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Nome Artístico
Bonfíglio de Oliveira
Nome verdadeiro
Bonfiglio de Oliveira
Data de nascimento
27/9/1891
Local de nascimento
Guaratinguetá, SP
Data de morte
19/5/1940
Local de morte
Rio de Janeiro, RJ
Dados biográficos

Trompetista. Compositor.

Seu pai era contrabaixista da Banda Mafra, de sua cidade natal e lhe ensinou os primeiros passos musicais. Atuou na Banda Mafra por cerca de dois anos e na Banda União Beneficente tocando bumbo. Estudou trompete com o maestro Acosta e passou a integrar por volta de 1906 a Banda Mafra. A convite do sacerdote salesiano Frederico Gióia, integrou a Banda do Colégio São José, onde estudava, aprendendo com ele as primeiras noções de regência e composição. Pouco mais tarde, passou à regência da Banda, datando deste período sua primeira composição, o dobrado “Pe. Frederico Gióia”, homenagem ao amigo e mestre. Continuou seus estudos no Ginásio São Joaquim, em Lorena (SP), indo depois para Piquete (SP), onde organizou uma banda que se apresentava pelas cidades da região.

Por volta de 1912, em uma apresentação da Banda na cidade de Barra Mansa (RJ), o maestro e violinista Lafaiete Silva, irmão do flautista Patápio Silva, impressionado com seu talento, convidou-o a se transferir para o Rio de Janeiro.

