Cantor.
Em 1970, ingressou na Faculdade de Direito. Participou de um festival em sua faculdade, interpretando três canções. Os jurados – Marlene, José Messias, Taiguara, Marcos Valle e Mariozinho Rocha, entre outros – classificaram duas das canções apresentadas pelo quase bacharel em 2º e 3 º lugar e o contemplaram com o Prêmio de Melhor Intérprete. Participou, em seguida, do programa “A grande chance”, de Flávio Cavalcanti, transmitido pela TV Tupi, interpretando a canção “Que bobeira” (Marcos e Paulo Sérgio Valle).
Em 1972, foi convidado a participar do Mercado Internacional de Talentos.
No ano seguinte, gravou seu primeiro disco, um compacto simples contendo a música “Transas de amor” (Sebastião Tapajós e Marilena Amaral) e “Saravá nega” (Odibar). Nessa época, atuava como crooner da Orquestra de Ed Lincoln. Apresentou-se, ainda em 1973, em casas noturnas cariocas como Flag, Black Horse, 706 e Bierklause.
Em 1975, lançou o seu primeiro LP, “Emílio Santiago”. No ano seguinte, assinou contrato com a PolyGram, lançando o disco “Brasileiríssimas”, que o tornou conhecido no Japão, América Latina, França e Nova York.
Em 1982, venceu o festival MPB Shell (TV Globo), interpretando a música “Pelo amor de Deus” (Paulo Debétio e Paulinho Resende).
Dois anos depois, realizou turnê pela Europa, apresentando-se em países como Suíça, Áustria, Alemanha, Itália e França.
Em 1985, participou de nova edição do MPB Shell, consagrado com o título de Melhor Intérprete, pela apresentação da canção “Elis Elis”.
Em 1988, assinou contrato com a gravadora Som Livre, e investiu, por sugestão de Roberto Menescal, no projeto “Aquarelas brasileiras”, série de sete LPs gravados entre 1988 e 1994, registrando clássicos da MPB, com um saldo de mais de três milhões de discos vendidos. Com “Aquarelas brasileiras”, alcançou projeção nacional e internacional e recebeu diversos prêmios: seis Discos de Platina, oito Discos de Ouro, dois Prêmios Sharp (Melhor intérprete, em 1990, e Melhor Show, em 1991), uma temporada em Nova York com crítica receptiva no The New York Times e uma temporada em Los Angeles com elogios no El Mercurio.
Em 1995, realizou um trabalho dedicado ao cantor e compositor Dick Farney, o CD “Perdido de amor”, com arranjos de César Camargo Mariano. O disco e o show foram sucessos de crítica e público.
No ano seguinte, lancou o CD “Emílio Santiago”, que esteve por semanas nas paradas de sucesso e pelo qual recebeu mais um Disco de Ouro e outro Disco de Platina, perfazendo um total de nove Discos de Ouro e sete de Discos de Platina.
Em 1997, a convite do príncipe Albert, embarcou para Mônaco e participou das festividades dos 700 anos do principado. Ainda nesse ano, apresentou-se no Gusman Center de Miami. Lançou, também em 1997, o CD “Emílio Santiago”, sendo agraciado com mais um Disco de Ouro, aumentando sua coleção para 10 Discos de Ouro e sete Discos de Platina.
Em 1998, a convite da Embratur, viajou para Lisboa, como atração da Festa do Feijão Amigo. Lançou o CD “Preciso dizer que te amo”, contemplado com mais um Disco de Ouro.
Em 1999, lançou, no mercado português, uma coletânea de seus maiores sucessos nesse país, sob o título de “Paixões do Brasil”. Fez, ainda, duas apresentações no Cassino de Póvoa, como atração principal do carnaval em Póvoa de Varzim (Portugal). Realizou, também nesse ano, quatro apresentações em Luanda (África), contando em uma delas com a presença do presidente José Eduardo dos Santos e da primeira-dama Ana Paula.
Em 2000, apresentou-se no Garden Hall com o show “Dando uma geral”, em comemoração aos 28 anos de sua carreira artística. Nesse mesmo ano, gravou o CD “Bossa nova”, contendo as canções “Corcovado” (Tom Jobim), “Você e eu” (Carlos Lyra e Vinicius de Moraes), “Insensatez” (Tom Jobim e Vinicius de Moraes), “Doce viver” (Dé, Nelson Motta e Marcos Valle), “Rio” (Roberto Menescal e Ronaldo Bôscoli), “Manhã de carnaval” (Antônio Maria e Luiz Bonfá), “A felicidade” (Tom Jobim e Vinicius de Moraes), “Bateu pra trás” (Lysias Ênio e João Donato), “Faixa de cetim” (Ary Barroso), “Canto de Ossanha” (Baden Powell e Vinicius de Moraes), “A volta” (Roberto Menescal e Ronaldo Bôscoli), “Naquela estação (Leila L)” (Caetano Veloso, João Donato e Ronaldo Bastos), “Aula de matemática” (Marino Pinto e Tom Jobim), “Chuva” (Pedro Camargo e Durval Ferreira) e “Garota de Ipanema” (Tom Jobim e Vinicius de Moraes).
