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Nome Artístico
Mário Reis
Nome verdadeiro
Mário da Silveira Meirelles Reis
Data de nascimento
31/12/1907
Local de nascimento
Rio de Janeiro, RJ
Data de morte
5/10/1981
Local de morte
Rio de Janeiro, RJ
Dados biográficos

Cantor.

Nas palavras do crítico Tárik de Souza, foi “o mais carioca dos cantores”. Passou a infância no bairro da Tijuca, onde cursou o primário e o ginásio no Instituto La-Fayette. Desde então, mostrava interesse por esportes, como futebol e tênis. Sua mãe, Alice da Silveira, era de família rica, uma das proprietárias da Fábrica Bangu de Tecidos e conhecida na sociedade carioca. Um de seus primos era o teatrólogo Silveira Sampaio. Seu pai, Raul Meirelles Reis era comerciante e foi presidente do América Futebol Clube, mas morreu num acidente de trem quando o cantor tinha 17 anos. Sua mãe seria internada, poucos anos mais tarde, por problemas psicológicos. Apesar de ter um irmão pouco mais velho do que ele, João, sempre teve como apoio familiar a figura de seu tio materno, Guilherme da Silveira, e dos primos Guilherme e Joaquim (filhos de Guilherme).

Em 1924, Começou a estudar violão com Carlos Lentine, violonista que integraria, na década de 1930, o Regional de Benedito Lacerda. Em 1926, ingressou na Faculdade de Direito situada na Rua do Catete, onde se tornou colega de Ary Barroso. Neste mesmo ano, conheceu o compositor Sinhô, com quem passou a tomar aulas de violão e a quem já admirava como compositor. Impressionado com a interpretação que ele dava a seus sambas, Sinhô o convidou a tentar uma gravação, o que aconteceu em 1928. Formou-se em Direito, em 1930.

Em 1933, empregou.-se como fiscal de jogo. Por volta de 1936, com apenas 28 anos, abandonou a carreira artística e assumiu o cargo de oficial de gabinete do então prefeito do Distrito Federal, o cônego Olympio Mello. E se manteve no cargo na gestão do prefeito Henrique Dodsworth, voltando a cantar e a gravar discos algumas poucas vezes, como no espetáculo beneficente “Joujoux e Balangandans”, organizado pela primeira-dama Darcy Vargas, em 1939, ou como em sua última apresentação pública, no Golden Room, em 1971. Foi freqüentador assíduo da sede do Jockey Clube, no Centro do Rio, onde costumava jogar Bridge até a demolição do prédio, em meados da década de 1970, e do Country Clube, em Ipanema, no qual foi aceito como sócio na década de 1940 onde recebia a muitos amigos e chegou a realizar pequenos shows para grupos seletos, geralmente acompanhado pelo pianista Raul Mascarenhas (que foi casado com a cantora Carminha Mascarenhas ). Passou a residir no Hotel Copacabana Palace, em 1957, onde se manteve até o fim da vida, ocupando o quarto nº 140. Morreu, aos 73 anos, inconformado com a operação a que teve que se submeter para tratar de um aneurisma. No dia seguinte à sua morte, o crítico Sérgio Cabral publicou, no jornal O Globo, um artigo em que o definia como “o homem que ensinou o brasileiro a cantar”. Nunca tendo aceito a convites reiterados de R. C. Albin para gravar depoimento ao Museu da Imagem e do Som, o único registro gravado sobre sua vida passou a ser uma fita cassete utilizada pelo jornalista Silio Bocanera, então repórter do Jornal do Brasil, em 1971, para sua matéria sobre o show do cantor no Golden Room, publicada no Caderno B:”Mário Reis: a escolha da Volta”. A mesma fita chegou a ser utilizada num especial produzido pela rádio Jornal do Brasil AM, dias após o enterro do cantor. Nos anos 1980 e 1990 foi homenageado por vários cineastas brasileiros, tanto no filme autobiográfico “O mandarim”, de Júlio Bressane quanto em outras referências fílmicas.

