretou clássicos de Noel Rosa como “Três apitos”, “Último desejo”, “Com que roupa”, “Fita amarela”, “Palpite infeliz” e “Silêncio de um minuto”. Gravou também o LP “O tango na voz de Nelson Gonçalves” no qual cantou sete parcerias da dupla Herivelto Martins e David Nasser, os tangos “Hoje quem paga sou eu”; “Carlos Gardel”; “Palhaço”; “O último tango”; “Estação da luz”; “Vermelho 27” e “Amarga ilusão”. No ano seguinte lançou os LPs “Pensando em ti” e “Caminhemos”.
Em 1958, lançou o LP “Buquê de melodias” interpretando entre outras “Dos meus braços tu não sairás”, de Roberto Roberti; “Normalista”, de Benedito Lacerda e David Nasser; “Deusa do Maracanã”, de Jaime Guilherme; “Segredo”, de Marino Pinto e Herivelto Martins, e “Errei…erramos”, de Ataulfo Alves, entre outras. Ainda nesse ano, gravou o LP “Escultura”, música título de sua autoria e Adelino Moreira, e que trazia ainda “Se ninguém te ama”, de Oswaldo Barbosa
e José Reis; “Silêncio da seresta”, de Adelino Moreira, e “Atiraste uma pedra”, de Herivelto Martins e David Nasser. Também no mesmo ano, foi agraciado pela revista “Radiolândia” com o troféu “Microfone de ouro” como um dos melhores do Rádio no ano anterior em cerimônia presidida pelo locutor Raul Brunini e que contou com as participações das estrelas Adalgisa Colombo e Hebe Camargo. Em 1959, continuou lançando dois LPs por ano. No primeiro, “Êxtase”, música título sua e de Adelino Moreira, gravou também “Deixa falar”, de sua autoria e Raul Sampaio; “Aqui se faz, aqui se paga”, de sua autoria e Herivelto Martins; “Deusa do asfalto”, de Adelino Moreira, e “Cinzas do amor”, de Wilson Batista e Jorge de Castro. No segundo LP do ano, “Nelson Gonçalves em Hi Fi”, cantou “O que passou, passou”, de sua autoria; “Três sorrisos”, de Chocolate e Mário Lago; “Um lenço por dia”, sua e de Ricardo Galeno; “Mariposa”, sua e de Adelino Moreira, e “Mais uma vez”, de Joubert de Carvalho. Gravou em 1960 o  LP “Queixas” com quatro obras de Adelino Moreira: “Doidivana”; “Fantoche”; “Pecado ambulante” e “Queixas”, além de Velha bossa nova”, de Billy Blanco, e “Manhã do nosso amor”, de Baden Powell e Billy Blanco, entre outras. Lançou no mesmo ano o LP “Meu perfil” que tinha entre outras, as canções “Leviana” e “Agüenta o galho”, com Herivelto Martins; “Meu perfil”, com Adelino Moreira; “Certinha”, com David Nasser, além de “Bibelot” e “Meu dilema”, de Adelino Moreira, e “Cabrocha”, de Herivelto Martins. Em fevereiro de 1960, em pesquisa do jornal O Globo seu LP “Seleção de ouro – Nelson Gonçalves” era apontado como o segundo mais vendido no Rio de Janeiro. Ainda nesse ano, participou do espetáculo montado por Carlos Machado apresentado no Radio City Music Hall em Nova York sendo um dos mais aplaudidos. Também em 1960, recebeu pela segunda vez na carreira o troféu Microfone de Ouro escolhido como o melhor cantor do ano pela comissão da Rio Gráfica e Editora promotora do prêmio através da Revista Radiolândia e do Jornal O Globo. Finalmente, ainda no mesmo ano, participou, juntamente com Dercy Gonçalves, Zezé Macedo, Norma Blum e Wilson Grey, do filme “Mineirinha vem aí”, com direção de Eurípedes Ramos e Hélio Barroso, interpretando o samba-canção “A Deusa do Asfalto”. Em 1961, lançou o LP “Noite de saudade”, que teve cinco composições solo de Adelino Moreira: “Flor do meu bairro”; “Timidez”; “Teu disfarce”; “Noite de saudade” e “Moço”, além de “Você chegou sorrindo”, de Luiz Bonfá; “Esquece coração”, sua e de Rubens Soares, e “Aquelas mãos”, de Aldacir Louro e Linda Rodrigues. É também do mesmo ano o LP “Sambas e boleros na voz de Nelson Gonçalves” com destaque para “Fica comigo esta noite”, com Adelino Moreira.
Em 1962, gravou o LP “Eu e minha tristeza” apenas com composições suas e de Adelino Moreira, não em parceria, mas individualmente, como “Um anjo dança comigo”; “Desejo”; “Piedosa mentira” e “Falando ao coração”, de Adelino Moreira e “Só você”; “Esquerdo do amor”; “Tristeza” e “Tão só”, de sua autoria. Também no mesmo ano, gravou “Nós e a seresta”, que tinha entre outras as músicas “Seresta moderna”; “Que importa”; “Protesto”; “Silêncio” e “Deixa-me partir”, de Adelino Moreira. No ano seguinte, gravou “Romântico”, LP no qual cantou “Mil Ave Marias”, de sua autoria e Adelino Moreira; “Chorando o passado”, de Mário Rossi e Newton Teixeira; “Precaução”, de Adelino Moreira; “Arlequim”, de sua autoria e “Ruas do mundo”, de Gordurinha e Adelino Moreira. Nesse ano gravou também o LP “Na voz de Nelson Gonçalves” no qual interpretou clássicos como “Ternura antiga”, de Ribamar e Dolores Duran; “Serenata do adeus”, de Vinícius de Moraes; “Maria Betânia”, de Capiba; “Meu nome é ninguém”, de Luiz Bonfá e Haroldo Barbosa; “Na cadência do samba “, de Paulo Gesta e Ataulfo Alves e “Poema do olhar”, de Jair Amorim e Evaldo Gouveia.
