3.002
Nome Artístico
J Cascata
Nome verdadeiro
Álvaro Nunes
Data de nascimento
23/11/1912
Local de nascimento
Rio de Janeiro, RJ
Data de morte
27/1/1961
Local de morte
Rio de Janeiro, RJ
Dados biográficos

Compositor. Cantor.

Filho de Álvaro Nunes e Leonor Neves Nunes, nasceu no bairro carioca de Vila Isabel. Cresceu num ambiente musical, pois sua casa vivia sempre cheia de músicos como o flautista Pedro Galdino, seu irmão José Seixas, que tocava bombardino, entre tantos outros. Aos sete anos, a família mudou-se para o bairro da Abolição, onde ingressou na escola pública. Compôs sua pirmeira música aos 17 anos, uma marcha dedicada ao bloco carnavalesco do qual era integrante, obra que foi cantada por todo o bairro, e identificada como a “Música do Cascata”. Decidido a abraçar a música como profissão, comprou um violão e rapidamente fez amizade com Noel Rosa, João Petra de Barros e Cristóvão de Alencar, passando a freqüentar as rodas de samba. Neste mesmo ano, foi convidado a integrar o conjunto Grupo do Mato, do qual faziam parte Luís Bernardes, Newton Teixeira, Valzinho, Euclides Lemos e Luís Bittencourt, entre outros.

Dados artísticos

Ingressou no rádio a convite de Cristóvão de Alencar, optando definitivamente pelo nome Cascata precedido de um “J” sugerido pelo próprio Cristóvão.  Em 1932, já com o nome de J.Cascata, estreou no programa “Horas de outro mundo”, de Renato Murce.  Inicialmente, como os compositores não lhe confiassem obras inéditas, cantava o repertório dos grandes ídolos da época.  Ao conhecer o compositor Leonel Azevedo, na época também iniciando na profissão, combinaram que ele cantaria as músicas de Leonel, e vice-versa.  Em 1935, quando fez a valsa “O teu olhar”, o cantor João Petra de Barros pediu para gravá-la, sendo esta a primeira obra de sua autoria a chegar as lojas. Logo em seguida, teve a segunda composição gravada, o samba “Minha palhoça”, por Sílvio Caldas na Odeon, alcançando grande sucesso. No mesmo ano, Orlando Silva gravou na Victor o samba “Para Deus somos iguais”, parceria com J. Barcelos. 

Em 1936, Orlando Silva gravou as canções “Mágoas de caboclo” e “História joanina”, as primeiras músicas compostas em parceria com Leonel Azevedo, estabelecendo-se assim uma das mais frutíferas parcerias da Música Popular Brasileira. No mesmo ano, compôs com Cristóvão de Alencar o samba “Tristeza” gravado por Orlando Silva. Em 1937, o mesmo Orlando Silva gravou o samba “Juramento falso” e a valsa   “Lábios que beijei”, um dos maiores sucessos de sua carreira, composição que iria consagrar a parceria com Leonel Azevedo, sendo a  primeira parte de autoria de Azevedo e a segunda sua. No ano seguinte, compôs com Antônio Almeida o samba “Jurei mas fracassei” e a marcha “Sabe quem é? Você!”, gravadas por Orlando Silva, um de seus maiores intérpretes. Ainda no mesmo ano, a cantora Odete Amaral lançou duas composições de sua parceria com Leonel Azevedo, a marcha “Não pago o bonde”, grande sucesso no carnaval do ano seguinte e o samba “Não chores”. Em 1938, Almirante gravou a marcha “Pierrô moderno”, parceria com J. Barcelos e Francisco Alves a valsa “Minha história”, parceria com Leonel Azevedo. No mesmo ano, fez com Manezinho Araújo a canção “Mágoas de um trovador”, gravada por Sílvio Caldas na Columbia. Em 1939, Roberto Paiva gravou duas de suas parceriaas com Leonel Azevedo a valsa  “Ao cair da noite” e o samba “Longe, muito longe”.  No mesmo ano, compôs com Roberto Martins o samba “Foi num sonho”, gravado por J. B. de Carvalho e fez a primeira composição com Nássara, a marcha “História antiga”, gravada por Orlando Silva. Ainda no mesmo ano, Sílvio Caldas gravou o fox-canção “Eu e você”, parceria com J. Barcelos e a valsa “Última confidência”, parceria com Leonel Azevedo. 