Dados artísticos

Lançou seu primeiro disco em 1928 pela Odeon registrando o samba “Que vale a nota sem o carinho da mulher” e o romance “Carinhos de vovô”, ambas composições de Sinhô, acompanhado pelos violões do próprio compositor e de Donga. Seu estilo coloquial de cantar contrastava com o de cantores como Vicente Celestino, Carlos Galhardo e Francisco Alves. A gravação de discos saía então da era mecânica para entrar na era do sistema elétrico. Os cantores passavam a fazer uso do microfone ao invés do antigo autofone. O novo processo favoreceu bastante seu estilo, mais simples e coloquial. No entanto, era também um cantor de voz forte e se adequava perfeitamente à maneira mais operística do canto de Francisco Alves, com quem formou dupla e realizou cerca de 24 gravações, no início da década de 1930. Segundo os pesquisadores Jairo Severiano e Zuza Homem de Melo, ao romper com a tradição do bel canto italiano, que imperava até então, ele inaugurou um novo período na história do canto popular no Brasil, que passou a ser mais natural e espontâneo. Intérprete ideal para os sambas de Sinhô, gravou em 1929 “Gosto que me enrosco”, acompanhado por dois violões um dos quais provavelmente executado pelo próprio Sinhô. Este samba, cuja autoria foi reivindicada por Heitor dos Prazeres, teve uma versão inicial com letra de Bastos Tigre, intitulada “Cassino Maxixe”, lançada na comédia “Sorte grande”, que inaugurou o Teatro Cassino, em 1926. Tempos depois, Sinhô compôs novos versos, dando ao samba o nome “Gosto que me enrosco”. Ainda no mesmo ano, gravou o samba “Jura”, sem dúvida, o maior sucesso do compositor Sinhô. Lançado por Aracy Cortes na revista “Microlândia”, reprisado em “Miss Brasil”, “Jura” foi gravado simultaneamente por ele e Aracy Cortes, em fins de 1928, tornando-se uma das músicas mais cantadas no Brasil nos anos seguintes. Ainda em 1929, lançou o samba “Vou à Penha”, primeira composição gravada de Ary Barroso, seu colega de faculdade e à época ainda compositor desconhecido. Em agosto, estreou na Rádio Sociedade, interpretando o samba “Vamos deixar de intimidade”, também de Ary Barroso.

Em 1930, formou famosa dupla com o cantor Francisco Alves, com o qual gravou um total de 12 discos. No primeiro registro interpretaram os sambas “Deixa essa mulher chorar”, de Brancura e “Quá-quá-quá”, de Lauro dos Santos. Com o êxito da dupla surgiram várias outras duplas de cantores, como a formada por Jonjoca e Castro Barbosa. Em 1931, gravou com Francisco Alves o samba “Se você jurar”, de Ismael Silva e Nilton Bastos, que também foi assinado por Francisco Alves. Neste mesmo ano, em visita a São Paulo, gravou na Columbia os sambas “Não me perguntes”, de Joubert de Carvalho e “Quem ama não esquece”, esta última composta por ele próprio. Como mantinha contrato de exclusividade com a Odeon usou o pseudônimo C. Mendonça. Ainda em 1931, excursionou à Argentina ao lado de Francisco Alves, Carmen Miranda, Luperce Miranda, Tute e os dançarinos Nestor Figueiredo e Célia Zenatti. Em 1932, gravou ainda na Odeon em dueto com Lamartine Babo e acompanhamento da Orquestra Copacabana o samba “Só dando com uma pedra nela”, de Lamartine Babo. Gravou também no mesmo ano os sambas “Mentir”, de Noel Rosa e “Prazer em conhece-lo”, de Noel Rosa e Custódio Mesquita. Em 1933, gravou os sambas “Quando o samba acabou” e “Capricho de rapaz solteiro”, de Noel Rosa. No mesmo ano, gravou dois discos na Columbia interpretando quatro sambas de Noel Rosa: “Vejo amanhecer” e “Filosofia”, com acompanhamento de Pixinguinha e sua orquestra e “Meu barracão” e “Esquina da vida”, este, parceria de Noel Rosa com Francisco Mattoso. Ainda no mesmo ano, gravou na Victor com Lamartine Babo e o Grupo da Guarda Velha as marchas “Aí!…Hein!…” e “Boa bola”, de Lamartine Babo e Paulo Valença e “Linda morena”, de Lamartine Babo. Ainda em 1933, lançou pela Victor com Carmen Miranda e os Diabos do Céu a marcha “Chegou a hora da fogueira” e o samba “Tarde na serra”, ambas de Lamartine Babo. Com Almirante, Carmen Miranda, Lamartine Babo e o Grupo do Canhoto gravou o cateretê “As cinco estações do ano”, de Lamartine Babo. Também no mesmo ano, gravou um clássico do samba: “Agora é cinza”, de Alcebíades Barcellos e Armando Marçal.

