5.001
Nome do Grupo
Barão Vermelho
Componentes

Rodrigo Suricato

Frejat

Maurício Barros

Guto Goffi

Fernando Magalhães

Rodrigo Santos

Peninha

Cazuza

Dados Históricos e Artísticos

Grupo de rock formado na cidade do Rio de Janeiro, em 1981.

Na primeira formação constavam Cazuza (voz), Roberto Frejat (guitarra e voz), Maurício Barros (teclados), Dé (baixo) substituído por Rodrigo Santos, Guto Goffi (bateria) e Fernando Magalhães (guitarra), mais tarde foi adicionado o pecussionista Peninha. O nome era referência aos personagens de quadrinhos Snoopy e Charlie Brown.

O conjunto foi montado especificamente para se apresentar na “21ª Feira da Providência”, realizada todos os anos pela Arquidiocese do Rio de Janeiro. Porém, devido à falta de equipamento adequado, o show foi cancelado, fato que não diminuiu o entusiasmo do grupo, que decidiu levar adiante o projeto. Ainda com quatro membros, começaram a procurar por um vocalista que se adequasse à proposta musical do grupo, que surgiu fazendo covers dos Rolling Stones e do Led Zeppelin. Chegaram a fazer um teste com Léo Jaime, que declinou do convite por achar a banda pesada e barulhenta demais. Mas foi Léo Jaime quem os apresentou a Agenor Miranda de Araújo Neto, conhecido por Cazuza. Imediatamente inserido no grupo, começou a mostrar as suas letras de inegável valor poético, que começaram a ser musicadas por Frejat. De acordo com o crítico Arthur Dapieve, seria a vez que o rock brasileiro mais se aproximaria da famosa dupla de compositores dos Rolling Stones, Jagger e Richards.

Em 1982, fizeram uma fita demo que chegou às mãos do produtor Ezequiel Neves, conhecido por Zeca Jagger, devido à verdadeira adoração que tinha pelos Stones. Ezequiel mostrou a fita para Guto Graça de Mello, da Som Livre, e ambos chegaram à conclusão que o material era bom. O problema é que o pai de Cazuza, João Araújo, era o diretor da gravadora e gravar o próprio filho pareceria  nepotismo. Contudo, convencido do contrário, acabou permitindo a aquisição do grupo para o cast da Som Livre. Dois finais de semana, totalizando 48 horas de gravação, foram o suficiente para que, em 27 de setembro de 1982, fosse lançado o LP “Barão Vermelho”. Apesar das críticas favoráveis, o disco não atingiu o grande público, mesmo contando com “Todo o amor que houver nesta vida”, que posteriormente se tornaria um clássico do rock brasileiro. No ano seguinte, entrariam em estúdio para gravar o seu segundo LP, intitulado “Barão Vermelho 2”. Novamente sucesso de crítica, mas com pouca repercussão de público. A gravadora havia decidido que a música de trabalho do disco seria a faixa “Menina mimada”, que era considerada pelas rádios como não-comercial. Foram Caetano Veloso e Ney Matogrosso que alertaram a mídia para a qualidade do trabalho do grupo. O primeiro, durante o show de lançamento do seu LP “Uns”, realizado na cervejaria carioca Canecão, interpretou “Todo o amor que houver nesta vida” e elogiou Cazuza, além de criticar as rádios que não tocavam o grupo. Ney Matogrosso, por sua vez, gravou “Pro dia nascer feliz”, que se tornou um sucesso, fazendo com que a gravadora fosse obrigada a lançar um compacto com a versão original do Barão Vermelho, que acabou suplantando a de Ney Matogrosso nas rádios. No ano de 1984, participaram do filme “Bete Balanço”, dirigido por Lael Rodrigues, lançando em compacto a música-tema, também incluída no LP da trilha sonora do filme. Além de terem composto a música-tema, apareceram em algumas cenas do filme, que foi assistido por mais de 1,4 milhão de espectadores, tornando-os conhecidos em todo o Brasil. No mesmo ano, lançaram o LP “Maior abandonado”, cuja faixa-título foi o destaque. O ano seguinte se abriria com o grupo se apresentando no festival “Rock In Rio” e iniciando uma excursão pelo país. Porém, em busca de um trabalho mais autoral e de intérprete, Cazuza saiu amigavelmente do grupo, que, mesmo sem a sua maior estrela, resolveu manter suas atividades com Roberto Frejat assumindo o vocal.

Em 1986, lançaram seu primeiro disco sem Cazuza, o LP “Declare guerra”. O disco foi um fracasso devido à má divulgação e à péssima qualidade da prensagem, o que levou o grupo a romper com a Som Livre e a assinar com a WEA. No ano seguinte, a banda gravou o LP “Rockn geral”, disco mais voltado para as influências da música negra norte-americana no seu trabalho como o blues, baladas e funks.

