
Compositor. Instrumentista (pianista e tecladista). Maestro. Arranjador. Diretor musical.
Oriundo de família musical.
Autodidata, aperfeiçoou seus estudos, mais tarde, com Paulo Moura.
Fundou a casa noturna Wagner Tiso Jazz Club, em Búzios, Região Litorânea do Estado do Rio de Janeiro.
Iniciou a carreira profissional em 1958, como integrante do conjunto Ws Boys (título alusivo às iniciais de seus componentes), juntamente com Waltinho, Wilson, Wanderley e Milton Nascimento (que se apresentava como Wilton). Com o grupo, gravou um compacto simples que registrou, pela primeira vez, uma composição de Milton Nascimento, “Barulho de trem”.
Entre 1962 e 1964, ainda residindo em Belo Horizonte, fez parte do Berimbau Trio. Mudou-se, em seguida, para o Rio de Janeiro, onde gravou um disco como integrante do conjunto Sambacana.
Atuou, em 1964 e 1965, com o conjunto de Edison Machado e, de 1965 a 1967, com Paulo Moura.
No ano de 1968, participou, como compositor, do “IV Festival da Música Popular Brasileira” (TV Record), com a composição “O Viajante”, interpretada por Taiguara. Nessa época, acompanhou vários artistas como Ivon Cury, Maysa, Cauby Peixoto e Marcos Valle. No ano posterior, em 1969, compôs, com Milton Nascimento, a trilha sonora de “Os Deuses e os Mortos”, filme de Ruy Guerra que representou o Brasil no “Festival Internacional de Berlim”. Neste mesmo ano fundou, juntamente com Robertinho Silva (bateria), Tavito (violão de 12 cordas), Luis Alves (baixo), Laudir de Oliveira (percussão) e Zé Rodrix (órgão, percussão, voz e flautas), o conjunto Som Imaginário, com o qual atuou em shows e gravações ao lado de Milton Nascimento. Lançou com o grupo os discos “Som Imaginário” (1970), que registrou sua composição “Morse” (c/ Zé Rodrix e Tavito); “Som Imaginário” (1971), que incluiu suas músicas “Gogó” (O alívio rococó) e “A nova estrela”, ambas com Frederiko; e “Matança do porco” (1973), contendo exclusivamente composições de sua autoria como “Armina”, “A matança do porco” e “Bolero” (c/ Robertinho Silva, Tavito, Luiz Alves e Mil), entre outras. Nesta época, escreveu arranjos para Milton Nascimento, Johnny Alf, Gonzaguinha, Paulo Moura e Som Imaginário, entre outros.
Em 1974, participou da gravação dos LPs “Flora Purim em Montreux”, na Suíça, e “Native dancer”, de Wayne Shorter, em Los Angeles.
Foi eleito, pela crítica especializada, o “Melhor Arranjador” de 1974 e de 1975.
Escreveu, em 1977, a trilha sonora de “Lyra do Delírio”, filme de Walter Lima Júnior. No ano seguinte, em 1978, gravou seu primeiro disco solo, “Wagner Tiso”, contendo “Monasterak” (Nivaldo Ornellas), além de composições próprias como “A Igreja majestosa” (c/ Nivaldo Ornellas), “Choro de mãe” e “Mineiro pau” (c/ Milton Nascimento), entre outras.
Em 1979, lançou o LP “Assim seja”, registrando “Bela Bela” (Milton Nascimento e Ferreira Gullar), além de músicas de sua autoria como “Sete tempos”, “Joga na bandeira” e a faixa-título (c/ Milton Nascimento e Fernando Brant), entre outras. No ano seguinte, em 1980, musicou “Poema sujo”, de Ferreira Gullar. Ainda em 1980, lançou o LP “Trem mineiro”, contendo “Os pássaros” (Milton Nascimento), além de músicas próprias como “Banda da Capital” (c/ Nivaldo Ornellas), “Armina” e a faixa-título, entre outras.
Gravou, em 1981, o LP “Toca Brasil – Arraial das Candongas”, contendo “Chuva de agosto”, de Nivaldo Ornellas, além de músicas de sua autoria, como “Balão” (c/ Luiz Alves e Kledir Ramil), “Toca Brasil”, “Arraial das Candongas” e “Nascimento”, entre outras. Também nesse ano, compôs a trilha sonora de “Inocência”, filme de Walter Lima Júnior.