Em 1964, lançou os LPs “Nelson sempre Nelson” e “Tudo de mim”. No primeiro interpretou obras como “Belíssima”; “Cantiga de ficar” e “Somos iguais”, de Jair Amorim e Evaldo Gouveia; “Voltará”, de sua autoria e Paulo Marques, e “Voltaste”, de Paulo Marques e Dora Lopes. No segundo LP gravou clássicos como “Risque”, de Ary Barroso; “Da cor do pecado”, de Bororó; “Cadeira vazia”, de Alcides Gonçalves e Lupicínio Rodrigues; “Cabelos brancos”, de Marino Pinto e Herivelto Martins, e “A mesma rosa amarela”, de Capiba e Carlos Pena Filho. O ano de 1965 foi o último no qual lançou dois LPs “A voz do seresteiro” e “Saudade”. No primeiro cantou “Cantiga da volta”, de sua autoria; “Conselho”, de Adelino Moreira; “Sambar…e balançar”, de Erasmo Silva; “Bateu cabeça”, de Jorge de Castro e Josan de Mattos, e “Vontade de voltar”, de Paulo Marques. No outro LP desse ano interpretou, entre outras, “Conversa dos olhos” e “Café Nice”, de Jorge de Castro e Wilson Batista; “Derrota”, de Umberto Silva e José Batista; “Saudade”, de sua autoria e “Boa noite, esperança”, de Mário Rossi e Marino Pinto. Nessa época, além de se apresentar em circos, participou de  programas na TV Tupi de São Paulo.
Em 1966, lançou o LP “Coisas minhas” apenas com composições suas, a maioria solo, como “Menina dos olhos”; “Se ela não telefonar”; “Profissão de fé”; “Maria Luiza” e “Procissão sem andor”, além de “Arco-íris”, de Raul Sampaio, e “Mais uma vez”, com Mário Rossi. No ano seguinte, lançou “Nelson Gonçalves e o tango” no qual interpretou tangos clássicos como “Meu Buenos Aires querido”, de Le Pera e Gardel, com versão de Juracy Rago, e “Mano a mano”, de Gardel, Ghiaroni, Razzano e S. Flore. Continuou lançando regularmente um disco por ano e em 1968 gravou “Missão cumprida”, com várias obras de Adelino Moreira, entre as quais “Deus, São Jorge e a mulher”; “Cinzas”; “Eu tenho medo” e “Mocidade louca”. Em 1969, gravou o LP “Apelo”, música título de Baden Powell e Vinícius de Moraes, e que tinha ainda “Eu não sei por que”, de Anatalício e Nelson Cavaquinho; “Aposto que ela volta”, de Lúcio Cardim, e “Despedida”, de Roberto Martins. Nesse ano, voltou a morar no Rio de Janeiro. Em 1970, gravou “Só nós dois”, LP no qual interpretou “Insensatez”, de Tom Jobim e Vinícius de Moraes, e “Foi um rio que passou em minha vida”, de Paulino da Viola. Em 1971, gravou o LP “Pra você”, música título de Sílvio César que tinha ainda como destaque “Domingo de carnaval no Salgueiro”, de José Orlando, e “Minha companheira, a tristeza”, de Sérgio Reis. Afirmando a condição de boêmio, lançou em 1972 o LP “Sempre boêmio” no qual interpretou algumas canções exaltadoras da boemia como “O último boêmio” e “Boêmio 72”, de Adelino Moreira, além de obras de novos compositores como “Desmazêlo”, de Antônio Carlos e Jocafi. Ainda na temática da exaltação da boemia lançou em 1973 o LP “Quando a Lapa era Lapa” exaltando o bairro da Lapa, centro do Rio de Janeiro e tradicional reduto da boemia carioca, em músicas como “Rainha da Lapa”, de Adelino Moreira; “Devolva meu amigo de luar”, de Maria Luzia; “Pecadora”, de Sebastião Ferreira da Silva e Adelino Moreira, e outras.
Em 1974, em comemoração aos seus 35 anos de carreira lançou o LP “Nelson 35 anos depois” no qual cantou obras como “Trinta dias sem amor”, de Adelino Moreira; “Carlos Gardel”, de Herivelto Martins e David Nasser; “Retalhos de cetim”, de Benito di Paula, e “Eu quero”, de Sérgio Bittencourt. No LP “Nelson de todos os tempos” lançado em 1975 gravou clássicos como “De papo pro á”, de Olegário Mariano e Joubert de Carvalho; “Quem há de dizer”, de Alcides Gonçalves e Lupicínio Rodrigues; “A volta do boêmio”, de Adelino Moreira, e “Caminhemos”, de Herivelto Martins, além de sucessos daquele momento como “Viagem”, de Paulo César Pinheiro e João de Aquino; “Como vai você”, de Mário Marcos e Antônio Marcos, e “Amada amante”, de Roberto Carlos e Erasmo Carlos.
Em 1976, lançou o LP “Nelson até 2001” no qual cantou “Moça”, de Wando; “Fim de caso”, de Dolores Duran; “Por causa dessa cabôca”, de Ary Barroso e Luiz Peixoto, e “Depois de 2001”, de sua autoria e Adelino Moreira. Em 1977, lançou o album triplo “Nelson de três gerações” cantando músicas de gerações diferentes de compositores como “Três apitos”, de Noel Rosa; “Folha morta”, de Ary Barroso; “Ninguém me ama”, de Fernando Lobo e Antônio Maria; “Bacharel do samba”, de Rubens Soares e Felisberto Silva; “Saia do caminho”, de Evaldo Ruy e Custódio Mesquita; “Parece que foi ontem”, de Sérgio Cabral e Rildo Hora e “Olhos nos olhos”, de Chico Buarque. No ano seguinte, no LP “Eu te amo”, voltou a dar preferência a composições suas e de Adelino Moreira como a música título, parceria de ambos, “Eu assumo” e “Vou puxar o seu tapete”, de Adelino Moreira, e “Minha mulher”, de sua autoria. No LP “Nelson de hoje”, lançado em 1979, gravou “O mundo é um moinho” e “As rosas não falam”, de Cartola.
