5.001
©
Nome Artístico
Herivelto Martins
Nome verdadeiro
Herivelto de Oliveira Martins
Data de nascimento
30/1/1912
Local de nascimento
Engenheiro Paulo de Frontin, RJ
Data de morte
17/9/1992
Local de morte
Rio de Janeiro, RJ
Dados biográficos

Compositor. Cantor.

Nasceu no antigo Distrito de Rodeio, atual Município de Engenheiro Paulo de Frontin no Rio de Janeiro. Seu pai, o agente ferroviário Félix Bueno Martins, era apaixonado pelo teatro. Costumava promover grupos teatrais amadores, iniciativa na qual ele fazia questão de envolver a família, principalmente os filhos. Ainda pequeno, ajudava o pai juntamente com os irmãos Hedelacy, Hedenir e Holdira.

Com apenas três anos, apresentava-se nos espetáculos promovidos pelo pai, vestindo uma casaca e recitando: “Nasci pra namorar/ Toda moça bonita que eu vejo/ Dá vontade de casar”. Em 1916, a família mudou-se para Barra do Piraí, RJ onde permaneceu até 1929. Seu pai logo tratou de fundar a Sociedade Dramática Dançante Carnavalesca de Barra do Piraí. Era um misto de clube e de teatro, que oferecia espetáculos, com “seu” Bueno supervisionando tudo. Ele mesmo escrevia os textos, compunha as músicas e ensaiava os atores. Além do teatro, “seu” Bueno organizou também o grupo Pastorinhas de Barra do Piraí, que saía todos os anos no Natal, com o pequeno Herivelto vestido de Papai Noel. “Seu” Félix levava tão a sério essas tarefas teatrais, que acabou hipotecando e perdendo a própria casa para saldar dívidas contraídas com a organização dos espetáculos. A família teve que se mudar novamente para um bairro mais afastado, Santo Cristo, em Piraí mesmo.

Em Barra do Piraí, resolveu ele mesmo organizar um teatro com seus irmãos e com meninos da vizinhança, chegando a cobrar ingressos de 200 réis por apresentação. Além disso, ingressou numa banda de música, a Euterpe Musical, onde tocou até pistom. Acabou desistindo, pois percebeu que não tinha jeito com instrumentos de sopro. Nessa época, já “arranhava” o violão e o cavaquinho. Em seu teatrinho, costumava compor paródias, tal como “Quero uma mulher bem nua”, baseado em “Quiero una mujer desnuda”. Acabou compondo seu primeiro samba nessa época, com apenas nove anos. Chamava-se “Nunca mais”, que jamais foi gravado.

Quando já era adolescente, “seu” Bueno resolveu arranjar-lhe um emprego numa loja de móveis. Lá, exerceu atividade burocrática por um ano, escrevendo cartas de cobrança aos clientes em débito com a loja. Logo depois, chegou em Barra do Piraí um artista circense muito famoso naquela época, Zeca Lima. Além dele, outro artista, o saltimbanco Colosso, também chegou por aquelas bandas. Formou com eles um trio e resolveu excursionar a uma cidade próxima, Juparanã, onde apresentaram um espetáculo burlesco. Um ano depois, descobriu que os dois parceiros estavam sendo procurados pela polícia e acabou preso, como eles. Felizmente, o delegado percebeu que ele estava inocente e o mandou de volta para casa.

Em 1930, seu pai foi promovido, e a família transferiu-se para São Paulo, indo morar numa rua do bairro paulistano do Brás, a Rua Saião Lobato. Devido a brigas familiares, resolveu partir para o Rio de Janeiro, a fim de tentar uma carreira artística. Estava com 18 anos, apenas 1 conto e 200 réis no bolso e muita vontade de vencer. Chegando ao Rio, procurou seu irmão Hedelacy, que já havia partido anos antes. Passou a dividir o mesmo quarto com ele e mais seis rapazes. Para sobreviver nos primeiros meses na capital federal, ele vendeu um relógio Roskoff “Estrada de Ferro”, que ganhara de seu padrinho. Mas foi obrigado a fazer biscates na barbearia onde seu irmão trabalhava. Assim, fazia barbas aos sábados e, com a gorjeta, podia comer o famoso “feijão à Camões” até o sábado seguinte. A “especialidade” do bar do “seu” Machado consistia num prato fundo com feijão-preto e uma colher de arroz no meio. Era assim que se alimentava a semana inteira. Logo depois, recebeu convite de um freguês, “seu” Licínio, para gerenciar uma barbearia de sua propriedade no Morro de São Carlos. Aceitou, impondo uma condição: a de que poderia sair de vez em quando, pois era uma artista. Na verdade, ele ficou interessado na possibilidade de vir a conhecer os grandes sambistas do Estácio, que viviam em São Carlos. Conheceu então o compositor Príncipe Pretinho, José Luís da Costa, que lhe abriu as portas para a carreira artística. No início dos anos 1930, conheceu sua primeira mulher, Maria Aparecida Pereira de Mello, com quem teve dois filhos: Hélcio e Hélio. Separaram-se depois de cinco anos de convivência.

Por volta de 1936, passou a viver com a cantora Dalva de Oliveira. Em 1937, nasceu seu filho Pery, o futuro cantor Pery Ribeiro. Em 1939, casou-se oficialmente com Dalva. Em 1940, nasceu o outro filho do casal, Ubiratan. Em 1947, as brigas conjugais o afastaram de Dalva. Separaram-se oficialmente em 1949, iniciando uma polêmica, inclusive musical, da qual ele participou com várias músicas, como “Cabelos brancos”, muito explorada pela imprensa da época.

Depois de separar-se de Dalva de Oliveira, ele nunca mais dirigiu-lhe a palavra, mesmo sabendo que sua segunda esposa, Lurdes, chegou a manter amizade com ela. Em 1952, passou a viver com Lurdes Torelly, com quem teve três filhos: Fernando José, já falecido; a atriz Yaçanã Regina e Herivelto Filho. Os dois só oficializaram o casamento em 1978.

Foi membro da Comissão de Música do Departamento Artístico do Ministério do Trabalho, órgão criado por Juscelino Kubitschek. Na década de 1960, passou por problemas de ordem política, que se intensificaram com o golpe militar de 1964. Jânio Quadros, logo que tomou posse, extinguiu a Comissão de Música, deixando seus integrantes, (Cyro Monteiro, Grande Otelo, Onéssimo Gomes e Pedro de Almeida, desempregados. Manobras políticas reenquadraram todos os artistas, que passaram, depois de um curso de capacitação, a exercer a função de Inspetor do Trabalho. Levava muito a sério esse trabalho e muitas vezes, como inspetor, viveu situações engraçadas, pois era famoso, e muitos empresários e comerciantes o recebiam como fãs.

Em 1963, foi eleito presidente do Sindicato dos Compositores, cargo para o qual foi reeleito em 1971. Na ocasião de sua posse para o segundo mandato, sofreu vetos políticos, contornados logo depois. Recebeu o título de Cidadão Carioca, outorgado pela Câmara de Vereadores do Rio de Janeiro. Em 1982, recebeu uma homenagem dos amigos, na ocasião de seus 50 anos de vida artística, realizada no Café Nice.