Em 1982, lançou o LP “Wagner Tiso – Ao vivo na Europa” e musicou o filme “Jango”, de Sílvio Tendler. No ano seguinte, em 1983, gravou, com César Camargo Mariano, o LP “Todas as teclas”. No repertório, composições próprias como a faixa-título e “Norte”, ambas com César Camargo Mariano, e “Inocência”, além de “Curumim” (César Camargo Mariano), “Serra da Boa Esperança” (Lamartine Babo), “Cravo e canela” (Milton Nascimento e Ronaldo Bastos) e “Isnt she lovely” (Stevie Wonder), entre outras. Ainda em 1983, participou da “Noite Brasileira”, no “Festival de Montreux”, ao lado de Alceu Valença e Milton Nascimento. O show foi gravado ao vivo e lançado em LP.
Compôs, em 1984, a trilha sonora do filme “Chico Rei”, de Walter Lima Júnior, lançada em LP pela gravadora Som Livre anos depois.
Em 1985, gravou o LP “Coração de estudante”, contendo “Clube da esquina” (Milton Nascimento, Lô Borges e Márcio Borges), além de suas composições “Nave cigana”, “Giselle” e a faixa-título (c/ Milton Nascimento), um de seus maiores sucessos como compositor. Ainda nesse ano, lançou o LP “Os pássaros” e compôs a trilha sonora para o documentário de Sílvio Tendler, “Carta aos Credores”.
No ano de 1986, gravou “Branco & preto/Preto & branco”, interpretando “Le petit nègre” (Debussy) e “Penny Lane” (Lennon e McCartney), além de composições próprias, como “Chico Rei”, “Dona Beija” e “Santa Efigênia”, as três com Fernando Brant, “Branco e preto” e “Preto e branco”, entre outras. Também nesse ano, lançou a coletânea “Giselle” e escreveu as trilhas sonoras de “Besame Mucho”, filme de Ramalho Júnior, e “Dona Beija”, novela da TV Manchete. No ano posterior, em 1987, gravou, com João Carlos Assis Brasil e Ney Matogrosso, o LP “A Floresta do Amazonas – Villa-Lobos” e escreveu as trilhas sonoras de “Ele, o Boto”, filme de Walter Lima Jr., e “Memória do Aço”, documentário de Sílvio Tendler. No ano seguinte, em 1988, compôs a trilha sonora para o filme “O Grande Mentecapto”, de Osvaldo Caldeira, e os documentários de Sílvio Tendler “68”, “Olhar do Fotógrafo” e “Educar”. Participou também da trilha sonora da minissérie “O Primo Basílio”, da Rede Globo. Ainda em 1988, gravou o LP “Manú Çaruê – Uma aventura holística”, registrando suas composições “1º baile antropófago transracial de Santa Cruz” (c/ Geraldo Carneiro), “Memória (Pra Dona Walda)”, “Fantasia holística, “A lenda do boto”, “Alegria” e a faixa-título, além das obras “Mandu Çarara” e “1ª Missa no Brasil – 4º Movimento do descobrimento do Brasil”, ambas de Villa-Lobos, e “Sol Féggio” (Bach). Também nesse ano, lançou o LP “Coração imprevisto”, com a cantora portuguesa Eugênia Mello e Castro.
Em 1989, compôs a trilha sonora para uma série de seis documentários realizados pelo “Projeto Educação e Trabalho”, do Ministério da Educação de Portugal. Ainda nesse ano, lançou o LP “Cine Brasil”, registrando músicas de sua autoria escritas para cinema. Gravou, também em 1989, com Nana Caymmi, o LP “Só louco”.
No ano de 1990, lançou “Baobab”, disco exclusivamente autoral. No repertório, as músicas “Estação matriz” (c/ Suso Saiz e Vicente Amigo), “Romance ocidental” e a faixa-título, entre outras.
Gravou, em 1992, o disco “Wagner Tiso – Profissão: Música”, contendo apenas clássicos de outros autores, como “Brasileirinho” (Waldir Azevedo), “Por causa de você” (Tom Jobim e Dolores Duran) e “Na Baixa do Sapateiro” (Ary Barroso), entre outras. Nesse mesmo ano, compôs a música do filme “Encontros Imperfeitos”, de Jorge Marrecos (produção portuguesa), e da peça teatral “Imaginária”, de Márcio Vinna. Ainda na década de 1990, assinou a música do curta-metragem “Diário Noturno” (1993), de Monique Gardemberg, das peças teatrais “O Livro de Jó” (1993), registrada em CD, e “Peer Gynt” (1994), ambas de Moacir Góes, e “A Falecida” (de Nélson Rodrigues), dirigido por Gabriel Vilela, e da minissérie “O Sorriso do Lagarto” (Rede Globo).