Em 1934, mais um sucesso com “Uma andorinha não faz verão”, marcha carnavalesca de João de Barro e Lamartine Babo. Gravada originalmente em 1931 por Alvinho, tornou-se sucesso na sua voz. Ainda em 1934, gravou com Carmen Miranda o samba “Me respeite…ouviu?”, de Walfrido Silva e a marcha “Isto é lá com Santo Antônio”, de Lamartine Babo com acompanhamento dos Diabos do Céu e o samba “Alô, alô”, de André Filho, com acompanhamento do Grupo do Canhoto.

Em 1935, participou dos filmes musicais “Alô, alô Brasil” e “Estudantes”, ambos de Wallace Downey. No primeiro, interpretou a marcha “Rasguei a minha fantasia”, de Lamartine Babo e, no segundo, a marcha “Linda Mimi”, de João de Barro, o maior sucesso do filme. No mesmo ano, fez sucesso no carnaval com a marcha “Eva querida”, de Luiz Vassallo com acompanhamento dos Diabos do Céu. Em 1936, atuou no filme “Alô, alô, carnaval”, de Ademar Gonzaga no qual interpretou as marchas “Cadê Mimi?”, de João de Barro e Alberto Ribeiro; “Teatro da vida”, de A . Vítor e “Fra Diávolo no carnaval”, de Carlos Martinez e Alberto Ribeiro. No mesmo ano, lançou pela Odeon os sambas “Este meio não serve”, de Donga e Noel Rosa e “Tira…tira…”, de Donga e Alberto Simões com acompanhamentos de Simon Boutman e Orquestra Odeon.

Avesso a badalações, evitava ao máximo entrevistas, fotografias e aparições públicas e foi se afastando no meio artístico. Em 1939, após ausência das gravações por um período de três anos retornou ao disco com “Joujoux e balangandãs”, marcha de Lamartine Babo, grande sucesso do espetáculo beneficente de mesmo nome realizado no Rio de Janeiro no mesmo ano, patrocinado pela então Primeira-Dama, Sra. Darcy Vargas e com direção musical de Radamés Gnattali. A composição mostra um diálogo musical entre um brasileiro e uma francesa, vividos no palco e no disco por ele e Mariah (pseudônimo da socialite Maria Clara Correia de Araújo). A gravação recebeu orquestração de Pixinguinha no lugar da realizada por Radamés para o espetáculo, pois esta era extensa demais para o disco. No mesmo ano, lançou o samba “Voltei a cantar”, de Lamartine Babo com acompanhamento de Kolman e a orquestra do Cassino da Urca; o samba “Deixa essa mulher sofrer”, de Ary Barroso com acompanhamento de Fon-Fon e sua orquestra e a marcha “Iaiá boneca”, de Ary Barroso com acompanhamento de Kolman e orquestra do Cassino da Urca. Em 1940, gravou na Columbia a marcha “Virgula”, de Alberto Ribeiro e Frazão e o samba “Você me maltrata”, de Xavier de Souza, Marques Júnior e Roberto Roberti. Após esse disco, afastou-se da vida artística outra vez.

Em 1951, retornou ao microfone gravando quatro discos pela Continental. Nos três primeiros, relaçou antigos sucessos de Sinhô como os sambas “Jura”, “Fala meu louro” e “Ora vejam só”, com acompanhamento de Vero, pseudônimo do maestro Radamés Gnattali, que fez os arranjos, e sua orquestra. O outro disco foi lançado no ano seguinte com a marcha “Flor tropical”, de Ary Barroso e o samba “Saudade do samba”, de Fernando Lôbo com acompanhamentos de Vero e sua orquestra.

Em 1960, Aloysio de Oliveira o convidou a gravar pela Odeon o LP “Mário Reis canta suas criações em hi-fi”. Neste, que foi seu primeiro LP, e que teve aranjos de Lindolfo Gaya, gravou uma parceria de Antônio Carlos Jobim e Vinicius de Moraes, “O grande amor”, que seria recriada poucos anos depois por João Gilberto no disco Getz/Gilberto. Gravou ainda o samba-canção “Isso eu não faço não”, com música e letra de Antônio Carlos Jobim.