Foi também ativo representante da Sbacem, tendo exercido o cargo de presidente do Conselho Deliberativo na década de 1960. Em 1987, recebeu o Prêmio Shell por seu acervo musical. O prêmio foi entregue no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, com um show em que grandes nomes do cenário musical prestaram-lhe sua homenagem. Estiveram presentes Elizeth Cardoso, Pery Ribeiro, Zezé Mota, Raul Sampaio, Trio de Ouro e Shirley Dom.

Em 1992, os jornalistas Jonas Vieira e Natalício Norberto lançaram o livro “Herivelto Martins: uma escola de samba”, pela Editora Ensaio. No mesmo ano, o compositor faleceu no Rio de Janeiro. Na época, residia com Lurdes numa casa no bairro carioca da Urca. Nesse mesmo bairro, na residência do jornalista Ricardo Cravo Albin, comemorara em fevereiro de 1992 seus 80 anos. Estiveram presentes mais de 200 amigos e personalidades da MPB ao jantar no qual o compositor reviveu o Trio de Ouro, ao lado de Raul Sampaio e Shirley Dom. Essa foi uma de suas últimas apresentações públicas. Na ocasião, estavam presentes todos os membros da diretoria da Escola de Samba Mangueira, para a qual o compositor escreveu inúmeras músicas.