Em 1940, fez com Haroldo Lobo a marcha “Maria Antonieta”, gravada por Cândico Botelho e com Leonel Azevedo a batucada “Eu já mandei”, gravada por Odete Amaral e o samba “Só ela”, gravado por Gastão Formenti. No mesmo ano, Violeta Cavalcânti gravou as marchas “Vou sair de pai João”, com Leonel Azevedo e “Pulo do gato”, com Correia da Silva e Orlando Silva, duas de suas parcerias com Leonel Azevedo, o samba “Desilusão” e a valsa “Quero voltar aos braços teus”. Em 1941, compôs sozinho, o samba “Lágrimas de homem”, que Orlando Silva gravou. No mesmo ano, fez com Nássara a marcha “Anastácio”, que Marilu gravou e com Heitor dos Prazeres a marcha “Africana”, gravada por Odete Amaral. Em 1942, outra composição de sua parceria com Leonel Azevedo foi gravada por Orlando Silva, a canção “Mágoas de caboclo”. Deixou inúmeras composições também com outros parceiros, como os compositores Nássara e Luís Bittencourt, entre outros.  Entre os anos de 1942 e 1943,  passou a dedicar-se ao clube de danças do qual era proprietário e ao cargo de funcionário de Departamento de Saúde Pública. Reapareceu em 1944, com o samba “Não serás feliz”, gravado por Orlando Silva na Odeon. Em 1945, teve o smba “Ela vai voltar”, parceria com Leonel Azevedo, gravado por Orlando Silva. Em 1946, Nelson Gonçalves regravou a canção “História joanina”. Em 1949, voltou a ter composições gravadas por Orlando Silva, a valsa “Beijando as tuas mãos”, parceria com F. Correia da Silva e o samba “A que ponto chegaste”, parceria com Leonel Azevedo. 

Em 1954, integrou o Conjunto da Velha Guarda, organizado por Almirante, onde tocava  afoxé, e atuava ao lado de Pixinguinha, Donga, etc. A gravadora Sinter, registrou o trabalho do conjunto em dois LPs,  “A Velha Guarda” e “Carnaval da Velha Guarda”. Nesta mesma gravadora o cantor Carlos Augusto registrou várias de suas composições em parceria com Leonel Azevedo.  Em 1955, teve as canções “Benvindo congressista” e “Canção do peregrino”, parcerias com Murilo Caldas, gravadas por Alcides Gerardi na Odeon. Em fins da década de 1950 ocupou o posto de assistente da direção artística da gravadora Sinter. Posteriormente, passou a diretor artístico da Prestige. Em 2012, por ocasião do seu centenário de nascimento, foi homenageado por seu sobrinho-neto num show tributo realizado no Teatro Rival BR, que contou com as participações especiais de MartÁlia, Zé Renato, Thais Motta, Zé Tobias e o grupo Arranco de Varsóvia, que interpretaram obras suas como “Lábios que beijei”, com  Leonel Azevedo, “Minha palhoça”, e “Nosso ranchinho”, com Donga. O show foi gravado para ser posteriormente transformado em DVD. Em 2013, sua valsa  “Lábios que eu beijei”, com Leonel Azevdo, foi gravada por Cauby Peixoto, no CD “Minhas serenatas”, registrado ao vivo no Teatro Fecap, em São Paulo, e lançado pela Lua Music.

