Cantora. Compositora.
Seu interesse pela música manifestou-se logo aos sete anos de idade. Nessa época, costumava acompanhar um cantador de cocos no bairro Macaxeira, na cidade de Recife, onde ela morava.
Iniciou a carreira artística em 1954, cantando na Rádio Jornal do Comércio no Recife. Lá interpretava canções do sul do país, e mais tarde, principalmente, as versões gravadas por Celly Campelo, cantora paulista.
Em 1960, foi morar em São Paulo, onde mudou seu repertório para o gênero nordestino. Realizou shows pelo interior paulista, participando da “Caravana do peru que fala”, com Sílvio Santos. Em seguida apresentou-se com Venâncio e Corumba, dupla de cantores nordestinos. Nessa mesma época ganhou do produtor, cantor e compositor Palmeira, então diretor da gravadora Chantecler, o nome artístico de Anastácia, por inspiração de filme com o mesmo nome que fazia bastante sucesso na época. Ainda em 1960, gravou seu primeiro disco, um compacto com as músicas “Noivado longo”, de Max Nunes, “Chuleado”, “A Dica do Deca” e “Forró fiá”, todas de Venâncio e Corumba.
Em 1961, gravou seu primeiro LP pela Chantecler. Em 1963, o cantor Noite Ilustrada gravou a primeira composição de Anastácia, “Conselho de amigo”, feita em parceria com Italúcia. Passou, em seguida, para a gravadora Continental onde gravou quatro LPs, que obtiveram sucesso especialmente no Nordeste. Ainda em meados dos anos 1960, conheceu Dominguinhos, com quem se casaria e formaria uma parceria musical, num programa de Luiz Gonzaga na extinta TV Continental no Rio de Janeiro. Participaram de uma caravana artística com o “Rei do baião”.
Em 1969, participou com Dominguinhos do Festival de Música Regional Nordestina, promovido pela TV Bandeirantes, com as composições “Um mundo de amor”, que não foi classificada e “De amor eu morrerei”, que chegou em segundo lugar, as duas defendidas pela cantora nordestina Marinês. Com Dominguinhos compôs mais de 50 músicas. Em 1969, lançou pela RCA Victor o disco “Caminho da roça”, com a participação de Luiz Gonzaga nas faixas “Minha gente, eu vou me embora”, de Antônio Barros e “Feira do pobre”, de Onildo Almeida.
Em 1970, lançou o LP “Canto do sabiá”, apenas com composições de sua autoria. No mesmo ano, gravou duas composições, “De amor eu morrerei” e “Um mundo de amor”, no LP “Festival nordestino”, ambas de sua autoria e Dominguinhos. Em 1971, lançou o LP “Torrão de ouro”. Em 1973, Gilberto Gil gravou sua composição de maior sucesso, ainda em parceria com Dominguinhos, “Eu só quero um xodó”, que recebeu mais de 20 regravações. Em 1974, teve duas de suas músicas gravadas por duas das maiores cantoras brasileiras, Gal Costa, que regravou “De amor eu morrerei” e Ângela Maria que gravou “Amor que não presta não serve pra mim”. Em 1989, participou, juntamente com o grupo Bendegó e Cézar do Acordeom, do LP “Forró bom! – É do ABC!!!”, da gravadora Musicolor/Continental, disco no qual interpretou “Forró bom é do Abc”, “Quando me lembro de tu”, e “Eu tô doida pra te ver”, de sua autoria, e “Nó no pescoço”, parceria com Marcos Rozilla. Em 1990, lançou o disco “Forrolambando”, pela Hermisom, com muitas composições suas, entre elas “Quero Sair Com Você” e “Um Pedaço É Dela Outro Pedaço É Meu”, parcerias com Renato Moreno, “A Barca do Amor” e “Eu Te Amo Tanto”, parcerias com Zezum, e “O maior São João do Mundo”, parceria com Oscar Barbosa. Em 1992, lançou o LP “Saudade Matadeira”, pela Discos Kid, com todas as músicas próprias, entre elas “Cada Vez Te Quero Mais”, “Vem Que Tem Forró”, parceria com Edmilson Silva, “Forró do Zé Lagoa” e “Saudade Matadeira”, parcerias com Dominguinhos. No ano seguinte, lançou o disco “Faz Parte do Amor”, pela RGE, com a faixa-título de sua autoria com Edmilson Silva. O disco trouxe outras composições suas, como “Teu Destino Tá Traçado”, com Edmilson Silva, “O Couro Tá Comendo”, com Oscar Barbosa, “Sanfona Sentida”, com Dominguinhos, “O Cio da Mariana”, com Liane, e “Cobra Coral”, com Marcos Rozilla. Em 1994, a composição “Tenho sede” foi regravada por Gilberto Gil, no disco “Unplugged”. Gravou cerca de 30 discos, constituindo-se numa das maiores artistas do forró. Em 1995, lançou o disco “Coração de Mulher”, pelo selo Crescent/Velas, com várias músicas suas, como “Não Te Quero Mais”, “Amor Na Tarde”, “Doidinho, Doidinho”, com Dominguinhos, “Quero, Quero Amar “, com Liane, “Coração De Mulher”, com Edimilson Silva, e “Esta Noite Eu Quero Você”, com Oscar Barbosa. O CD teve participação especial de Cláudio Rios, na faixa “Benzinho E Neguinha”, de Anastácia e Edimilson Silva.