Em 1980, ao completar 40 anos de carreira lançou o LP “Os 40 anos de Nelson Gonçalves” no qual gravou “O dono do lugar”, de Edu Lobo e Cacaso; “Mais um ano sem Noel”, de Wilson Falcão e Portinho; “Aos pés do altar”, de sua autoria e Noca da Portela; “O dono das calçadas”, de Guilherme de Brito e Nelson Cavaquinho, e “Amarga vinha”, de Carlos Lyra, entre outras. Também nesse ano, lançou o LP “Nelson especial – Na intimidade” interpretando clássicos como “A voz do violão”, de Horácio Campos e Francisco Alves; “Favela”, de Joraci Camargo e Hekel Tavares; “Da cor do pecado”, de Bororó; “Esses moços (Pobres moços)”, de Lupicínio Rodrigues, e “Cabelos brancos”, de Benedito Lacerda e David Nasser. Em 1981, no LP “Produção 96” cantou “Silêncio da seresta”, de Adelino Moreira; “Amigo leal”, de Aldo Cabral e Benedito Lacerda, e “Saudade dela”, de Ataulfo Alves, entre outras.  Durante as décadas de 1970 e 1980,  gravou discos e fez apresentações por todo o  Brasil,  mantendo estável o padrão de popularidade que sempre teve em décadas anteriores. Em 1981, gravou na TV Globo o especial comemorativo aos seus 40 anos de carreira.
Lançou o LP “Conclusão”, em 1982, apenas com composições de autores mais jovens como “Conclusão”, de Isolda e Fernanda; “Nelson e Luiza”, de Elizabeth; “O começo”, de Gonzaguinha; “Não se compra uma mulher”, de Carlos Colla, e “Confissão”, de Vitor Martins e Ivan Lins. No ano de 1983, no LP “Jóias musicais” gravou apenas grandes sucessos como “Atiraste uma pedra”, de Herivelto Martins e David Nasser; “Copacabana”, de Alberto Ribeiro e João de Barro; “Risque”, de Ary Barroso; “Marina”, de Dorival Caymmi, e “Apelo”, de Baden Powell e Vinícius de Moraes. Em 1984, gravou o LP “Hoje como antigamente” no qual procurou mesclar compositores mais novos e outros mais antigos incluindo a parceria que fez com Candinho e Alex na música “Você é assim”.
A partir desse ano, a gravadora RCA o homenageou  reunindo boa parte do melhor elenco de cantores e cantoras do Brasil para interpretar seus sucessos, contando também com sua participação, resultando  nos LPs “Ele e elas”, em 1984, “Eu e eles”, em 1985 e “Ele e elas”,  Vol. 2 em  1986. No LP  “Ele e elas”, cantou “O negócio é amar”, de Carlos Lyra e Dolores Duran; “Amor de trapo e farrapo”, de Paulo Vanzolini; “Louco (Ela é seu mundo)”, de Henrique de Almeida e Wilson Batista; “Volta”, de Isolda, e “Como é grande o meu amor por você”, de Roberto Carlos. Em 1985, no LP “Eu e eles”, LP, entre outras, “Renúncia”, de Mário Rossi; “Sempre jovem”, de Jair Amorim e Evaldo Gouveia; “Lembranças”, de Benil Santos e Raul Sampaio, e “Asa branca”, de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira. Em 1986, no LP “Ele e elas – volume 2”, interpretou composições como “Saia do caminho”, de Evaldo Rui e Custódio Mesquita; “Você e eu”, de Paulo Massadas e Michael Sullivan; “Mulher”, de Sadi Cabral e Custódio Mesquita, e “Vejam só”, uma inédita parceria sua com Arlindo Cruz e Sombrinha.
Em 1987, pela primeira vez desde que começou a gravar passou um ano sem lançar nenhum disco, voltando a gravar no ano seguinte quando lançou o LP “E por falar em paixão. Nesse LP, gravou, entre outras, “Onde anda você”, de Hermano Silva e Vinícius de Moraes; “Molambo”, de Jaime Florence e Augusto Mesquita; “As vitrines”, de Chico Buarque; “Nunca”, de Lupicínio Rodrigues, e “Tortura de amor”, de Waldick Soriano. Em 1989, gravou o LP “Auto retrato”, música título de Ivor Lancellotti e Paulo César Pinheiro, além de “Falando de amor”, de Tom Jobim; “Suburbano coração”, de Chico Buarque; “Meu problema é você”, de Isolda; “Ouça”, de Maysa, e “Rosa”, de Pixinguinha, entre outras. Nesse ano, participou do LP duplo “Há sempre um nome de mulher”, ao lado de mais de trinta outros intérpretes, cantando “Dolores Sierra”, de Wilson Batista, com arranjo de Orlando Silveira, faixa gravada em apenas 30 minutos, segundo observou  o produtor do disco Ricardo Cravo Albin em nota de contracapa. Em 1990, lançou seu primeiro disco gravado ao vivo: “Nelson Gonçalves ao vivo – 50 anos de boemia” interpretando grandes clássicos de seu repertório como “Fica comigo esta noite”, parceria com Adelino Moreira, e “Negue”, de Enzo de Almeida Passos e Adelino Moreira. No ano seguinte, gravou o disco “Serenata” interpretando clássicos do repertório seresteiro como “Sertaneja”, de René Bittencourt; “As três lágrimas”, de Ary Barroso; “Deusa da minha rua”, de Jorge Faraj e Newton Teixeira, e a música título, de Sílvio Caldas e Orestes Barbosa. Em 1992, gravou com o pianista Arthur Moreira Lima o LP “O boêmio e o pianista – Nelson Gonçalves e Arthur Moreira Lima” com um repertório repleto de clássicos como “Chão de estrelas”, de Sílvio Caldas e Orestes Barbosa; “Camisola do dia”, de Herivelto Martins e David Nasser; “A mulher que ficou na taça”, de Francisco Alves e Orestes Barbosa, e outras. Em 1993, gravou “Isto é Brasil”, outro disco repleto de clássicos da música popular como “Canta Brasil”, de David Nasser e Alcyr Pires Vermelho; “Aos pés da cruz”, de Marino Pinto e Zé da Zilda; “Ai! Que saudades da Amélia”, de Ataulfo Alves e Mário Lago, e “No rancho fundo”, de Ary Barroso e Lamartine Babo. No ano seguinte, lançou o CD “Cante comigo” que trazia músicas anteriormente gravadas por ele. Em 1995, a BMG Ariola  (antiga Victor) lançou em CD uma coletânea de gravações feitas entre os anos de 1941 e 1990.