Discografias
1956 Sinter 78 Já te digo
1955 Sinter 78 Nosso ranchinho
Obras
A barba cresceu (c/ Nássara)
A dança dos cossacos (c/ Nássara)
A que ponto chegaste (c/ Leonel Azevedo)
Africana (c/ Heitor dos Prazeres)
Ali-babá num pangaré (c/ Haroldo Lobo)
Anastácio (c/ Nássara)
Anjo inspirador (c/ Sá Róris)
Ao cair da noite (c/ Leonel Azevedo)
Até quando (c/ Luís Bittencourt)
Bebida e trabalho (c/ Nássara)
Beijando as tuas mãos (c/ F.Correia da Silva)
Bem-vindos, congressistas (c/ Murilo Caldas)
Canção de peregrino (c/ Murilo Caldas)
De que vale a vida sem amor (c/ Sá Róris e Leonel Azevedo)
Depois que você me deixou (c/ Nássara)
Desilusão (c/ Leonel Azevedo)
Diga que você me deixou (c/ Nássara)
Disse um poeta (c/ Nássara)
Ela vai voltar (c/ Leonel Azevedo)
Escravo do amor (c/ Leonel Azevedo e Lilinha Fernandes)
Eu e você (c/ Jaime Barcelos)
Eu já mandei (c/ Leonel Azevedo)
Eu sou capaz (c/ Leonel Azevedo)
Eu, sempre eu (c/ Alberto Rego)
Fernandinho (c/ Bento Ferreira Gomes)
Fiz este samba chorando (c/ Leonel Azevedo)
Foi um sonho (c/ Roberto Martins)
História antiga (c/ Nássara)
História de amor (c/ Humberto Porto)
História joanina (c/ Leonel Azevedo)
Jamais me apaixonei (c/ Leonel Azevedo)
Juramento falso (c/ Leonel Azevedo)
Jurei, mas fracassei (c/ Antônio Almeida)
Linda suburbana (c/ Nássara)
Longe, muito longe (c/ Leonel Azevedo)
Lábios que beijei (c/ Leonel Azevedo)
Lágrimas de homem
Marcha de Copacabana
Marcha do chofer (c/ Luís Bittencourt)
Marchinha da "morango" (c/ Luís Bittencourt)
Maria (c/ Leonel Azevedo)
Maria Antonieta (c/ Haroldo Lobo)
Marmelo é fruta gostosa (c/ Osvaldo Orico)
Meu romance
Minha história (c/ Leonel Azevedo)
Minha palhoça
Mágoas de caboclo (c/ Leonel Azevedo)
Mágoas de um trovador (c/ Manezinho Araújo)
Na casa do seu Tomás (c/ Nássara)
Ninguém vem ouvir meus ais
No fim do nosso amor (c/ Roberto Martins)
Não chores (c/ Leonel Azevedo)
Não foi o tempo (c/ Leonel Azevedo)
Não pago o bonde (c/ Leonel Azevedo)
Não serás feliz
Não te quero bem nem mal (c/ Leonel Azevedo)
Não voltarei atrás (c/ Nássara)
O samba é um lamento (c/ Nássara)
O teu olhar
Para Deus somos iguais (c/ Jaime Barcelos)
Pedras dispersas (c/ A.Araújo e Leonel Azevedo)
Perdido de amor (c/ Nássara)
Perdão (c/ Leonel Azevedo)
Pierrô moderno (c/ Jaime Barcelos)
Poema de amor (c/ Leonel Azevedo)
Pra esquecer (c/ Luís Bittencourt)
Pra não sofrer (c/ Luís Bittencourt)
Pra que velho quer broto (c/ Hélio Lobo)
Pulo do gato (c/ F.Correia da Silva)
Quando ela passa (c/ Luís Bittencourt)
Quanta saudade (c/ Leonel Azevedo)
Quem espera sempre alcança (c/ Leonel Azevedo)
Quem foi? (c/ Leonel Azevedo)
Quem será (c/ Nássara)
Quem é que não chora (c/ Leonel Azevedo)
Quero voltar aos braços teus (c/ Leonel Azevedo)
Rabicho (c/ Leonel Azevedo)
Rainha dos cabarés (c/ Leonel Azevedo)
Refletindo bem (c/ Wilson Batista)
Retratinho (c/ Leonel Azevedo)
Revivendo (c/ Leonel Azevedo)
Sabe que é? Você (c/ Antônio Almeida)
Saber (c/ Leonel Azevedo)
Salve, marujo (c/ Nássara)
Samba triste (c/ Leonel Azevedo)
Santo Antônio amigo (c/ Zé da Zilda e Marino Pinto)
Seja o que Deus quiser (c/ Leonel Azevedo)
São dois loucos (c/ Nássara)
Símbolo sagrado (c/ Leonel Azevedo)
Só ela (c/ Leonel Azevedo)
Todos cantam seus amores (c/ Leonel Azevedo)
Trapeiro (c/ Leonel Azevedo)
Tristeza (c/ Cristóvão de Alencar)
Um chorinho pro Gilberto (c/ Plínio Gesta)
Um sorriso...uma frase... uma flor (c/ Leonel Azevedo)
Vai com Deus (c/ Leonel Azevedo)
Vai, meu samba (c/ Leonel Azevedo)
Velhos tempos (c/ Leonel Azevedo)
Você devia saber (c/ Nássara)
Vou sair de Pai João (c/ Leonel Azevedo)
É frio ou quente? (c/ Nássara)
É o maior (c/ Nássara)
É o que ela quer (c/ Luís Bittencourt)
Bibliografia Crítica

AMARAL, Euclides. A Letra & a Poesia na MPB: Semelhanças & Diferenças. Rio de Janeiro: EAS Editora, 2019.

AZEVEDO, M. A . de (NIREZ) et al. Discografia brasileira em 78 rpm. Rio de Janeiro: Funarte, 1982.

CARDOSO, Sylvio Tullio. Dicionário Biográfico da música Popular. Rio de Janeiro: Edição do autor, 1965.

MARCONDES, Marcos Antônio. (ED). Enciclopédia da Música popular brasileira: erudita, folclórica e popular. 2. ed. São Paulo: Art Editora/Publifolha, 1999.

VASCONCELOS, Ary. Panorama da música popular brasileira. Rio de Janeiro: Martins, 1965.