Em 1965, para os festejos do 4º centenário da cidade do Rio de Janeiro, o mesmo Aloysio de Oliveira produziu para a Elenco, também com arranjos do maestro Lindolfo Gaya, o LP “Mário Reis: Ao Meu Rio”. Nele, o cantor recriou antigos sucessos como “Quando o samba acabou”, de Noel Rosa, “Jura”, de Sinhô e “Pelo Telefone”, de Donga e Mauro de Almeida. Em 1967, a gravadora Elenco lançou o LP “O melhor do samba” no qual aparece como intérprete ao lado de Aracy de Almeida, Cyro Monteiro e Billy Blanco. No mesmo ano, a RCA Victor lançou o LP “Mário Reis”, reunindo 12 faixas anteriormente lançadas em 78 rpm, incluindo as gravações de “Chegou a hora da fogueira”, de Lamartine Babo, “Alô-Alô”, de André Filho, em duo com Carmen Miranda e “Linda Morena” e “A tua vida é um segredo”, em duo com o compositor Lamartine Babo. Em 1971, a Elenco relançou o LP “Ao Meu Rio” com o título de “Os grandes sucessos de Mário Reis”. No mesmo ano, a Odeon lançou o LP “Mário Reis”, onde o intérprete recriou antigos sucessos de seu repertório e apresentou composições mais recentes como “A Banda”, de Chico Buarque. Além desta marcha, a pedido dele, Chico Buarque entrava no disco com uma outra composição, o samba inédito “Bolsa de amores”, mas que foi censurado. O samba permanece ainda pouco conhecido e a letra remete a antigos sambas de Noel Rosa e Sinhô ou, como prefere o pesquisador e biógrafo Luís Antonio Giron, lembra sambas da “Turma do Estácio ” que se referiam ao ar desdenhoso das mulheres. A comparação entre a “moça fria e ordinária” com o mercado de ações na época em que se vivia o “Milagre Brasileiro” fez com que o samba fosse taxado de ofensivo à imagem da mulher brasileira. A gravação de “Bolsa de Amores” só seria lançada mais de dez anos após a morte do cantor em 1993 no CD “Mário Reis canta suas criações em hi-fi”, que contém os LPs gravados em 1960 e 1971. Incomodado com a censura ao samba o cantor insistiu para que a faixa fosse mantida no disco, ainda que sem o som da gravação, numa clara atitude de protesto. O disco foi lançado num show no Golden Room do Copacabana Palace em três apresentações com casa lotada, tendo sido aplaudido de pé por mais de dez minutos. Foi uma de suas últimas aparições públicas. Sendo essencialmente cantor, chegou também a assinar raramente algumas das composições que gravou, como no caso de “Quem ama não esquece”. Luis Antonio Giron afirma que ele também compôs com o pseudônimo de “Zé Carioca” com o qual assinou o samba “Nosso Futuro”, por ele mesmo gravado em 1932.

Em 1995, o cineasta Júlio Bressane levou às telas o filme “O Mandarim” no qual o ator Fernando Eiras vive o papel de Mário Reis em inusitados encontros com Noel Rosa, vivido por Chico Buarque, Sinhô, por Gilberto Gil, Tom Jobim, por Edu Lobo e Caetano Veloso, vivido pelo próprio. Em 1993, a gravadora Revivendo lançou o CD “Duplas de Bambas”, onde aparecem sucessos de Mário Reis/Francisco Alves e Jonjoca/Castro Barbosa. Em 2000, a coleção “Raízes do Samba”, da EMI, lançou o CD “Mário Reis”, com 20 gravações ao longo de toda a carreira do cantor. Desde “Jura”, de Sinhô, gravada em 1928, até “Nem é bom falar”, de Ismael Silva, Nilton Bastos e Francisco Alves, gravada em 1971. Algumas antológicas gravações da dupla Mário Reis/ Francisco Alves também aparecem nesse CD, como “Anda, vem cá”, composição de Bucy Moreira, neto da lendária Tia Ciata.

