Compositor. Cantor. Instrumentista. Arquiteto.
Dedicou-se à música e à poesia desde os tempos do ginásio, participando de programas de rádio como “Hora juvenil”, da Rádio Clube de Belém (PA), PRC-5. Mais tarde, começou a atuar em clubes.
Fez parte, em sua cidade natal, do conjunto Os Gaviões do Samba, que se apresentava no Cassino Marajó.
Iniciou sua formação universitária na Escola de Engenharia do Pará.
Em 1946, mudou-se para São Paulo, onde estudou arquitetura na Universidade Mackenzie. Nessa instituição, foi convidado a dirigir a parte de música popular do show de abertura da Mac-Med, tradicional competição realizada entre os universitários do Mackenzie e da Faculdade de Medicina. Atuou, também, como músico de dancings. Compôs, nesse ano, as músicas “Samba de morro”, “Outono” e “Prece de um sambista”. Dois anos depois, transferiu-se para o Rio de Janeiro, diplomando-se como arquiteto em 1950 pela então Universidade do Brasil. Dedicou-se à música sem abandonar a profissão de arquiteto. Estudou teoria e harmonia com Aída Gnatalli e, mais tarde, com Célia Vaz.
Em 2024 teve o centenário lembrado no programa Rádio Memória, da Empresa Brasileira de Comunicação(EBC), a partir do acervo da emissora. Foram executados trechos de arquivo com Inezita Barroso cantando “Os estatutos da gafieira” e com entrevista no programa “Nacional 80” no qual contou como de arquiteto se tornou compositor.
Iniciou sua carreira artística nos anos 1950, apresentando-se em festa e clubes com o Sexteto Billy Blanco, formado por Luís Reis (piano), Maurício Monte (bateria), Ante Danemann e Milton Evaldo (acordeom) e Carlos José (voz).
Freqüentando a noite carioca, conheceu Dolores Duran, que viria a gravar sua música “Outono” e se tornaria intérprete de várias outras canções de sua autoria.
Em 1951, começou a trabalhar como desenhista. Neste mesmo ano, o conjunto Anjos do Inferno gravou seu samba “Pra variar”.
No ano seguinte, sua canção “Prece de um sambista” foi gravada com sucesso pela cantora Linda Batista. Em seguida, sua carreira de compositor ganhou destaque, com a gravação de “Estatutos de gafieira”, por Inesita Barroso, “Grande verdade”, por Dick Farney, e “Teresa da praia” (com Tom Jobim), por Dick Farney e Lúcio Alves.
Em 1954, lançou, pela gravadora Continental, o LP “Sinfonia do Rio de Janeiro”, suíte popular em tempo de samba, escrita em parceria com Tom Jobim, composta de 11 músicas e um tema, com arranjos de Radamés Gnatalli, interpretados por vários cantores, como Dick Farney, Gilberto Mifon, Elizeth Cardoso e Emilinha Borba, entre outros. Algumas músicas do disco fizeram parte da trilha sonora de “Esse Rio que eu amo”, filme de Carlos Hugo Christensen, e do musical de Carlos Machado, “Rio, de janeiro a janeiro”.
No ano seguinte, foi premiado com o Troféu Disco de Ouro, do jornal “O Globo”, por seu trabalho como letrista.
Em 1956, fez sucesso como autor das músicas “Mocinho bonito” e “Pano legal”, gravadas, respectivamente, por Dóris Monteiro e Dolores Duran.
Destacou-se ainda como o compositor de “Não vou a Brasília”, gravada pelo grupo Os Cariocas, em 1957, cuja letra lhe trouxe problemas com a censura por contrariar o incentivo governamental de migração para a nova capital.
Em 1958, Paulo Marquês gravou o LP “Doutor em samba”, com um repertório exclusivamente de sua autoria. Ainda neste ano, compôs “Viva meu samba”, um de seus maiores sucessos, e “Obrigado, excelências”.
O auge de sua carreira como compositor foi marcado, em 1959, pelas gravações de “A banca do destino”, por Isaura Garcia, “Pistom de gafieira”, por Sílvio Caldas, e “Camelô”, por Dolores Duran. Nesse mesmo ano, foi convidado por Aloysio de Oliveira, diretor artístico da Elenco, para gravar um LP com sambas de sua autoria e arranjos de Oscar Castro Neves.
No ano seguinte, Lúcio Alves gravou “Samba triste”, de sua parceria com Baden Powell. A “Sinfonia do Rio de Janeiro” foi regravada por um outro elenco de cantores, novamente com arranjos de Radamés Gnatalli.
Em 1964, contracenou com Aracy de Almeida, Sérgio Pôrto e o conjunto de Roberto Menescal em show que estreou na boate Zum Zum e seguiu para o palco do Teatro Santa Rosa (RJ). O espetáculo gerou o LP “Sérgio Pôrto, Aracy de Almeida e Billy Blanco no Zum Zum”, lançado pela Elenco.
Em 1966, gravou o LP “Músicas de Billy Blanco na voz do próprio”.
Participou dos seguintes festivais de música:
1965: I Festival de Música Popular Brasileira (TV Excelsior, SP), com “Rio dos meus amores”, defendida por Wilson Simonal e classificada em 5º lugar;
1966: I Festival Internacional da Canção (TV Globo, RJ), com “Se a gente grande soubesse”, interpretada por seu filho Billinho, então com nove anos de idade, e pelo Quarteto em Cy e classificada em 4º lugar;
1968: Bienal do Samba (TV Record, SP), com “Canto chorado”, defendida por Jair Rodrigues e classificada em 4º lugar.
