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Nome Artístico
César de Alencar
Nome verdadeiro
Hermelindo César Matos de Alencar
Data de nascimento
6/6/1917
Local de nascimento
Fortaleza, CE
Data de morte
14/1/1990
Local de morte
Rio de Janeiro, RJ
Dados biográficos

Cantor. Compositor. Radialista. Locutor.

Formado em Letras, mudou-se de Fortaleza para o Rio de Janeiro, em 1939. No mesmo ano, na Rádio Clube do Brasil, seu timbre de voz e sua fala fluente foram notados por Renato Murce, daí surgindo o convite para fazer um programa diário como locutor. Após uma carreira de sucesso, culminando com um programa na Rádio Nacional que tinha o seu nome, onde se apresentavam as grandes estrelas das décadas de 1940 e 1950, sua imagem ficou inteiramente abalada após o Golpe de 1964, quando foi acusado de delatar colegas de profissão que se opunham à ditadura militar.

Dados artísticos

Em 1939, começou a carreira de locutor, atuando na Rádio Clube do Brasil no Rio de Janeiro. Em 1945, passou a trabalhar na Rádio Nacional, fazendo locução comercial e narrações, além de participar em pontas em novelas radiofônicas, tendo atuado nas novelas “Feche a porta do destino” e “Uma sombra em minha vida”. Com a saída de Paulo Gracindo da Rádio Nacional, para trabalhar na Rádio Tupi, assumiu o seu lugar, dando início ao programa “César de Alencar”, transmitido aos sábados das 15 às 19h. Em pouco tempo afirmou-se como um dos maiores sucessos da emissora, tendo como estrela principal, a cantora Emilinha Borba. Na mesma época apresentou também o programa “Expresso carnavalesco Mauá-Praça Onze”. Seu programa tornou-se o mais famoso da fase áurea do rádio. Em 1948, fez sua estréia em disco, cantando ao lado da cantora Marlene o choro “Casadinhos”, de Luiz Bittencourt e Tuiú. Em 1949, gravou com Emilinha Borba o choro “Cabide de molambo”, de Luiz Bittencourt e Tuiú. Em 1950, gravou a marcha “Marcha ré”, de Peterpan e Amadeu Veloso, e os sambas “Você não tem vez”, de Valzinho e Domício Costa, e “Arrependimento”, de Roberto Faissal e Domício Costa. Em 1952, gravou pela RCA Victor o samba-choro “Há sinceridade nisso?”, de Carvalhinho, Manezinho Araújo e Dozinho, e a marcha “A coisa”, de Charles Green e Augusto Mesquita. No mesmo ano gravou com Heleninha Costa as marchas “Dez anos” e “A voltinha da maçã”, de Manezinho Araújo e Carvalhinho, e “Marcha do trouxa”, de Adelino Moreira, Nélson Gonçalves e Herivelto Martins. Em 1953, gravou de Manelão e Carvalhinho o samba “Casa do sem jeito”, e de J. B. Bittencourt e Durval Gonçalves o baião “Bendenguê”. No mesmo ano gravou de Wilson Batista e Haroldo Lobo o samba “Emília”. Em 1954, gravou “Que confusão”, marcha de Manezinho Araújo e Marino Pinto. No mesmo ano gravou com Emilinha Borba a valsa “Noite nupcial”, de Peterpan, e o samba “Os quindins de Iaiá”, de Ary Barroso. No mesmo ano teve o seu samba “Se você pensa”, gravado por Cauby Peixoto. Por essa época, com seu programa dos sábados no auge, abriu uma casa noturna em Copacabana, “A cantina do César”, onde cantavam quase todas as estrelas da Rádio Nacional, especialmente Dolores Duran, Julie Joy, Carminha Mascarenhas e muitas outras. Em 1956, gravou de Humberto Teixeira o xote “Xote do Tirrum”, e de Manezinho Araújo o choro “Não sei o que faço”. No mesmo ano a cantora Nora Ney gravou seu samba “Eu vivo tão só”. Em 1957, gravou o samba “Dorinha meu amor”, de J. Francisco de Freitas. Em 1958, gravou as marchas “O diabo é esquisito”, de Haroldo Lobo e Milton Oliveira, e “Marcha da fofoca”, de Wilson Batista e Jorge de Castro. Em 1959, gravou de Manezinho Araújo os sambas “Ai doutor” e “Estou precisando de chorar”, pela RGE. Em 1960, gravou as marchas “Achou quem te leva”, de Otolindo Lopes e Arnô Provenzano, e “Marcha da galinha”, de Wilson Batista e Jorge de Castro. No mesmo ano gravou pela Philips os sambas “21 de abril”, de Paulo Borges, e “Ela vai à feira”, de Almanir Grego e Roberto Roberti. Em 1961, gravou de Antônio Almeida, Jorge de Castro e Wilson Batista as marchas “Garota bossa-nova” e “Bolinho de cachaça”. Em 1963, teve a marcha carnavalesca “Garota tentação”, composta em parceria com Erli Muniz e B. Toledo gravada por Francisco Carlos. Com o golpe militar de 1964, sua carreira começou a declinar, uma vez que se declarou colaboracionista do novo governo junto à direção da rádio, passando, segundo testemunhas de Mário Lago e Gerdal dos Santos, a delatar inúmeros colegas de rádio envolvidos em atividades políticas. Tais episódios provocaram um grande desgaste de sua imagem, o que acabou por resultar na extinção do programa. Apesar de algumas tentativas de volta ao microfone, na mesma Rádio Nacional, já não tinha o carisma de antes e acabou por morrer no ostracismo.

