Cantor. Compositor.
Um de seus avós era cangaceiro. Com seis anos de idade cantava no sistema de alto falantes instalado na cidade de Iguatu, cidade onde foi criado. Ainda criança aprendeu a tocar violão. Aos 11 anos mudou-se para Fortaleza. Na capital cearense trabalhou como feirante e continuou a estudar violão. Faleceu aos 91 anos de idade, vítima de um AVC, em um hospital particupar de Fortaleza onde estava internado.
Iniciou a carreira artística em 1949 tocando violão num conjunto que fazia apresentações em bares da cidade de Fortaleza(CE). Por essa época foi premiado com o primeiro lugar por sete vezes em programas de calouros da Ceará Rádio Clube. Em 1950, formou, com Mário Alves e Epaminondas de Souza, o Trio Nagô, com o qual fez apresentações em São Paulo, Porto Alegre e Rio de Janeiro, onde o trio fez sucesso no programa César de Alencar na Rádio Nacional. Aliás, seria o animador César de Alencar, também cearense, quem apadrinharia o Trio no Rio de Janeiro. Foram contratados para uma temporada de três meses na Rádio Jornal do Brasil.
Em 1954, fez com Julinho do Acordeom os baiões “Baião macumbá” e “Baiãozinho bom”, gravados pelo próprio Julinho na Sinter. Em 1957, fez com Pedro Caetano o samba “Eu e Deus”, gravado por Nora Ney na Continental, e com Marino Pinto o samba-canção “Não”, gravado por Lúcio Alves na Mocambo. Em 1958, fez com Antônio Maria o samba-canção “Canção para ninar gente grande”, gravado por Bill Farr na Continental. Nesse ano, Carlos José regravou na Polydor o samba-cançao “Eu e Deus” e gravou na Odeon o samba-canção “Deixe que ela se vá”, com Gilberto Ferraz, que obteve grande repercussão. Conheceu nesse mesmo ano Jair Amorim, seu principal parcerio, na sede da UBC. No mesmo dia compuseram a primeira música, “Conversa”, de uma série de parcerias. A música foi gravada por Alaíde Costa, pela RCA Victor, naquele mesmo ano. Em 1959, fez com Almeida Rego a marcha-rancho “Um punhadinho de estrelas”, gravada por Marina Barbosa na Continental, e o bolero “A noite e a prece”, gravado por Dorinha Freitas na RGE. Nelson Gonçalves, também em 1959, regravou na RCA Victor o samba-canção “Deixe que ela se vá”. Nesse ano, seu samba-canção “Conversa”, com Jair Amorim foi gravado na Copacabana por Luciene Franco e o bolero “Só Deus”, foi gravado por Maysa na RGE.
Em 1960, seu bolero “Alguém me disse”, parceria com Jair Amorim, foi gravado pelo Duo Guarujá na Continental e por Maysa na RGE, alcançando grande sucesso na gravação de Anísio Silva, lançada pela Odeon. No mesmo ano, o Trio Nagô gravou a canção “Ave Maria dos namorados” e o samba “Pior pra você”, Marco Antônio o bolero “Beija-me depois”, todos em parceria com Jair Amorim, e Dalva de Andrade o samba “Vou fazer um samba”, com Almeida Rego. Na mesma época Hebe Camargo gravou o samba-canção “Cantiga de quem está só” e o Trio Irakitan gravou “Prá lá de bom”, com Almeida Rego; Anísio Silva regravou o bolero “Beija-me depois”, e o samba-canção “Cantiga de quem está só”, foi gravado por Agostinho dos Santos.
Em 1961, Carlos José gravou o samba-canção “Ninguém chora por mim”, João Dias o bolero “Perdão senhorita” e Anísio Silva o bolero “Onde estarás”, todas com Jair Amorim. Ainda nesse ano, na RCA Victor, o Trio Nagô gravou seus boleros “Beija-me depois”, “Uma vez mais” e “Cantiga de quem está só” e Rosana Toledo o samba “Maldade” e o samba-canção “Quando existe Deus”, todas parcerias com Jair Amorim. Em 1962, o bolero “E a vida continua”, com Jair Amorim, foi gravado por Rosana Toledo e regravado por Nora Ney e Agnaldo Rayol. O samba-canção “Poema do olhar” e o samba “Falso”, da mesma parceria, foram gravados por Miltinho, os dois na RGE. No mesmo ano, a cantora Morgana gravou na Continental o bolero “Maldito” e Cauby Peixoto na RCA Victor regravou o samba-canção “Ave Maria dos namorados”, parcerias com Jair Amorim. Este samba-canção seria um dos carros-chefe do cantor durante alguns anos. Ainda em 1962, os boleros “Maldito” e “E a vida continua”, de com Jair Amorim, foram gravdos pela cantora Edith Veiga no LP “Sozinha”
Em 1963, Rosana Toledo voltou a gravar uma música sua na RGE, o bolero “Tudo de mim”, parceria com Jair Amorim. Nesse ano, Vera Lúcia gravou na CBS duas composições de sua parceria com Jair Amorim: “O bilhete” e “Samba sem pim-pom”. Na Copacabana, Moacir Franco gravou os sambas-canção “Tudo de mim” e “Ninguém chora por mim” e Roberto Silva a “Serenata da chuva”, todas parcerias com Jair Amorim. Ainda nesse ano, Dalva de Oliveira gravou “Há meia hora apenas”, Anísio Silva “Um dia em Portugal” e “Quem tudo quer nada tem” e Ângela Maria, na RCA Victor, o samba-canção “O bilhete”, todas as quatro com Jair Amorim. Nessa época, o cantor Altemar Dutra passou a ser o principal intérprete de suas composições com Jair Amorim. Foram vários sucessos, o primeiro, o bolero “Tudo de mim”, incluída no LP de estréia do cantor.
