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Nome Artístico
Luciano Perrone
Nome verdadeiro
Luciano Perrone
Data de nascimento
8/1/1908
Local de nascimento
Rio de Janeiro, RJ
Dados biográficos

Baterista. Percussionista. Compositor.

Seu pai, o maestro Luis Perrone, foi chefe de bandas militares e diretor de várias orquestras do Rio de Janeiro, entre 1908 e 1918. Sua mãe, Noêmia Franklin Batista Perrone, também dedicou-se à música, tendo sido pianista. Iniciou-se no aprendizado musical em família. Em 1913, ingressou na Schola Cantorum Santa Cecília, no Rio de Janeiro, onde teve aulas de canto com o Padre Alfeu Lopes de Araújo. Tornou-se então solista do coro, apresentando-se em vários recitais. Chegou a contracenar com o famoso tenor Enrico Caruso na Ópera Lodoletta, de Pietro Mascagni (1863-1945). Com a chegada da adolescência e com sua voz mudando de timbre, não pôde mais cantar. Nessa época, seu pai faleceu e a família passou por dificuldades financeiras.

Não deixou os estudos pois a família conseguiu-lhe uma bolsa para cursar o Ginásio São Bento, no Rio de Janeiro. Em 1922, fez a dublagem de Jackie Coogan, no filme “The kid” (O garoto), de C. Chaplin. Na ocasião, substituiu o baterista da orquestra que fazia os efeitos sonoros do filme, iniciando assim sua carreira como percussionista e baterista profissional. Conheceu Radamés Gnattali ainda na década de 1920. Com ele e Bernardino Vivas, aperfeiçoou-se nos estudos musicais. Em 1968, aposentou-se como funcionário da Rádio MEC.

Dados artísticos

Tornou-se o mais famoso baterista do Brasil. Atuou com vários maestros, entre os quais Sílvio Sousa, Chamek, Rafael Romano, Eduardo Andreossi, José Rodrigues e Pichman, tocando em inúmeros shows realizados em cassinos, hotéis e cinemas. Em 1927, já participava da Orquestra de Simon Bountman e fazia suas primeiras gravações na Odeon. Já demonstrava seu estilo original, introduzindo a batida do samba na caixa surda, na época  uma inovação, pois os bateristas alegavam ser tecnicamente impossível realizá-lo. Em 1929, como já estava muito requisitado, alternava suas atividades trabalhando com a orquestra de J. Cristóbal, na revista “Banco do Brasil”, de Marques Porto e Luís Peixoto, e de várias gravações na Odeon, RCA Victor e Columbia. Em 1931, fez o acompanhamento de “Faceira”, de Ary Barroso, interpretada por Sílvio Caldas na peça “Brasil do amor”. Em 1932, atuou na orquestra do Teatro João Caetano, na encenação do espetáculo “A Marquesa de Santos”, de Viriato Correia. Nesse ano, gravou na Columbia os sambas “Padeço por ti”, de Osvaldo Lira e Otaviano Romero, “Meu sabiá”, de Bonfíglio de Oliveira e Lamartine Babo e “Um beijo só”, de Bonfíglio de Oliveira e Cândido das Neves. Gravou ainda, com Alberto Ribeiro a rumba “O vendedor de pipoca”, de Bonfíglio de Oliveira e Alberto Ribeiro e, com Bonfíglio de Oliveira, ao trompete, a valsa “Alvorada”, de Bonfíglio de Oliveira e Orestes Barbosa.

No ano seguinte, apresentou-se na Rádio Cajuti, em um recital de bateria solo. Viajou mundo e foi muito laureado em todos os lugares onde teve oportunidade de apresentar suas habilidades. Quando fez depoimento para o Museu da Imagem e do Som, resgatou várias passagens de sua carreira. Foi ele quem sugeriu a Radamés Gnattali que aproveitasse os outros instrumentos da orquestra para fazer a marcação do ritmo. Isso foi uma grande novidade, muito bem realizada pelo maestro Gnattali, que revolucionou a orquestração da música brasileira, já que antes a marcação era feita exclusivamente pelos instrumentos de percussão. Graças a essa sugestão, nasceu a famosa introdução de “Aquarela do Brasil”, criada por  Gnattali. Em 1934, atuou na Rádio Cajuti, como percussionista da orquestra do maestro Glückman. Em 1935, transferiu-se para a Rádio Transmissora, além de passar a integrar a orquestra de Romeu Gipsman, onde tocava um instrumento que imitava sons de sinos (catedral) e vários outros instrumentos percussivos. 

Fez parte dos quadros da Rádio Nacional desde sua criação, em 1936. No dia da inauguração inclusive, a 12 de setembro de 1936, tocou pela primeira vez o famoso prefixo da emissora, as primeiras notas da melodia de “Luar do sertão”, de João Pernambuco e Catulo da Paixão Cearensa, executadas em um vibrafone. Na Rádio Nacional, exibiu-se muitas vezes como solista de bateria e lá trabalhou até o ano de 1961. Trabalhou, também, na Orquestra All Stars, da Rádio Nacional, que dedicava-se exclusivamente à bailes. Em 1938, compôs “Ritmos de samba na cidade”, composição apresentada por Radamés Gnattali  na estréia do “Programa Palmolive”, que marcou época no Rádio carioca.