Dados artísticos

Um dos grandes personagens de nossa música popular, compôs vários clássicos do gênero samba, eternizados nas vozes do Trio de Ouro e de inúmeros intérpretes da MPB como Francisco Alves, Aracy de Almeida, Sílvio Caldas, Aurora Miranda, Carmen Miranda, Nelson Gonçalves e muitos outros.
Sua carreira artística foi impulsionada quando o compositor Príncipe Pretinho, que o conhecia quando trabalhara em uma babearia na Rua Riachuelo, o levou a um ensaio do Conjunto Tupi, do cantor e compositor J. B. de Carvalho. Muito elogiado por Príncipe Pretinho foi ganhando espaço no conjunto e propondo modificações nos arranjos e maneira de cantar. Pouco depois, apresentou a J. B. de Carvalho a marcha “Da cor do meu violão”, que compôs inspirado em uma antiga namorada, que seu pai insistia em dizer que era escura demais para ele. J. B. de Carvalho gostou da música e em troca de parceria resolveu gravá-la para o carnaval. A marcha foi lançada em 1932 pelo Conjunto Tupi na gravadora Victor e foi sua primeira composição gravada. Nessa época, passou a atuar no coro das gravações do Conjunto Tupi e em outras gravações da Victor tendo sido elogiado por Mister Evans, diretor-geral da gravadora que gostou muito de suas inovações.
No ano seguinte, teve mais duas composições gravadas, “O terço do Zé Faustino”, com Euclides J. Moreira, pelo Conjunto Tupi e “O enterro da Filomena”, pelo conjunto RCA. Nesse ano, passou a formar com Francisco Sena que com ele fazia duetos nas apresentações do Conjunto Tupi a dupla Preto e Branco que começou se apresentando no Cine Odeon na Cinelândia, em substituição ao Conjunto Tupi. Em 1934, gravou com Francisco Sena o primero disco da dupla Preto e Branco, na Odeon, registrando os sambas “Quatro horas”, com Francisco Sena, e “Preto e branco”, de sua autoria. Nesse ano, fez com Assis Valente e Francisco Sena a marcha “A vida é boa”, gravada por Carlos Galhardo, e com Bonfíglio de Oliveira, a marcha “Mais uma estrela”, gravada por Mário Reis, as duas na Victor. Ainda no mesmo ano, gravou com Francisco Sena as marchas “Como é belo”, de Gastão Viana e Pereira Filho, e “Vamos soltar balão”, parceria com Francisco Sena. Em 1935, teve duas marchas gravadas por Aracy de Almeida na Victor, “Pedindo a São João”, com Darcy de Oliveira, e “Santo Antônio, São Pedro, São João”, com Alcebíades Barcelos. Ainda nesse ano, Sílvio Caldas gravou na Odeon a marcha “Samaritana”, com Benedito Lacerda, e Carlos Galhardo na Columbia o samba “É de verdade”, com Bonfíglio de Oliveira. Fez também com Francisco Sena apresentações na Rádio Tupi, recém inaugurada. A dupla Preto e Branco terminou nesse mesmo ano com o falecimento de Francisco Sena. Pouco depois, passou a se apresentar no Teatro Pátria, de Pascoal Segreto e que ficava no Largo da Cancela em São Cristóvão. Personificou na ocasião o palhaço “Zé Catinga”, que fez bastante sucesso, especialmente entre as crianças. Nesse teatro conheceu Nilo Chagas e com ele recriou a dupla Preto e Branco.
Em 1936, teve oito composições em parceria com Benedito Lacerda gravadas, todas na Odeon: Sílvio Caldas gravou os sambas “Um caboclo abandonado”, “Madrugada” e “Acorda escola de samba”; Alzirinha Camargo o samba “Ritmo do coração” e as marchas “Papai e mamãe” e “Porque você não vai” e Carmen Miranda as marchas “Como eu chorei” e “Nem no sétimo dia”. Teve ainda gravada por Aracy de Almeida na Victor a marcha “Se o morro não descer”, com Darcy de Oliveira. No ano seguinte, gravou o primeiro disco com a nova dupla Preto e Branco apresentando o samba “Tamborim”, com Jota Soares, e a toada “Última festa”, com Zeca Ivo. Foi no Teatro Pátria que conheceu Dalva de Oliveira, que logo passou a cantar com a dupla e que mais tarde se tornaria sua mulher. Também em 1937, Carmem Barbosa gravou na Victor os sambas “No picadeiro da vida”, com Benedito Lacerda, e “Palmeira triste”, e Aracy de Almeida o samba “Opinião de mulher”, com Benedito Lacerda. Ainda em 1937, foi lançado pela RCA Victor o primeiro disco do futuro Trio de Ouro, saindo no selo do disco como Dalva de Oliveira e Dupla Preto e Branco. As músicas desse disco foram “Itaquari” e “Ceci e Peri”, ambas de Príncipe Pretinho, que ficara entusiasmado desde as primeiras vezes que vira os ensaios do trio e intercedera para que fossem contratados pela RCA Victor. O sucesso obtido pelo disco foi grande e o trio foi contratado pela Rádio Mayrink Veiga.
Em 1938, teve os sambas “Cabaré no morro”, “Na Bahia”, com Humberto Porto, e “Meu rádio e meu mulato”; gravados por Carmen Miranda na Odeon. Na mesma gravadora, Aurora Miranda gravou os sambas “Goma de gomá” e “Mania de malandro”. Nesse ano, apresentaram-se na Rádio Mayrink Veiga onde o locutor César Ladeira os batizou de Trio de Ouro, expressão que usava sempre ao aunciar as apresentações da Dupla Preto e Branco e Dalva de Oliveira. No ano seguinte, teve a marcha “Branca de neve”, com Benedito Lacerda, gravada pelo Trio de Ouro na Odeon, e os sambas “Momentos de tristeza”, com Popaye do Pandeiro, e “Como a favela mudou”, com Rogério Nascimento, gravados por Castro Barbosa e “Acorda Estela”, com Benedito Lacerda, gravado por Francisco Alves, os três na Columbia. Nesse ano, foi contratado com o Trio de Ouro para atuar no Cassino da Urca lá permanecendo até o fechamento do mesmo sete anos depois, tendo atuado nesse período com nomes como Alvarenga e Ranchinho, Grande Otelo, Virgínia Lane e Linda Batista, entre tantos outros.
Em 1940, fez com Benedito Lacerda, a marcha “A mesma história”, gravada por Dalva de Oliveira e o samba “E o vento levou” gravado pelo Bando da Lua. Teve gravadas duas composições por Francsico Alves em 1941, ambas parcerias com Benedito Lacerda, o samba “Até a volta” e a marcha “A dança do Funiculí”. Teve ainda as marchas “Noite de fogueira”, gravada pelo Trio de Ouro e “Uruguai”, por Arnaldo Amaral e Elda Maída.
No ano seguinte, conheceu seu primeiro grande sucesso, que se tornou um clássico da música popular brasileira, o samba “Praça Onze”, com Grande Otelo, gravado na Columbia pelo Trio de Ouro e Castro Barbosa e grande sucesso naquele carnaval. Um dia, Grande Otelo o procurou propondo uma parceria. Queria compor um samba que falasse do fim da antiga Praça XI, no Rio de Janeiro, que seria demolida para a criação da atual Avenida Presidente Vargas. Ao ver a letra quilométrica que Otelo havia escrito, disse que não estava interessado. Otelo insistiu tanto, que ele acabou compondo sozinho o antológico samba “Praça Onze”. Anos depois declarou: “… Botei o Otelo como parceiro, porque foi ele quem trouxe o tema e me obrigou a fazer a música…”. Também em 1942, Isaura Garcia gravou na Columbia os sambas “Partida precipitada”, com Marino Pinto, e “Consciência”, com Príncipe Pretinho; Linda Batista, na Victor os sambas “Amélia na Praça Onze”, com Cícero Nunes, “Bom dia”, com Aldo Cabral, e “Aula de música”, com Haroldo Barbosa, e Francisco Alves na Odeon, o samba-canção “Culpe-me”, o samba “Amor próprio” e a valsa “Capela de São José”, com  Marino Pinto. Ainda nesse ano, obteve outro retumbante sucesso com o samba-canção “Ave-Maria no morro”; gravado pelo Trio de Ouro na Odeon. Nesse samba-canção, queria que Benedito Lacerda fosse seu parceiro, mas o amigo aconselhou que não o gravassem, pois era “música de igreja” e não ia “dar dinheiro”. O samba-canção, que se tornou um de seus maiores sucessos como compositor, é também um dos maiores da MPB. Já foi gravado em várias versões no exterior, incluindo uma em esperanto. A repercussão de “Ave Maria no morro” fez com que o Cardeal Leme considerasse a canção uma heresia, pedindo sua proibição. O compositor, contudo, conseguiu, por intermédio de amigos no serviço da censura, vetar tal pedido. Curiosamente, “Ave Maria no morro”, a partir dos anos 1960, entrou para o repertório dos trabalhos litúrgicos de igrejas no Brasil e na Europa.
Também em 1942, acompanhou como produtor, durante meses, o ator e cineasta norte-americano Orson Welles, que fora enviado por Hollywood ao Rio de Janeiro para filmar “Its All true”, película jamais finalizada. Foi nessa época que ingressou na Rádio Nacional com o Trio de Ouro.