No ano de 2001, o jornalista Luís Antônio Giron lançou uma bem documentada biografia do cantor – “Mário Reis, o fino do samba” – pela Editora 34. No livro, o autor apresenta depoimentos inéditos sobre o intérprete e expõe sua visão da importância de Mário Reis para a formação de um jeito brasileiro de cantar. Ainda em 2001, a Revivendo lançou em CD a coletânea “Jura”, reunindo 21 gravações do cantor de diversos períodos de sua carreira, desde a faixa título, passando por “Agora é cinza”, de Bide e Marçal, “Filosofia”, de Noel Rosa e André Filho, “Me respeite… Ouviu?, de Walfrido Silva, esta gravada em duo com Carmen Miranda e também “Isso eu não faço, não”, de Antônio Carlos Jobim e “A Banda”, de Chico Buarque”.

Em 2002, o selo Revivendo lançou o CD “Ases do samba: Mário Reis e Francisco Alves”, com 25 gravações da dupla. Em 2004, foi lançada pela BMG uma caixa com três CDs reunindo material gravado pelo cantor para a RCA Victor. Com Produção de Carlos Sions os CDs ressaltam o pioneirismo do cantor que iniciou uma nova maneira de cantar na música popular brasileira. O CD triplo levou o título de “Mário Reis – Um cantor moderno” e estão presentes entre outras, obras como “A tua vida é um segredo”, “Verbo amar”, “Parei contigo”, “Tarde na serra”, “Eu queria um retratinho teu” e “O sol nasceu para todos”, todas de de Lamartine Babo, sendo as duas últimas em parceria com Noel Rosa, “É de amargar”, de Capiba, “Você faz assim comigo”, dos Irmãos Valença, “Não sei que mal eu fiz” e “Vou ver se posso”, de Heitor dos Prazeres, “Agora é cinza”, “Meu sofrimento” e “Nosso romance”, da dupla Bide e Marçal, “Esse samba foi feito pra você”, de Assis Valente, “Fui louco”, de Noel Rosa e Bide, “Doutor em samba”, de Custódio Mesquita, e “Estás no meu caderno”, de Wilson Batista, Benedito Lacerda e Oswaldo Silva. Também fazem parte dos CDs gravações feitas em dueto com outros cantores da época como “Boa bola”, “Aí, hem!” e “Linda morena”, as três de Lamartine Babo e interpretadas com o próprio Lamartine Babo, “Chegou a hora da fogueira” e “Isto é lá com Santo Antônio”, marchas juninas de Lamartine Babo cantadas em dueto com Carmen Miranda, cantora com a qual aparece ainda cantando a marcha “Alô, alô”, de André Filho, além da sátira “As cinco estações do ano”, de Lamartine Babo cantada juntamente com Almirante, Lamartine Babo e Carmen Miranda. No primeiro semestre de 2007, em comemoração ao centenário de seu nascimento foi criado pelo Instituto Cultural Cravo Albin o “Comitê Mário Reis” visando organizar eventos comemorativos contando com as participações de nomes como Alicinha Silveira, Ângela Catão e Cláudia Foialho, entre outras personalidades. No mesmo ano, foi homenageado pelo cantor Carlos Navas com o CD “Quando o samba acabou – Dedicado a Mário Reis” no qual o cantor reinterpretou dez canções gravadas anteriormente por aquele que foi chamado de “O mais carioca dos cantores”: “Quando o samba acabou”, de Noel Rosa, Se você jurar”, de Ismael Silva, Nilton Bastos e Francisco Alves, “Jura”, de Sinhô, “Filosofia”, de Noel Rosa e André Filho, “Dorinha meu amor”, de José Francisco de Freitas, “Sabiá”, de Sinhô, “Meu barracão”, de Noel Rosa, “Cansei”, de Sinhô, “Fui louco”, de Noel Rosa e Bide, e “Joujoux e balangandans”, de Lamartine Babo, gravada em dueto por Carlos Navas e Tetê Espíndola. Ainda por ocasião das comemorações do centenário de seu nascimento, foi homenageado pelo jornalista João Máximo, no dia 31 de dezembro, data de seu aniversário natalício com uma crônica na qual destacou sua importância como cantor e divulgador do samba do do pessoal do Estácio: “Mário Reis foi fundamental nisso. Estudiosos costumam comparar João Gilberto a ele, enfatizando o fato de ambos terem a voz pequena, mas a aproximação pode ser maior se for lembrado que, a partir de Reis (como a partir de João), muitos não-cantores passaram a usar a própria voz para interpretar o que compunham”.

