1.001
Nome Artístico
Nuno Roland
Nome verdadeiro
Reinold Correia de Oliveira
Data de nascimento
1/3/1913
Local de nascimento
Joinville, SC
Data de morte
20/12/1975
Local de morte
Rio de Janeiro, RJ
Dados biográficos

Cantor.

Nasceu em Joinville, Santa Catarina, e, ainda menino, tocava caixa e tarol na banda da cidade paranaense de Teixeira Soares. Aos 13 anos, mudou-se para Porto União, SC. Trabalhou como balconista, telegrafista e bancário. Depois de servir o exército em 1931, mudou-se para Passo Fundo, RS. Naquela cidade conseguiu emprego como cantor e baterista, em um cassino. Na Revolução de 1932, alistou-se como voluntário no 7º Batalhão de Caçadores de Porto Alegre. Veio com sua tropa para São Paulo e nessa ocasião, ficou amigo de outro soldado, Lupicínio Rodrigues, que era crooner da Jazz Band do Batalhão. Começou a carreira de cantor com o nome de Reinold de Oliveira.

Dados artísticos

Um dos grandes intérpretes da Época de Ouro da Música Popular Brasileira e do rádio. Numa das apresentações da Jazz Band do 7º Batalhão de Caçadores de Porto Alegre, em emissora de rádio naquela cidade, se destacou como cantor. Ainda com o nome de Reinold de Oliveira, assinou contrato com a Rádio Gaúcha, com apenas 19 anos. Em 1934, foi para São Paulo tentar a sorte. Atuou na Rádio Record, na base de cachês. Conheceu a turma do Regional do Garoto, que o levou para a Rádio Educadora Paulista, com contrato assinado. Foi por sugestão do diretor artístico dessa emissora que o cantor passou a usar o nome de Nuno Roland. Fez sucesso na capital paulista. Gravou o primeiro disco pela Odeon, em 1934, com a valsa “Pensemos num lindo futuro” e a canção “Cantigas de quem te vê”, de Sivan Castelo Neto. Em 1936, foi para o Rio de Janeiro, onde assinou contrato com a Rádio Nacional, inaugurando a emissora e seu “cast”, em 12 de setembro daquele ano. Nesse ano, gravou dois discos na Columbia com o samba-choro “Coitadinho do pachá” e o samba “Morena do samba”, de Aloísio Silva e Francisco Malfitano, a valsa “Enquanto o luar está contente”, de Silvino Neto e P. Romano e “Não posso te dizer adeus”, de Silvino Neto.

Em 1937, gravou os sambas “Amor por correspondência”, de Benedito Lacerda e Jorge Faraj, “Seja o que Deus quiser”, de Mário Morais e Vadico, a marcha “Guarda essa arma!”, de Ataulfo Alves e Roberto Martins e a valsa “Iracema”, de Bendito Lacerda e Aldo Cabral. Gravou com Antenógenes Silva ao acordeom as marchas “Ama seca” e “Mulher fatal”, de Antenógenes Silva e Osvaldo Santiago. Nesse ano, passou a ser crooner da Orquestra do Copacabana Palace Hotel, permanecendo na função por 11 anos.  

Em 1938, gravou com Antenógenes Silva ao acordeom a valsa “Dor, nossa companheira”, de Antenógenes Silva e Ernâni Campos e em dueto com Carmen Miranda gravou o samba “Nas cadeiras da baiana”, de Portelo Juno e Léo Cardoso. Gravou ainda as valsas “Mil corações”, de Ataulfo Alves e Jorge Faraj, “Súplica de amor”, de Radamés Gnattali e Luiz Peixoto e “Rosário de lágrimas”, de Bendito Lacerda e Jorge Faraj e a marcha “Glória do Brasil!”, de Zé Pretinho e Gilberto dos Santos. Gravou no ano seguinte duas composições do russo Georges Moran, a valsa-canção “Manon”, com Osvaldo Santiago e “Rosali”. Em dueto com Linda Batista lançou o samba “Eu sou da Bahia”, de Valdemar Silva e Paulo Pinheiro. Gravou também duas obras de Assis Valente, o batuque “Cai sereno” e o samba-choro “Coração que não entende”. Para o carnaval de 1940, gravou os frevos-canção “Alegria”, de Fernando Lobo e “Você era valor desconhecido”, de Felinto Nunes e Roberto de Andrade, esta última, com arranjos de Nelson Ferreira.