Dois anos depois, lançou o CD “Ainda é cedo”, que acabaria sendo seu último disco, quando renovou seu repertório com interpretação de novos compositores, alguns deles ligados ao rock brasileiro. Estão nesse disco, entre outras músicas, “Ainda é cedo”, de Ico Ouro Preto, Renato Russo, Marcelo Bonfá e Dado Villa Lobos, e sucesso do grupo Legião Urbana; “Me chama”, de Lobão; “Como uma onda”, de Nelson Motta e Lulu Santos; “Meu erro”, de Herbert Vianna; “Você é linda”, de Caetano Veloso, e “Nada por mim”, de Paula Toller e Herbert Vianna. Ainda nesse ano, a BMG lançou o CD “Escultura”, apresentando remasterizações de registros feitos na década de 1950. Também em 1997, ocorreu a estréia no Rio de Janeiro do musical “Metralha”, retratando sua carreira e suas músicas.
Durante toda a sua carreira, foi contratado com exclusividade da RCA Victor, onde gravou cerca de 120 LPs e 20 CDs. Vendeu cerca de 50 milhões de discos e recebeu 15 discos de platina e 41 de ouro. Em 2001, o cineasta Elizeu Ewald levou para o cinema a vida e a carreira do cantor, em “Nelson Gonçalves”, com o ator Alexandre Borges no papel-título. Na trilha sonora, duas gravações inéditas do cantor: “Erva Daninha” e “Nova ilusão”. O filme foi parte documentário e parte ficção, com imagens do cantor retiradas dos arquivos de várias épocas além de depoimentos de personalidades como Lobão, Adelino Moreira, Sérgio Cabral e Albino Pinheiro. Também no mesmo ano foi lançado o livro “A revolta do boêmio – A vida de Nelson Gonçalves”, uma biografia não autorizada do cantor escrita por Marco Aurélio Barroso, onde apresenta versões diferentes para fatos da vida e da carreira do cantor, afirmando que o próprio cantor teria contribuído para criar o mito em torno de si próprio.
Embora tivesse começado carreira imitando Orlando Silva, seu estilo jamais perderia a influência do grande cantor, o que fez com que boa parte  da crítica especializada desdenhasse seus muitos recordes de vendagens, apesar da sua altíssima popularidade pessoal, que fez dele um dos grandes cantores do Brasil no século XX.
Em 2002, foi lançado o CD póstumo “Nelson Gonçalves e Raphael Rabello”, da BMG no qual o cantor canta acompanhado pelo violonista nas faixas “Chão de estrelas”, de Orestes Barbosa e Sílvio Caldas, “Número um”, de Mário Lago e Benedito Lacerda, “Naquela mesa”, de Sérgio Bittencourt, e “As rosas não falam”, de Cartola, faixas de um show realizado por eles em 1989 em São Paulo, além de Súplica”, de José Marcílio, Déo e Otávio Gabus Mendes, “Pra esquecer”, de Noel Rosa, “Fracasso”, de Mário Lago e Benedito Lacerda, “Velho realejo”, de Sadi Cabral e Custódio Mesquita. Estão presentes também as músicas “Deusa da minha rua”, de Newton Teixeira e Jorge Faraj, que contou com a participação especial de Horondino Silva, e “Três lágrimas”, de Ary Barroso que contou com a participação do acordeonista Caçulinha.
Em 2004, foi homenageado pelo selo Revivendo com o CD “Nelson canta Noel Rosa e Herivelto Martins” com gravações de músicas dos dois compositores como “Só pode ser você” e “Coração”, de Noel Rosa, e “Teu erro”, “Ave Maria no Morro”, “Caminhemos” e “Ela me beijou”, de Herivelto Martins. Em 2007, foi lançado o DVD da série “Ensaio” da TV Educativa gravado em 1993 no qual ele conta sua trajetória artística entremeando seu depoimento com sucessos como “Fica comigo esta noite”, “Vermelho 27”, “Pensando em ti” e “Normalista”. Em 2009, foi lançado pela Sony Music e TV Globo o DVD “Eternamente Nelson” reunindo materiais do cantor em apresentações nos programas Globo de Ouro e Fantástico e do especial gravado por ele na emissora em 1981. Em 2010, foi lançado um painel da carreira do cantor com o lançamento de 56 faixas gravadas por ele e reunidas em dois CDs duplos onde são apresentados duetos com Chico Buarque e Gal Costa, e clássicos sambas canção e tangos, entre outros.
Ainda em 2018, foi lançado pelo selo Nova Estação/Eldorado o CD “Angela Maria & Nelson Gonçalves – Ao vivo” registro de show gravado ao vivo em 1978 no Anhembi, em São Paulo e até hoje inédito. O registro chegou a ser lançado de forma pirata em 2013 mas a cantora não gostou do resultado e ganhou na justiça a retirada do material de circulação. A pedido da cantora o produtor Thiago Marques Luiz editou o material. Segundo ele: “Tiramos as locuções e duas músicas nas quais ela não gostou do resultado – conta o produtor, que lamenta que o  disco, previsto para ser lançado há alguns meses, chegue às lojas apenas após a morte de Angela”. No disco ele e Angela Maria interpretam 30 composições do repertório de ambas, em duetos ou solo. Ao final de 2018, já se preparavam, no Rio de Janeiro e São Paulo, as celebrações de seu centenário, em meados do ano seguinte.

