5.001
Nome Artístico
Nelson Ferreira
Nome verdadeiro
Nelson Heráclico Alves Ferreira
Data de nascimento
9/12/1902
Local de nascimento
Bonito, PE
Data de morte
21/12/1976
Local de morte
Recife, PE
Dados biográficos

Compositor. Instrumentista. Pianista. Regente.

Seu pai trabalhava na Joalheria Krause e sua mãe era professora. Sua família cultuava a arte musical e ainda menino se tornou exímio pianista, tendo tido suas primeiras lições com Laura, a irmã mais velha. O irmão Luiz também tocava piano, a irmã Irena tocava bandolim, e as outras duas, Lady Claire e Olga Linda, cantavam. Chegou a freqüentar a Escola Normal por três anos, já que os pais queriam vê-lo professor, mas a escolha pela música triunfou. Nelson aprendeu ainda a tocar violino, apresentando-se como violinista na Orquestra Sinfônica Centro Musical de Pernambuco.

Dados artísticos

Iniciou a carreira artística aos 13 anos quando começou a tocar em cafés noturnos, apresentando-se das 20 horas à meia-noite. Tocou na Pensão Chantecler, Pensão Mirim, Pensão Boemi e Pensão de Júlia Peixe-boi. Apresentava-se interpretando valsinhas, polcas e maxixes, mas seu pai achou o ambiente impróprio e proibiu-o de continuar se apresentando em tais lugares. Foi trabalhar no Café Chile, na Praça da Independência, e depois no Café Chileno, na Avenida Rio Branco, no Centro de Recife. Em 1917, aos 15 anos, teve sua primeira composição editada, a valsa “Vitória”, feita por encomenda para a Companhia de Seguros Vitalícia Pernambucana. No mesmo ano, foi convidado para atuar na sala de espera do Cinema Pathé, em Recife, fazendo acompanhamento ao piano para filmes mudos, com um salário de 150 mil-réis por mês. Em 1919, foi convidado a integrar a Orquestra do Cine-Teatro Moderno, ganhando 7 mil-réis por dia. A orquestra era dirigida pelo maestro Suzinha e composta de piano, dois violinos, sete clarinetas, violoncelo, contrabaixo, flauta, trompa, pistom e bateria. Pouco tempo depois, o maestro Suzinha deixou a orquestra e Nelson passou a dirigi-la. Prosseguiu os estudos musicais, tendo aulas com o pianista Manuel Augusto dos Santos. Em 1920, fez sua primeira composição de sucesso, a valsa “Milusinha”. Em 1922, viajou para a Europa, no navio Caxias, que fazia a rota Rio — Hamburgo, e cujo pianista adoecera e precisara ser substituído. Retornou ao Brasil em 1923, voltando a atuar no Moderno até o fim da década. Em 1926, casou-se com Aurora, que seria sua grande incentivadora. Em 1929, o Cine-Teatro Moderno foi arrendado por Luiz Severiano Ribeiro, obrigando Nelson a se transferir para o Teatro Helvética, levando consigo toda a orquestra. O Teatro Helvética fechou e Luiz Severiano convidou a orquestra a ir para o Rio de Janeiro, oferta aceita apenas por Nelson e pelo baterista João Gama. No Rio, foi trabalhar no Cine-Teatro Central, na Avenida Rio Branco, em cima do Café Nice, dirigindo a orquestra de variedades, em substituição ao maestro Gianetti, que saíra para concluir uma ópera. Ficou apenas cinco meses no Rio de Janeiro, sendo levado por Luiz Severiano para inaugurar o Cine Parque em Recife. A chegada do cinema sonoro a Recife em 1930 decretou o fim das orquestras que acompanhavam os filmes mudos. A de Nelson dissolveu-se e ele teve que ganhar a vida dando aulas de piano. Em 1931, foi contratado por Oscar Moreira Pinto para trabalhar na Rádio Clube de Pernambuco. No mesmo ano, a Orquestra Victor Brasileira gravou de sua autoria as marchas “Vamo chorá, nega?” e “Carrapato cum tosse”. Em 1933, foi vencedor de concurso carnavalesco, promovido pelo Jornal do Comércio, com a marcha “A virada”. Em 1934, ganhou o cargo de diretor artístico da Rádio Clube, onde fez de tudo — regeu orquestra, tocou piano, foi produtor e locutor do programa “A hora azul das senhorinhas”. Fez ainda o papel de galã na peça “Tão fácil, a felicidade”, que começou o radioteatro em Pernambuco. Todos os cantores que se