Em 1995, compôs a música do filme “O Guarani”, de Norma Bengell. Ainda nesse ano, lançou o CD “Wagner Tiso ao vivo com Rio Cello Ensemble”, gravado ao vivo na casa noturna Jazzmania, com a participação de Nico Assumpção e Márcio Montarroyos. Realizou, em seguida, bem sucedida turnê pela Europa. Participou do “Free Jazz Festival”. Ainda em 1995, gravou o CD “Wagner Tiso e Orquestra de Cordas Brasileira – Brasil Musical”. No ano seguinte, em 1996, lançou os CDs “Wagner Tiso e Paulo Moura – Brasil Musical” e “Brazilian scenes”.
Em 1997, compôs as trilhas sonoras dos filmes “A Ostra e o Vento”, de Walter Lima Júnior (registrada em CD), e “Tiradentes”, de Osvaldo Caldeira, e da peça teatral “O Capataz de Salema”, de Sérgio Mamberti. Um ano depois, em 1998, escreveu a música do filme “O toque do oboé”, de Cláudio McDowell.
Em 1999, gravou, com o Rio Cello Ensemble, o disco “Debussy e Fauré encontram Milton e Tiso” e compôs a trilha sonora do documentário “Salvador 450 anos”, de Sérgio Ferreira.
Lançou, em 2000, o CD “Tom Jobim Villa-Lobos”, gravado com o Rio Cello Ensemble. O disco, distribuído em bancas de jornais, veio acompanhado de uma revista contendo fotos e dados sobre sua trajetória artística.
Em 2002, gravou, com Zé Renato, o CD “Memorial”, homenagem a Juscelino Kubitschek, contendo canções como “Peixe vivo” (domínio público), “Tristeza do Jeca” (Angelino de Oliveira) e “Rosa morena” (Dorival Caymmi), entre outras. Também nesse ano, assinou os arranjos do CD “Mar de algodão”, de Olívia Hime.
Em 2003 lançou com Victor Biglione, pela gravadora Albatroz em conjunto com o Núcleo de Comunicação da Universidade Estácio de Sá (RJ) e com distribuição nacional da Trama, o CD “Tocar”, registro ao vivo do espetáculo realizado pelos dois instrumentistas, contendo as composições “Expresso 2222” (Gilberto Gil), “Samba de uma nota só” (Tom Jobim e Newton Mendonça), “Cravo e Canela” (Milton Nascimento e Ronaldo Bastos) e “Sonho de um Carnaval” (Chico Buarque), entre outras.
No ano de 2004, lançou o CD “Cenas Brasileiras”, ao lado da Orquestra Petrobras Pró-Música (OPPM), dirigida por Roberto Tibiriçá. O disco foi gravado ao vivo no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, em dois concertos: o primeiro, em 1º de maio de 2001, apresentando a suíte-título, composta de seis temas, além de “Eu sei que vou te amar” (Tom Jobim e Vinicius de Moraes); o segundo, em 7 de abril de 2002, incluindo “Choros 6” (Heitor Villa-Lobos).
Em 2005, comemorando 60 anos de vida e 45 de carreira, apresentou-se no Theatro Municipal do Rio de Janeiro com o show “Um Som Imaginário”, acompanhado por uma banda formada por Itamar Assiére, Lula Galvão, Sérgio Barrozo, André Boxexa e Mingo Araújo, e também pela Orquestra Petrobras Sinfônica, tendo como regente convidado Carlos Prazeres. Participaram do espetáculo Milton Nascimento, Gal Costa, Cauby Peixoto, Paulo Moura, Uakti, Toninho Horta, Nivaldo Ornelas, Robertinho Silva, Luiz Alves, Victor Biglione, Tizumba e Guarda de Moçambique do Divino.
Lançou, em 2006, o CD e DVD “Um Som Imaginário”, registro ao vivo do espetáculo realizado no ano anterior.