Em 2019, estreou no Teatro Clara Nunes o espetáculo “Nelson Gonçalves – O amor e o tempo” com texto de Gabriel Chalita, direção de Tânia Nardini e com os atores Guilherme Logulo e Jullie nos papéis principais do musical que apresenta clássico do cantor em homengem ao centenário de seu nascimento.  Ainda em 2019, por ocasião das comemorações de seu centenário de nascimento, foi homenageado com o lançamento de um selo dos Correios e um programa na Rádio Batuta do Instituto Moreira Salles (IMS), apresentado pelo jornalista Joaquim Ferreira dos Santos. Seu centenário também foi marcado pelo lançamento nas plataformas streaming´, com curadoria do pesquisador Rodrigo Faour, de 35 de seus álbuns lançados ao longo da carreira. Também foi homenageado pela Rádio Cravo Albin e pelas redes sociais do Instituto Cultural Cravo Albin.

Discografias
1998 BMG Ariola CD O Rei do Rádio
1997 BMG Ariola CD Ainda é cedo
1996 CD 50 anos de boemia vol. I
1994 BMG LP Cante comigo
1993 BMG Ariola LP Isto é Brasil
1993 CD Mensagem-Isaurinha Garcia e Nelson Gonçalves
1992 BMG Ariola CD O boêmio & O pianista-Nelson Gonçalves e Arthur Moreira Lima
1991 BMG Ariola LP Serenata
1990 BMG Ariola LP Nélson Gonçalves ao vivo
1989 BMG Ariola LP Auto-retrato
1988 BMG Ariola LP E por falar em paixão
1986 RCA Victor LP Ele & elas Vol. 2
1985 RCA Victor LP Eu & eles
1984 RCA Victor LP Ele & Elas
1984 RCA Victor LP Hoje como antigamente
1983 RCA Victor LP Jóias musicais
1982 RCA Victor LP Conclusão
1981 RCA Victor LP Produção 96
1980 RCA Victor LP Nelson especial na intimidade
1980 RCA Victor LP Os 40 anos de Nelson Gonçalves
1979 RCA Victor LP Nélson de hoje
1978 RCA Victor LP Eu te amo
1977 RCA Victor LP Nélson de três gerações
1977 RCA Victor LP Reserva de domínio
1976 RCA Victor LP Nélson até 2001
1975 RCA Victor LP Nélson cada vez melhor
1975 RCA Victor LP Nélson de todos os tempos
1974 RCA Victor LP Nélson 35 anos depois
1973 RCA Victor LP Quando a Lapa era a Lapa
1972 RCA Victor LP Sempre boêmio
1971 RCA Victor LP Pra você
1970 RCA Victor LP Só nós dois
1969 RCA Victor LP Nelson Gonçalves - Apelo
1968 RCA Victor LP Missão cumprida - A volta de Nelson Gonçalves
1967 RCA Victor LP Nelson Gonçalves e o tango
1966 RCA Victor LP Coisas minhas
1965 RCA Victor LP A voz de seresteiro
1965 RCA Victor LP Saudade
1964 RCA Victor LP Nelson sempre Nelson
1964 RCA Victor LP Tudo de mim
1963 RCA Victor LP Na voz de Nelson Gonçalves
1963 RCA Victor 78 Pintura/Enigma
1963 RCA Victor LP Romântico
1962 RCA Victor 78 Desejo/Tão só
1962 RCA Victor 78 Dois amores/Meu bairro
1962 RCA Victor LP Eu e a minha tristeza
1962 RCA Victor LP Nós e a seresta
1962 RCA Victor 78 O amanhã do nosso amor/Pra teu castigo
1962 RCA Victor 78 Piedosa mentira/Indulto
1962 RCA Victor 78 Seresta moderna/Protesto
1961 RCA Victor 78 Flor do meu bairro/Timidez
1961 RCA Victor 78 Levanta-me, meu amor/Fica comigo esta noite
1961 RCA Victor 78 Moço/Noite de saudade
1961 RCA Victor LP Noite de saudade
1961 RCA Victor LP Sambas e boleros na voz de Nelson Gonçalves
1960 RCA Victor 78 Doidivana/Fantoche
1960 RCA Victor 78 Meu dilema/Certinha
1960 RCA Victor LP Meu perfil
1960 RCA Victor 78 Meu perfil/Chora comigo
1960 RCA Victor LP Queixas
1960 RCA Victor 78 Queixas/Depois do amor
1959 RCA Victor 78 Mariposa/Argumento
1959 RCA Victor 78 Meu triste long-play/Revolta
1959 RCA Victor 78 Nosso amor/O que passou, passou
1959 RCA Victor LP Nélson Gonçalves em HI-FI
1959 RCA Victor 78 O preço da glória/Noite de insônia
1959 RCA Victor LP Êxtase
1958 RCA Victor 78 Atiraste uma pedra/Nova Copacabana
1958 RCA Camden LP Buquê de melodias
1958 RCA Victor 78 Deixe que ela se vá/Destino
1958 RCA Victor LP Escultura
1958 RCA Victor 78 Prece ao sol/Se ninguém te ama
1958 RCA Victor 78 Êxtase/Deusa do asfalto
1957 RCA Victor 78 Arlequim/Depois que a saudade passou
1957 RCA Victor LP Caminhemos
1957 RCA Victor 78 Escultura/Silêncio da seresta
1957 RCA Victor 78 Lili analfabeta/Boêmia
1957 RCA Victor LP Pensando em ti
1957 RCA Victor 78 Pensando em ti/Nega manhosa
1957 RCA Victor 78 Que me importa/História da Lapa
1956 RCA Victor 78 Amarga confissão/Nasci para o samba
1956 RCA Victor 78 Casamento é loteria/Vou pra Goiás
1956 RCA Victor 78 Grilo seresteiro/Fracassei
1956 RCA Victor 78 Mande notícias/Estrelas na lama
1956 RCA Victor 78 Meu desejo/A volta do boêmio
1956 RCA Victor LP Noel Rosa na voz romântica de Nélson Gonçalves
1956 RCA Victor 78 Nossa Senhora das Graças/Dolores Sierra
1956 RCA Victor LP O tango na voz de Nélson Gonçalves
1956 RCA Victor 78 Quatro fantasias
1956 RCA Victor 78 Saudade
1956 RCA Victor 78 Vermelho vinte e sete/Lençol de linho
1955 RCA Victor 78 Canção do rouxinol/Natal branco