Em 2001, lançou o CD “Sorriso nos lábios”, contendo obras de Gonzaguinha, como “E vamos à luta”, “Grito de alerta”, “Comportamento geral” e “Não dá mais pra segurar (explode coração)”, entre outras.
Em parceria com João Donato, lançou, em 2003, o CD “Emílio Santiago encontra João Donato”, contemplado, no ano seguinte, com o Prêmio Tim.
No ano seguinte, apresentou-se ao lado de João Donato no Bar do Tom (RJ), com o show “Emílio Santiago e João Dontato”.
Em 2005, lançou o CD e o DVD “O melhor das Aquarelas – Ao vivo”, gravado no Canecão (RJ).
Lançou, em 2007, o CD “De um jeito diferente”, voltado para a bossa nova e o samba jazz, com banda formada por Ricardo Silveira (guitarra), também produtor musical do disco, Jorge Helder (baixo), Paulo Braga (bateria). Paulo Calasans (piano e teclados) e Armando Marçal (percussão). Constam do repertório as seguintes canções: “Um dia desses” (João Donato e Carlinhos Brown) e a faixa-título (João Donato e Lysias Ênio), ambas com participação de Donato ao piano; “Água de coco” (Marcos Valle e Paulo Sérgio Valle), “Disfarça e vem” (Marcos Valle e Ronaldo Bastos), “Valeu” (Marcos Valle e Joyce) e a inédita “Até o fim”, primeira parceria de Marcos Valle e Carlos Lyra, as quatro canções contando com a participação de Marcos Valle tocando piano ou Fender Rhodes; “Não me Balança Mais” (Mart’nália e Viviana Mosé), “Contradição” (Mart’nália e Viviana Mosé) e “Calma” (Mart’nália e Arthur Maia); “Olhos negros” (Johnny Alf e Ronaldo Bastos), em dueto com Nana Caymmi; e ainda “E era Copacabana” (Carlos Lyra e Joyce), “Dindi” (Tom Jobim e Aloysio de Oliveira), “Moça flor” (Durval Ferreira e Lula Freire), “Desilusión” (Rosa Passos e Santiago Auseron) e “My Foolish Heart” (N.Washington e V.Young).
Em 2008, participou do espetáculo “Bossa nova 50 anos”, realizado na Praia de Ipanema, no Rio de Janeiro. Também no elenco, Roberto Menescal, Oscar Castro Neves, Wanda Sá, Leila Pinheiro, Carlos Lyra, Zimbo Trio, Leny Andrade, Fernanda Takai, Maria Rita, João Donato, Joyce, Marcos Valle e Patrícia Alvi, Bossacucanova e Cris Delanno. O show, em comemoração aos 50 anos da bossa nova, e também celebrando o aniversário da cidade do Rio de Janeiro, teve concepção e direção de Solange Kafuri, direção musical de Roberto Menescal e Oscar Castro Neves, pesquisa e textos de Heloisa Tapajós, e apresentação de Miele e Thalma de Freitas. Nesse mesmo ano, foi contemplado com o Prêmio Tim de Música, nas categorias Melhor Cantor/MPB e Melhor Disco/MPB, pelo CD “De um jeito diferente”.
No ano seguinte, o álbum “Feito para ouvir”, de 1977, foi relançado em CD pela Dubas Música.