Também em 1940, lançou duas composições da dupla Cristóvão de Alencar e Felisberto Martins, o samba “Foi o seu amor” e a valsa-canção “No carnaval da vida” e um novo dueto com Dircinha Batista, o samba-batuque “Senhor do Bonfim te enganou”, de Wilson Batista, Claudionor Cruz e Pedro Caetano. Ainda nesse ano, gravou mais duas composições de Georges Moran em parceria com o poeta J.G. de Araújo Jorge, a valsa “Ao som das balalaicas” e o fox-canção “Moreninha linda”, além do samba “Vou pra orgia”, de Constantino Silva e Grande Otelo.

Em 1941, gravou com sucesso na Victor, com a Orquestra de Simon Bountman dois sambas de Ari Barroso, “Maria”, com Luiz Peixoto e “Os quindins de Iaiá”. No mesmo ano, gravou também na Victor os sambas “Maria boa”, de Assis Valente e “É bom parar”, de Rubens Soares.

Em 1945, foi contratado pela Continental onde estreou gravando os choros “Mulata Risoleta” e “Olha bem pra mim!”, de Alberto Ribeiro e Radamés Gnattali com acompanhamento de Francisco Sergi e sua orquestra. Em 1946, gravou a marcha “Pirata da perna de pau”, de João de Barro que alcançou grande sucesso no carnaval do ano seguinte e o consagrou com intérprete. No ano seguinte, obteve novos grandes sucessos com o samba “Fim de semana em Paquetá” e a marcha “Tem gato na tuba”, ambas da dupla João de Barro e Alberto Ribeiro. Gravou em 1948 o fox “Talita”, de José Maria de Abreu e João de Barro, o samba “Sem você”, de Alberto Ribeiro e Alcyr Pires Vermelho e as marchas “Serenata chinesa”, de João de Barro e “Corsário”, de João de Barro e Alberto Ribeiro. Ainda nesse ano, gravou com Emilinha Borba o samba “Tem marujo no samba”, de João de Barro, grande sucesso carnavalesco do ano seguinte e participou o filme “Esta é fina”, juntamente com Dircinha Batista, Aracy de Almeida, Nelson Gonçalves, Linda Batista e outros. Em fins de 1949, gravou com o Trio Melodia  a marcha “Lancha nova”, de João de Barro e Antônio Almeida. Gravou também no mesmo período o samba “Meu delito”, de Valdemar de Abreu e Alberto Rego e as marchas “Meia noite” e “Sucessão”, da dupla João de Barro e Antônio Almeida.

Em 1950, gravou as marchas do Botafogo e do Olaria dentro da série de marchas feitas por Lamartine Babo para os clubes de futebol cariocas e lançadas naquela ocasião. Ainda nesse ano, voltou a gravar com o Trio Melodia lançando as marchas “Lobo mau” e “Micróbio do samba”, de João de Barro e Antônio Almeida. Ainda em 1950, transferiu-se para a gravadaora Todamérica e gravou os sambas “Sou boêmio”, de Raul Marques, Betinho e César Brasil e “Em qualquer parte do Rio”, de Pedro Caetano e Alcyr Pires Vermelho. No ano seguinte gravou “Meu destino”, samba de Valdemar de Abreu, “Guarapari”, valsa de Pedro Caetano e os baiões “Peixe vivo”, motivo popular com arranjos de Antônio Almeida e “Maria da pá virada”, do mesmo autor. Gravou também duas composições do sambista Sinval Silva, a canção “O direito de nascer” e o bolero “De ilusões também se vive”. Sua participação na Rádio Nacional como cantor, embora sóbria e sem maiores repercussões populares, era considerada por produtores e maestros como de alta qualidade artística, sendo quase sempre convidado a participar dos musicais de maior responsabilidade da emissora.