(Com Trio de Ouro)

1955 RCA Victor 78 Hoje quem paga sou eu/Enfermeira
1955 RCA Victor 78 Italiana
1955 RCA Victor 78 Meu vício é você/Esta noite me embriago
1955 RCA Victor 78 Nem por compaixão/Escrava da saudade
1955 RCA Victor 78 O que é que eu vou dizer
1955 RCA Victor 78 Seu nome não é Maria/Tortura mental
1955 RCA Victor 78 Todo vedete/Linda romana
1954 RCA Victor 78 Carlos Gardel/Francisco Alves
1954 RCA Victor 78 Como eu previa/Que importa
1954 RCA Victor 78 Fume um cigarro-Fumei

(Com Linda Batista)

1954 RCA Victor 78 Lança-perfume/Ouro em pó
1954 RCA Victor 78 Profeta/Hoje, quem sou
1954 RCA Victor 78 Quatro amores/Estudante
1954 RCA Victor 78 Suplício/Se eu fosse Getúlio
1954 RCA Victor 78 Treze listas/Porque amo São Paulo
1954 RCA Victor 78 Tô sentindo uma coisa
1953 RCA Victor 78 Datilógrafa/Brinquei com o amor
1953 RCA Victor 78 Sempre é carnaval/Manicure
1953 RCA Victor 78 Só vejo você/Louquinho pra casar
1953 RCA Victor 78 Tantos anos/A camisola do dia
1952 RCA Victor 78 Ficarás/Minha dor
1952 RCA Victor 78 Madrileña/De braço com outro
1952 RCA Victor 78 Meu sonho de amor (Violino triste)/Última seresta
1952 RCA Victor 78 O terceiro homem/Minha linda hindu
1952 RCA Victor 78 Redoma de vidro/A média luz
1952 RCA Victor 78 Sempre vivemos em paz/Arrependimento
1952 RCA Victor 78 Sereno

(Com o Trio de Ouro)

1952 RCA Victor 78 Simbad, o marujo/Salve a viúva
1952 RCA Victor 78 Telefonista/Quem tem
1952 RCA Victor 78 Tudo menos carinho/Comentário
1952 RCA Victor 78 Vai meu baião/Cada um com seu amor
1951 RCA Victor 78 Confete dourado/Desprezado
1951 RCA Victor 78 Ela tem que se humilhar/Amor perfeito
1951 RCA Victor 78 Nem coberta de ouro/Fala por mim violão
1951 RCA Victor 78 Nem o chope/Perambulando
1951 RCA Victor 78 Sem o teu amor/Onde estava eu ?
1951 RCA Victor 78 Vem, amor/Eu sei
1950 RCA Victor 78 Ai, morena
1950 RCA Victor 78 Amigo/Mulheres de ninguém
1950 RCA Victor 78 Arrependida (Com Trio de Ouro)/Se ela perguntar por mim
1950 RCA Victor 78 Ave-Maria no morro/Só eu
1950 RCA Victor 78 Bons tempos aqueles/Mensageira dileta
1950 RCA Victor 78 Restinho de amor/A beleza dos meus olhos
1950 RCA Victor 78 Toureiro/Dama, valete e rei

(Com Trio de Ouro)

1949 RCA Victor 78 A hora é boa/Meu castigo
1949 RCA Victor 78 Normalista/Quem será
1949 RCA Victor 78 Serpentina/Tanto bate até que fura
1949 RCA Victor 78 Você é quem pensa/Quando voltares...
1947 RCA Victor 78 Adeus dona folia
1947 RCA Victor 78 As covinhas de iaiá
1947 RCA Victor 78 Bem-te-vi
1947 RCA Victor 78 Ciúme/Sapoti
1947 RCA Victor 78 Foi você/Pepita
1947 RCA Victor 78 Minha morena/Tormento
1947 RCA Victor 78 Minha revelação/Voltei à residência
1947 RCA Victor 78 Morena cor de canela/Que será de nós
1947 RCA Victor 78 Não sei porquê
1947 RCA Victor 78 Princesa de Bagdad/Perdôo, sim
1947 RCA Victor 78 Segredo/Marina
1946 RCA Victor 78 A valsa do amor/Mais uma vez
1946 RCA Victor 78 A você/Acabou-se o confete
1946 RCA Victor 78 Cem anos atrás/Posso sim
1946 RCA Victor 78 Conselho/Pelas lágrimas
1946 RCA Victor 78 História joanina/Última estrofe
1946 RCA Victor 78 Ladrãozinho/Lamento
1946 RCA Victor 78 Muitos amores/Pode ir
1946 RCA Victor 78 Não me olhe assim/A alma do tutu
1946 RCA Victor 78 O relógio da Central/A rainha do mar
1946 RCA Victor 78 Odalisca/Rosália
1946 RCA Victor 78 Seus olhos na canção/Coração
1946 RCA Victor 78 Teu retrato/Dona Rosa

