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Nome Artístico
Aracy Cortes
Nome verdadeiro
Zilda de Carvalho Espíndola
Data de nascimento
31/3/1904
Local de nascimento
Rio de Janeiro, RJ
Data de morte
08/1/1985
Local de morte
Rio de Janeiro, RJ
Dados biográficos

Cantora.

Filha de Carlos Espíndola, chorão da velha guarda, foi vizinha de Pixinguinha no bairro do Catumbi onde passou a infância no Rio de Janeiro. Aos 17 anos de idade, deixou a família para trabalhar em circo. Foi descoberta por Luís Peixoto, que a levou ao teatro de revista, quando cantava e dançava maxixes no Democrata Circo. O nome artístico lhe foi dado por Mário Magalhães, crítico teatral do jornal “A Noite” , quando passou a atuar teatro de revista em inícios dos anos 1920. Era irmã da também atriz e cantora Dalva Espíndola.

Dados artísticos

Primeira grande cantora popular brasileira, foi praticamente a única a fazer sucesso na década de 1920, quando, até então, os grandes nomes eram de vozes masculinas. Projetou-se através do teatro de revista que na época reunia a nata do meio artístico. Interpretou em primeira audição composições de Ary Barroso, Benedito Lacerda, Assis Valente, entre outros, tendo se apresentando com os Oito Batutas, lendário conjunto de Pixinguinha. Começou a carreira artística apresentando-se no Democrático Circo. Estreou no Teatro Recreio em dezembro de 1921 na revista de J. Praxedes, “Nós pelas costas”, com música de Pedro Sá Pereira. Dois anos mais tarde, já era nome consagrado ao atuar na revista “Que pedaço”, de Sena Pinto, com música de Paulino Sacramento, onde se destacou com o samba “Ai, madama”. Lançou seu primeiro disco em 1925, pela Odeon, onde gravou inicialmente “Serenata de Toselli”. Em seguida, lançou as canções “A casinha” e “Petropolitana”, de autores desconhecidos. Em 1928, gravou pela Parlophon o samba “Jura…!”, de Sinhô, que já havia sido lançado por ela na revista “Microlândia”.

Em 1929, gravou o samba-canção “A polícia já foi lá em casa”, de Olegário Mariano e Júlio Cristobal, e os sambas “Quem quiser ver?!”, de Eduardo Souto; “Tu qué tomá meu home”, de Ary Barroso e Olegário Mariano, e “Zomba”, de Francisco Alves. No mesmo ano, atuou na revista “Laranja da China”, de Olegário Mariano, apresentada no Teatro Recreio, onde lançou o samba “Vamos deixar de intimidade”, de Ary Barroso, e na revista “Comigo é na madeira”, de Carlos Bittencourt e Cardoso de Menezes, levada à cena no teatro Recreio, onde lançou “O amor vem quando a gente não espera”, de Ary Barroso. Ainda no mesmo ano, gravou em dueto com Francisco Alves o samba ” É no toco da goiaba”, de Eduardo Souto e José Jannyni, e a marcha “Vão por mim (Harmonia, harmonia)”, de Francisco Alves. Também em 1929, realizou uma das gravações mais famosas da discografia da música popular brasileira, o samba-canção “Ai, ioiô” (no disco com o título de “Iaià”) de Henrique Vogeler, Marques Porto e Luís Peixoto, e por ela lançado na revista “Miss Brasil”.

Em 1930, atuou na revista “Concurso de beleza”, de Afonso de Carvalho, apresentada no Teatro Recreio, na qual, lançou com sucesso o samba de Ary Barroso “O tabuleiro da baiana”. No mesmo ano, gravou os sambas “Meu senhor do Bonfim”, de Pedro de Sá Pereira, Marques Porto e Luiz Peixoto; “Bem-te-ví sem vergonha”, de Freire Jr. e Luiz Iglesias; “Samba de São Benedito” e “Juramento”, estes dois, de Ary Barroso, Marques Porto e Luiz Peixoto. Também no mesmo ano, gravou em dueto com Augusto Vasseur o batuque “No morro (Eh! Eh!)”, de Ary Barroso e Luiz Iglesias, e na revista “É do outro mundo”, lançou o samba-canção “No rancho fundo”, de Ary Barroso, ainda com o título de “Esse mulato vai ser meu” (Na grota funda), com letra do caricaturista J. Carlos.

