5.001
Nome Artístico
André Filho
Nome verdadeiro
Antônio André de Sá Filho
Data de nascimento
21/3/1906
Local de nascimento
Rio de Janeiro, RJ
Data de morte
2/7/1974
Local de morte
Rio de Janeiro, RJ
Dados biográficos

Compositor. Arranjador. Multiinstrumentista (piano, violão, bandolim, violino, banjo, percussão). Radialista. Cantor. Ficou órfão muito cedo, sendo por isso criado pela avó. Começou a estudar música erudita aos oito anos com Pascoale Gambardella. Estudou, anos depois, vários instrumentos (violão, violino, piano, bandolim), dedicando-se, então, à música popular. Formou-se em Ciências e Letras no Colégio Salesiano de Niterói, RJ, onde foi colega de Almirante. Na década de 1940, esteve internado com problemas psíquicos, que, somados a alguns outros, acabaram por fazê-lo abandonar a vida artística. É autor de muitos sucessos, entre os quais a marcha “Cidade Maravilhosa” que se tornou o hino da cidade do Rio de Janeiro.

Dados artísticos

É figura histórica do Rio de Janeiro, já que é o autor de “Cidade maravilhosa”, hino oficial da cidade, além de ser o parceiro de Noel Rosa no samba “Filosofia”. É reconhecido como o autor da marchinha mais famosa dos cariocas, já que esta faz parte da tradição dos bailes carnavalescos. Quando os foliões escutam os primeiros acordes de sua introdução, é porque o baile está chegando ao fim. Começou a carreira artística cantando na Rádio Educadora. Foi arranjador, compositor de “jingles”, locutor de várias emissoras como a Tupi, Mayrink Veiga, Phillips e Guanabara. Sua primeira composição a ser gravada foi “Velho solar”, em 1929, pela Parlophon, interpretada por Henrique de Melo Morais (o tio de Vinícius). No mesmo ano, Ascendino Lisboa lançou o samba “Dou tudo”. Em 1930, Carmen Miranda lançou duas músicas suas pela RCA Victor, o samba “O meu amor” e a marcha “Eu quero casar com você”. No mesmo ano, Sílvio Caldas gravou também pela RCA Victor o seu samba “Nem queiras saber”, em parceria com Felácio da Silva. Em 1931, Carmen Miranda gravou os sambas “Bamboleô” e “Quero só você”, Jaime Vogeler a canção “Meu benzinho foi-se embora” e Francisco Alves a valsa “Manoelina”. No mesmo ano, gravou seu primeiro disco, na Parlophon, interpretando os sambas “Estou mal”, parceria com Heitor dos Prazeres e “Mangueira”, de Saul de Carvalho. Também no mesmo ano, lançou com J. B. de Carvalho, a macumba “Anduê, anduá”, de Maximiniano F. da Costa e o samba “É minha sina”, de sua autoria. Em 1932 teve diversas composições gravadas por diferentes intérpretes, Carmen Miranda registrou os sambas “Mulato de qualidade”, “Quando me lembro” e “Por causa de você”; Sílvio Caldas o samba “Jurei me vingar”, parceria com Valfrido Silva e o Grupo da Guarda Velha e Trio TBT, o samba “Como te amei”. Em 1933, gravou os sambas “Vou navegar”e “Nosso amor vai morrendo” e teve gravados por Carmen Miranda, os sambas “Fala meu bem” e “Lua amiga” e por Elisa Coelho os sambas “O samba é a saudade” e “A lua vem surgindo”. No mesmo ano, Mário Reis foi