Teve gravados pelo Trio de Ouro dois novos grandes sucesso em 1943, os sambas “Lá em Mangueira”, com Heitor dos Prazeres, “Mangueira, não”, com Grande Otelo, e “Laurindo”. Nesse ano, Francisco Alves gravou na Odeon os sambas “Depois da separação”, “Beija-me a boca” e “Transformação”, além do samba-canção “Se é pecado”, e Linda Batista na Victor os sambas “Nossa separação”, com Heitor dos Prazeres, “A porta-estandarte” e “Para de gritar”. Também nesse ano, atuou com Nilo Chagas e Dalva de Oliveira no filme “Samba em Berlim”, de Luiz de Barros. Nesse filme foram interpretadas duas músicas de sua autoria: “A porta estandarte”, por Linda Batista e “Ela”, por Francisco Alves.
Em 1944, teve mais dois sambas gravados por Francisco Alves na Odeon, “Adeus”, com Jararaca, e “Enfrenta o trabalho”, com Bob Silva. Nesse ano, atuou no filme “Berlim na batucada”, de Luiz de Barros, filme no qual foram interpretadas seis composições suas: “A lavadeira”, em sketches, “A tristeza”, por Léo Albano e Laurinha de Carvalho, “Mangueira, não”, por Francisco Alves; “Bom-dia, Avenida”, pelo Trio de Ouro; “Odete”, por Léo Albano e “Quem vem descendo”, pelo Trio de Ouro e Francisco Alves. No ano seguinte, fez sucesso no carnaval com o samba “Que Rei sou eu?”, com Waldemar Ressurreição, gravado por Francisco Alves na Odeon e que se referia ao recém exilado rei Karol Karol, da Romênia. Nesse ano, obteve outro sucesso na voz de Francisco Alves, o samba “Isaura”, com Roberto Roberti. Também na voz de Francisco Alves teve gravados os sambas “A guerra acaba amanhã”, com Grande Otelo, e “Rei sem coroa”, com Waldemar Ressurreição. Atuou nesse ano com sua escola de samba no filme “Pif-paf”, de Luiz de Barros e Adhemar Gonzaga no qual apareceram suas músicas “Que rei sou eu”, cantada por Nilton Paz; “Izaura”, por Odete Alencar e “Morro”, parceria com Dunga e Mário Rossi, com o Trio de Ouro.
Em 1946, fez sucesso com o samba “Edredon vermelho” gravado por Isaura Garcia na Victor. Teve gravados ainda nesse ano pelo Trio de Ouro na Odeon os sambas “Obrigado, Excelência” e “Fala Claudionor”, com Grande Otelo; por Francisco Alves, os sambas “Não me conheço mais” e “Quero esquecer”, com Evaldo Ruy; o samba “Às três da manhã”, por Aracy de Almeida, e a valsa “Brinquedo do destino”, com Aldo Cabral, por Onéssimo Gomes na Continental. Nesse ano, atuou com Nilo Chagas e Dalva de Oliveira no filme “Caídos do céu”, de Luiz de Barros, que teve seis músicas de sua autoria: “Edredon vermelho”, com Isaura Garcia; “Ave-Maria no morro”, com o Trio de Ouro; “Andorinha”, com Mary Lincoln; “Vaidosa”, com Francisco Alves;”Olinda”, com Geraldo Pereira e Escola de samba e “Fala, Claudionor”, que ele mesmo cantou e dueto com Jupira Brasil.
Teve os sambas “Palhaço” e “Nem a Deus” e a marcha “Torna”, todas com Benedito Lacerda, lançadas por Francisco Alves na Odeon em 1947. Nesse ano, conheceu mais três grandes sucessos, o samba “Segredo”, com Marino Pinto, gravado por Dalva de Oliveira, e que acabou popularizando a expressão “O peixe é pro fundo das redes/ segredo é pra quatro paredes…”; o samba “Senhor do Bonfim”, gravado pelo Trio de Ouro e o samba-canção “Caminhemos”, lançado por Francisco Alves e que prenunciava a famosa polêmica com sua ex-mulher Dalva de Oliveira e que, em versão para o espanhol, foi executado como bolero em quase toda a América Latina, todos na Odeon.
Fez com Benedito Lacerda em 1948 a marcha “Minueto” e o samba “Apita quem pode”, gravados pelo Trio de Ouro e os sambas “Telefona lá pra casa” e “No meu colchão”, gravados por Francisco Alves. Nesse ano, apareceu com o Trio de Ouro no filme “Esta é fina”, de Luiz de Barros interpretando o samba “Minueto”, de sua autoria. Atuou também no filme “Fogo na canjica”, de Luiz de Barros. No ano seguinte, veio novo sucesso com “Cabelos brancos”, com Marino Pinto, que também expressava os problemas amorosos do casal Herivelto-Dalva. O samba foi lançado primeiro pelo conjunto Quatro Ases e um Coringa na Odeon, mas teve regravações de Nelson Gonçalves, Sílvio Caldas, Roberto Silva e outros. Ainda em 1949, Dalva abandonou definitivamente o Trio de Ouro, que se desfez. Ainda nesse ano, Dircinha Batista gravou o samba “Se o coração é meu mestre”, com Benedito Lacerda.
Em 1950, iniciou uma parceria com Raul Sampaio com a marcha “Saudosa cachopa” gravada pelo grupo Três Marias e os sambas “Incerteza”, gravado pelas Três Marias e “Meu último reinado, gravado por Celso Barroso, as três no selo Carnaval. Fez também várias composições com Benedito Lacerda gravadas pelo Trio de Ouro como os sambas “Morro de Santo Antônio” e “Consulta o teu travesseiro”. Nesse ano, relançou o Trio de Ouro com Noemi Cavalcanti no lugar de Dalva de Oliveira. No ano seguinte, atuou com o novo Trio de Ouro no filme “Aguenta firme, Izidoro”, de Luiz de Barros. Nesse ano, teve gravados os sambas “Cicatrizes”, com Marino Pinto, por Isaura Garcia, “Três de julho”, com Benedito Lacerda e “Quando amanhece”, com Raul Sampaio, registrados pelo Trio de Ouro e “Bafo de boca”, com Benedito Lacerda, gravado por Roberto Silva. Em 1952, fez com Nelson Gonçalves o samba-canção “Redoma de vidro”, gravado por Nelson Gonçalves na Victor e o samba “Sereno”, gravado pelo Trio de Ouro. Com David Nasser fez o samba “Ouro preto” e com Heitor dos Prazeres o samba “Noite enluarada”, gravados pelo Trio de Ouro. Obteve nesse ano outro grande sucesso com o samba “A camisola do dia”, com David Nasser, lançado por Nelson Gonçalves. Nesse ano, atuou no filme “Está com tudo”, com direção de Luiz de Barros. Também nesse ano, inaugurou a terceira fase do Trio de Ouro com as saídas de Nilo Chagas e Noemi Cavalcanti e as entradas de Raul Sampaio e Lourdinha Bittencourt.
Conheceu em 1953 o primeiro sucesso com a nova formação do Trio de Ouro com o samba “Negro telefone”, parceria com David Nasser. Nesse ano, atuou com o Trio de Ouro nos filmes “Um pirata do outro mundo” e “Com a mão na massa”, ambos com direção de Luiz de Barros. Também durante a década de 1950, ampliou sua parceria com o jornalista David Nasser da qual resultaram mais de trinta músicas, muitas delas sucessos como o samba “Pensando em ti”. Teve gravados pelo Trio de Ouro em 1954 os sambas “Quem dera”, “Berço de rei”, “Me deixe em paz”, com Jovelino Marques, e “Saudade de Mangueira”. Nesse ano, teve duas composições com David Nasser gravadas por Nelson Gonçalves e que homenageavam dois dos maiores cantores do Brasil e da Argentina mortos ambos em trágicos acidentes, o samba “Francisco Alves” e o tango “Carlos Gardel”. Teve ainda gravados por Dircinha Batista a batucada “Que fazer?”, com Mário Rossi, e a marcha “Chora pierrot”, com Cyro Monteiro.
Em 1955, teve mais quatro composições com David Nasser gravadas, o tango “Hoje quem paga sou eu”, grande sucesso que subiu a todas as paradas das mais vendidas, e o samba “Enfermeira” gravados por Nelson Gonçalves; a valsa “João, João”, lançada pelo Trio de Ouro e o samba “Boêmio”, na voz de Francisco Carlos. No ano seguinte fez com Blecaute a marcha “Linda romana”, gravada por Nelson Gonçalves e a toada “Rancho da serra”, gravada pelo Trio de Ouro; com David Nasser fez os sambas “Secretária” lançado por Jorge Goulart, e “Piano velho” e “Se adormeço”, gravados por Cauby Peixoto, além da marcha “Passarinho”, registrada por João Dias. Em 1957, fez sucesso com o samba-canção “Pensando em ti”, parceria com David Nasser, gravado por Nelson Gonçalves. Nesse ano, por ocasião do seu jubileu de prata de carreira artística, a RCA Victor lançou o LP “Jubileu Herivelto”, no qual interpretou grandes sucessos de sua autoria como “Caminhemos”, “Meu mulato”, “Edredon vermelho”, “Nossas vidas”, “Ave Maria no morro” e “Cabaré no morro”, além de outras compostas com diferentes parceiros. No mesmo ano, Elizeth Cardoso lançou na Copacabana o LP “Um compositor em dois tempos – Jubileu de prata de Herivelto Martins” no qual interpretou “Madrugada”, “Culpe-me”, “Quarto vazio”, “Segredo” e “Negro telefone”. Também nesse ano, atuou em seu último filme, “O samba na vila”, de Luiz de Barros. Também em 1957, foi homenageado pelo pianista pernambucano José Luciano que lançou pela Sinter o LP “Quem dera… Lucien Studart, seu piano e os sucessos de Herivelto Martins (Jubileu de Prata)”, com suas composições “Ela”, com Príncipe Pretinho, “Praça Onze”, com Grande Otelo, “Lá Em Mangueira”, com Heitor dos Prazeres, “Palhaço”, “Duas Lágrimas”, “E o Vento Levou”, “A Lapa” e “Não Posso Nem Comigo”, com Benedito Lacerda, “Rei Sem Coroa”, com Waldemar Ressurreição, “Segredo”, com Marino Pinto, “Madrugada”, com Evaldo Ruy, e  “Laurindo”, “Caminhemos”, “Quem Me Dera”, “Fidelidade”, “Bonita” e “Se É Por Falta de Adeus”, só de sua autoria.