Em 1974, escreveu a sinfonia “Paulistana – retrato de uma cidade”, lançada em LP pela Odeon.
É autor de mais de 300 canções, algumas com parceiros como Tom Jobim, Nilo Queirós, Sebastião Tapajós, Sílvio Caldas e Paulo Tito, entre outros.
Participou de trilhas sonoras para cinema, como a de “Crônica da cidade amada”, filme de Carlos Hugo Christensen, “Esse Rio que eu amo” e “Carnaval Atlântida”, entre outras.
Compôs também para peças teatrais, como “Chico do Pasmado”, “Mandrágora” e “Em tempo de sapo, de cócoras com ele”, e para novela “O espigão” (Rede Globo).
Fez as letras em português para as peças “Noviça rebelde” (“Sound of music”) e “Como vencer na vida sem fazer esforço” (“How to succed in business without really trying”), que contou no elenco com Marília Pêra, Procópio Ferreira e Augusto César Vanucci (1965).
Atuou, também, na produção de jingles para campanhas publicitárias, como a do Café Capital.
Na década de 1990, lançou os CDs “Guajará – suíte do arco-íris” (1993) e “Billy Blanco informal”, esse último gravado ao vivo no Vinicius Piano Bar, ao lado de Célia Vaz (arranjos e violão), Fernando Merlino (piano), Jorge Helder (baixo) e João Cortez (bateria).Publicou, em 1996, o livro “Tirando de letra e música” (Record), uma seleção de suas canções com o histórico de cada uma delas.
Em 2002, lançou o CD “A bossa de Billy Blanco”, interpretando seus grandes sucessos “Estatutos da gafieira”, “Pistom de gafieira”, “Rio do meu amor” e “Samba triste” (c/ Baden Powell), “Lágrima flor”, “Olho de fogo” e “O boto falou”. O disco foi produzido por seu filho, Billy Blanco Jr. E contou com a participação de Leila Pinheiro (“A banca do distinto”), Ney Matogrosso (“Esperança perdida”, com Tom Jobim), Billy Blanco Jr. e Paulo Jobim (“Teresa da Praia, com Tom Jobim), Olivia Hime (“Viva meu samba”), Lucinha Lins (“Praça Mauá”), Pery Ribeiro (“Encontro com a saudade”), Anna Lengruber (“Desencanto”) e Erasmo Carlos (“Mocinho bonito”).
Em 2005, foi apresentada pela primeira vez em concerto a “Sinfonia do Rio de Janeiro”, de sua parceria com Tom Jobim. O espetáculo, realizado na Sala Cecília Meirelles, em homenagem ao seu 80º aniversário, recebeu o título de “Sinfonia do Rio de Janeiro – Em concerto, 50 anos depois”, com idealização, direção geral e apresentação de Ricardo Cravo Albin, direção artística de Haroldo Costa e direção musical de Gilson Peranzzetta, também responsável pelos arranjos e regência. Participaram da noite Dóris Monteiro, Joyce, Elza Soares, Leila Pinheiro, Marcel Powell, Paulo Jobim, Paulo Marquês, Pery Ribeiro, Sebastião Tapajós e Zé Renato, além de seu filho Billy Blanco Jr. e de suas netas Estrela Joy, Lua Maria e Ana Terra.
Faleceu no dia 7 de Julho de 2011, tendo sido velado na Câmara dos Vereadores do Rio de Janeiro. Nesse mesmo ano, numa parceria do Instituto Cultural Cravo Albin com o selo Discobertas, foi lançado o box “100 Anos de Música Popular Brasileira”, contendo quatro CDs duplos, com áudio restaurado por Marcelo Fróes da coleção de oito LPs da série homônima produzida por Ricardo Cravo Albin, em 1975, com gravações raras dos programas radiofônicos “MPB 100 ao vivo” realizadas no auditório da Rádio MEC, em 1974 e 1975. O compositor participou do volume 5 da caixa, com suas canções “Mocinho bonito” e “A banca do distinto”, ambas na voz de Dóris Monteiro, e “Camelô”, na voz de Johnny Alf.
Billy Blanco e Radamés Gnatalli
"Este disco faz parte da coleção ""Nova História da Música Popular Brasileira"". Vem acompanhando de fascículo com biografia, fotos e letras das músicas e a ficha técnica das faixas. Na contra-capa, fotos dos compositores."
"Este disco faz parte da coleção ""História da Música Popular Brasileira"" .Vem acompanhado de um fascículo com biografia, fotos e as letras das músicas."
Aracy de Almeida e Billy Blanco
Billy Blanco e Tom Jobim
ALBIN, Ricardo Cravo. Dicionário Houaiss Ilustrado Música Popular Brasileira – Criação e Supervisão Geral Ricardo Cravo Albin. Rio de Janeiro: Rio de Janeiro: Instituto Antônio Houaiss, Instituto Cultural Cravo Albin e Editora Paracatu, 2006.
AMARAL, Euclides. Alguns Aspectos da MPB. Rio de Janeiro: Edição do Autor, 2008; 2ª ed. Esteio Editora, 2009.
COSTA, Cecília. Ricardo Cravo Albin: Uma vida em imagem e som. Rio de Janeiro: Edições de Janeiro, 2018.