Dados artísticos

Considerado  um dos maiores instrumentistas de seu tempo, ao lado de Pixinguinha e Luís Americano.  Atuou no Grupo da Guarda Velha e nos Diabos do Céu.
No Rio de Janeiro, passou a integrar a Orquestra do Cinema Ouvidor, dirigida pelo maestro Lafaiete Silva e da qual também fazia parte Pixinguinha.  Concluiu seus estudos no Conservatório Musical do Rio de Janeiro, e  passou a atuar intensamente  como trompetista e contrabaixista em diversos cinemas e teatros cariocas.  Ingressou, posteriormente, na Orquestra Sinfônica do Rio de Janeiro,  dirigida na época pelo maestro Francisco Braga. Sua primeira gravação sem data precisa foi “Sonho de maxixe”, de sua autoria na Odeon. Também sem data precisa, foi gravada por Edgard Freitas na flauta seu maxixe “O malandrinho”, também na Odeon. Em 1918, em sua cidade natal compôs a valsa “Glória”, considerada sua grande obra, feita em homenagem  a uma grande paixão. Por essa época, participou das primeiras formações do conjunto “Os Batutas”. Em 1919, atuou como compositor e diretor de harmonia do desfile do Rancho Ameno Resedá. Em 1925, fez com Pixinguinha e outros músicos uma histórica apresentação no Cine Teatro Central na sua cidade natal de Guaratinguetá acompanhdo pelos dançarinos Duque e Gaby. Em 1928, Francisco Alves e Gastão Formenti gravaram na Odeon, de sua autoria, o maxixe “Não posso comer sem molho”.  Em 1930 gravou na Brunswick, de sua autoria o choro “Arlete”. Ainda em 1930, foi homenageado pelo Presidente Washington Luís, que o presenteou com um pistom de prata com uma inscrição numa chapa de ouro que dizia: “ao maior pistonista do Brasil, Bonfiglio de Oliveira – homenagem do Governo de Washington Luís”. No mesmo ano, teve a modinha “Teus olhos castanhos”, parceria com Lamartine Babo gravada por Augusto Calheiros na Parlophon.
Em 1931 gravou na Victor a valsa “Terezinha” e o choro “Flamengo”, homenagem ao bairro carioca onde morava, ambas de sua autoria. Também em 1931 teve a valsa “Glória”, com versos de Branca M. Coelho gravada por Gastão Formenti na Columbia. No ano seguinte gravou o choro “Lembranças do passodo”, de sua autoria e a valsa “Mar de Espanha”, composta em parceria com Rogério Guimarães e L. R. Evandro. Gravou também, com canto de Luciano Perrone, a valsa “Alvorada”, parceria com Orestes Barbosa. Neste mesmo ano, participou da gravação original de “O teu cabelo não nega”, de Lamartine Babo e Irmãos Valença, registro histórico da Música Popular Brasileira. Por essa época, atuou com a orquestra da Companhia Arruda com a qual percorreu diversos estados brasileiros. Atuou também com a Companhia Jardel Jércolis, apresentando-se em cidades portuguesas, numa longa temporada. Com a Orquestra do Cassino Atlântico visitou a Itália, França e Espanha – quando foi apontado pelos críticos europeus como um dos maiores trompetistas do mundo. Durante a década de 1930, como solista  e integrante de orquestra, atuou no Programa Casé, da Rádio Philips. Em dezembro de 1933 teve a marcha “Carolina”, parceria com Hervê Cordovil gravada por Carlos Galhardo na Victor. Essa marcha se tornou grande sucesso no carnaval do ano seguinte. Ainda em 1933, como integrante da Companhia Jardel Jércolis apresentou-se numa das mais afamadas casas de espetáculos da Europa na ocasião, o Coliseu dos Recreios em Lisboa. Apresentou-se ainda na Espanha e na França.
Em 1934 teve de sua parceria com André Filho, a marcha “Chorando”, gravada por Aurora Miranda e de sua autoria e Herivelto Martins, a marcha “Mais uma estrela”, gravada por Mário Reis. No mesmo ano, atuou com o grupo “Bonfíglio e Sua Embaixada”, com o qual participou de algumas  gravações com a Dupla Preto e Branco. Em 1935 teve a marcha “Mariana”, parceria com Lamartine Babo e o samba “É de verdade”, parceria com Herivelto Martins, gravadas por Carlos Galhardo na Columbia.
Em 1936, Carlos Galhardo gravou de sua autoria, a marcha “Madalena”. No mesmo ano, seu choro “”Isso É Nosso”, foi gravado pela Orquestra Típica Victor, dirigida por Radamés Gnattali. Em 1937 gravou de sua autoria o choro “O que se pode arranjar”. No outro lado do disco, a Orquestra Típica Victor gravou, também de sua autoria o choro “Saudades de Guará”. No mesmo ano, Ascendino Lisboa gravou a marcha “Margarida” e o maxixe “O teu sapateado”, parcerias com Valfrido Silva. Ainda em 1937, teve o choro “O Que Se Pode Arranjar” gravado pela Orquestra Típica Victor, então dirigida pelo maestro Radamés Gnattali. Instrumentista de destacada atuação, teve sempre como companheiros extraordinários músicos como Pixinguinha, Donga, Luís Americano, João da Baiana, Luciano Perrone, Luperce Miranda, entre  tantos outros  grandes nomes da Música Popular Brasileira. Em 1939, fez sua última apresentação na cidade de Guaratinguetá, no Cine Teatro Central tocando com os instrumentistas José da Silva Lacaz, Lauro dos Santos, Sebastião Guimarães, José Meirelles e o conjunto Os 7 Bemóis. Em 1952, sua canção “Flor do ipê” foi gravada em arranjo para baião pelo organista André Penazzi em disco da gravadora Star. Em 1979,  foi lançado o segundo disco da série Revivendo, que apresenta  suas obras interpretadas por Copinha e seu Conjunto. Em 2001 o mesmo selo Revivendo lançou um CD com fonogramas originais por ele gravados ao lado de Pixinguinha nas décadas de 1910 e 1920. Em 2002, foi homenageado no desfile das escolas de samba de Guaratinguetá, quando a principal instituição carnavalesca da cidade apresentou para platéia numerosa a história de sua vida e de suas glórias na MPB. Em 2003, o selo Revivendo lançou o CD “Bonfíglio de Oliveira” com 21 obras de sua autoria. Nesse disco as valsas “Therezinha” e “Mar de Espanha”, e os choros “Lembranças do passado”, “Flamengo” e “O que se pode arranjar” estão presentes com interpretações suas em solo de pistão, além dos maxixes “Não posso comer sem molho”, cantado em dueto por Gastão Formenti e Francisco Alves com acompanhamento da Orquestra Pan Americana do Cassino Copacabana, e “O teu sapateado”, com Walfrido Silva, na interpretação Ascendino Lisboa; os choros “Amoroso”, interpretado pelo Quarteto Bruswick; “Isso é nosso” e “Saudades de Guará”, pela Orquestra Típica Victor; “Arlete”, “Odete” e “Estou amando”, pelo Conjunto Típico Brasileiro; e “Triste alegria”, por Garoto em solo de bandolim; as marchas “Mais uma estrela”, com Herivelto Martins, na voz de Mário Reis; “Chorando”, com André Filho, interpretada por Aurora Miranda, e “Margarida”, com Walfrido Silva cantada por Ascendino Lisboa; a modinha “Teus olhos castanhos”, com Lamartine Babo cantada por Augusto Calheiros; ; as canções “Saudade gaúcha”, nas vozes de Gastão Formenti e Sílvio Caldas, e “Frô do ipê”, com Nelson de Abreu cantada por Silvio Vieira, e a valsa “Gloria”, com Branca M. Coelho na voz de Gastão Formenti. Integrou a Orquestra da Rádio Philips, a Orquestra Tipica Victor, a Orquestra Victor Brasileira, Os Oito Batutas e o grupo Diabos do Céu. Foi sepultado no cemitério Municipal de Guaratinguetá e em sua lápide foi fgeita a seguinte inscrição: “Com a sua arte atingiu a imortalidade”.