Em 1958, obteve novo sucesso na voz de Nelson Gonçalves com o samba “Atiraste uma pedra”, parceria com David Nasser. No ano seguinte, teve cinco composições de sua parceria com David Nasser gravadas em dueto por Ângela Maria e João Dias: a canção “Serenata à Virgem Maria”, o samba-canção “Papai Noel enlouqueceu”, o samba “É quase certo” e as valsas “Mamãe” e “Deus te abençoe papai”. Ainda em 1959, teve os sambas-canção “Um caboclo apaixonado”, com Benedito Lacerda, e “Transformação” gravados por Onéssimo Gomes para o LP “Serestas do Brasil Nº 3” da gravadora Radyo Long Play com arranjos do maestro Aldo Taranto. Em 1960, Nelson Gonçalves gravou na Victor os sambas “Aguenta o galho” e “Leviana”, parceria dos dois, o samba “Apoio moral”, com Marino Pinto, e o samba “Vai”.
Em 1961, mais cinco composições gravadas por Nelson Gonçalves, seu principal intérprete nesse período, os tangos “Estação da Luz” e “Último tango”, com David Nasser, e os sambas “Carmen”, parceria dos dois, “Não volto atrás” e “Meu mundo”. No ano seguinte, seu filho Pery Ribeiro gravou na Odeon os sambas “Todas iguais”, com Marino Pinto, e “Velo por mim”; João Dias os tangos “Anjo negro” e “Tango do cretino”, com David Nasser, e o Trio de Ouro os sambas “Quem lava o morro” e “O tempo passou”, com Leduvi de Pina. Dois anos depois, fez com Marino Pinto os sambas “Capital do samba” e “Pra meu castigo” gravados pelo Trio de Ouro.
Estreou em 1966 uma parceria com Klécius Caldas fazendo os sambas “Amuleto” e “Quase” gravados por Miltinho na Odeon e a marcha “Mais uma lágrima” gravada pelo Trio de Ouro na RGE. Em 1968, gravou com escola de samba o samba “Apoteose ao samba”, parceria com Klécius Caldas. Teve ainda as composições “Outra vez”; “Camisola do dia”; “Francisco Alves”; “Prece de paz” e “Caminho certo”, todas com David Nasser, incluídas no LP “José Barbosa interpreta David Nasser” lançado pelo cantor José Barbosa na CBS com 12 composições de autoria de David Nasser. No ano seguinte, compôs com José Orlando “Noite vazia”, gravada pelo Trio Iraquitã na Odeon, “Se eu fosse antigamente”, gravada pelo próprio José Orlando e “Linha reta”, gravada por Jamelão na Continental.
Em 1970, fez com o filho Pery Ribeiro o samba “Canto livre” gravado pelo próprio Pery na Odeon. Dois anos depois, a cantora Maria Bethânia gravou no LP “Drama” o samba-canção “Bom dia”. No ano seguinte, João Gilberto regravou com com Miúcha o samba “Isaura”. Em 1975, Maria Bethânia regravou “Camisola do dia”, no LP “Chico Buarque e Maria Bethânia” gravado ao vivo no Canecão, RJ. No ano seguinte, o samba-canção “Atiraste uma pedra”, com David Nasser, foi regravado por Gal Costa, Caetanho Veloso, Gilberto Gil e Maria Bethânia no show “Doces Bárbaros”. Em 1979, Pery Ribeiro gravou na Copacabana o samba “Rua bela”, e a cantora Waleska regravou o samba-canção “Atiraste uma pedra”, com David Nasser, no LP “Palavras amigas” lançado pela gravadora Copacabana.
Nas décadas de 1970 e 1980, ainda participou de festivais de música e dirigiu grupos rítmicos de samba, as suas famosas “Escolas de Samba”. Em 1982, participou, ao lado de amigos, no Café Nice, réplica do célebre café da Avenida Rio Branco, de uma homenagem a seus 50 anos de vida artística. Ainda em 1982, teve a toada “Rancho da serra”, com Blecaute, gravado por Rolando Boldrin, no LP “Violeiro”, da Som Livre. Apresentou-se em 1987, ao lado do filho Pery Ribeiro, de Raul Sampaio e Elizeth Cardoso, na ocasião em que recebeu o Prêmio Shell de MPB, no Teatro Municipal do Rio de Janeiro.
Em 1999, o selo Som Livre lançou o CD “Sinfonia de pardais – Uma homenagem a Herivelto Martins”, com sucessos seus como “Pensando em ti” e “Camisola do dia”, com David Nasser, “Praça Onze”, com Grande Otelo, “Segredo”, com Marino Pinto, e “Ave Maria no morro”, entre outras. Em 2001, sua filha Iaçanã Martins produziu pela Som Livre o CD comemorativo “Herivelto Martins” em que participaram vários astros como Ney Matogrosso e Caetano Veloso, entre outros. O disco foi lançado no começo de 2002, com grande show no Teatro Carlos Gomes, mais uma vez produzido por Iaçanã. Nesse show, homenagem aos 90 anos de seu nascimento estiveram presentes para homenagea-lo Beth Carvalho, João Marcelo e Zé Carlos; Leny Andrade; Miltinho; Ney Matogrosso; Yaçana Martins e Zélia Duncan. Em 2006, foi publicado por seu filho, Pery Ribeiro em parceria com a mulher, Ana Duarte, o livro “Minhas duas estrelas: Uma vida com meus pais Herivelto Martins e Dalva de Oliveira”, lançado pela editora Globo, no qual ele contou a biografia dos pais. Em 2010, foi levada ao ar pela TV Globo a micro série “Dalva e Herivelto, uma canção de amor” retratando a intensa relação vivida pelos dois artistas. Escrita por Maria Adelaide Amaral, a micro série contou com as participações de Adriana Esteves e Fábio Assunção nos papéis principais. Retratando um período que vai dos anos 1930 até 1970, quando da morte da cantora, a micro série retratou ainda diversos ídolos do Rádio tais como Marlene, (vivida pela atriz Rita Elmôr), Emilinha Borba (Soraya Ravenle), as irmãs Linda (Cláudia Netto) e Dircinha Batista (Luciana Fregolente), Francisco Alves (Fernando Eiras) e Orlando Silva (Édio Nunes), além de Nilo Chagas, integrante da primeira formação do Trio de Ouro e vivido pelo ator Maurício Xavier. A micro série foi pré lançada – com debate coordenado pelo jornalista Arthur Xexéo e do qual participaram autores e diretores – na sede do Instituto Cultural Cravo Albin, na Urca. Em 2011, foi lançado pelo selo Discobertas em convênio com o ICCA – Instituto Cultural Cravo Albin a caixa “100 anos de música popular brasileira” com a reedição em 4 CDs duplos dos oito LPs lançados com as gravações dos programas realizados pelo radialista e produtor Ricardo Cravo Albin na Rádio MEC em 1974 e 1975. No volume 3 estão incluídos seus sambas “Ave Maria no morro” e “Lapa” na interpretação de Cauby Peixoto, e “Praça Onze”, com Grande Otelo, na interpretação de Marlene. Em 2012, no dia em que completaria 100 anos de nascimento, foi homenageado no ICCA – Instituto Cultural Cravo Albin com um coquetel para toda a família Martins, exceção do filho Peri Ribeiro, então hospitalizado. Na ocasião as cantoras Ellen de Lima, Sônia Delfino e Maria Lúcia Godoy, e o cantor Márcio Gomes, interpretaram juntos as composições “Ave Maria no morro” e “Caminhemos”, clássicos do compositor. Em 2012, em homenagem ao centenário de seu nascimento, estreou no Teatro Net Rio o monólogo-musical “Herivelto como conheci”, estrelado pela atriz Marília Pera, baseado no livro homônimo de Cacau Hygino e Yaçanã Martins, filha do compositor. O espetáculo conta a história do amor entre o compositor e sua segunda mulher a aeromoça Lurdes Torelly, através de cartas trocadas por eles entre 1947 e 1949. No mesmo ano, foi tema de ampla reportagem da Revista “O Prelo”, editada por Arnaldo Niskier, membro da Academia Brasileira de Letras. Ainda por conta do centenário de seu nascimento, o músico Gabriel Azevedo criou o projeto “Que Rei sou eu? – O centenário de Herivelto Martins” no qual ele e o grupo Casuarina convidaram Nilze Carvalho, Áurea Martins e Moysés Marques para interpretar obras do compositor como os clássicos “Praça Onze”, com Grande Otelo, “Isaura”, com Roberto Roberti, “Ave Maria no morro” e “Segredo”, com Marino Pinto.

