3.001
Nome do Grupo
O Rappa
Componentes

Xandão
Lauro Farias
Marcelo Falcão
Marcelo Lobato

Dados Históricos e Artísticos

Banda formada inicialmente por Marcelo Falcão (voz), Xandão (guitarra), Marcelo Lobato (teclado,escaleta e percussão), Lauro Farias (baixo) e Marcelo Yuka (bateria) na cidade do Rio de Janeiro, em 1993.

O embrião do grupo surgiu no início dos anos 90, quando Nélson Meireles (baixista e produtor do Cidade Negra), Marcelo Lobato (tecladista e ex-África Gumbe), Xandão (guitarrista e ex-KMD5) e Marcelo Yuka (baterista e ex- KMD5), formaram um grupo às pressas para acompanhar o cantor jamaicano de reggae Papa Winnie em sua excursão pelo Brasil. Com o término das apresentações, o grupo começou a procurar por um vocalista. Por meio de um anúncio publicado no matutino carioca “O Globo”, Marcelo Falcão entrou em contato e foi aprovado para a função. Mais tarde, Lauro Farias (baixo) substituiu Nélson Meireles. O nome do grupo é uma gíria popular que designa fiscais da prefeitura que apreendem as mercadorias de camelôs que vivem da economia informal nas ruas do Rio de Janeiro. O grupo mistura samba, funk, dub e drumn bass.

Em 1994, lançou o primeiro disco, “O Rappa”, tendo como destaque a faixa “Todo camburão tem um pouco de navio negreiro”, uma forte crítica social quanto à condição do negro, atacando o mito da cordialidade entre as raças no Brasil. Ainda assim, o primeiro disco passou despercebido pela mídia. Dois anos depois, em 1996, lançou “O Rappa mundi”, disco produzido por Liminha e que contou com as participações de Wellington Soares na percussão e dos DJs Zé Gonzales, Rodrigues e Paulo Futura. No repertório, foram incluídas as composições “Tumulto”, “Ilê ayê” (Paulinho Camafeu), “Óia o rapa” (Lenine  e Sergio Natureza), uma versão em português para “Hey Joe”, clássico do rock composto pelo guitarrista norte-americano Jimi Hendrix e ainda “Vapor barato” (Jards Macalé e Wally Salomão) que fez grande sucesso em várias emissoras de rádio por todo o país.

O terceiro CD do conjunto, “Lado B lado A”, foi lançado em 1999 produzido por Bill Laswell e Chico Neves. Mixado no Real World Studio, em Londres, teve as ilustrações da capa realizadas pelo artista plástico nova-iorquino Doze Green, que veio ao Rio especialmente para isso. Em três meses, o disco vendeu 150.000 cópias, e, em janeiro do ano seguinte, ocorreram tumultos na porta da cervejaria carioca Canecão, por falta de ingressos para o show de lançamento do disco. O CD chegou a vendagem 350 mil cópias pouco tempo depois de seu primeiro lançamento. Sempre preocupados com os problemas sociais brasileiros, seus integrantes apóiam a ONG Afro Reggae, surgida após a chacina na favela carioca de Vigário Geral. Todavia, o grupo acabou também sendo vítima da violência. 

No na o 2000 a diretora Kátia Lundo produziu o clip “Minha alma – A paz que eu não quero”, que logo se tornou um grande sucesso em várias emissoras de TV. Na época, foram convidados atores do grupo de teatro Nós do Morro, do Morro do Vidigal (Zona Sul do Rio de Janeiro). Alguns destes atores como Ramon e os irmãos Phellipe e Jonathan Haagensen receberam papéis importantes no filme “Cidade de Deus”, de Kátia Lund e Fernando Meirelles (baseado no romance homônio de Paulo Lins – roteirista do filme). Em 9 de novembro deste mesmo ano, de 2000, o baterista e compositor Marcelo Yuka recebeu quatro tiros ao tentar impedir um grupo de marginais de assaltar uma moça, ficando paraplégico. 