Discografias
2004 BMG CD Mário Reis - Um cantor moderno
2002 Revivendo CD Ases do samba: Mário Reis e Francisco Alves
2001 Revivendo CD Jura
2000 EMI CD Mário Reis

Raízes do Samba

1993 Revivendo CD Duplas de Bambas: Francisco Alves e Mário Reis, Jonjoca e Castro Barbosa
1992 Revivendo CD Noel Rosa por Aracy de Almeida e Mário Reis
1971 Odeon LP Mário Reis
1971 Elenco LP Os grandes sucessos de Mário Reis

(Mesmo LP que "Ao meu Rio", com título trocado)

1965 Elenco LP Mário Reis: Ao Meu Rio
1960 Odeon LP Mario Reis canta suas criações em Hi-Fi
1952 Continental 78 Flor tropical/Saudade do samba
1951 Continental 78 Fala meu louro/Gosto que me enrosco
1951 Continental 78 Jura/Sabiá
1951 Continental 78 Ora vejam só/A favela vai abaixo
1940 Columbia 78 Vírgula/Você me maltrata
1939 Columbia 78 Deixa esta mulher sofrer/Iaiá Boneca
1939 Columbia 78 Joujoux e Balangandãs/Voltei a cantar
1936 Odeon 78 Este meio não serve/Tira...tira...
1936 Odeon 78 Fra diávolo no carnaval/Cadê Mimi?
1936 Odeon 78 Olha esse bloco/Foi audácia
1936 Odeon 78 Teatro da vida/Menina, eu sei de uma coisa...
1936 Odeon 78 Você é crente/Vai-te embora
1936 Odeon 78 Você é quem brilha/A tal
1936 Odeon 78 É você que eu ando procurando/Você merece muito mais
1935 Victor 78 Adeus saudade/Sonho de jardineiro
1935 Victor 78 Este samba foi feito pra você/Amei demais
1935 Victor 78 Eva querida/Muito mais
1935 Victor 78 Linda Ninon/Linda Mimi
1935 Odeon 78 Meu consolo/Foi assim que morreu o nosso amor
1935 Odeon 78 Na hora "H"/Vai Ter
1935 Victor 78 Pistolões/Roda de fogo
1934 Victor 78 Estás no meu caderno/Vou ver se posso...
1934 Victor 78 Gargalhada/Meu sofrimento
1934 Victor 78 Isto é lá com Santo Antônio/Pra meu São João
1934 Victor 78 Mais uma estrela/Cortada na censura
1934 Victor 78 Me respeite... ouviu?/Alô?... alô....
1934 Victor 78 Nada além/Parei contigo
1934 Victor 78 Nosso romance/Se eu fosse pintor
1934 Victor 78 Rasguei a minha fantasia/Verbo amar
1934 Victor 78 Ride... Palhaço/O sol nasceu pra todos
1934 Victor 78 Tenho raiva de quem sabe/Não sei que mal eu fiz
1934 Victor 78 Uma andorinha não faz verão/Moreninha tropical
1934 Victor 78 É de amargar/Você faz assim comigo
1933 Victor 78 Agora é cinza/Doutor em samba
1933 Victor 78 As cinco estações do ano
1933 Victor 78 Aí, hem?/Boa bola!
1933 Victor 78 Chegou a hora da fogueira/Tarde na serra

(Com Carmen Miranda e os Diabos do Céu)

1933 Columbia 78 Esquina da vida/Meu barracão
1933 Victor 78 Eu queria um retratinho de você/Força de malandro
1933 Victor 78 Fui louco/Pobre criança
1933 Victor 78 Linda morena/A tua vida é um segredo
1933 Odeon 78 Quando o samba acabou/Capricho de rapaz solteiro
1933 Odeon 78 Vai haver barulho no chatô
1933 Columbia 78 Vejo amanhecer/Filosofia
1932 Odeon 78 A razão dá-se a quem tem/Rir

(Com Francisco Alves)

1932 Odeon 78 Ao romper da aurora/Sinto muito
1932 Odeon 78 Estamos esperando/Tudo que você diz

(Com Francisco Alves)