Discografias
[S/D] Mocambo LP Carnaval de Herivelto
[S/D] Copacabana LP Jubileu de Herivelto
[S/D] Canden LP Trio de Ouro
[S/D] Revivendo CD Trio de Ouro
[S/D] RCA Victor LP Trio de Ouro e os seus sucessos
1969 Imperial LP O Famoso Trio de Ouro
1956 Continental LP Jubileu de prata
1956 Copacabana LP Um compositor em 2 tempos
1944 Odeon 78 Laurindo
1944 Odeon 78 Odete/Bom dia Avenida
1943 Odeon 78 Ave Maria no morro
1942 Odeon 78 Herivelto com o Trio de Ouro
Obras
A Bahia te espera (c/ Chianca Garcia)
A Lapa (c/ Benedito Lacerda)
A Maria me controla (c/ Roberto Roberti)
A baiana sambou (c/ Ciro Monteiro)
A dança do funiculi (c/ Benedito Lacerda)
A família do Aparício (c/ Roberto Roberti)
A guerra acaba amanhã (c/ Grande Otelo)
A mesma história (c/ Benedito Lacerda)
A porta estandarte
A rua onde tu moras (c/ David Nasser)
A tristeza (c/ Heitor dos Prazeres)
A vida é boa (c/ Assis Valente e Francisco Sena)
A última homenagem (c/ Blecaute)
Acorda, escola de samba (c/ Benedito Lacerda)
Acorde, Estela (c/ Benedito Lacerda)
Adeus (c/ Jararaca)
Adeus (c/ Mário Rossi)
Adeus, Mangueira (c/ Grande Otelo)
Adeus, mocidade (c/ Benedito Lacerda)
Agüenta o galho (c/ Nelson Gonçalves)
Ai, morena (c/ Benedito Lacerda)
Aladim (c/ Raul Sampaio)
Amarga confissão (c/ David Nasser)
Amigo
Amor próprio
Amuleto (c/ Klécius Caldas)
Amélia na Praça Onze (c/ Cícero Nunes)
Andorinha (c/ Haroldo Barbosa)
Anjo negro
Ao Deus dará (c/ José Messias)
Apita quem roda (c/ Benedito Lacerda)
Apogeu (c/ Cícero Nunes)
Apoio moral (c/ Marino Pinto)
Apoteose do samba
Aqui se faz, aqui se paga (c/ Nelson Gonçalves)
Atiraste uma pedra (c/ David Nasser)
Até a volta (c/ Benedito Lacerda)
Aula de música (c/ Haroldo Barbosa)
Ave Maria no morro
Bafo de boca (c/ Benedito Lacerda)
Baiana falsificada
Barraco de tábua (c/ Vitor Simon)
Batuque no morro (c/ Humberto Porto e Ozon)
Beija-me a boca
Berço do rei
Bom-dia (c/ Aldo Cabral)
Bom-dia, Avenida (c/ Grande Otelo)
Bonita
Boêmio (c/ Daiv Nasser)
Branca de neve (c/ Benedito Lacerda)
Brasília
Brinquedo do destino (c/ Aldo Cabral)
Cabaré no morro
Cabelos brancos (c/ Marino Pinto)
Cabrocha bamba
Cabrocha boa (c/ Ciro de Souza)
Cachopa (c/ Benedito Lacerda)
Caixinha do Ademar (c/ Benedito Lacerda)
Calado, venci (c/ Ataulfo Alves)
Caminhemos
Caminho certo (c/ David Nasser)
Camisola do dia (c/ David Nasser)
Canaviais (c/ Orestes Barbosa)
Canto livre
Capela de São José (c/ Marino Pinto)
Carlos Gardel (c/ David Nasser)
Carmen (c/ Nelson Gonçalves)
Caroá (c/ Darci de Oliveira)
Chora, pierrô (c/ Ciro Monteiro)
Cicatrizes (c/ Marino Pinto)
Cidade velha (c/ Grande Otelo)
Claudionor se queimou (c/ José Messias)
Como a favela mudou (c/ Rogério Nascimento)
Como eu chorei (c/ Benedito Lacerda)
Consciência (c/ Príncipe Pretinho)
Consulta seu travesseiro (c/ Benedito Lacerda)
Controlando essa mulher (c/ Benedito Lacerda)
Covarde (c/ Dunga)
Culpe-me
Céu é sempre céu
Da cor do meu violão (c/ J. B. de Carvalho)
Dança do coça-coça (c/ José Messias)
Depois da separação
Desculpa de ocasião (c/ Darci de Oliveira)
Desde de que o mundo é mundo (c/ David Nasser e Nelson Gonçalves)
Desperte, Dodô (c/ Heitor dos Prazeres)
Deus te abençoe, papai (c/ David Nasser)
Doce lar...
Dois corações (c/ Valdemar Gomes)
Duas lágrimas (c/ Benedito Lacerda)
Duro nega
E o tempo passou (c/ David Nasser)
E o vento levou (c/ Benedito Lacerda)
Edredom vermelho
Ela
Ela (c/ Príncipe Pretinho)
Ela foi embora (c/ Ciro Monteiro)
Ela me beijou (c/ Artur Costa)
Enfermeira (c/ David Nasser)
Enfrenta o trabalho (c/ Bob Silva)
Esperança do Brasil (c/ Benedito Lacerda)
Estou triste com você (c/ Darci de Oliveira)
Estrela d'alva (c/ Castro Barbosa)
Estrelas na lama (c/ Nelson Gonçalves)
Eu dei bom-dia
Eu queri um adeus (c/ Príncipe Pretinho)
Fala, Claudionor (c/ Grande Otelo)
Falso amigo (c/ Benedito Lacerda)
Faz-se aqui, sabe-se lá (c/ Roberto Roberti)
Felicidade
Fidelidade
Fracassei (c/ Nelson Gonçalves)
Francisco Alves (c/ David Nasser)
Gaúcho velho (c/ Pedro de Almeida)
Goma de gomá
História cabocla (c/ José Messias)
História do pierrô (c/ Benedito Lacerda)
História infantil
Hná Marema
Hoje quem paga sou eu (c/ David Nasser)
Incerteza (c/ Raul Sampaio)
Isaura (c/ Roberto Roberti)
Janela indiscreta
Japonesinha
João, João (c/ David Nasser)
Jurei (c/ José Messias)
Jurei, jurei (c/ Leduvi de Pina)
Laurindo
Lençol de linho (c/ David Nasser)
Leviana (c/ Nelson Gonçalves)
Liberdade (c/ Benedito Lacerda)
Linda romana (c/ Blecaute)
Linha reta
Louca (c/ José Messias)
Lá em Magueira (c/ Heitor dos Prazeres)
Lágrima
Madrugada (c/ Benedito Lacerda)
Madrugada (c/ Evaldo Rui)
Mais uma estrela (c/ Bonfíglio de Oliveira)
Mais uma história de amor (c/ Humberto Porto)
Mais uma lágrima (c/ Klécius Caldas)
Malaguenha (c/ Haroldo Barbosa)
Mamãe (c/ David Nasser)
Mangueira, não! (c/ Grande Otelo)
Mania de malandro
Marcha do trouxa (c/ Adelino Moreira e Nelson Gonçalves)
Marginal (c/ Pedro de Almeida)
Maria do Socorro (c/ Blecaute)
Maria louca (c/ David Nasser)
Maria sapeca (c/ Sebastião Rodrigues)
Me deixa em paz (c/ Jovelino Marques da Costa)
Melhorou, hein? (c/ José Messias)
Meu mundo
Meu país verdadeiro (c/ Pinto Filho)
Meu rádio e meu mulato
