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Nome Artístico
Catulo de Paula
Nome verdadeiro
Ermenegildo Evangelista de Souza
Data de nascimento
13/8/1923
Local de nascimento
São Benedito, CE
Data de morte
10/12/1984
Local de morte
Fortaleza, CE
Dados biográficos

Cantor. Compositor.

Seu pai era cego desde os seis meses de idade e sustentava a família, composta de mulher e oito filhos, tocando violino, saxofone e clarineta em festas de sua cidade no interior cearense. Com oito anos, começou a tocar violão, ganhando os primeiros trocados para ajudar no sustento da família. Por volta dos 10 anos de idade, passou a fazer parte do grupo Vocalistas Tropicais, com os quais foi fazer uma excursão a Fortaleza, capital do Ceará. Acabou saindo do grupo por causa de um dos integrantes e teve que se virar por conta própria para sobreviver, passando a fazer biscates de diversos tipos. Passou a viajar pelo interior do Nordeste.

Dados artísticos

Em 1944, foi convidado para fazer parte do grupo “Os Boêmios da Noite”. Na mesma época, mudou-se para o Recife, em Pernambuco, onde adotou o nome artístico de Catulo de Paula. Em 1948, resolveu mudar-se para o Rio de Janeiro, a fim de dar continuidade ao seu trabalho artístico. Em 1949, tornou-se acompanhante do cantor Vicente Celestino, com quem trabalhou durante longo tempo tocando violão. No início dos anos de 1950, ao apresentar-se no clube “Brasil danças”, foi assistido por Fernado Lobo que apadrinhou sua primeira gravação. Em 1953, lançou pela Continental, disco onde interpretava dois baiões, “Vai comendo Raimundo”, de sua autoria e Amado Régis, e “O pau comeu”, de Marçal Araújo. No mesmo ano, Aldair Sopares gravou na Columbia de sua autoria e Jorge de Castro a toada baião “Saudade de Maceió”. Destacou-se pelas composições satíricas, sendo uma das mais conhecidas, o baião “Bep-bop do Ceará”, gravada pela Continental, em 1955. No mesmo ano, gravou de sua autoria o coco “Zabumbô, zabumbá”. Em 1956, gravou o baião “Rosamélia”, de Humberto Teixeira. Além de baiões, gravou sambas e canções, sem nunca ter se fixado num determinado ritmo. Em 1957, gravou de Zé Dantas o baião “Nós num “have”. Em 1961, gravou de Luiz Gonzaga o baião “Na cabana do rei”, parceria com Jaime Florence. Em 1962, gravou aquele que foi seu maior sucesso, o baião “Como tem Zé na Paraíba”, parceria com Manezinho Araújo, gravado também naquele ano e com grande sucesso, por Jackson do Pandeiro. O tom nordestino de sua música lhe valeu convites de diversos diretores de cinema que nos anos de 1950, exploraram a temática do “Cangaceiro”. Participou das trilhas sonoras dos filmes “Lampião, o rei do Cangaço”, “Entre o amor e o cangaço”, “Os três cabras de Lampião”, “Nordeste sangrento” e “O filho do cangaceiro”. Participou, ainda, de alguns trabalhos para o teatro, tendo participado da trilha sonora das peças “A invasão dos beatos”, de Dias Gomes e “A torre em concurso”, de Joaquim Manuel de Macedo. Ainda em 1962, participou como cantor da trilha sonora do filme “Sol sobre lama”, de Alex Viany, quando interpretou canções da parceria Vinícius de Moraes -Pixinguinha, inclusive as letras que Vinícius criou para os choros “Mundo melhor” e “Lamentos”, dos quais, portanto, ele seria o primeiro intérprete. Em 1963 lançou pela Odeon o LP “A simplicidade de Catulo de Paula”, no qual interpretou, entre outras, “Lua-lua”, “Zé Piedade”, “Minha fulô” e “Vida ruim”, todas de sua autoria. Em 1964, participou da peça “Pobre Menina Rica”, de Vinícius de Moraes e Carlos Lyra. Em 1970 lançou LP que leva seu nome, interpretando “Canção da tristeza”, “Forró do Barnabé”, “De Maria só o nome” e “Razão pra não chorar”, todas de sua autoria. Nos anos de 1970, foi convidado para interpretar um cego cantador de feira na novela “Roque Santeiro”, na Tv Globo, tendo ele preparado um ABC, no qual narrava a novela em versos começando cada estrofe com uma letra do albabeto. A novela entretanto acabou não indo ao ar pois foi vetada pela censura na época da ditadura militar. Anos depois a novela foi ao ar, desta vez com Arnoud Rodrigues no papel do cego. Em 1976 a Tapecar lançou o LP “Geremias do Roque Santeiro”, que trazia entre outras, “Roque Santeiro”, “ABC do Roque Santeiro” e “Alegria dolorida”, de sua autoria, além de “Prefiro ficar com Maria”, de Paulo Gesta e Luiz de França.