convidado por Noel Rosa para gravar “Filosofia”, pela Columbia. Em 1934, Carmen Miranda lançou, junto com Mário Reis, o samba “Alô…alô…”, um grande sucesso no carnaval daquele ano. Ainda em 1934, gravou seu grande sucesso, a marcha “Cidade maravilhosa”, em dupla formada com a então “novata” Aurora Miranda, de apenas 19 anos. Segundo Jairo Severiano e Zuza Homem de Mello, a escolha de Aurora “refletia de certo modo a tendência de romper com uma constante da época: a hegemonia masculina na gravação do repertório carnavalesco”. De qualquer modo, o certo é que a entrada de Aurora em cena deve-se mesmo ao fato de ser irmã de Carmen, já então no auge da popularidade, inclusive nos carnavais. O lançamento de “Cidade maravilhosa”, se deu no entanto, sem grande sucesso na “Festa da mocidade”, em outubro daquele ano. A marchinha foi inscrita, no ano seguinte, no Concurso de Carnaval da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, obtendo, para indignação do autor, a 2ª colocação. Também em 1935, gravou de sua autoria e Valfrido Silva a marcha “Guarde um lugarzinho para mim” e o samba “Jura outra vez”, de Alcebíades Barcelos e Valfrido Silva e com Aurora Miranda, gravou de sua autoria, a marcha “Ciganinha do meu coração”e o samba “O que você me fez”. No ano seguinte, lançou as marchas “Teu cabelo vou pintar” e “Cadê a minha colombina”, de sua autoria. No mesmo ano, Aurora Miranda gravou de sua autoria, o samba “Quero ver você sambar” e a marcha “Bacharéis do amor” e Carmen Miranda a marcha “Beijo bamba” e o samba “Pelo amor daquela ingrata”. Em 1937 teve mais duas marchas gravadas por Aurora Miranda, “Se a moda pega…” e “Quero ver você chorando”. No ano seguinte, Aurora Miranda gravou a marcha “Na sua casa tem…”, parceria com Heitor dos Prazeres e o samba “Chorei por teu amor”. Em 1939 lançou a marcha “Linda Rosa” e o samba “Quem mandou?”. Em 1941, gravou a marcha “Carnaval na China”, de sua parceria com Durval Melo e o samba “Estrela do nosso amor”, de sua autoria. No mesmo ano, Vicente Celestino gravou pela RCA Victor a valsa “Cinzas no coração”, obtendo grande sucesso e a canção “Cancioneiro do amor”. Em 1960, um decreto oficializou “Cidade maravilhosa” como hino da cidade. No final da década de 1960, convidado e entrevistado por R. C. Albin, então diretor do MIS, gravou histórico depoimento para o Museu da Imagem e do Som, tendo sido seu estado mental considerado bastante razoável pelo entrevistador. Em 1974, Chico Buarque resgatou “Filosofia”, regravando o samba em seu álbum “Sinal fechado”, dedicado a outros autores por causa da censura imposta à sua produção. O samba foi, na época, grande sucesso e uma maneira inteligente de dar um recado ao regime militar. O samba voltaria a ser ouvido na voz de Mário Reis, na década de 1970 e, posteriormente, incluído no filme “Brás Cubas”, adaptação do cineasta Júlio Bressane para o clássico de Machado de Assis “Memórias Póstumas de Brás Cubas”. No filme, “Filosofia” é o tema do personagem Quincas Borba.