2000, lançou o CD “Sangue Bom”, pelo selo Luz Mar, com muitas músicas próprias, em parcerias com compositores como Edmilson Silva, Liane, Oscar Barbosa e Dominguinhos. Em 2001, lançou o CD “Seresta”, pelo selo Canta Brasil, com suas músicas “Não Te Quero Mais”, “Amiga”, “Terminou”, “Carta Queimada”, “Amor na Tarde”, “Porto do Amor”, “Amor de Minha Vida”, “Embriaguês”, e “Tudo É Solidão”, além das parcerias com Dominguinhos “Amor Proibido”, “Resposta da Carta”, e “De Amor Eu Morrerei”.
Em 2004, lançou o álbum “50 Anos de Forró”, pela Atração Fonográfica, com várias composições suas, como “Tá Querendo Cafuné”, “Forró Do Xenhenhem”, “Dor Da Separação”, “50 Anos De Forró”, “Eu Quero Você Nenê”, “Pode Voltar”, “Eu Quero Forrozá”, e “Canção Pra Bob Marley”, todas em parceria com Liane. O disco teve participações especiais de Falamansa, em “Xote Da Gameleira”, de Anastácia e Dominguinhos, Cyro Aguiar, em “Beijo Com Batom”, de Anastácia, Nilton Martins e Liane, e Trio Virgulino, em “Forró Do Remelexo”, de Anastácia e Liane.
Em 2006, lançou CD, com selo Discos Arlequim, trazendo várias composições suas, como “Eu quero um xodó” e “Tenho sede”, parcerias com Dominguinhos, “Será que é amor”, “Gosto de maçã”, “Meu jeito simples”, “Meu amor, tenha dó”, “Não dou meu perdão”, “Vendaval de paixão”, “O sono não vem”, “Fogo da paixão”, e “Me amarro no teu cheiro”, todas parcerias com Liane. Entre seus intérpretes estão Nana Caymmi, Cláudia Barroso, Jane Duboc, Doris Monteiro, José Augusto, Ângela Maria e outras artistas brasileiros, além dos internacionais Paul Murriat, Timy Thomas e Ornela Vanoni. Em 2009, lançou o CD “Amor entre quatro paredes”, do qual foi responsável pela produção musical, junto com Deca, e pela produção executiva. Das 18 faixas, 17 contaram com a sua assinatura, em parcerias com compositores como Messias Lima, Liane, e Chico Macambira, além de seu ex-marido, Dominguinhos. No mesmo ano, teve as suas músicas “São João bonito” e “Oi lá vou eu”, parcerias com Dominguinhos, gravadas por Liv Moraes, filha de Dominguinhos, no CD “É você”, lançado pela Atração Fonográfica. Em 30 de maio de 2011, data em que completou setenta anos, lançou em Recife o livro “Eu sou Anastácia – histórias de uma rainha”, escrito em parceria com a cantora e historiadora Lêda Dias. O livro contou com o patrocínio do Funcultura, do FUNDARPE e da Secretaria de Educação do Governo de Pernambuco. O lançamento reuniu amigos da cantora e diversos artistas representativos da música regional de Pernambuco. Nesse mesmo ano, somando 210 composições com Dominguinhos, que vão do samba ao baião e forró, entre outros ritmos, e comemorando 56 anos de carreira, foi atração no programa “Sr. Brasil”, apresentado por Rolando Boldrin, na TV SESC. Na oportunidade, deu entrevista e interpretou vários sucessos, como “Amor de zabelê”, “Saudade matadeira”, e “Doidinho doidinho”, as duas últimas, parcerias suas com Dominguinhos. Em 2014, comemorou 60 anos de carreira, lançando o CD “60 anos de forró e MPB”, com 18 das 19 faixas compostas por ela. O disco teve participações especiais de Elba Ramalho e Luiz Wilson. Para o lançamento do disco, realizou apresentação em São Paulo, acompanhada por Ó do Forró e Mestrinho.
Em 2015, com o disco “60 anos de forró e MPB”, foi indicada ao Prêmio de Música Brasileira, na categoria Melhor Cantora de Música Regional.