Em 1941, viajou a Buenos Aires, pela Rádio Nacional, para  apresentar-se no programa “Hora Del Brasil”, na Rádio Municipal. Em 1949, gravou tocando bateria, com Radamés Gnattali ao piano os sambas “Barqueiro do São Francisco”, de Alcyr Pires Vermelho e Alberto Ribeiro,  “Um cantinho e você”, de José Maria de Abreu e Jair Amorim e “Isso é Brasil”, de José Maria de Abreu e Luiz Peixoto e o choro “Carinhoso”, de Pixinguinha e João de Barro e, com Zé Bodega no sax-tenor e Radamés Gnattali no piano, o choro “Bate papo” e a valsa “Caminho da saudade”, as duas de Radamés Gnattali. 

Em 1950, foi eleito pelo público, o melhor baterista do ano, recebendo o diploma instituído pela Rádio MEC, com a assinatura do maestro Eleazar de Carvalho e do apresentador e locutor Paulo Santos. Recebeu o mesmo prêmio nos dois anos seguintes. Em 1951, participou como solista da orquestra organizada para o concurso de música popular criado por Radamés Gnattali e Paulo Tapajós, na Rádio Nacional. Em 1956, gravou com sua orquestra os sambas “A voz do morro”, de Zé Kéti e “Sorriu pra mim”, de Garoto e Luiz Cláudio. Também nesse ano, gravou na bateria, com Radamés Gnattali no piano e Vidal no contrabaixo, os sambas “Faceira”, de Ary Barroso e “Bate papo a três vozes”, de Radamés Gnattali. Em 1958, recebeu homenagem no programa televisivo do apresentador Flávio Cavalcanti, o “Noite de gala”. Com sua orquestra acompanhou o cantor Luiz Bandeira na gravação do samba “O samba com Luciano” e o samba-canção “Laurentino”, ambos de Luiz Bandeira.

Em 1960, fez excursão pela Europa com o sexteto de Radamés Gnattali, o Sexteto Continental, em um programa cultural financiado pelo MEC e instituído pela Lei Humberto Teixeira, a fim de divulgar a música brasileira no exterior. Em Portugal, apresentou-se com a Orquestra Sinfônica de Lisboa, tocando obras eruditas de Radamés. Participou, ainda, dos concertos-conferência de Joraci Camargo no Teatro São Luís e na TV Portuguesa. Exibiu-se em vários outros países europeus: na França, participou do programa televisivo parisiense “Grand gala”, apresentou-se na Unesco e na Cidade Universitária da Sorbonne; na Inglaterra, exibiu-se na Universidade de Oxford, no Teatro Alhambra, no Royal College of Art e no Wilgmore; na Itália, apresentou-se no Palácio Antici e na Rádio Televisão Italiana.  Foi músico integrante da Orquestra Sinfônica Nacional, atuando como timpanista. Atuou também na Orquestra da Rádio MEC, onde trabalhou de 1961 a 1968. Trabalhou, ainda, na TV Excelsior, desde 1963. Recebeu, em 1967, o grande prêmio internacional do disco, instituído pela Academia Charles Cros, de Paris, pela gravação dos ritmos brasileiros em seu LP “Batucada fantástica”. Em 1972, ano da comemoração de seus 50 anos de vida artística, gravou “Batucada fantástica”, volume III. Em 2012, sua gravação para o samba “Um beijo só”, de Cândido das Neves e Bonfíglio de Oliveira, lançada originalmente em 1932, foi relançada pelo selo Revivendo, no CD “Cândido das Neves – Índio”.

Discografias
1972 Musidisc LP Batucada fantástica, volume III
1967 Musidisc LP Batucada fantástica
1956 Continental 78 Faceira/Bate papo a três vozes
1955 Continental 78 A voz do morro/Sorriu pra mim
1932 Columbia 78 Alvorada/O vendedor de pipoca
1932 Columbia 78 Meu sabiá/Um beijo só
1932 Columbia 78 Pedaço por ti
Bibliografia Crítica

AZEVEDO, M. A . de (NIREZ) et al. Discografia brasileira em 78 rpm. Rio de Janeiro: Funarte, 1982.

EPAMINONDAS, Antônio. Brasil brasileirinho. Rio de Janeiro: Instituto Nacional do Livro, 1982.

MARCONDES, Marcos Antônio. (ED). Enciclopédia da Música popular brasileira: erudita, folclórica e popular. 2. ed. São Paulo: Art Editora/Publifolha, 1999.

VASCONCELOS, Ari. Panorama da música popular brasileira – volume 2. Rio de Janeiro: Martins, 1965.