Discografias
2003 Revivendo CD Bonfíglio de Oliveiras - Compositor e trompetista de ouro
1937 Victor 78 O que se pode arranjar/Saudades de Guará
1932 Columbia 78 Alvorada
1932 Victor 78 Lembranças do passado/Mar de Espanha
1931 Victor 78 Teresinha/Flamengo
1930 Brunswick 78 Arlete
Obras
A César o que é de César
Alvorada (c/ Orestes Barbosa)
Amor não se compra
Arlete
Carolina (c/ Hervé Cordovil)
Chorando (c/ André Filho)
Estou amando
Flamengo
Frô de Ipê (c/ Nelson de Abreu)
Glória (c/ Branca M. Coelho)
Guará
Iaiá da Bahia
Isso é nosso
Lembranças do passado
Madalena
Mais uma estrela (c/ Herivelto Martins)
Mar d'Espanha (c/ Rogério Guimarães e L. R. Evandro)
Margarida (c/ Valfrido Silva)
Mariana (c/ Lamartine Babo)
Meu feitiço
Não posso comer sem molho
O bom filho a casa torna
O malandrino
O que se pode arranjar
O teu sapateado (c/ Valfrido Silva)
O vendedor de pipoca (c/ Alberto Ribeiro)
Odete
Por que choras?
Relembrando o passado
Roseclair
Saudade de Guará
Silinha
Sonho de maxixe
Teresinha
Teus olhos castanhos (c/ Lamartine Babo)
Tudo dança
É de verdade (c/ Herivelto Martins)
Bibliografia Crítica

AZEVEDO, M. A . de (NIREZ) et al. Discografia brasileira em 78 rpm. Rio de Janeiro: Funarte, 1982.

EFEGÊ, Jota. Figuras e coisas da Música Popular Brasileira. Editora: MEC/FUNARTE. Rio de Janeiro, 1978.

MARCONDES, Marcos Antônio. (ED). Enciclopédia da Música popular brasileira: erudita, folclórica e popular. 2. ed. São Paulo: Art Editora/Publifolha, 1999.

MARIZ, Vasco. A canção popular brasileira. Editora: Francisco Alves. Rio de Janeiro, 2002.

SEVERIANO, Jairo e MELLO, Zuza Homem de. A canção no tempo. Vol.1. Editora: 34. São Paulo, 1997.

VASCONCELLOS, Ary. Panorama da Música Popular Brasileira – volume 2. Editora: Martins. Rio de Janeiro, 1965.

VÁRIOS. Brasil Musical. Editora: Art Bureau. Rio de Janeiro, 1988.