Em 2007, apresentou-se no Espaço Tom Jobim, no Jardim Botânico, na série “Concertos para a Mata Atlântica – 80 anos Tom Jobim”, tendo a seu lado Victor Biglione (violão) e Hugo Pilger (violoncelo). Neste mesmo ano, lançou a coleção de quatro CDs intitulada “Da sanfona à Sinfônica – Wagner Tiso 40 anos de arranjos”, traçando um panorama da música brasileira a partir da remasterização de gravações originais de suas orquestrações realizadas em 40 anos de trajetória.
Lançou, em 2009, o CD “Samba e Jazz – Um Século de Música”, contendo, entre outras, as faixas “Volta a Palhoça” (Sinhô), “Shiny Stockings” (Frank Foster e Jon Hendricks), “Opinião” (Zé Keti), “Naima” (John Coltrane e Jon Hendricks), “Samba de um grande amor” (Chico Buarque), “April in Paris” (Vernon Duke e E. Y. Harburg), “Tune Up” (Miles Davis), “Quando o samba chama” (Paulinho da Viola), “Folhas secas” (Nélson Cavaquinho e Guilherme de Brito) e “Solar” (Miles Davis). O disco contou com a participação de Nicolas Krassik (violino), Hermeto Pascoal (flauta), Nivaldo Ornelas (sax), Hamilton de Holanda (bandolim), Paulo Moura (clarinete) e Victor Biglione (guitarra), entre outros.
Em 2011, lançou o CD “Outras canções de cinema”, com composições de sua autoria: “Toque final” e “O primeiro filme” (para “O Toque do Oboé”), “Diário de Helena” e “Pai Francisco” (para “Vida de Menina”), “Fernanda” (para “Duas Mulheres”), “Choro cromático”, “Mente pra mim”, “Bolero de La Douler” e “Miranda” (para “Os Desafinados”), “Ouverture” e “Triste amor” (para “O Guarani”) e ainda duas músicas extras.
No ano de 2013 remontou o grupo Som Imaginário, desta vez integrado por Victor Biglione, Tavito, Nivaldo Ornellas, Luiz Alves e Robertinho Silva, com o qual se apresentou no evento “Viradão Cultural Paulista 2013” no Teatro Municipal de São Paulo. Integrando o Som Imaginário participou do “Projeto Conexão Rio” apresentado no Circo-Voador, na Lapa, centro do Rio de Janeiro, ao lado de Lenine e Pife Muderno, e ainda no evento “Viradão Cultural Paulista 2013” no Teatro Municipal de São Paulo. No ano seguinte, em 2014, , com o Som Imaginário, fez show no Sesc Pinheiros, em São Paulo e em Belo Horizonte, no Palácio das Artes.
No ano de 2016, em dupla com o guitarrista Victor Biglione, apresentou-se no evento “Na Trilha do Rock – Ipiaba Blues Jazz Festival 2016”, pela Prefeitura Municipal de Barra do Piraí e Ipiabas.
Em 2017, com o Som Imaginário, apresentou-se no palco da Caixa Cultural Rio de Janeiro.
Em 2019, ao lado do cantor Tunai, se apresentou no Teatro Rival (RJ) em homenagem a Elis Regina (1945-1982). O espetáculo “Saudade da Elis (As Aparências Enganam)” abriu a série de shows do “Projeto Diário Musical”. Além das canções de Elis, integraram o repertório do show a música “Coração de estudante” (c/ Milton Nascimento) e “Frisson” (Tunai). Na ocasião, durante o espetáculo, o cantor Tunai contava à platéia uma história de cada canção antes da mesma ser tocada.
ALBIN, Ricardo Cravo. Dicionário Houaiss Ilustrado Música Popular Brasileira – Criação e Supervisão Geral Ricardo Cravo Albin. Rio de Janeiro: Rio de Janeiro: Instituto Antônio Houaiss, Instituto Cultural Cravo Albin e Editora Paracatu, 2006.
AMARAL, Euclides. Alguns Aspectos da MPB. Rio de Janeiro: Edição do Autor, 2008; 2ª ed. Esteio Editora, 2009.
AMARAL, Euclides. O Guitarrista Victor Biglione & a MPB. Rio de Janeiro: Edições Baleia Azul, 2009. 2ª ed. Esteio Editora, 2011. 3ª ed. EAS Editora, 2014.
BORGES, Márcio. Os sonhos não envelhecem. São Paulo: Geração Editorial, 1996.