apresentavam na Rádio Clube eram acompanhados por ele, por ser o único pianista da emissora. Em 1936, tornou a vencer o concurso do Jornal do Comércio, com “No passo”, arrebatando também o segundo lugar com “Palhaço”. Na Rádio Clube de Recife, viveu a era de ouro do rádio pernambucano, tendo atuado ao lado de Fernando Lobo e Antônio Maria. Acompanhou a evolução dos ritmos e modismos musicais, compondo centenas de obras variadas, entre valsas, canções, foxtrotes, shimmys, noturnos e frevos. Compôs frevos de rua, frevos de bloco e frevos-canção. Em 1938, Aracy de Almeida lançava com sucesso para o carnaval o frevo-canção “Veneza americana”, de Nelson e Zilu Matos. No mesmo ano, Carlos Galhardo gravou o frevo-canção “Corre Faustina”. Em 1939, duas valsas de autoria de Nelson Ferreira foram gravadas por Francisco Alves: “Diga-se” e “Minha adoração”. Em 1940, Dircinha Batista gravou os frevos-canção “Não é vantagem”, de Nelson e Osvaldo Santiago, e “Juro”, e Almirante gravou “Minha fantasia” e “Vamos começar de novo”, esta também uma parceria com Osvaldo Santiago. Em 1944, teve o frevo “Sabe lá o que é isso?” gravado por Zaccarias e sua Orquestra. Em 1947, Nélson Gonçalves gravou o frevo-canção “Bem-te-vi”. Em 1957, tornou-se conhecido nacionalmente com o frevo “Evocação”, gravado pelo Bloco Carnavalesco Batutas de São José, e que tornou-se um grande sucesso nos carnavais do Rio de Janeiro e São Paulo. No ano seguinte, compôs em parceria com Osvaldo Santiago o “Evocação nº 2”. Nos anos seguintes e até 1964 comporia outros frevos da série “Evocação”, alcançando o número de sete. Em 1959, gravou o disco “O que eu fiz… e você gostou”, onde o cantor Claudionor Germano interpreta seus frevos de diferentes carnavais. Em 1967, aposentou-se do rádio. Criou no mesmo ano a Orquestra de Frevos Nelson Ferreira. Em 1968, gravou o LP “O que faltou… e você pediu”, novamente com o cantor Claudionor Germano interpretando frevos de sua autoria. Em 1972, o Bloco Carnavalesco Rebeldes Imperial, de Recife, gravou a “Evocação nº 7”. Nelson foi diretor da gravadora Rozenblit, antiga Mocambo. Em 1973, teve lançados três LPs com obras suas — “Nelson Ferreira — Meio século de frevo de bloco”, com frevos de blocos de vários carnavais; “Nelson Ferreira — Meio século de frevo de rua”; e “Nelson Ferreira — Meio século de frevo-canção”, todos pela Rozenblit. Nelson compôs ainda a opereta “Sargento sedutor”, com libreto de Samuel Campelo, e a peça infantil “Quando a vida sorri”, com texto de Maria Elisa Viegas. Entre os seus mais famosos frevos de rua está a trilogia “Gostosinho”, “Gostosão” e “Gostosura”, e mais “Come e dorme”, “Isquenta muié”, “Frevo no bairro de São José” e “Casá, casá”, que virou o hino do Sport Club Recife. Entre seus frevos-canções destacam-se “Borboleta não é ave”, “Não puxa Maroca” e “Dedé”. Compôs ainda o “Hino oficial da cidade do Recife”, com letra de Manuel Arão. Recebeu as Medalhas do Mérito do Recife e de Pernambuco e teve concedido pela Câmara Municipal o título de Cidadão do Recife, entre outras homenagens. Em 1999 a Polydisc lançou o CD “Nelson Ferreira”, dentro da série “História do carnaval”, com diversas obras de sua autoria, entre as quais, “Evocação nº1”, “Come e dorme”, “Bloco da vitória” e “Cabelos brancos”. Em 2002, foi homenageado pelo cantor Gonzaga Leal que gravou o CD “Minha adoração – Um Tributo a Nelson Ferreira”, da gravadora Via Som Music, interpretando as composições “Navio Gaiola”, com Osvaldo Santiago, “O Beijo Que Não Dei”, com Lídio Rossiter. “Valsa Azul”, com Zé Miguel Wisnik, “Changa Changô”, com Sebastião Lopes, “Iemanjá”, com Luis Lima, “Pergunta Ao Meu Lenço”, com Cilro Meigo, “Tem Jeito Sanfona”, com Aldemar Paiva, “Pisei Na Fogueira”, com Sebastião Lopes, e “Veneza Americana”, com Ziul Matos, além de “Lalá”, “Nada Faz Mal”, “Dedé”, “Evocação”, “Loucura”, “Minha Adoração” e “Milusinha”, todas de sua autoria.