No ano posterior, em agosto de 2001, o grupo venceu três das cinco categorias a que concorria (Melhor do Ano, Direção e Fotografia) com o clipe “O que sobrou do céu” na “7ª Edição do Video Music Brasil” (VMB), premiação do canal MTV, destinada ao melhor da produção de videoclips, que este ano contou com homenagens a Herbet Vianna e ao ex-integrante do grupo Titãs Marcelo Frommer (falecido). Neste mesmo ano, a banda lançou o primeiro disco ao vivo, “Instinto coletivo”, com algumas faixas gravadas em estúdio e a maioria gravada ao vivo em Porto Alegre, no Teatro Opinião, em turnê de divulgação do disco “Lado B, Lado A”. O CD “Instinto coletivo”, contou com participações especiais do grupo Sepultura, na inédita  “Ninguém regula a América”, e da banda inglesa Asian Dub Foundation, nas faixas “Instinto coletivo” e  “R. A M” e  trouxe também sucessos anteriores do grupo (A feira, A minha alma, Me deixa, Ilê Ayê), composições que não fizeram tanto sucesso (Nó de fumaça, O homem bomba), assim como novas composições, “Milagre”, e uma interpretação inusitada do grupo para “Fica doido varrido”, de Benedito Lacerda e Frazão. O disco vendeu pouco mais de 150 mil cópias. Em novembro de 2002, Marcelo Yuca retirou-se do grupo para seguir carreira solo. No ano seguinte, em 2003, o grupo, ao lado de Lulu Santos, Natiruts, Tribo de Jah, Cidade Negra, L.S. Jack, Jota Quest, Titãs e  Skank, foi uma das atrações do “Pop Festiva Telefônica Tim” apresentado na Sociedade Hípica do Rio de Janeiro. Neste mesmo ano, com Ivete Sangalo, Jota Quest, Harmonia do Samba, Banda Olodum e Banda Cheiro de Amor, participou do evento “Cabofolia”, promovido pela Prefeitura de Cabo Frio na Praia do Forte. Participou também, junto a João Gordo, Lanlan e Os Elaines, Charles Brown Jr, entre outros, do evento “Coca-Cola Vibezone”, no Clube da Aeronáutica, na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro. Foi uma das atrações do projeto “Conexões urbanas” ao lado de MV Bill e Afroreggae, apresentando-se no bairro da Cidade de Deus. Ainda em 2003, ao lado de Frejat, Lan Lan e Os Elaines, Acid X, Arnaldo Brandão, Fernanda Abreu, Nação Zumbi, Pitty, Detonautas e Autoramas, participou da  “5ª Edição do Projeto Música Alimento da Alma” (MADA), Natal, Rio Grande do Norte. Fez um dos melhores shows da carreira do grupo, de acordo com vários críticos, no “Festival Oi de Inverno de Itaipava”, cidade do Rio de Janeiro. A banda deu por encerrada a turnê do disco “Instinto coletivo” em show na Fundição Progresso, no Rio de Janeiro. Neste mesmo ano lançou o CD “O silêncio que precede o esporro”, no qual gravou “Reza vela”. 

No ano de 2005 o grupo fez o último show da turnê do disco “O silêncio que precede o esporro” na Fundição Progresso, no Rio de Janeiro. Neste mesmo ano no “12º Prêmio Multishow de Música Brasileira”, ganhou o prêmio como “Melhor Show” e ainda “Melhor Grupo”. Ainda em a banda gravou o CD “Acústico MTV”, só com novas versões de sucessos dos discos anteriores do grupo. Com esse disco a banda fez turnê por várias cidades e capitais do Brasil durante os anos de 2005, 2006 e 2007.

Em 2006 a Warner Music lançou a coletânea “Warner 30 anos – O Rappa”, uma seleção dos maiores sucessos de cada disco da banda. Dois anos depois, em 2008, após encerrar a turnê, dedicou-se a gravação do primeiro disco de inéditas em cinco anos. O CD “7 vezes” teve seu pré-lançamento no “Festival MADA – Música Alimento da Alma”, de Natal, considerado um dos principais festivais de rock do Brasil e responsável pelo lançamento de vários ícones do rock nacional, entre os quais Pitty e Os Detonautas. No disco “7 vezes”, produzido por Tom Sabóia e Ricardo Vidal, foram incluídas 13 faixas e a regravação de “Súplica cearense”, de Gordurinha e Nelinho, antigo sucesso de Luiz Gonzaga. Das faixas inéditas do CD destacam-se “Fininho da vida”, “Farpa cortante”, “Em busca do porrão”, “Documento”, “Meu mundo é o barro” e “Monstro invisível”, música de trabalho da banda. No ano seguinte, em 2009, a Som Livre lançou o CD “Perfil: O Rappa”, que contou com as gravações Ao vivo de “Pescador de ilusões” e “Na frente do reto”, e com a versão de “Hey Joe” da qual participou o cantor e compositor Marcelo D2.