(com Isaura Garcia)

1945 RCA Victor 78 Alma que chora/É sempre bom
1945 RCA Victor 78 Dor da saudade/Pela primeira vez
1945 RCA Victor 78 Espanhola/Puxa os cabelos dela
1945 RCA Victor 78 Falsos poemas/Tudo em vão
1945 RCA Victor 78 Menina-dos-olhos/Até que enfim, favela
1945 RCA Victor 78 Meus amores/Aquela mulher
1945 RCA Victor 78 Quando é noite de lua
1945 RCA Victor 78 Santa/Sempre juntos
1945 RCA Victor 78 Se você quer deixar o meu lar/Direito de amar
1945 RCA Victor 78 Segure no meu braço
1945 RCA Victor 78 Silêncio/Maria Betânia
1945 RCA Victor 78 Tenho outra em seu lugar/Como sofre essa mulher
1945 RCA Victor 78 Voltarás/Valsa de quem não tem amor
1944 RCA Victor 78 Dos meus braços tu não sairás/Saudades do Rio
1944 RCA Victor 78 Eu não posso viver sem mulher/No céu é assim
1944 RCA Victor 78 Lágrima sentida/Eu quero te ver morena
1944 RCA Victor 78 Nadir/Primeira mulher
1944 RCA Victor 78 Nossa comédia/Casa de sopapo
1944 RCA Victor 78 Não agüento mais
1944 RCA Victor 78 Não fique louco/Covarde
1944 RCA Victor 78 Que bom vai ser!
1944 RCA Victor 78 São Jorge/Meu perdão não terás
1944 RCA Victor 78 Tudo é nostalgia/Queira Deus
1944 RCA Victor 78 Uno/Ela me beijou
1943 RCA Victor 78 A valsa de Maria/Olhos negros
1943 RCA Victor 78 Brasil, coração da gente/Meu barco é veleiro
1943 RCA Victor 78 Cruz da desilusão/Foi tudo ilusão
1943 RCA Victor 78 Eu jurei/Vai, amor
1943 RCA Victor 78 Noite de lua/Não sou feliz nos amores
1943 RCA Victor 78 Quando a saudade vier/Mãe Maria
1943 RCA Victor 78 Sabiá de mangueira/Quase louco
1943 RCA Victor 78 Sempre em meu coração/Ai, amor
1943 RCA Victor 78 Solidão/A saudade é um compasso demais
1943 RCA Victor 78 Volta/Perfeitamente
1942 RCA Victor 78 Diga/A mulher do seu José
1942 Victor 78 Ingrata/Ninguém vem ouvir os meus ais
1942 Victor 78 Isso aqui tem dono/Renúncia
1942 Victor 78 Madrugada
1942 RCA Victor 78 Marilu/Deusa do Maracanã
1942 RCA Victor 78 Não tenho queixa/Renúncia
1942 RCA Victor 78 O coração reclama/Ai, ai, amor
1942 RCA Victor 78 O homem da capa preta/Põe a mão na consciência
1942 Victor 78 Os anos carregaram/Dorme que eu velo por ti
1942 Victor 78 Podia ser pior/Baianinha
1942 Victor 78 Quem mente perde a razão/Saudade que maltrata
1942 RCA Victor 78 Vem surgindo a avenida/O diabo da mulher

(Com Cyro Monteiro)