Dois anos depois, lançou a marcha “No fundo do copo”, de Pedro Caetano e Clemente Muniz e o samba “Vem amor”, de Estanislau Silva, W. Moutinho e Elói Marques. Nessa época, suas gravações começaram a rarear e somente lançou novo disco em 1956 com o fox-trot “É tão sublime o amor”, de P. Francis e S. Fain com versão de Alberto Almeida e o samba “Quem sabe?”, de Bruno Marnet e Clício Duarte. Em 1957, gravou as marchas “Escurinha”, de Américo Seixas, Edson Menezes e Sebastião Nunes e “Marcha do caçador”, de João de Barro e Alberto Ribeiro, além de duas composições de Mário Terezópolis, a toada-canção “Lágrimas de amor” e o bolero “Falando ao coração”.

Em 1958, gravou na Continental a marcha “Adeus, São João”, de Paulo Tapajós e João de Barro. No ano seguinte, ainda na Todamérica, gravou a marcha “Lua caprichosa” e o samba “É proibido assoviar”, as duas de Peterpan e Amado Régis. Gravou dois sambas-canção em 1960, “Cada vez mais longe”, de Alcyr Pires Vermelho e Luiz Peixoto e “Camboriú”, de Radamés Gnattali e Alberto Paes. A partir dessa época sua carreira declinou e ele começou a gravar por pequenas gravadosras. Lançou discos pelos selos Belacap, Caravele, Carroussel, Constelação, Havana, Pawal, Serenata e Sonivox, sem grande sucesso. 

Em 1968, participou do espetáculo “Carnavália”, de Sidney Miller e P. A . Grisolli, que ficou quase um ano em cartaz no Teatro Casa Grande, Leblon, Rio de Janeiro. O espetáculo, estrelado por Nuno Roland, Marlene e Blecaute, foi gravado ao vivo por Ricardo Cravo Albin e lançado em dois LPs pelo Museu da Imagem e do Som.  Em 1972, gravou a modinha “Chuá chuá”, de Pedro Sá Pereira e Ari Pavão, com acompanhamento do conjunto de José Menezes, especialmente para o Fascículo “Donga e os primitivos” da série Nova História da Música Popular Brasileira, da Abril Cultural.

Discografias
[S/D] Sonivox 78 Alguém/Cara de pau
[S/D] Belacap 78 Amanhã choraras por mim
[S/D] Havana 78 Araruama
[S/D] Pawal 78 Deixa ela penar/Coração amigo
[S/D] Constelação 78 Deixa quem quiser falar/Desmirinhar
[S/D] Serenata 78 Inar/Fala-me depois
[S/D] Caravelle 78 Mag, Inez e Ana/Não posso mais
[S/D] Carroussel 78 Marcha da laranja/Confissão
[S/D] Caravelle 78 Não posso mais
1993 Revivendo CD Ary Barroso, o mais brasileiro dos brasileiros
1968 Selo MIS (Museu da Imagem e do Som) LP Carnavália-2 volumes
1960 Continental 78 Cada vez mais longe/Camboriú
1959 Todamérica 78 Lua caprichosa/É proibido assoviar
1958 Continental 78 Adeus, São João
1958 Todamérica 78 Mãezinha/Primeira comunhão
1957 Todamérica 78 Escurinha/Marcha do caçador
1957 Todamérica 78 Lágrimas de amor/Falando ao coração
1956 Todamérica 78 Pierrô/Livro do ponto
1956 Todamérica 78 É tão sublime o amor/Quem sabe?
1953 Todamérica 78 No fundo do copo/Vem amor
1951 Todamérica 78 Eu errei/Tá bem quente
1951 Todamérica 78 Meu destino/Guarapari
1951 Todamérica 78 O direito de nascer/De ilusões também se vive
1951 Todamérica 78 Peixe vivo/Maria da pá virada
1950 Continental 78 Lobo mau/Ou vai ou racha
1950 Continental 78 Marcha do Botafogo/Marcha do Olaria
1950 Todamérica 78 Sou boêmio/Em qualquer parte do Rio
1949 Continental 78 Bailarina/Mais uma ilusão
1949 Continental 78 Lancha Nova/Sucessão
1949 Continental 78 Meia noite/Meu delito
1948 Continental 78 Mangueira em férias/Fígado cá, fígado lá
1948 Continental 78 Serenata chinesa/Corsário
1948 Continental 78 Talita/Sem você
1948 Continental 78 Tem marujo no samba