Discografias
1999 Polydisc CD História do carnaval-Nelson Ferreira
1973 Rozenblit LP Nelson Ferreira...meio século de frevo de bloco
1973 Rozenblit LP Nelson Ferreira...meio século de frevo de rua
1973 Rozenblit LP Nelson Ferreira...meio século de frevo-canção
1962 Mocambo 78 Nelson Ferreira com a orquestra de frevos Mocambo. Na hora H... piano/O homem da bengala
Obras
A canoa afundô
A canoa virou
A virada
Alegria (c/ Fernando Lobo)
Altar da saudade (c/ Zeca Ivo)
Amar... e nada mais
Ame-o ou deixe-o
Arlequim
Armstrong no frevo
Beijo-te os pés, miss Brasil (c/ Osvaldo Santiago)
Bem-te-vi
Bloco da vitória
Bloco do Ataulfo (c/ Aldemar Paiva)
Boca de forno (c/ Ziul Matos)
Boneca (c/ Aldemar Paiva)
Borboleta não é ave
Brincando de esconder (c/ Ziul Matos)
Bye, bye, my baby
Cabelos Brancos
Cabocla (c/ José Penante)
Carnaval da vitória (c/ Sebastião Lopes)
Carnaval voltô
Carrapato cum tosse
Carro-chefe
Carta de Mané Trapiá (c/ Osvaldo Santiago)
Casá, casá
Cavalo do cão não é reoplano
Changa, changô (c/ Sebastião Lopes)
Chegou o biu das moças (c/ Sebastião Lopes)
Cheia de graça (c/ Eustórgio Vanderlei)
Chora, palhaço
Ciranda no carnaval
Cisma de matuto (c/ Osvaldo Santiago)
Come e dorme
Coração, ocupa o teu posto
Cordão da vassourinha
Corre Faustina
Dalila (c/ Aníbal Portela)
Dance que o frevo garante
Dança do carrapicho (c/ Sebastião Lopes)
Dedé (c/ M. Alves)
Diarbuco oia a virada
Didi (c/ Samuel Campelo)
Diga-me
Dobradiça
Dulvadiça
Ela
Evocação
Evocação nº 2 (c/ Osvaldo Santiago)
Evocação nº 3
Evocação nº 4
Evocação nº 5
Evocação nº 6
Evocação nº 7
Evoé
Excelsior (c/ Osvaldo Santiago)
Fevereiro fugiu
Flor desfolhada (c/ Eustórgio Vanderlei)
Fortunato no frevo (c/ Sebastião Lopes)
Fox
Fox-blue
Foxtrote
Frevanca em suape
Frevo da saudade (c/ Aldemar Paiva)
Frevo na Belacap
Frevo no bairro de São José
Frevo no bairro do Recife
Gostosinho
Gostosura
Gostosão
Hino oficial da cidade do Recife (c/ Manuel Arão)
Homem da bengala
Iemanjá (c/ Luiz Luna)
Isquenta mulhé
Jorginho no frevo
Josefina
Juro
Já faz um ano
Já vai tarde
Lalá
Lenita
Loucura
Lá na ponte da Vinhaça
Maroca só qué puxá
