
Instrumentista. Violinista.
Começou a estudar violino aos sete anos de idade, sob a orientação de Orlando Frederico. Na mesma época, aprendeu solfejo e teoria musical com Guiomar Beltrão Frederico. Com apenas nove anos de idade apresentou-se como solista de um concerto de Antônio Vivaldi, acompanhado pela Orquestra Sinfônica do Teatro Municipal. No ano seguinte, apresentou-se em recital no Salão Leopoldo Miguez, acompanhado pelo pianista Souza Lima. Transferiu-se para o Paraná, afastando-se da música por um período de quatro anos. Aposentou-se no final dos anos 1990. Em 2003, foi internado com problemas de saúde na Casa São Luiz no Caju, bairro da zona portuária do Rio de Janeiro.
Foi considerado por muitos como um dos precursores da Bossa Nova. Em 1940, de volta ao Rio de Janeiro, passou a integrar a Orquestra de Carlos Machado, que na época atuava no Cassino da Urca. Nesse mesmo ano, foi instrumentista da Orquestra Sinfônica Brasileira por um período de quatro meses. Em 1946, ainda participando da Orquestra de Carlos Machado, apresentou-se na Boate Casablanca. Pouco depois passou a integrar o Trio Rio, que se apresentava na Bally-Hi. Em 1950, assinou contrato com a Rádio Nacional, onde atuou como solista.
Em 1951, gravou seu primeiro disco interpretando o baião “Cigano no baião” e a quadrilha “Saudades do Texas”, de sua autoria. No mesmo ano, acompanhou a cantora Linda Batista na gravação do samba-canção “Vingança”, de Lupicínio Rodrigues, maior sucesso da cantora. Em 1952, gravou solo na RCA Victor o beguine “Mentira de amor” e o fox-canção “Violino triste”, ambos de Paulo César e com seu conjunto, o baião “Dois malandros” e o choro “Barrigudinho”, de sua autoria. Também com seu conjunto acompanhou gravações de Linda Batista, entre elas, o samba-canção “Foi assim”, de Lupicínio Rodrigues. No mesmo ano, viajou para os EUA, onde apresentou-se por diversas vezes e, acompanhado pelo violonista Laurindo de Almeida, gravou a trilha sonora do filme da Metro “Meu amor brasileiro”, de Mervyn Le Roy, em que os astros Lana Turner e Fernando Lamas atuavam em paisagens do Rio de Janeiro confeccionadas em estúdio. Realizou inúmeras apresentações em cidades norte-americanas atuando ao lado de Carmen Miranda. Ainda em 1952, gravou um LP na RCA Victor americana com um repertório no qual se destacavam as músicas “Aquarela do Brasil”, “Na Baixa do Sapateiro”, de Ary Barroso, “Nem eu”, de Dorival Caymmi, entre outras. Nesta mesma época integrou o Trio Surdina, conjunto que surgiu no programa “Música em Surdina”, apresentado por Paulo Tapajós, atuando ao lado de Garoto (violão) e Chiquinho (acordeão).
Em 1953, o trio gravou na Musidisc dois LPs de 10 polegadas, registrando no primeiro obras como “Duas contas”, de Garoto, e “Na madrugada”, de Nilo Sérgio, e no segundo apenas músicas de Ary Barroso e Dorival Caymmi. No mesmo ano, gravou em solo de violino o baião “ABC do amor”, de Getúlio Macedo e Augusto Alexandre e o bolero “Ternamente”, de Carlos L. do Espírito Santo.
Em 1954, gravou, de sua autoria e Bob Merrill, a “Valsa do vira lata”; de Alcebíades Nogueira, o samba “Meu Panamá” e de Garoto, a valsa “Luar de Areal”. Pouco depois, voltou mais uma vez aos Estados Unidos para trabalhar com Carmen Miranda, com quem atuou até sua morte em 1955. Ainda em 1955, teve o baião “Nós três”, com Chiquinho e Garoto gravado por Ribamar ao acordeom, pela Columbia. Também em 1955, assim se referia à ele a Revista da Música Popular, Nº7: “Fafá Lemos continua a fazer sucesso em Hollywood, onde se mantém sete meses consecutivos no “Marquis”, “boite-restaurante” das mais elegantes. Vai gravar o seu segundo LP para a RCA Victor e certamente obter novos sucessos”. De volta ao Brasil em 1956, assumiu a direção artística da Victor. Nesse ano, foi contratado pela Rádio Nacional do Rio de Janeiro. Na cidade do Rio de Janeiro, apresentou-se em boates e televisão. No mesmo ano, gravou o samba “Time perna-de-pau”, de Vicente Amar e o maxixe “Dengoso”, de Renaud. Ainda no mesmo período, gravou com seu conjunto o baião “Delicado”, de Valdir Azevedo e o samba “Feitiço da Vila”, de Noel Rosa e Vadico. Em 1957, gravou o samba “Fala, meu louro”, de Sinhô. No ano seguinte, gravou o baião “Bicharada”, de Djalma Ferreira e o samba “Aviso prévio”, de Arnô Provenzano e Otolindo Lopes.
Em 1961, se transferiu para Los Angeles, lá permanecendo por longos anos. Em 1985, retornou ao Brasil, depois de atuar em boates e casas noturnas. Em 1989, a convite da gravadora paulista Eldorado, voltou aos estúdios para gravar um LP com a pianista Carolina Cardoso de Menezes, logo transposto para CD.
Em 2002, teve sua obra resgatada pelo pesquisador Hariton Nathannailidis, que, além de seu estudo crítico, preparou um CD, com produção de Zuza Homem de Mello, com os seus principais sucessos como violonista e compositor. Em 2003, teve seu trabalho no Trio Surdina relembrado em show no Centro Cultural Banco do Brasil com a presença de Claudette Soares, Henrique Cazes, Marcos Nimrichter e Nicolas Krassic. Na ocasião foi tema de reportagem do Jornal do Brasil assinada pelo crítico Tárik de Souza que retratou a seguinte opinião dada sobre o artista pela pianista Maria Tereza Madeira: “ele foi um improvisador maravilhoso, com uma afinação de fazer inveja, muito refinamento e preciosismo nos detalhes, tudo sempre muito bem acabado”.
(c/seu conjunto)
(c/seu conjunto)
AZEVEDO, M. A . de (NIREZ) et al. Discografia brasileira em 78 rpm. Rio de Janeiro: Funarte, 1982.
CARDOSO, Sylvio Tullio. Dicionário Biográfico da música Popular. Rio de Janeiro: Edição do autor, 1965.
MARCONDES, Marcos Antônio. (ED). Enciclopédia da Música popular brasileira: erudita, folclórica e popular. 2. ed. São Paulo: Art Editora/Publifolha, 1999.
SEVERIANO, Jairo e MELLO, Zuza Homem de. A canção no tempo. Volume1. São Paulo: Editora: 34, 1999.