Em 1931, gravou na Odeon, as marchas “Sou boa prá xuxu”, de Osvaldo Santiago, e “Cada macaco no seu galho”, de Luperce Miranda e Osvaldo Santiago. No mesmo ano, gravou na Columbia, os sambas “A La Aracy”, de Júlio Cristobal, e “Reminiscências”, de Jota Soares e Carlos Medina. Em 1932, atuou com Sílvio Caldas na revista “Angu de caroço”, de Carlos Bittencourt, Luiz Iglézias e Jardel Jércolis, no Teatro Carlos Gomes. No mesmo ano, gravou na Odeon, de Freire Jr., a marcha “Tô te espiando” e o samba “Mulher do regimento”. Também no mesmo ano, gravou na Columbia, os sambas “Verde e amarelo”, de Orestes Barbosa e J. Thomaz, e “A minha dor”, de Oscar Cardona, e gravou com sucesso o samba “Tem francesa no morro”, de autoria de Assis Valente. Ainda na Columbia no mesmo ano, gravou em dueto com Alberto Ribeiro a cena típica “Velha baiana”, de Napoleão Tavares e Alberto Ribeiro. Foi a primeira estrela de revista a excursionar ao exterior, quando em 1933 o empresário Jardel Jércolis levou uma companhia de revistas, da qual ela era estrela, à Europa.

Em 1934, gravou duas composições de Benedito Lacerda, o samba “Quando meu amor partiu”, e o samba-canção “Um sorriso”. No ano seguinte, gravou a marcha “Neném”, de Ary Barroso e Luiz Peixoto, e o samba “Não convém”, de L. Miranda e I. de Morais. Por volta de 1935, montou sua própria companhia de teatro. No mesmo ano, foi homenageada no Teatro Recreio por Luiz Iglezias e Freire Jr. com uma placa como a “Rainha do Teatro”. Ainda no mesmo ano, foi proclamada em festa realizada no Teatro Carlos Gomes, como “a melhor artista do Rádio”, num concurso promovido pelo jornal Gazeta de Notícias.

Em 1937, atuou na revista “Rumo ao Catete”, encenada no Teatro Recreio, contracenando com grandes nomes como Eva Tudor e Oscarito, com libreto e direção musical de Custódio Mesquita e Mário Lago. Em 1939, atuou na revista “Entra na faixa” na qual foi a primeira a cantar o samba “Aquarela do Brasil”, de Ary Barroso.

Passou quase vinte anos sem gravar. Em 1953, retornou às gravações e lançou pela Odeon, o samba-canção “Flor do lodo”, de Ari Mesquita, e o samba “Hino à vida”, de Vicente Paiva, Max Nunes e J. Paiva. No mesmo ano, gravou sua única composição, o samba “Denguinho”, feito em parceria com César Cruz. Em 1954, gravou os sambas “As cadeiras de Iaiá”, de Nelson Castro e Armando Maciel, e “Um sorriso”, de Benedito Lacerda e Felisberto Martins. Em 1957, foi a grande atração da revista “Quem pode pode”, de Geisa Bôscoli, J. Maia e Max Nunes, apresentada no Teatro Jardel. Na ocasião, assim se referiu a ela o jornal O Globo: “Aracy mostra que, apesar dos anos, a sua categoria de atriz de teatro musicado permanece a mesma”.

Em 1958, participou da revista “Bom mesmo é mulher”, de J. Maia, Max Nunes e Meira Guimarães, interpretando duas músicas de Lamartine Babo, o samba “Xamego” e a marcha-rancho “Os rouxinóis”. Em 1961, atuou na revista “É por aqui sinhô”, seu último musical decidindo a partir de então afastar-se da carreira artística. Voltou a atuar em 1965, no espetáculo “Rosa de Ouro”, promovido por Hermínio B. de Carvalho e Kleber Santos, onde atuavam Paulinho da Viola, Clementina de Jesus, Elton Medeiros, Jair do Cavaquinho, Nelson Sargento e Nescarzinho do Salgueiro. Nesse espetáculo interpretou as músicas “Ai ioiô”, de Henrique Vogeler, Luiz Peixoto e Marques Porto, e “Os rouxinóis”, de Lamartine Babo, além da música de encerramento com os outros integrantes do espetáculo. O show rendeu o LP “Rosa de ouro” lançado pela Odeon. Em 1976, apresentou-se no Teatro Glauce Rocha, e em 1978 no Teatro Dulcina.

Em 1984, foram lançados pela Funarte um LP “Aracy Cortes”, uma coletânea com depoimentos da cantora e um livro de autoria de Roberto Ruiz, comemorativos de seus 80 anos. Também nesse ano, a Sala Sidnei Miller da Funarte, homenageou-a com um show biográfico, interpretado pela cantora Marília Barbosa, que revivia sua vida e suas canções, e no qual ela tinha uma rápida participação especial. Ao morrer, seu corpo foi velado no saguão de entrada do Teatro João Caetano, na mesma Praça Tiradentes em cujos teatros obteve grandes sucessos. Em 2006, foi homenageada com o espetáculo “Aracy Cortes – A rainha da Praça Tiradentes”, musical estrelado pela cantora Marília Barbosa, escrito por Alexandre Guimarães e dirigido por Rogério Fabiano e Cláudio Lins, e que estreou no Teatro Vanucci. Em 2009, por ocasião das comemorações dos 105 anos de seu nascimento foi recolocada no hall do Teatro João Caetano uma placa de bronze em sua homenagem lá inaugura em 1952 e retirada durante uma obra feita na década de1970.

