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Nome Artístico
Lia de Itamaracá
Nome verdadeiro
Maria Madalena Correia do Nascimento
Data de nascimento
12/1/1944
Local de nascimento
Recife, PE
Dados biográficos

Cantora de ciranda, coco e maracatu. Cirandeira. Compositora.

Filha de um agricultor e de uma empregada doméstica, nasceu e se criou em Recife, ao lado de seus 17 irmãos. Desde a década de 1980, trabalha como cozinheira de escola estadual na Ilha de Itamaracá. No mesmo período tem trabalhado como recepcionista da ilha, guiando turistas.

Foi casada com o músico Toinho Januário.

Em 2019, recebeu o título de “Doutor Honoris Causa”, concedido pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).

No ano de 2025 recebeu o título de “Doutor Honoris Causa”, concedido pelo UNINASSAU (Centro Universitário Maurício de Nassau).

A cerimônia solene acontece no Auditório Capiba, localizado no Bloco B da instituição de ensino pernambucano. A cantora declarou:

 

“Eu quero ver aonde posso chegar, estou pronta para tentar novos caminhos, continuar divulgando a cultura de Pernambuco e fortalecendo a vida das mulheres.”

 

Neste mesmo ano foi apresentada a exposição “Lia de Itamaracá – Cirandar é Resistir”, na Caixa Cultural Fortaleza, no Ceará, com curadoria de Lia Letícia (cineastas e artista visual) e Michelle Assumpção, autora da biografia “Lia de Itamaracá – Nas Rodas da Cultura Popular”, com curadoria fotográfica e de vídeos de Ythallo Barreto, também com curadoria e pelo empresário Beto Hees, guardião e criador do acervo do Centro Cultural Estrela de Lia, na Ilha de Itamaracá. Anteriormente a exposição passou pelas cidades de São Paulo e Recife.

Dados artísticos

Começou a cantar com 12 anos de idade. Com 19 anos realizou suas primeiras apresentações, na ilha, em Recife (PE).

Seu nome artístico surgiu de uma ciranda  feita em sua homenagem em 1962, por Teca Calazans, que dizia:

“Essa ciranda quem me deu foi Lia/Que mora na Ilha de Itamaracá.”

Nasceu a partir daí, a Lia de Itamaracá. Lia é uma abreviatura de Maria, muito usado no Nordeste. Com mais de 40 anos de carreira, é vista como uma referência cultural de Pernambuco e do Brasil. Uma das últimas representantes da tradição de cantar cirandas. Apresentou-se constantemente em bares à beira-mar da praia de Itamaracá, como o Bar do Ermínio e o famoso restaurante e bar da prestigiada cozinheira d. Creusa.

Em 1977, gravou o primeiro disco, “Rainha da ciranda”. Na ocasião, saiu em uma matéria do programa “Fantástico”, da TV Globo, que seria visto por Antônio, que acabaria-se tornando seu marido e que a acompanha nos shows, fazendo parte da banda. Após o lançamento de seu primeiro disco, seu nome caiu no esquecimento e ficou mais de 20 anos sem gravar. Mesmo assim continuou a compor e a se apresentar. Suas obras são inúmeras, mas nenhuma delas escritas, pois as guarda todas de cabeça.

Em 2000, foi lançado seu segundo disco “Eu sou Lia”, pelo selo Ciranda Record, e editado pela Rob Digital, com uma prensagem inicial de 2.000 cópias, rapidamente vendidas, o que levou a uma segunda edição de mais 3.000 CDs. Na ocasião do lançamento do disco, realizou longa excursão nacional, apresentando-se em diversos estados, entre os quais o Rio de Janeiro, mostrando a sua arte no Parque das Ruínas, em Santa Teresa. As faixas de 1 a 5 foram gravadas, ao vivo, no Rio de Janeiro, em 1998, quando Lia foi convidada a participar do projeto “Vozes do mundo”, no Centro Cultural Banco do Brasil. Além da composição “Verde do mar”, de sua autoria, foram gravadas também “Minha ciranda”, de Capiba, “Eu sou Lia”, de Paulinho da Viola, “Janaína” e “Nagô, nagô”, de domínio público, e “Chamego de Lia”, de Fernando Borges e Ozires, entre outras.

Em 2000, foi uma das atrações do V Festival Rec-Beat realizado na Praia de Boa Viagem em Recife, Pernambuco.

Em 2001 apresentou-se no Rio de Janeiro, no centro cultural Ariano Suassuna, sempre com boa aceitação por  parte da imprensa e do público. Pouco depois, fez shows na Suiça, na Espanha e na Itália.

Em 2002/2003, além de apresentações pelo Brasil,  fez turnê pela Europa, apresentando-se na Itália, Espanha, Suíça, França e Alemanha. Nestes países divulgou seu CD “Eu sou Lia”, lançado em 2000, e distribuído na França por um selo da word music. O disco impressionou a imprensa internaciona a ponto de O jornal The New York Times definir a artista como “diva da música negra”.