1932 Odeon 78 Formosa/Primeiro amor

(Com Francisco Alves)

1932 Odeon 78 Marchinha do amor/Liberdade

(Com Francisco Alves)

1932 Odeon 78 Mas como... outra vez?/Fita amarela

(Com Francisco Alves)

1932 Odeon 78 Mentir/Prazer em conhece-lo
1932 Odeon 78 Perdão, meu bem/Antes não te conhecesse

(Com Francisco Alves)

1932 Odeon 78 Sofrer é da vida/Só dando com uma pedra nela
1932 Odeon 78 Uma jura que eu fiz/Mulato bamba
1932 Odeon 78 É preciso discutir/Foi em sonho

(Com Francisco Alves)

1931 Odeon 78 Arrependido/O que será de mim?

(Com Francisco Alves)

1931 Odeon 78 Batucada/N’aldeia
1931 Odeon 78 Nem assim/Anda, vem cá!

(Com Francisco Alves)

1931 Odeon 78 Não há/Se você jurar

(Com Francisco Alves)

1931 Columbia 78 Não me perguntes/Quem ama não esquece
1931 Odeon 78 Quem espera sempre alcança
1931 Odeon 78 Sinto saudade/Ri pra não chorar

(Com Francisco Alves)

1930 Odeon 78 Capricho de mulher/Não dou confiança ao azar
1930 Odeon 78 Deixa essa mulher chorar/Quá-Quá-Quá

(Com Francisco Alves)

1930 Odeon 78 Mentira/Já é demais
1930 Odeon 78 No Grajaú, Iaiá/Estou descrente
1930 Odeon 78 O que há contigo?/Meu coração não te aceita
1930 Odeon 78 Outro amor/Vou morar na roça
1930 Odeon 78 Risoleta/Nosso futuro
1930 Odeon 78 És falsa/Eu agora sou família
1929 Odeon 78 A medida do Senhor do Bonfim/Cansei
1929 Odeon 78 Deixaste meu lar/Podes sorrir
1929 Odeon 78 Perdão/Meu amor, vou-te deixar!
1929 Odeon 78 Vadiagem/Sorriso falso
1929 Odeon 78 Vai mesmo/Carga de burro
1929 Odeon 78 Vamos deixar de intimidade/É tão bonitinha!
1928 Odeon 78 Dorinha, meu amor!/Vou me vingar
1928 Odeon 78 Jura/Gosto que me enrosco
1928 Odeon 78 Novo amor/O destino é Deus quem dá
1928 Odeon 78 Que vale a nota sem o carinho da mulher/Carinhos de vovô
1928 Odeon 78 Sabiá/Deus nos livre do castigo das mulheres
1928 Odeon 78 Vou à Penha/Margô
Obras
Nosso futuro (sob pseudônimo de Zé Carioca)
Quem ama não esquece
Bibliografia Crítica

AMARAL, Euclides. Alguns Aspectos da MPB. Rio de Janeiro: Edição do Autor, 2008. 2ª ed. Esteio Editora, 2010. 3ª ed. EAS Editora, 2014.

AZEVEDO, M. A . de (NIREZ) et al. Discografia brasileira em 78 rpm. Rio de Janeiro: Funarte, 1982.

CARDOSO, Sylvio Tullio. Dicionário Biográfico da música Popular. Rio de Janeiro: Edição do autor, 1965.

EPAMINONDAS, Antônio. Brasil brasileirinho. Rio de Janeiro: Mec/Funarte, 1982.

GIRON, Luiz Antônio. Mário Reis: o fino do samba. São Paulo: Editora 34, 2001.

MARCONDES, Marcos Antônio. (ED). Enciclopédia da Música popular brasileira: erudita, folclórica e popular. 2. ed. São Paulo: Art Editora/Publifolha, 1999.

SANTOS, Alcino; BARBALHO, Gracio; SEVERIANO, Jairo e AZEVEDO, M. A . De Azevedo (NIREZ). Discografia Brasileira em 78 rpm. Rio de Janeiro: Funarte, 1982.

SEVERIANO, Jairo e MELLO, Zuza Homem de. A canção no tempo. Volume1. São Paulo: Editora 34, 1999.

VASCONCELLO, Ary. Panorama da Música Popular Brasileira – volume 2. Rio de Janeiro: Martins, 1965.