Discografias
1984 LP Araci Cortes
1967 Volume 2 LP Rosa de Ouro
1965 LP Rosa de Ouro
1954 Odeon 78 As cadeiras de iaiá/Um sorriso
1953 Odeon 78 A flor do lodo/Hino à vida
1953 Odeon 78 Ai ioiô/Denguinho
1935 Odeon 78 Neném/Não convém
1934 Odeon 78 Quando meu amor partiu/Um sorriso
1933 Columbia 78 Tenho vontade/Bate bate
1932 Columbia 78 Morena faceira/Você é o meu homem do peito
1932 Columbia 78 Recordações de um passado/Velha baiana

(Com Alberto Ribeiro)

1932 Columbia 78 Tem francesa no morro/Que é que?
1932 Odeon 78 Tô te espiando/Mulher do regimento
1932 Columbia 78 Verde e amarelo/A minha dor
1931 Columbia 78 A la Araci/Reminíscências
1931 Odeon 78 Abana! Baiana!/Não sou família
1931 Odeon 78 Não quero mais saber de amor/Mulata revoltosa
1931 Columbia 78 Quem me compreende/Teu desprezo
1931 Brunswick 78 Quero sossego/Mal de amor
1931 Brunswick 78 Sorrís/Dentinho de ouro
1931 Odeon 78 Sou boa prá xuxu/Cada macaco no seu galho
1930 Odeon 78 Alma da rua/Chamego
1930 Odeon 78 Cabocla cheirosa, (Itassucê)/Preto e branco
1930 Odeon 78 Meu senhor do Bonfim/Bem-te-ví sem vergonha
1930 Odeon 78 Minha Santa Terezinha/Meu Natal
1930 Odeon 78 No morro (Eh! Eh!) (Com Augusto Vasseur)/Sapateado
1930 Odeon 78 Samba de São Benedito/Juramento
1930 Odeon 78 Sim... mas... Desencosta/No alto da serra
1930 Odeon 78 Você não era assim/Chora que passa
1929 Odeon 78 A polícia já foi lá em casa/Quem quiser ver?
1929 Odeon 78 Eu não preciso de você/Vá cumprir o teu destino
1929 Parlophon 78 Iaiá/Baianinha
1929 Odeon 78 O amor vem quando a gente não espera/Poeta do sertão
1929 Odeon 78 Produto nacional (Fruta da terra)/Gemer no violão
1929 Odeon 78 Quindins de Iaiá/Vamos juntar os trapinhos?
1929 Odeon 78 Tu qué tomá meu home/Zomba
1929 Odeon 78 É no toco da goiaba/Vão por mim (Harmonia, harmonia)

(Com Francisco Alves)

1928 Parlophon 78 Jura...!/Chora violão
1925 Odeon 78 A casinha
1925 Odeon 78 Petropolitana
1925 Odeon 78 Serenata de Toselli
Obras
Denguinho (c/ César Cruz)
Shows
Rosa de ouro - Rio de Janeiro.
Bibliografia Crítica

ALBIN, Ricardo Cravo. MPB: A História de um século. Editora: Funarte. Rio de Janeiro, 1997.

AZEVEDO, M. A . de (NIREZ) et al. Discografia brasileira em 78 rpm. Rio de Janeiro: Funarte, 1982.

CABRAL, Sérgio. No tempo de Ary Barroso. Editora: Lumiar. Rio de Janeiro, 1993.

CARDOSO, Sylvio Tullio. Dicionário Biográfico da Música Popular. Edição do autor. Rio de Janeiro, 1965.

EFEGÊ, Jota. Figuras e coisas da Música Popular Brasileira. Editora: MEC/FUNARTE. Rio de Janeiro, 1978.

EPAMINONDAS, Antônio. Brasil brasileirinho.Editora: Instituto Nacional do Livro. Rio de Janeiro, 1982.

MARCONDES, Marcos Antônio. (ED). Enciclopédia da Música popular brasileira: erudita, folclórica e popular. 2. ed. São Paulo: Art Editora/Publifolha, 1999.

SEVERIANO, Jairo e MELLO, Zuza Homem de. A canção no tempo. Volume 1. Editora 34. São Paulo, 1997.

VASCONCELOS, Ary. Panorama da Música Popular Brasileira. Vol. 2. Editora: Martins. Rio de Janeiro, 1965.