Em 2010, lançou o CD “Só danço samba”, inaugurando seu selo discográfico, Santiago Music. O disco homenageia Ed Lincoln, com quem atuou no início de sua carreira. No repertório, canções interpretadas pelo organista: composições do próprio Ed Lincoln, como “Deix’isso pra lá” (c/ Luiz Paulo Abrahão), e de cantores e músicos que trabalharam com ele, como Orlandivo, Durval Ferreira e Silvio César, sucessos da época gravados em seus discos, como “Só danço samba”, “Influência do Jazz” (Carlos Lyra) e “Samba de verão” (Marcos Valle e Paulo Sérgio Valle), e ainda canções contemporâneas, como “Chega”, de Mart’nália e Mombaça, buscando reproduzir a sonoridade do “sambalanço”. O disco foi produzido por José Milton, com direção artística do próprio cantor. A seu lado, os músicos Julinho Teixeira (arranjos, piano e órgão), José Carlos (violão e guitarra), Jorjão Barreto (arranjos e piano), Dirceu Leite (saxofone e flauta), Jamil Joanes (baixo), Paulo Braga (bateria) e Jessé Sadoc (trompete e flugelhorn). Nesse mesmo ano, apresentou-se no Canecão (RJ), em show de lançamento do disco, com direção geral de Túlio Feliciano, direção musical de Julinho Teixeira e iluminação de Aurélio di Simoni, tendo a seu lado os músicos Adriano Souza (teclado), Clebson Santos (teclados) Alex Rocha (baixo), Humberto Mirabelli (violão e guitarra), Xande Figueiredo (bateria), Zé Arimatéia (trompete e flugelhorn) e Jacaré (percussão).
Em 2011, foi contemplado com o Prêmio da Música Popular Brasileira, na categoria Melhor Cantor/MPB, pelo CD “Só danço samba”. Nesse mesmo ano, lançou o DVD/CD “Só danço samba – ao vivo”, registro da turnê de lançamento do disco “Só danço samba”. O repertório conta com as músicas do CD gravado em estúdio, além de outros sucessos de sua carreira.
Em 2012, foi contemplado com o Grammy Latino, na categoria Melhor Álbum de Samba/Pagode, pelo CD “Só danço samba – ao vivo”, dividindo a premiação com a cantora Beth Carvalho.
No início de 2013, apresentou-se no Teatro Net Rio (RJ), com o show “Só danço samba”, vindo a falecer no dia 20 de março desse mesmo ano. Estava internado no Hospital Samaritano, na Zona Sul do Rio, após ter sofrido um acidente vascular cerebral (AVC) isquêmico. O velório ocorreu na Câmara dos Vereadores, e o enterro no cemitério Memorial do Carmo, no Caju. Em nota, a então ministra da Cultura Marta Suplicy manifestou pesar: “Emílio Santiago, com sua voz e presença de palco marcantes, sempre figurará entre os mais importantes artistas da música brasileira. Como o Brasil, estou de luto.”
Em 2018 sua herança foi alvo de disputa judicial, que começou em 2013. Sem testamento, Aleksander Nunes, afirmou ser filho do cantor, e paralelamente, seu companheiro tentou provar na justiça uma união estável. O produtor cultural Aleksander Nunes declarou a justiça e a imprensa que descobriu a paternidade aos 26 anos, mas que decidiu reivindicá-la após a morte do cantor. O processo de reconhecimento de paternidade correu em segredo de justiça, e em 2017, ele conseguiu o direito de fazer o exame de DNA através da exumação do corpo, mas na ocasião não o fez.
Em 2018 o cantor Aldair Santiago apresentou o show “Tributo a Emílio Santiago: 5 anos de saudade”, na Sala Municipal Baden Powell, na Zona Sul do Rio. No repertório sucessos como “Saigon”, “Lembra de Mim”, “Mulher”, “Flamboyant”, “Trocando em Miúdos”, “Verdade Chinesa”, “Pelo Amor de Deus”, “Logo Agora”, “Cadê Juízo”. Aldair Santiago foi acompanhado por Paulo Camilo, que tocou com Emílio Santiago por 15 anos, na bateria, Almir Santiago no baixo e Alcir Alves no teclado e sax.
Em 2019 o documentário “Emílio Santiago e as sete aquarelas” recebeu R$1.406,300 pela Lei do Audiovisual para começar a ser produzido. O projeto foi criado pelo historiador Marcos Roza.
ALBIN, Ricardo Cravo. Dicionário Houaiss Ilustrado Música Popular Brasileira – Criação e Supervisão Geral Ricardo Cravo Albin. Rio de Janeiro: Rio de Janeiro: Instituto Antônio Houaiss, Instituto Cultural Cravo Albin e Editora Paracatu, 2006.
AMARAL, Euclides. Alguns Aspectos da MPB. Rio de Janeiro: Edição do Autor, 2008; 2ª ed. Esteio Editora, 2009.
AMARAL, Euclides. O Guitarrista Victor Biglione & a MPB. Rio de Janeiro: Edições Baleia Azul, 2009. 2ª ed. Esteio Editora, 2011. 3ª ed. EAS Editora, 2014.
COSTA, Cecília. Ricardo Cravo Albin: Uma vida em imagem e som. Rio de Janeiro: Edições de Janeiro, 2018.