No ano de 2010 a banda lançou o CD e DVD “Ao Vivo”, no qual interpretou sucessos de carreira, tais como “Meu Mundo é o Barro”, “Reza Vela”, “Lado B Lado A”, “Hóstia”, “Homem Amarelo”, “Mar de Gente”, “Documento”, “Minha Alma (A Paz que Eu Não Quero)”, “Monstro Invisível”, “Hey Joe”, “Maneiras”, “Tribunal de Rua”, “Linha Vermelha”, “Meu Santo tá Cansado”, “O Que Sobrou do Céu”, “Rodo Cotidiano”, “Todo Camburão Tem Um Pouco de Navio Negreiro”, “7 Vezes”, “O Salto”, “Vapor Barato”, “Súplica Cearense”, “Me Deixa”, “Pescador de Ilusões” e “Ilê Ayê (Que Bloco é Esse)”. Posteriormente, no ano 2011, viajaram pelo Brasil com a turnê “Valeu a Pena” e fizeram uma pequena temporada de shows no espaço Marina da Glória, no Rio de Janeiro, relembrando sucessos da banda como “Hey Joe”, “A feira”, “Minha alma”, entre outros.

Foi uma das atrações do “Palco Sol”, montado em frente ao hotel Copacabana Palace, no Rio de Janeiro, para as comemorações do Réveillon de 2012.

No ano de 2013 lançou o CD (também em LP duplo) de inéditas “Sequência terminal-Nunca tem fim”, do qual se destacaram as faixas “Anjos”, “Cruz de tecido” e “Auto-reverse”, entre outras com letras de Lula Queiroga e Marcos Lobato. O show de lançamento do trabalho aconteceu no Espaço das Américas, em São Paulo, no qual a banda recebeu vários convidados, entre eles os rapperes Edi Rock e Dexter, que participaram do CD, e ainda o rapper B Negão, além do grupo A Banca. O grupo seguiu com a turnê de lançamento do disco pelo Rio de Janeiro (CitiBank Hall, com cenário de Cássio Amarante), assim como em várias capitais do país.

No ano de 2016 a banda lançou em CD e DVD o trabalho “Acústico Oficina Francisco Brennand”, em Recife, com shows gravados e dirigidos pelo cineasta Lírio Ferreira. No DVD contou com participação especial do próprio criador do espaço cultural, o senhor Francisco Brennand, de 88 anos, que deu depoimento exclusivo ao diretor. No trabalho foram incluídas quatro composições inéditas; “Reza a vela”, com a participação especial do rapper cearense RAPdura, que também interpretou a composição própria intitulada Norte Nordeste me veste”; uma faixa com a participação especial do cantor e compositor Lula Queiroga, além releituras de sucessos da banda, tais como “Rodo cotidiano”, “Pescador de ilusões”, “Anjos” e “Minha alma”.

Em 2019, em homenagem ao baterista Marcelo Yuka (falecido em 18 janeiro deste mesmo ano, vitimado por um AVC) foi refilmado o clipe “Minha alma”, dirigido por Fernando Barcellos e Luciano Vidigal (diretor do grupo teatral Nós do Morro). Nesta segunda versão do clipe a narração ficou por conta de Ramon Francisco, que aos quatro anos de idade participou do clipe original (filho de Guti Fraga, diretor do Nós do Morro na época).

A banda, com 13 trabalhos lançados, entre coletâneas, CDs e DVDs de estúdio e ao vivo, fez várias turnês internacionais pela Europa, Estados Unidos e Oceania.