Em 1964, Dircinha Batista gravou na Mocambo o samba “Nosso cantinho”, parceria com Jair Amorim. Nesse ano, Altemar Dutra gravou o bolero “Que queres tu de mim” e “Serenata da chuva”. Em 1965, o mesmo Altemar gravou com grande sucesso os boleros “Sentimental demais” e “O trovador”. Obteve ainda razoável sucesso nesse ano com o samba “Garota moderna”, uma homenagem à filha caçula de Jair Amorim, gravado por Wilson Simonal. Ainda em 1965, compôs com Jair Amorim o “Hino de amor ao Rio de Janeiro” que foi a música de encerramento do espetáculo “Hip! Hip! Hip! Rio!” montado por Carlos Machado e apresentado na boate Night and Day. No ano seguinte, Altemar gravou “Brigas” no LP “Sinto que te amo”, pela Odeon. Em 1969, o cantor Jair Rodrigues gravou, também da parceria com Jair Amorim, o samba “O Conde”, um grande sucesso, e Dircinha Batista gravou o samba “Faz de conta”, parceria com Jair Amorim e Luiz de França.
Em 1971, fez sucesso nos bailes de carnaval com a marcha-rancho “Bloco da Solidão”, também com Jair Amorim. Em 1973, compôs com Jair o samba-enredo da Portela, que homenageava Pixinguinha, “O mundo melhor de Pixinguinha”. Embora recebendo críticas positivas e negativas, em igual grau, a música acabou por ser uma das mais executadas, tanto no ano do lançamento quanto posteriormente. Em 1975, Ângela Maria gravou “Tango pra Tereza”, parceria com Jair Amorim. Em 1979, a música “Se eu pudesse”, com Jair Amorim foi gravada pela dupla Jane e Herondy. Em 1980, fez sucesso com o bolero “Meu homem”, com Jair Amorim gravado pela cantora Edith Veiga. Em 1993, o samba-canção “Brigas”, com Jair Amorim, foi gravado pelo cantor Fagner no LP “Demais” da BMG Ariola
Em 1999, Cris Braun gravou “Brigas”, Ana Carolina “Alguém me disse” e Milton Nascimento “Se alguém telefonar”, todas parcerias com Jair Amorim. Em 2000, teve outras três parcerias com Jair Amorim regravadas: “Sentimental demais” e “Que queres tu de mim” por Simone e “Ninguém chora por mim”, por Fafá de Belém.
Em 2002, aos 72 anos de idade e 50 de carreira fez seu primeiro show solo, na cidade de Conservatória. O show resultou no CD “Romântico e sentimental” gravado ao vivo interpretando seus grandes sucessos. Em 2003, gravou a inédita “Hora eu, hora você”, parceria com Jair Amorim. Ainda em 2003, teve a guarânia “Ave Maria dos namorados”, com Jair Amorim, gravada pelo violeiro Yassir Chediak, no CD “Estradas”. Deixou cerca de 1200 composições escritas e cerca de 700 gravadas.
AZEVEDO, M. A . de (NIREZ) et al. Discografia brasileira em 78 rpm. Rio de Janeiro: Funarte, 1982.
CARDOSO, Sylvio Tullio. Dicionário Biográfico da música Popular. Rio de Janeiro: Edição do autor, 1965.
MARCONDES, Marcos Antônio. (ED). Enciclopédia da Música popular brasileira: erudita, folclórica e popular. 2. ed. São Paulo: Art Editora/Publifolha, 1999.
SEVERIANO, Jairo e MELLO, Zuza Homem de. A canção no tempo. Volume1. São Paulo: Editora: 34, 1999.