Devido a várias crises pessoais, inclusive o fim prematuro de (mal sucedido) casamento com a esposa Zilda, o que lhe teria provocado graves crises psíquico-nervosas, afastou-se completa e prematuramente da vida artística, passando a orar com a mãe que o abrigou, cercando-o de carinho e cuidados. O que obscureceu a avaliação de sua obra, fazendo com seu trabalho fosse lembrado basicamente apenas pela marcha “Cidade maravilhosa”. Em 2006, seu acervo passou a pertencer ao Instituto Moreira Sales que o homenageou por ocasião do centenário de seu nascimento com uma exposição de partituras, documentos e fotografias.

Discografias
1941 Odeon 78 Carnaval na China/Estrela do nosso amor
1939 Columbia 78 Linda rosa/Quem mandou?
1938 Odeon 78 Perdão, Emília/Onde é que eu vou parar
1937 Odeon 78 Maravilhosa/Ó Rosa
1936 Odeon 78 Teu cabelo vou pintar/Cadê a minha Colombina
1935 Odeon 78 Ciganinha do meu coração/O que você me fez
1935 Odeon 78 Guarde um lugarzinho pra mim/Jura outra vez
1934 Odeon 78 Cidade maravilhosa

(c/Aurora Miranda)

1934 Columbia 78 Lourinha brasileira/Não chore mais
1933 RCA Victor 78 Vou navegar/Nosso amor vai morrendo
1931 Parlophon 78 Anduê, anduá/É minha sina
1931 Parlophon 78 Cala a boca/Vivo feliz sem você
1931 Parlophon 78 Estou mal/Mangueira
1931 Parlophon 78 Se o teu amor.../Você diz que é melhor
1931 Parlophon 78 Vai de uma vez/Amizade não se compra
Obras
A lua vem surgindo
A teus pés
Adeus, adeus!
Agora é tarde
Alto lá
Alô... alô...
Amizade não se compra
Assim dá na vista
Bacharés do amor
Baiana do tabuleiro
Bamboleô
Beijo bamba
Beijos
Bibelô
Cadê a minha Colombina
Cala a boca (com Saul de Carvalho)
Cancioneiro do amor
Candinha (c/ Aldo Taranto)
Canto ao microfone
Carnaval na china (com Durval Melo)
Chorei
Chorei por teu amor
Cidade maravilhosa
Cinzas no coração
Como é lindo o teu olhar
Cuidado, hein!
Doquinha (c/ Valfrido Silva)
Dou tudo
E ela não jurou
Espere um pouquinho
Estou mal (com Heitor dos Prazeres)
Estrela do nosso amor
Eu vou chorar
Fala, meu bem (samba)
Filosofia (com Noel Rosa)
Guarde um lugarzinho pra mim (com Valfrido Silva)
Já não posso mais
Linda rosa
Lourinha brasileira
Lua amiga
Lurei me vingar (c/ Valfrido silva)
Mal de amor (c/ Vicente Paiva)
Malandro
Mamãezinha está dormindo
Maninha torna a voltar
Manoelina
Maravilhosa
Marisa (valsa)
Me deixa (c/ Pascoal Barros)
Meu amor chorou
Meu benzinho foi-se embora
Mulato de qualidade
Mulher nunca fala a verdade
Na orfandade
Na tua casa tem... (c/ Heitor dos Prazeres)
Noites brasileiras
Nosso amor vai morrendo
Não chore mais
Não tenho mais felicidade
Oh!... Vem por Deus
Pede com jeito (c/ A. Morais)
Pelo amor daquela ingrata
Perdão Emília! (com Antônio Almeida)
Pobrezinha da Madalena
Por causa de você
Primavera da vida (c/ Almanir Grego)
Quando a noite desce (com Roberto Borges)
Quando a saudade apertar
Quando me lembro
Que mal eu fiz a você
Quem mandou?
Quero só você
Quero ver você chorando (c/ Luiz Maia)
Quero ver você sambar
S. O. S
Saudades da mocidade
Se a moda pega
Se me abandonas (c/ Aldo Taranto e J. Nascimento)
Se o teu amor consola
Sua amiga (samba)
Terror dos namorados (com A. Oberlander)
Teu cabelo vou pintar (com A. Oberlander)
Toda gente cantando
Um dia hás de voltar
Uvinha
Vai de uma vez
Vais viver no esquecimento (c/ Saul de Carvalho)
Vejo o céu estrelado
Velho solar
Vivo feliz sem você
Você diz que é melhor (com Gastão Viana)
Vou navegar
Vou viver sozinho
como eu te amei
samba é a saudade
É minha sina
Ó Rosa (com Luís Maia)
Bibliografia Crítica

AZEVEDO, M. A . de (NIREZ) et al. Discografia brasileira em 78 rpm. Rio de Janeiro: Funarte, 1982.

CARDOSO, Sylvio Tullio. Dicionário Biográfico da música Popular. Rio de Janeiro: Edição do autor, 1965.

EFEGÊ, Jota. Figuras e coisas da Música Popular Brasileira. Editora: MEC/FUNARTE. Rio de Janeiro, 1978.

EPAMINONDAS, Antônio. Brasil brasileirinho.Editora: Instituto Nacional do Livro. Rio de Janeiro, 1982.

MARCONDES, Marcos Antônio. (ED). Enciclopédia da Música popular brasileira: erudita, folclórica e popular. 2. ed. São Paulo: Art Editora/Publifolha, 1999.

SEVERIANO, Jairo e MELLO, Zuza Homem de. A canção no tempo. Volume 1. Editora 34. São Paulo, 1997.

VASCONCELOS, Ary. Panorama da Música Popular Brasileira. Vol. 2. Editora: Martins. Rio de Janeiro, 1965.