Em 1995, sua composição “Caubói do Ceará” foi gravada pelo cantor brega Falcão no disco “A besteira é a base da sabedoria”.

Discografias
1976 Tapecar LP Geremias do Roque Santeiro
1970 Odeon LP Catulo de Paula
1963 Odeon LP A simplicidade de Catulo de Paula
1962 Orion 78 Cawboy do Ceará/Como tem Zé na Paraíba
1957 Odeon 78 Nós num "have"/Mambo do Ceará
1956 Copacabana 78 Rosamélia/Foi saudade
1955 Continental 78 Bib-bop do Ceará/Tua carta
1955 Copacabana 78 Zabumbô, zabumbá/Ô luá...ô luá..
1953 Continental 78 Vai comendo Raimundo/O pau comeu
Obras
ABC do Roque Santeiro
Alegria dolorida
Aquela flor (c/ Antônio Carlos de Souza e Silva)
Balada da noite sem fim (c/ Silva e A C. Souza)
Bip-bop do Ceará (c/ Carlos Galindo)
Brincando de saudade (c/ Antônio Carlos de Souza e Silva)
Canção da tristeza
Casa de pau, pó e pá
Choveu no Ceará
Como tem Zé na Paraíba (c/ Manezinho Araújo)
Cowboy do Ceará
De Maria só o nome
Este é meu Rio
Eu sou menor (c/ Francisco Araújo)
Foi saudade
Forró do Barnabé
Forró do Zé João (c/ N. Barros)
Hás de lembrar (c/ Washington Fernandes)
Já vou
Lua-lua
Mambo do Ceará (c/ Roberto Silveira)
Maria Bonita
Meu tempo é nunca mais
Minha fulô
Na cabana do rei (c/ Jaime Florence)
O glosador
Olhos tristes
Os olhos da cabocla
Por onde eu vou (c/ Antônio Carlos de Souza e Silva)
Que o diabo mandou (c/ Fernando Lopes)
Razão pra não chorar
Roque Santeiro
Saudade de Maceió (c/ Jorge de Castro)
Seu dureza (c/ Manezinho Araújo)
Sodade traiçoeira
Tempo de esperar (c/ A de Azevedo e J. Paiva)
Tenho pena da noite (c/ Marino Pinto)
Toada do bumbo (c/ Hermenegildo Francisco)
Tua carta (c/ Fernando Lopes)
Um pequeno nada (c/ Antônio Carlos de Souza e Silva)
Vai comendo Raimundo (c/ Amado Régis)
Vamos cantar (c/ Gabriel Pessanha)
Varinha de condão (c/ Fernando Lopes)
Vida ruim
Zabumbô, zabumbá
Zé Piedade
Zé da Paraíba (c/ M. Araújo)
É a vida... É a vida
Ô Luá... ô luá...
Bibliografia Crítica

AZEVEDO, M. A . de (NIREZ) et al. Discografia brasileira em 78 rpm. Rio de Janeiro: Funarte, 1982.

MARCONDES, Marcos Antônio. (ED). Enciclopédia da Música popular brasileira: erudita, folclórica e popular. 2. ed. São Paulo: Art Editora/Publifolha, 1999.