Meu último reinado (c/ Raul Sampaio)
Mexicanita (c/ Benedito Lacerda)
Mil mulheres (c/ Ciro Monteiro)
Minueto (c/ Benedito Lacerda)
Momentos de tristeza (c/ Popeye do Pandeiro)
Morro de Santa Tereza
Morro de Santo Antônio (c/ Benedito Lacerda)
Mulher parece bonde (c/ José Messias)
Na Bahia (c/ Humberto Porto)
Nada (c/ Mário Rossi)
Natal (c/ Rogério Nascimento)
Nega fulô (c/ Chianca de Garcia)
Nega manhosa
Negro artilheiro (c/ Sinval Silva)
Negro telefone (c/ David Nasser)
Nem a Deus (c/ Benedito Lacerda)
Nem no sétimo dia (c/ Benedito Lacerda)
Nem o chope (c/ Benedito Lacerda)
Ninguém sofreu (c/ Nelson Gonçalves)
No meu colchão (c/ Benedito Lacerda)
No picadeiro da vida (c/ Benedito Lacerda)
Noite de fogueira
Noite de insônia (c/ David Nasser)
Noite enluarada (c/ Heitor dos Prazeres Filho)
Noite vazia
Nossa separação (c/ Heitor dos Prazeres)
Nossas vidas
Nova Copacabana (c/ David Nasser)
Não era adeus (c/ Cícero Nunes)
Não fiquei louco (c/ Príncipe Pretinho)
Não matei
Não me conheço mais
Não posso nem comigo (c/ Benedito Lacerda)
Não te esqueças (c/ David Nasser e Ari Elis)
Não tem mais jeito (c/ Benedito Lacerda)
Não volto atrás
Não é horário (c/ J. Costa)
Não, não (c/ Haroldo Barbosa)
O enterro de Filomena
O fantasma dos apuros (c/ Aldo Cabral)
O maior samba do muno (c/ David Nasser)
O preço da glória (c/ David Nasser)
O terço do Zé Faustino (c/ Euclides José Moreira)
Obrigado, Maria (c/ Mário Rossi)
Obrigado, excelência
Obrigado, general (c/ Benedito Lacerda)
Obê
Odete (c/ Dunga)
Olhos verdes (c/ Benedito Lacerda)
Olinda (c/ Heitor dos Prazeres)
Opinião de mulher (c/ Benedito Lacerda)
Ouro Preto (c/ David Nasser)
Outra vez (c/ David Nasser)
Palacete do Catete (c/ Ciro de Sousa)
Palhaço (c/ Benedito Lacerda)
Palhaço (c/ David Nasser)
Palmeira triste
Papagaio candidato (c/ Benedito Lacerda)
Papai Noel esqueceu (c/ David Nasser)
Papai e mamãe (c/ Benedito Lacerda)
Partida precipitada (c/ Marino Pinto)
Passado, presente, futuro (c/ Francisco Sena)
Passarinho (c/ David Nasser)
Pau-pereira
Pedindo a São João (c/ Darci de Oliveira)
Pensando em ti (c/ David Nasser)
Perdoar (c/ Raul Sampaio)
Piano velho (c/ David Nasser)
Pixaim (c/ Grande Otelo)
Plac-plac
Por que você não vai? (c/ Benedito Lacerda)
Porta afora (c/ Príncipe Pretinho)
Portugal perdoa sempe
Pra esquecer
Praça Onze (c/ Grande Otelo)
Prece de paz (c/ David Nasser)
Preto e branco
Primeiro mal
Prometeu me ajudar (c/ Benedito Lacerda)
Pára de gritar
Quando a idade chegar (c/ Benedito Lacerda)
Quando amanhece (c/ Raul Sampaio)
Quando o tempo passar (c/ David Nasser)
Quarto vazio
Quase
Quase louco (c/ Dunga)
Quatro horas (c/ Francisco Sena)
Que fazer? (c/ Mário Rossi)
Que rei sou eu? (c/ Valdemar Assunção)
Quem dera
Quem dá cartaz? (c/ David Nasser)
Quem lava o morro (c/ Leduvi de Pina)
Quem manda na minha vida (c/ Raul Sampaio)
Quem vem descendo? (c/ Príncipe Pretinho)
Quero esquecer (c/ Evaldo Rui)
Rancho da serra (c/ Blecaute)
Recusa
Redoma de vidro (c/ Nelson Gonçalves)
Rei da vila
Rei sem coroa (c/ Valdemar Assunção)
Revanche
Revanche (c/ Ari Elis)
Ritmo do coração (c/ Benedito Lacerda)
Salve a viúva (c/ Nelson Gonçalves)
Samaritana (c/ Benedito Lacerda)
Samba manifesto
Santo Antônio, São Pedro, São João (c/ Bide)
Saudosa Mangueira
Saudosa cachopa (c/ Raul Sampaio)
Se a saudade falasse
Se a vida não melhorar (c/ Príncipe Pretinho)
Se adormeço (c/ David Nasser)
Se ela sente saudade (c/ Valdemar Gomes)
Se eu fosse como era antigamente
Se o morro não descer (c/ Darci de Oliveira)
Se é pecado
Se é por falta de adeus
Secretária (c/ David Nasser)
Segredo (c/ Marino Pinto)
Sem ela
Senhor do Bonfim
Serenata à Virgem Maria (c/ David Nasser)
Sereno (c/ Nelson Gonçalves)
Seu condutor (c/ Alvarenga e Ranchinho)
Seu coração é seu mestre
Seu endereço
São os olhos dela
Tamborim (c/ J. Soares)
Tango do cretino
Tarde de setembro (c/ David Nasser)
Tecedeira (c/ David Nasser)
Telefone lá pra casa (c/ Benedito Lacerda)
Teu erro (c/ Artur Costa)
Teu exemplo (c/ David Nasser)
Teu fracasso
Timoneiro (c/ Humberto Porto)
Tirolês
Todas iguais
Tormento (c/ Marino Pinto)
Torna (c/ Benedito Lacerda)
Toureiro valente (c/ Paulo Medeiros)
Trabalha, mulher (c/ Benedito Lacerda)
Trabalhou, trabalhou (c/ José Messias)
Traje a rigor (c/ J. Costa)
Transformação
Treze de ouro (c/ Marino Pinto)
Três de julho (c/ Benedito Lacerda)
Tua partida
Tudo é samba (c/ Fernando Lobo)
Tá faltando mulher (c/ Blecaute)
Um caboclo abandonado (c/ Benedito Lacerda)
Uruguaia
Vai
Vaidosa (c/ Artur Morais)
Valsinha dos namorados (c/ David Nasser)
Vamos dançar, Maria
Vamos soltar balão (c/ Francisco Sena)
Vele por mim
Velho descarado
Vencida (c/ A. Bruni)
Venderam o morro
Verbo amar (c/ Nelson Gonçalves)
Vermelho vinte e sete (c/ David Nasser)
Vida vazia (c/ Grande Otelo)
Vinte anos depois (c/ David Nasser)
Vou guardar meu pandeiro
Vou votar em Madureira (c/ Benedito Lacerda)
Vou-me embora pra Goiás (c/ Rubens Silva)
Zé do morro
Às três da manhã
É de verdade (c/ Bonfíglio de Oliveira)
É quase certo (c/ David Nasser)
É tarde (c/ Darci de Oliveira)
É triste a gente querer (c/ Príncipe Pretinho)
Última festa (c/ Zeca Ivo)
Última festa (c/ Zeca Ivo)
Bibliografia Crítica