(Com Emilinha Borba)

1948 Continental 78 Vã espera/Dá-lhe Rigoni
1947 Continental 78 Morena querida/Rei caolho
1947 Continental 78 Pirata da perna-de-pau/Josefina
1947 Continental 78 Quatro pra agarrá o home/Tem gato na tuba
1947 Continental 78 Quem é que está com a razão/Fim de semana em Paquetá
1946 Continental 78 Nunca houve um rapaz como o Gildo/Samba não pode faltar
1945 Continental 78 Mulata Risoleta/Olha bem pra mim!
1941 Victor 78 Maria boa/É bom parar
1941 Victor 78 Os quindins de Iaiá/Maria, samba

(Com Simon Bountman e Sua Orquestra)

1940 Odeon 78 O som das balalaicas/Moreninha linda
1940 Odeon 78 Primeiro nós/Mas que prazer
1940 Odeon 78 Vou pra orgia/Noite de luar
1939 Odeon 78 Alegria/Você era valor desconhecido
1939 Odeon 78 Cai sereno/Coração que não entende
1939 Odeon 78 Eu sou da Bahia

(Com Dircinha Batista)

1939 Odeon 78 Foi o seu amor/No carnaval da vida
1939 Odeon 78 Japonesa/Perdão meu bem
1939 Odeon 78 Manon/Rosali
1939 Odeon 78 Por vos yo me rompo todo (Por ti eu me rasgo todo)/Entra palhaço, vem arlequim
1939 Odeon 78 Senhor do Bonfim te enganou

(Com Dircinha Batista)

1938 Odeon 78 Dor, nossa companheira
1938 Odeon 78 Eu hei de ver você chorar
1938 Odeon 78 Glória do Brasil!/Covardia
1938 Odeon 78 Mil corações/Súplicas de amor
1938 Odeon 78 Mulata/Veneza brasileira
1938 Odeon 78 Nas cadeiras da baiana

(Com Carmen Miranda)

1938 Odeon 78 Rosário de lágrimas
1938 Odeon 78 Sem Iaiá não vou/Bem boa
1938 Odeon 78 Você não crê/Quem deve pagar
1937 Odeon 78 Ama seca/Mulher fatal
1937 Odeon 78 Amor por correspondência/Iracema
1937 Odeon 78 Clodomira/Deixa de luxo
1937 Odeon 78 Seja o que Deus quiser/Guarda essa arma!
1936 Columbia 78 Coitadinho do pachá/Morena do samba
1936 Columbia 78 Enquanto o luar está contente/Não posso te dizer adeus
1934 Odeon 78 Pensemos num lindo futuro/Cantigas de quem te vê
Bibliografia Crítica

AZEVEDO, M. A . de (NIREZ) et al. Discografia brasileira em 78 rpm. Rio de Janeiro: Funarte, 1982.

EPAMINONDAS, Antônio. Brasil brasileirnho. Rio de Janeiro: Instituto Nacional do Livro, 1982.

MARCONDES, Marcos Antônio. (ED). Enciclopédia da Música popular brasileira: erudita, folclórica e popular. 2. ed. São Paulo: Art Editora/Publifolha, 1999.

SEVERIANO, Jairo e MELLO, Zuza Homem de. A canção no tempo. Volume1. São Paulo: Editora: 34, 1999.

VASCONCELOS, Ari. Panorama da música popular brasileira – volume 2. Rio de Janeiro: Martins, 1965.