Maroca só qué que Freitas
Maroca só qué sortero
Melodia de amor
Minha adoração
Minha fantasia
Morena
Na hora h... piano
Nada faz mal
Nada mais, nada menos que ventura (c/ Ziul Matos)
Navio-gaiola (c/ Osvaldo Santiago)
Ninguém segura este Recife (c/ Aldemar Paiva)
No passo
Noemi
Nos bracinhos de você
Não chora, pierrô (c/ Fernando Lobo)
Não puxa Maroca (c/ Samuel Campelo)
Não sei dizer adeus (c/ Gil Maurício)
Não sei por quê
Não é vantagem (c/ Osvaldo Santiago)
Não, Pedro Bó
O coelho sai (c/ Ziul Matos)
O dia vem raiando
O frevo é assim (c/ Nestor de Holanda)
O passo do caruá (c/ Sebastião Lopes)
O teu olhar (c/ Elener Janovitz)
O vento levou
Oião? (c/ Osvaldo Santiago)
Onde está a minha fantasia
Operação macaco (c/ Sebastião Lopes)
Os crisântemos (c/ Osvaldo Santiago)
Palhaço
Pare, olhe e escute... e goste
Peixe-boi (c/ Osvaldo Santiago)
Pelo Sport tudo
Pergunta ao meu lenço (c/ Cilro Melgo)
Pernambucano, você é meu (c/ Aldemar Paiva)
Pescaria (c/ Osvaldo Santiago)
Pisei na gogueira (c/ Sebastião Lopes)
Porta-bandeira
Pra você meu bem
Príncipe das tentações (c/ Nelson Vaz)
Qual será o "score", meu bem?
Qual é o tom?
Quanto é bom envelhecer
Quarta-feira ingrata
Que fim você levou?
Que é que há
Quitandeiras
Qué matá papai
Sabe lá o que é isso?
Se aquela noite não tivesse fim (c/ Ziul Matos)
Selo do frevo
Senhorita Pernambuco
Silêncio
Sorri, pierrô (c/ Osvaldo Santiago)
Tem jeito, sanfona (c/ Aldemar Paiva)
Tirador de improviso (c/ Sebastião Lopes)
Tu não nega ser homem
Tô te oiando
Um carnaval a mais
Um instante maestro
Vamo chorá, nega?
Vamo se acabá
Vamos começar de novo (c/ Osvaldo Santiago)
Veneno louro
Veneza americana (c/ Ziul Matos)
Você não nega que é palhaço
Volta coração (c/ P. Gustavo)
Vovô, vovó eu e você
Yo quiero el frevo
É, era tudo mentira (c/ Aníbal Portela)
Óia a virada (Diaburco)
Bibliografia Crítica

AZEVEDO, M. A . de (NIREZ) et al. Discografia brasileira em 78 rpm. Rio de Janeiro: Funarte, 1982.

MARCONDES, Marcos Antônio. (ED). Enciclopédia da Música popular brasileira: erudita, folclórica e popular. 2. ed. São Paulo: Art Editora/Publifolha, 1999.