1941 Victor 78 Fingiu que não me viu/Quem fala é o coração
1941 Victor 78 Formosa mulher/A mulher dos sonhos meus
1941 Victor 78 Se eu pudesse um dia/Sinto-me bem
Obras
A lágrima mais triste (c/ Neném)
A mais bela emoção
A rosa que você me deu (c/ Maria Luiza)
A você (c/ Paulo Marques)
A volta do boêmio
Agüenta o galho (c/ Herivelto Martins)
Aos pés do altar (c/ Noca da Portela)
Aqui se faz.aqui se paga (c/ Herivelto Martins)
Arco-íris (c/ Raul Sampaio)
Arlequim (c/ Jorge Faraj e Rubens Soares)
Arrependimento (c/ Almeida Batista)
Até que enfim, favela (com Heitor dos Prazeres)
Aviso (c/ Adelino Moreira)
Bendita, maldita
Boemia (c/ Nilo Silva e Atanásio Lima)
Brigar pra que (c/ Celso Castro)
Brio de um homem ferido (c/ Celso Castro)
Cantiga da volta
Carmen (c/ Herivelto Martins)
Certinha (c/ David Nasser)
Chico Dum Dum (c/ Francisco Ignácio)
Céu redondo (c/ Adelino Moreira)
De braços abertos (c/ René Bittencourt)
Definitivamente (c/ Adelino Moreira)
Depois de 2001 (c/ Adelino Moreira)
Depois do amor
Desespero (c/ Alfredo Zaim)
Dor adulta (c/ Adelino Moreira)
Ela rasgou meu pierrot de cetim
Enquanto houver serenata (c/ Waldemar Roberto)
Escultura (c/ Adelino Moreira)
Esquece coração (c/ Rubens Soares)
Esquerdo do amor
Estaca zero (c/ Adelino Moreira)
Estrelas na lama (c/ Herivelto Martins)
Estudante (c/ Adelino Moreira)
Eu quisera
Eu te agradeço
Eu te amo (c/ Adelino Moreira)
Fala por mim violão (c/ Luiz de França)
Falsa moral (c/ Carlos Colla)
Fica comigo esta noite (c/ Adelino Moreira)
Fracassei (c/ Herivelto Martins)
Inventor (c/ Neném)
La ley de mas fuerte (c/ Adelino Moreira)
Leviana (c/ Herivelto Martins)
Lua indiscreta (c/ Adelino Moreira)
Madrileña (c/ Adelino Moreira)
Mais uma vez (c/ Mário Rossi)
Marcha do trouxa (c/ Herivelto Martins e Adelino Moreira)
Maria Luíza
Maria Pureza (c/ René Bittencourt)
Mariposa (c/ Adelino Moreira)
Menina dos olhos
Meu perdão não terás (c/ Jorge de Castro)
Meu perfil (c/ Adelino Moreira)
Mil Ave Marias (c/ Adelino Moreira)
Minha mulher
Miragem (c/ Adelino Moreira)
Nem coberta de ouro (c/ Antônio Elias)
Nosso amor (c/ Adelino Moreira)
Nota de cem (c/ Neném)
Novamente sou boêmio (c/ Chiquinho e Estevam Lobo)
Nunca mais, amor (c/ Candinho)
Não quero mais sonhar (c/ Adelino Moreira)
O dobro da minha vida (c/ Francisco Ignácio)
O mundo em meus braços (c/ Adelino Moreira)
O peso das lágrimas (c/ Adelino Moreira)
O que passou, passou
O que é que eu faço
Olhos negros
Ouro em pó (c/ Adelino Moreira e Valdir Machado)
Outros carnavais virão (c/ David Augusto Alves)
Permita (c/ Carlos Colla)
Por teu amor aprendi a ser triste
Porque amo São Paulo (c/ David Nasser)
Pra quem sabe esperar
Procissão sem andor
Profeta (c/ Adelino Moreira)
Profissão de fé
Quebrei a jura (c/ Celso Castro)
Queira Deus (com Germano Augusto)
Quem com ferro fere (c/ Maria Luiza e Celso Castro)
Quem tem (c/ Adelino Moreira)
Raízes (c/ Nelson Cavaquinho)
Redoma de vidro (c/ Herivelto Martins)
Revolta (c/ Raul Sampaio)
Salve a viúva (c/ Herivelto Martins)
Samba Brasil (c/ Waldemar Roberto)
Saudade
Saudade danada
Se ela não telefonar
Se você me deixar como diz (c/ Nelson Antônio):
Sem o teu amor (c/ David Nasser)
Serenata
Sereno (c/ Herivelto Martins)
Seresta moderna
Será que nunca me amaste? (c/ Neném)
Sinfonia da mata
Sofrimento (c/ Norival Reis)
Solidão
São Jorge (c/ Mário Rossi)
Só eu (c/ Geraldo Gomes)
Só me faltava esta (c/ Maria Luiza)
Só papo furado
Só você
Tantos anos (c/ René Bittencourt)
Teu retrato (c/ Benjamin Batista)
Tristeza
Tu nombre (c/ Adelino Moreira)
Tua ausência (c/ Celso Castro)
Tudo que vai, vem (c/ Celso Castro)
Tão só
Usted llegó (c/ Adelino Moreira)
Vai meu baião (c/ Denis Brean)
Vem, amor (c/ Paulo Tapajós)
Verbo amar (c/ Herivelto Martins)
Vitrina
Você é assim (c/ Alex e Candinho)
Voltará (c/ Paulo Marques)
Yo, te quiero (c/ Adelino Moreira)
Êxtase (c/ Adelino Moreira)
Último sonho
Bibliografia Crítica

ALBIN, Ricardo Cravo. Dicionário Houaiss Ilustrado Música Popular Brasileira – Criação e Supervisão Geral Ricardo Cravo Albin. Rio de Janeiro: Instituto Antônio Houaiss, Instituto Cultural Cravo Albin e Editora Paracatu, 2006.

ALBIN, Ricardo Cravo. MPB – A História de um século. Rio de Janeiro: Funarte, 1998.

AMARAL, Euclides. Alguns Aspectos da MPB. Rio de Janeiro: Edição do Autor, 2008. 2ª ed. Esteio Editora, 2010. 3ª ed. EAS Editora, 2014.

AZEVEDO, M. A . de (NIREZ) et al. Discografia brasileira em 78 rpm. Rio de Janeiro: Funarte, 1982.

CARDOSO, Sylvio Tullio. Dicionário Biográfico da música Popular. Rio de Janeiro: Edição do autor, 1965.

COSTA, Cecília. Ricardo Cravo Albin: Uma vida em imagem e som. Rio de Janeiro: Edições de Janeiro, 2018.

MARCONDES, Marcos Antônio. (ED). Enciclopédia da Música popular brasileira: erudita, folclórica e popular. 2. ed. São Paulo: Art Editora/Publifolha, 1999.

SEVERIANO, Jairo e MELLO, Zuza Homem de. A canção no tempo. Volume1. São Paulo: Editora: 34, 1999.

Crítica

Quando Nelson morreu, o Brasil todo chorou. E por várias razões. A primeira das quais pela viuvez em que se viu o país, sem seu último cantor de gogó de ouro.

Nelson, com efeito, foi o derradeiro dos grandes intérpretes que vinham na generosa tradição de abrir o peito e cantar (e encantar), mesmo sem microfone. Chico Alves foi o primeiro que se foi, ceifado em trágico desastre na Rodovia Rio—São Paulo (1952). Orlando Silva, Galhardo e Sílvio Caldas morreram nesses últimos 20 anos.

Nelson reinou absoluto e acabou herdeiro deles todos, especialmente de seu ídolo Orlando Silva, de quem, aliás, sempre conservou alguma influência, ainda que leve, quase sutil.

Há um dado, contudo, que quero acentuar aqui e que liga umbelicalmente todos os cantores que fazem sucesso continuado neste país.

Sabem qual é? É o repertório romântico, que faz embalar as profundezas ancestrais de um povo como o nosso, tão visceralmente mulato, fruto de três raças sentimentais como o branco colonizador, o escravo negro e o índio roubado em suas próprias terras.

Nelson Gonçalves era um intuitivo e cantava o que o povo queria, sem quaisquer considerações críticas, muito menos intelectuais.

Rude, às vezes grosso. Mas rápido, rapidíssimo no gatilho. Justo, pois, o apelido Metralha.

Ricardo Cravo Albin