Discografias
2016 Warner Musi CD Acústico Oficina Francisco Brennand
2013 Warner Music CD Nunca tem fim
2013 Warner Music DVD Nunca tem fim
2010 Warner Music CD O Rappa Ao Vivo
2010 Warner Music DVD O Rappa Ao Vivo
2009 Som Livre CD Perfil: O Rappa
2008 Warner CD 7 vezes
2006 Warner Music CD Warner 30 anos - O Rappa
2005 Warner Music CD Acústico MTV - O Rappa
2005 Warner Music DVD Acústico MTV - O Rappa
2003 Warner Music CD O silêncio que precede o esporro
2003 Warner Music DVD O silêncio que precede o esporro
2001 Warner Music Brasil CD Instinto coletivo (ao vivo)
1999 Warner Music CD Lado b, lado a
1996 Warner Music CD Rappa mundi
1994 Warner Music CD O Rappa
Obras
A feira (Marcelo Yuka e O Rappa)
A todas as comunidades do Engenho Novo (Marcelo Falcão e O Rappa)
Brixton, Bronx ou Baixada (Marcelo Yuka, O Rappa e Nelson Meireles)
Catequeses do medo (Marcelo Yuka)
Coincidências e paixões (Marcelo Yuka e Marcelo Falcão)
Cristo e Oxalá (Marcelo Yuka e O Rappa)
Eu não sei mentir direito (Marcelo Yuka e O Rappa)
Eu quero ver gol (Marcelo Yuka, Xandão e Marece Facão)
Favela (Marcelo Falcão, Marcelo Yuka e O Rappa)
Fogo cruzado (Marcelo Yuka e Falcão)
Hei Joe (Bill Roberts: Versão Marcelo Yuka e Ivo Meirelles)
Homem amarelo (O Rappa)
Instinto coletivo (Marcelo Yuka e O Rappa)
Lado B lado A (Marcelo Falcão, Marcelo Yuka e O Rappa)
Lei da sobrevivência (O Rappa e Marcelo Falcão)
Me deixa (Marcelo Yuka e O Rappa)
Milagre (Marcelo Yuka e O Rappa)
Minha alma a paz que eu não quero (Marcelo Yuka e O Rappa)
Mitologia gerimum (Marcelo Yuka e Marcelo Lobato)
Na palma da mão (Marcelo Yuka e O Rappa)
Ninguém regula a América (Sepultura, Marcelo Yuka e O Rappa)
Não vão me matar (Marcelo Falcão)
Nó de fumaça (Marcelo Lobato e O Rappa)
O homem bomba (Marcelo Yuka)
O que sobrou do céu (Marcelo Yuka e O Rappa)
Pescador de ilusões (Marcelo Yuka e O Rappa)
R.A M. (Marcelo Yuka e O Rappa)
Skunk jammin (Marcelo Yuka)
Sujo (Marcelo Yuka)
Todo camburão tem um pouco de navio negreiro (Marcelo Yuka e O Rappa)
Tribunal de rua (Marcelo Yuka e O Rappa)
Tumulto (Marcelo Yuka e O Rappa)
Uma ajuda (Marcelo Yuka e O Rappa)
Vinheta da Silva (Marcelo Yuka)
À noite (Marcelo Yuka)
Shows
2011 Mariana da Glória, Rio de Janeiro O Rappa
5ª Edição do Projeto Música Alimento da Alma (MADA), Natal, Rio Grande do Norte.
Cabofolia. Cabo Frio, RJ.
Evento Coca-Cola Vibezone. Clube da Aeronáutica. Barra da Tijuca, RJ.
Festival Mada - Música Alimento da Alma. Natal.
Festival Oi de Inverno de Itaipava (c/ Rita Lee, Cláudio Zoli, Frejat e Capital Inicial), RJ.
O Rappa na Cabofolia. Praia do Forte, Cabo Frio, RJ.
O Rappa, MV Bill e Afroreggae. Projeto Conexões Urbanas. Cidade de Deus, RJ.
O Rappa. Canecão, RJ.
O silêncio que precede o esporro. Fundição Progresso, RJ.
Pop Festival Telefônica TIM. Sociedade Hípica do Rio de Janeiro, RJ.
Show Instinto Coletivo. Fundição Progresso, RJ.
Show Lado B, lado A .Teatro Opinião. Porto Alegre, RS.
Clips
2019 "Minha alma". Direção: Fernando Barcellos e Luciano Vidigal.
Minha alma. Dir. Kátia Lund.
Bibliografia crítica

ALBIN, Ricardo Cravo. Dicionário Houaiss Ilustrado Música Popular Brasileira – Criação e Supervisão Geral Ricardo Cravo Albin. Rio de Janeiro: Instituto Antônio Houaiss, Instituto Cultural Cravo Albin e Editora Paracatu, 2006.

AMARAL, Euclides. Alguns Aspectos da MPB. Rio de Janeiro: Edição do Autor, 2008; 2ª ed. Esteio Editora, 2009.