ALBIN, Ricardo Cravo. Dicionário Houaiss Ilustrado Música Popular Brasileira – Criação e Supervisão Geral Ricardo Cravo Albin. Rio de Janeiro: Instituto Antônio Houaiss, Instituto Cultural Cravo Albin e Editora Paracatu, 2006.

ALBIN, Ricardo Cravo. MPB – A História de um século. Rio de Janeiro: Funarte, 1998.

ALBIN, Ricardo Cravo. O livro de ouro da MPB. Rio de Janeiro: Ediouro, 2003.

AMARAL, Euclides. Alguns Aspectos da MPB. Rio de Janeiro: Edição do Autor, 2008. 2ª ed. Esteio Editora, 2010. 3ª ed. EAS Editora, 2014.

AZEVEDO, M. A . de (NIREZ) et al. Discografia brasileira em 78 rpm. Rio de Janeiro: Funarte, 1982.

CARDOSO, Sylvio Tullio. Dicionário Biográfico da música Popular. Rio de Janeiro: Edição do autor, 1965.

COSTA, Cecília. Ricardo Cravo Albin: Uma vida em imagem e som. Rio de Janeiro: Edições de Janeiro, 2018.

MARCONDES, Marcos Antônio. (ED). Enciclopédia da Música popular brasileira: erudita, folclórica e popular. 2. ed. São Paulo: Art Editora/Publifolha, 1999.

SEVERIANO, Jairo e MELLO, Zuza Homem de. A canção no tempo. Volume1. São Paulo: Editora: 34, 1999.

VASCONCELOS, Ari. Panorama da música popular brasileira – volume 2. Rio de Janeiro: Martins, 1965.

VIEIRA, Jonas & NORBERTO, Natalício. Herivelto Martins: uma escola de samba. Rio de Janeiro: Ensaio, 1992.

Crítica

Muito além do autor de mais de 100 sucessos – que vão de canções doloridas a tangos vibrantes, de marchinhas buliçosas a sambas antológicos – Herivelto Martins foi um grande personagem da MPB. Confiram: quem foi o criador do primeiro trio vocal do Brasil, o Trio de Ouro, em 1937? Quem lançou Dalva de Oliveira? Quem criou o apito, um simples apito usado antes de 1942 apenas para reunir as escolas de samba, como um elemento a mais de percussão no samba?

Não bastassem todas essas originalidades, Herivelto ainda teria sua riquíssima biografia perpassada por, pelo menos, três fatos singulares.

O primeiro foi ter sido assistente de Orson Welles, quando o astro e diretor de Hollywood – então no auge da fama – aportou ao Rio para filmar o inacabado “It’s all True”. Herivelto, que estava na boca do povo com “Praça Onze” (campeã do carnaval de 1942), andava de cima para baixo com Welles a tiracolo, levando-o a todas as biroscas de samba. Algumas dessas noites de boêmia acabaram no apartamento de Herivelto, atrás do Cassino da Urca (Avenida São Sebastião), quando Welles só acordava das carraspanas depois das duas da tarde, segundo me confidenciou o próprio Herivelto anos antes de morrer.

Outra página relevante de sua biografia foi a polêmica pública mantida com Dalva de Oliveira, quando o casamento de ambos começou a ir a pique, a partir de 1947. De um lado Herivelto, quase sempre ajudado por David Nasser, disparava canções em forma de petardos contra Dalva como “Cabelos brancos” (Não falem dessa mulher/ Perto de mim/ Não falem pra não lembrar minha dor). De outro, compositores como J. Piedade (Tudo acabado entre nós/ Já não há mais nada) ou Ataulfo Alves (Errei sim manchei o teu nome/ Mas foste tu mesmo o culpado) defendiam Dalva com célebres socos musicais contra Herivelto, que ela mesma se encarregava de gravar. E o público brasileiro, entre estarrecido e deliciado, comprava toneladas de discos, que disputavam em vendagens com as revistas semanais de escândalos e fofocas.

Herivelto, além de ter sido o compositor que mais escreveu sambas para a hoje gloriosa Estação Primeira de Mangueira, foi também um líder classista dos compositores, cujas lutas culminaram com a sonhada aposentadoria para a classe, então inexistente.

Portanto, Herivelto não foi apenas um bamba. Ele foi 300, parodiando Mário de Andrade.

Ricardo Cravo Albin