Em 2004, apresentou-se na concha acústica do Centro Cultural dos Correios, no Rio de Janeiro como parte dos eventos da exposição “Arte da África”, do Centro Cultural Banco do Brasil. No show, interpretou composições suas como “Santa Tereza”, em homenagem ao bairro carioca. Nesse ano, foram concluídas as filmagens de “Eu sou Lia”, longa-metragem de Karen Akerman sobre sua vida.

Em junho de 2006, apresentou-se no Circo Voador, RJ, em show único, com abertura de Celma do Côco e das Filhas de Baracho, além de temporada de apresentação 1 vez por semana, como convidada da cantora Luciane Menezes, na Casa Brasil Mestiço, na Lapa.

Em 2008, lançou o CD “Ciranda de ritmos”, produzido por Carlos Zens, e que trouxe clássicos como “Essa Ciranda quem me deu foi Lia”, “Cirandando pela praia”, de Carlos Zens, e “Suíte do Pescador”, de Dorival Caymmi. Em 2010, fez o show de encerramento do Encontro da Diversidade – A Independência da Cultura, evento realizado na Fundição Progresso, no coração da Lapa, no Rio de Janeiro, promovido pelo Ministério da Cultura, em parceria com a Secretaria Estadual de Cultura.

Em 2013, apresentou show homônimo de seu último disco em uma temporada de apresentações na casa de shows Caixa Cultural, no Rio de Janeiro (RJ).

Em 2019, apresentou-se em carro alegórico no carnaval da cidade de Recife (PE), no bloco “Galo da Madrugada”, homenageando personalidades femininas do esporte e das artes. No mesmo ano, aos 75 anos, interpretou a personagem da matriarca Dona Carmelita, no filme “Bacurau”, de Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles. Com sucesso de público e crítica, o longa-metragem, de produção brasileira e francesa, foi indicado a prêmios internacionais, como Festival de Cannes, Festival de Sydney, festival de Munique e Festival de Lima. Ainda em 2019, recebeu título de Doutor Honoris Causa pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Na mesma época, realizou apresentações de destaque na cidade do Rio de Janeiro, como no Museu de Arte do Rio (MAR), na Festa Literária das Periferias (Flup), e no Circo Voador. Também em 2019, o Governo do Estado de Pernambuco criou o “Dia da Ciranda”, tendo Lia como principal homenageada ao lado de Mestre Baracho, em cerimônia oficial. Ainda em 2019, lançou o CD “Ciranda sem fim”, pela Natura Music, com produção eletrônica/manguebit de DJ Dolores e Ana Garcia. A faixa de abertura “Falta de silêncio”, de Alessandra Leão, é um canto de trabalho. Também faz parte desse disco, o primeiro em dez anos, a ciranda “Ciranda Sem Fim”, composta especialmente para ela pelo músico carioca Lúcio Sanfilippo, depois de um encontro no Rio de Janeiro e que conta sua história como merendeira por 30 anos numa escola estadual da Ilha de Itamaracá. Outras faixas são “Desde Menina”, especialmente composta para ela por Chico Cézar, “Apenas um trago (Bom dia, meu amor)” que foi sucesso nos anos 1970, composta pelo mineiro e cantor de brega José Ribeiro, e “El Reloj”, bolero do cantor mexicano Roberto Cantoral. Na virada de 2019 para 2020, foi uma das principais atrações da festa de ano novo no Polo Acaiaca, em Recife (PE).

Em 2020, foi lançada em Recife, pela CEPE Editora, sua biografia, “Rainha da ciranda”. Devido à pandemia de corona vírus e ao isolamento social, o livro foi lançado através do perfil da editora na rede social Instagram. De autoria de Michelle de Assumpção, a obra apresentou aspectos da vida da artista, como detalhes íntimos e domésticos, além de um ensaio fotográfico retratando diferentes fases de sua trajetória.

No ano de 2024 foi uma das atrações do Palco Global Village do festival “Rock in Rio”, no Rio de Janeiro.

Discografias
2019 Natura Music CD Ciranda sem fim
2008 Ciranda de ritmos - CD
2000 Ciranda Record CD Eu sou Lia
1977 LP A rainha da ciranda
Obras
Di, Jorginho - (c/ Tina Borges)
Santa Tereza
Verde do mar
Bibliografia Crítica

ALBIN, Ricardo Cravo. Dicionário Houaiss Ilustrado Música Popular Brasileira – Criação e Supervisão Geral Ricardo Cravo Albin. Rio de Janeiro: Instituto Antônio Houaiss, Instituto Cultural Cravo Albin e Editora Paracatu, 2006.

AMARAL, Euclides. Alguns Aspectos da MPB. Rio de Janeiro: Edição do Autor, 2008. 2ª ed. Esteio Editora, 2010. 3ª ed. EAS Editora, 2014.