
Compositor. Jornalista. Radialista.
Filho de Higino Reis, nasceu em São Paulo, mas foi criado no bairro de Vila Isabel, no Rio de Janeiro onde desde criança se interressou pela música, tendo participado do bloco carnavalesco “Faz vergonha”, para o qual fez algumas composições.
Teve como parceiros grandes personalidades da música popular brasileira, tais como, Newton Teixeira, Nássara, Ataulfo Alves, Noel Rosa, Wilson Batista e Haroldo Lobo. Em 1934, teve a sua primeira composição gravada, o samba “Se você quiser saber”, em parceria com Sílvio Pinto pelo Bando da Lua na Victor. No mesmo ano, com Nássara, compôs a marcha “Olha pra lua” gravada por Francisco Alves também na Victor.
Começou como radialista na Rádio Guanabara, em 1935. Ficou conhecido como “Amigo velho”, por causa da expressão que usava para iniciar seu programa naquela emissora. Segundo ele, que também foi locutor do “Programa Casé”, até então, “os locutores falavam de um jeito em que pareciam estar chamando o ouvinte de Vossa Excelência. Eu, não. Eu o chamava de “Amigo velho”. A expressão, no entanto, acabou tornando-se um pseudônimo do então jovem locutor. Ainda em 1935 teve sucesso com o samba “Arrependimento”, parceria com Sílvio Caldas que o lançou pela Odeon. No ano seguinte, Sílvio Caldas gravou os sambas “Morena da minha aldeia”, parceria dos dois e “Tudo me fala do teu olhar”, parceria com Newton Teixeira.
Em 1937, obteve sucesso com o samba “Até breve”, parceria com Ataulfo Alves, gravado por Sílvio Caldas. Em 1940, sua marcha-rancho “Mal-me-quer”, em parceria com Newton Teixeira, obteve grande sucesso no carnaval na voz de Orlando Silva. Esta comosição foi considerada pela cronista carnavalesca Eneida como a mais bela marcha rancho da história do carnaval carioca. No mesmo ano, Nuno Roland gravou o samba “Foi o seu amor” e a valsa canção “No carnaval da vida”, parcerias com Felisberto Martins.
Era um freqüentador assíduo do famoso Café Nice, ponto de encontro dos compositores e cantores da época. Os intérpretes que mais gravaram suas músicas foram Dircinha Batista e Gilberto Alves. Em 1941 teve a música “Nosso juramento”, parceria com Newton Teixeira interpretada por Dircinha Batista no filme “Entra na farra”. No mesmo ano compôs com Wilson Batista o samba “Um pedaço de mim”, gravado na Odeon por Gilberto Alves e com Newton Teixeira compôs o samba jongo “Baiana em Hollywood”, gravado pela dupla Alvarenga e Ranchinho. Na mesma época, Francisco Alves gravou o samba “Terra do samba”, parceria com Sílvio Pinto e a marcha “Um agradinho é bom!…”, parceria com Benedito Lacerda.
Foi um dos fundadores da UBC (União Brasileira dos Compositores), no dia 22 de junho de 1942, em reunião realizada no Bar Alpino, no Leme, bairro do Rio de Janeiro, onde estavam presentes Ary Barroso, David Nasser, Benedito Lacerda e outros. No mesmo ano teve as marchas “O mundo vai se acabar”, parceria com Nássara gravada por Dircinha Batista e “Quer tomar alguma coisa?”, parceria com Newton Teixeira, gravada por Alvarenga e Ranchinho. Ainda no mesmo ano, obteve sucesso com o samba “Por causa de uns olhos negros”, parceria com Frazão, gravado por Dircinha Batista na Odeon.
Em 1943, Ataulfo Alves e Sua Academia de Samba gravaram o samba “A nova aurora raiou”, parceria com Paulo Pinheiro; Dircinha Batista gravou a marcha “O fungangá”, parceria com Frazão e Orlando Silva o samba “Quero-te como és”, parceria com Roberto Martins. No ano seguinte, Gilberto Silva gravou o samba “Sou o fiscal do salão”, parceria com Alcebíades Nogueira. Em 1945 teve a marcha “Eles têm que respeitar”, parceria com Cyro de Souza gravada por Dircinha Batista e incluída no filme da Atlântida “Não adianta chorar”. No mesmo ano, Aracy de Almeida gravou o samba “Ela não sabe dançar”, parceria com Alcebíades Nogueira.
Em 1946 compôs com Geraldo Pereira o samba “Jurei” gravado por Orlando Silva e com Newton Teixeira o samba “Quando o rei Momo me chamar”, gravado por Aracy de Almeida. Em 1948 teve a valsa “Maldito amor”, parceria com Georges Moran registrado por Orlando Silva na Odeon. No ano seguinte o grupo vocal Quatro Azes e Um Coringa gravou o samba “Esta merece um samba”, parceria com Pedro Caetano. Em 1955 Roberto Luna registrou o samba “A mulher é sempre mulher”, parceria com Waldemar de Abreu.
No registro de algumas de suas composições, usava o nome verdadeiro, Armando Reis. Em 2000, teve o samba “Bis maestro, bis”, parceria com J. Maia, gravado por Linda Batista e sucesso de 1940 relançado pela EMI na série “Cantores do Rádio”, volume 2.
AMARAL, Euclides. A Letra & a Poesia na MPB: Semelhanças & Diferenças. Rio de Janeiro: EAS Editora, 2019.
AZEVEDO, M. A . de (NIREZ) et al. Discografia brasileira em 78 rpm. Rio de Janeiro: Funarte, 1982.
CARDOSO, Sylvio Tullio. Dicionário Biográfico da música Popular. Rio de Janeiro: Edição do autor, 1965.
EPAMINONDAS, Antônio. Brasil brasileirinho. Rio de Janeiro: Mec/Funarte, 1982.
MARCONDES, Marcos Antônio. (ED). Enciclopédia da Música popular brasileira: erudita, folclórica e popular. 2. ed. São Paulo: Art Editora/Publifolha, 1999.
SEVERIANO, Jairo e MELLO, Zuza Homem de. A canção no tempo. Volume 1. São Paulo: Editora: 34, 1997.
VASCONCELOS, Ary. Panorama da música popular brasileira – volume 2. Rio de Janeiro: Martins, 1965.