Em 2018, aos 77 anos, lançou seu primeiro DVD da carreira, “Daquele jeito”, pela Atração Fonográfica, sintetizando seu estilo e com diversas participações especiais, entre elas Zeca Baleiro, Fagner, Fafá de Belém, Trio Xamego, Dantas do Forró e Niltinho Ribeiro. O álbum obteve sucesso perante a crítica e foi indicado ao prêmio Grammy Latino, no ano, na categoria “Melhor álbum de música de raízes em língua portuguesa”. Desde desse ano, começou a ser homenageada pela torcida de seu clube de futebol de coração, o Botafogo (RJ), com a versão de seu grande sucesso “Eu só quero um xodó” (parceria com Dominguinhos), cuja versão, em canto de incentivo ao time, desde então, passou a ser entoado nas arquibancadas do estádio Nilton Santos, no Rio de Janeiro (RJ). A versão foi tema de reportagem especial com participação de sua filha com Dominguinhos, Live Moraes, no programa Globo Esporte, exibido pela TV Globo.
Em 2019 lançou o DVD “Eu sou Anastácia”, com produção da neta, Carolina Albuquerque
Em maio de 2020, no dia 29, lançou o EP “Anastácia 80 – Lado A”, apenas com músicas inéditas interpretadas em dueto com outros grandes nomes da música popular brasileira. O trabalho foi produzido por Zeca Baleiro e o maestro Adriano Magoo. O EP teve duetos com Roberta Miranda, Amelinha, Chico César, Mestrinho, Jorge de Altinho e Mariana Aydar. Duas das composições foram parcerias de Zeca e Anastácia: “O sertão está chorando”, interpretado por Amelinha, e “Venha logo” cantada por Chico César. A canção “Venceu a solidão”, também no trabalho, era uma parceria inédita com Dominguinhos que teve a participação de Mariana Aydar. Também estão no EP “Contando estrelas”, com a participação de Roberta Miranda, e “A saudade me trouxe pelo braço”, que teve Hermeto Pascoal tocando.
Em junho de 2021, ano em que completou 80 anos, foi a primeira homenageada do “Troféu tradições”, prêmio entregue pela União Brasileira dos compositores(UBC) . A homenagem também teve um show da compositora no qual ela celebrou sua trajetória musical com participações especiais de Zeca Baleiro, Mariana Aydar e Mestrinho tocando sucessos como “Xote da Gameleira”, “Canção pra Bob Marley”, “Cheguei pra ficar”, “Contrato de separação”, “O amor de Zabelê”, “Doce cachaça”, “Saudade matadeira”, “Tenho sede/ Eu quero um xodó”, entre outros. O show foi no Canto da Ema, casa tradicional de forró em São Paulo. No mesmo ano, em outubro, no dia 22, lançou, em parceria com Fi Bueno, o álbum “Identidades”. O álbum teve participação de Zeca Baleiro em “Estrela Cadente”(Anastácia e Fi Bueno) e de Gilberto Gil em “Interestelar” (Anastácia e Fi Bueno) single que foi lançado com um mini-doc a participação dos artistas e de Guto Graça Mello, produtor do álbum. Além de “Interestrelar” e ‘Estrela Cadente”, as músicas incluídas foram “Pé de Joá” (Anastácia e Fi Bueno), “O Molejo do Teu Corpo” (Anastácia e Fi Bueno), “Tramela” (Anastácia e Fi Bueno), “O Sucesso da Zefinha” (Anastácia), “Distância Tirana” (Anastácia, João do Vale e Julinho do Acordeon), “Sadismo” (Anastácia e Dominguinhos), “Eu Só Quero um Xodó” (Anastácia e Dominguinhos) / “Xotear” (Fi Bueno), “Na Areia da Praia” (Anastácia, Fi Bueno e Céu), “Raiz Popular” (Anastácia e Fi Bueno), “Meu Santo É Brasa” (Anastácia e Jackson do Pandeiro), “Tenho Sede” (Anastácia e Dominguinhos) e “Amar Pra Valer” (Anastácia e Fi Bueno). O trabalho teve a direção musical de Guto Graça Mello com mixagem de Guto Graça Mello e Gustavo Modesto. A masterização ficou por conta de Felipe Tichauer. Tocaram no trabalho Fi Bueno (violões de aço e náilom, e percussões), Robinho Tavares(baixo), Guto Graça Mello(teclados), Toninho Ferraguti(sanfona), Marcelo Maita(piano), Naldinho Feliciano(baixo), Nina Maia (voz), Sylvia Maçari(voz) e Sergio Melo (bateria)
Single com Enok Virgulino
Reedição
Com Fi Bueno
Single com Gilberto Gil
Single com Fi Bueno
Single com Bando de Régia
Single com Fi Bueno
Single com Fi Bueno
reedição
Single com Trio Macaiba
Single
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Reedição
reedição
Single
AMARAL, Euclides. A Letra & a Poesia na MPB: Semelhanças & Diferenças. Rio de Janeiro: EAS Editora, 2019.
MARCONDES, Marcos Antônio. (ED). Enciclopédia da Música popular brasileira: erudita, folclórica e popular. 2. ed. São Paulo: Art Editora/Publifolha, 1999.