Discografias
1961 Chantecler 78 As malamadas/Na hora de sambar
1961 Philips 78 Garota bossa-nova/Bolinho de cachaça
1960 Philips 78 21 de abril/Ela vai à feira
1960 RGE 78 Achou quem te leva/Marcha da galinha
1958 RGE 78 Ai doutor/Estou precisando de chorar
1958 RGE 78 Marcha do boi/No meio da lua
1958 RCA Victor 78 O diabo é esquisito/Marcha da fofoca
1957 RCA Victor 78 Dorinha meu amor/Marchinha do morango
1957 RCA Victor 78 Meu tempo de soldado/Marcha do piche
1956 RCA Victor 78 Olha a água/Alegria do peru
1956 RCA Victor 78 Xote do Tirrum/Não sei o que é que faça
1955 RCA Victor 78 No Japão é que é bom/O samba já terminou
1954 RCA Victor 78 Coitado do Abdala/Que confusão
1954 RCA Victor 78 O casamento da filha do Tomás/Iaiá dos oio grande
1953 RCA 78 Casa do sem jeito/Bendenguê
1953 RCAVictor 78 Emília/A B C do amor
1952 RCA Victor 78 Cossaco/Ba-babando
1952 Sinter 78 Fale na orelhinha de cá/Jica-jica

(c/Heleninha Costa)

1952 RCA Victor 78 Há sinceridade nisso?/A coisa
1952 Sinter 78 Tá chato/Ninguém vai separar
1950 Sinter 78 Você não tem vez/Arrependimento
Obras
Eu vivo tão só
Garota tentação (c/ Erli Muniz e B. Toledo)
Se você pensa
Bibliografia Crítica

ALBIN, Ricardo Cravo. Dicionário Houaiss Ilustrado Música Popular Brasileira – Criação e Supervisão Geral Ricardo Cravo Albin. Rio de Janeiro: Instituto Antônio Houaiss, Instituto Cultural Cravo Albin e Editora Paracatu, 2006.

AMARAL, Euclides. Alguns Aspectos da MPB. Rio de Janeiro: Edição do Autor, 2008. 2ª ed. Esteio Editora, 2010. 3ª ed. EAS Editora, 2014.

AZEVEDO, M. A . de (NIREZ) et al. Discografia brasileira em 78 rpm. Rio de Janeiro: Funarte, 1982.

COSTA, Cecília. Ricardo Cravo Albin: Uma vida em imagem e som. Rio de Janeiro: Edições de Janeiro, 2018.