Em 1988, o tecladista Maurício Barros deixou o grupo para formar o Buana 4. Logo em seguida, foram incorporados ao conjunto o guitarrista Fernando Magalhães e o percussionista Peninha, que já haviam participado da gravação do disco anterior. Ainda no mesmo ano, o grupo lançou o disco “Carnaval”, em show realizado na casa noturna paulistana DamaXoc. O grande sucesso do disco foi “Pense e dance”, parceria de Frejat com Dé e Guto, bem executada nas rádios e nas pistas de dança. Pela primeira vez, desde a saída de Cazuza, a audiência do grupo aumentava, particularmente no Sul, em Minas e em São Paulo. Depois de bem sucedida excursão pelo Brasil, o grupo encerrou a turnê para gravar um disco ao vivo por onde começara, na boate paulistana DamaXoc. O resultado foi o disco “Barão ao vivo”. Lançado ainda em 1989, foi o último disco do grupo que contou com Dé, substituído por Dadi Carvalho, (ex- A Cor do Som e Novos Baianos). O LP seguinte foi “Na calada de noite”, cujo maior sucesso foi “O poeta está vivo”, parceria de Dulce Quental e Frejat, em homenagem a Cazuza, falecido em julho de 1990, o mesmo ano do lançamento do disco. Ao longo dos anos 90, o grupo lançou vários discos e manteve-se excursionando pelo país, ano após ano, sempre mantendo um público numeroso e fiel. Em 1994, Frejat produziu e o grupo participou do CD “Tributo a Roberto Carlos, intitulado “Rei”, interpretando a canção “Quando”. Nesse período, Dadi deixou o grupo e Rodrigo assumiu o baixo.

Em 1995, abriram os shows dos Rolling Stones nas suas primeiras apresentações no Brasil. No ano seguinte, fizeram sucesso com a regravação de “Malandragem, dá um tempo” (Adelzonilton, Popular P. e Moacyr Bombeiro), samba lançado por Bezerra da Silva e gravado no CD “Álbum”, de 1996.

No ano de 1999, gravaram o CD “Balada MTV”. No lançamento do CD, o guitarrista Roberto Frejat afirmou que pretendia dedicar-se à carreira solo após a excursão promocional do disco.

No ano de 2001, Roberto Frejat lançou pela gravadora WEA seu primeiro disco solo, “Amor pra recomeçar”, seguindo com a divulgação do disco em turnê por várias cidades brasileiras, afastando-se, assim, do Barão Vermelho. Peninha, um de seus componentes, passou a se dedicar a shows instrumentais. Fernando Magalhães começou a trabalhar com Gabriel, O Pensador e Kid Abelha. Outro de seus integrantes, o tecladista Maurício Barros, também afastou-se do grupo e passou a trabalhar com Frejat, sendo um dos produtores de seu disco solo. Guto Goffi, montou uma loja de percussão, “Maracatu Brasil”, em Larajeiras, Zona Zul do Rio de Janeiro. O grupo não tinha data marcada para se reunir outra vez, pelo menos oficialmente.

No ano de 2003, Ezequiel Neves organizou uma caixa com todos os discos lançados pela banda “Pedra, flor e espinho”. Em 2004 a banda retornou às atividades e lançou o CD “Acústico MTV” em show no Canecão, no Rio de Janeiro.

No ano de 2007 foi lançado o DVD “Barão Vermelho ao vivo no Rock In Rio”, com material do antológico show em 15 de janeiro de 1985, no qual o grupo, ainda no início de carreira, apresentou diversas composições novas, que mais tarde viriam a se tornar sucessos da banda. Entre as que foram apresentadas destacam-se também “Pro dia nascer feliz”, “Beth Balanço”, “Por que a gente é assim?”, “Mal nenhum” (c/ Lobão) e “Down em mim”. Neste mesmo ano o descobridor da banda, Ezequiel Neves, junto ao baterista Guto Goffi e o jornalista Rodrigo Pinto, lançou a biografia “Barão Vermelho – Por que a gente é assim?”. No ano de 2012 o grupo comemorou 31 anos de existência com o show “+ 1 Dose”, no palco da Fundição Progresso, na Lapa, bairro do centro da cidade do Rio de Janeiro. Ainda em 2012 o grupo lançou uma versão remixada do primeiro disco, o LP “Barão Vermelho”, de 1982, produzido por Ezequiel Neves na época. Na versão reeditada, em CD, foi incluída uma faixa-bônus com a voz de Cazuza e a parte instrumental regravada, a inédita “Sorte e azar”, de Frejat e Cazuza, que ficou fora do disco na ocasião. A faixa entrou como parte da trilha sonora na novela “Salve Jorge”, da Rede Globo. Com o retorno da banda em sua versão original Frejat (voz e guitarra), Maurício Barros (teclados), Dé (baixo), Guto Goffi (bateria), Fernando Magalhães (guitarra), Rodrigo Santos (guitarra e voz) e Peninha (percussão), o grupo fez turnê por Belo Horizonte, Rio de Janeiro e São Paulo, com registro cinematográfico da Conspiração Filmes, dirigido por Mini Kerti.

No ano de 2013 o grupo deu por encerrada a turnê “+ 1 Dose”, apresentando-se no Citibank Hall, no Rio de Janeiro; em Natal e em Recife. Durante a turnê a banda recebeu vários convidados, entre os quais o cantor Vid e o baixista Ronaldo Jones (ambos do grupo Vid & Sangue da Cidade) e os guitarristas Luís Carlini e Sérgio Serra. Neste mesmo ano parte da trajetória do grupo foi contada no livro “Dias de Luta – O Rock e o Brasil dos Anos 80”, de Ricardo Alexandre, lançado pela Arquipélogo Editorial Ltda, de Porto Alegre.

No ano de 2016 faleceu, no Rio de Janeiro,  um de seus integrantes mais antigos, o percussionista Peninha. No ano seguinte, em 2017, a banda voltou à cena artística com uma terceira formação, com um novo vocalista, Rodrigo Suricato, em show de retorno, no Circo Voador.

Discografias
2012 CD Barão Vermelho 1982 (remixado)
2007 DVD Barão Vermelho ao vivo no Rock In Rio
2006 WEA CD MTV ao vivo
2004 WEA CD Acústico MTV
2003 Som Livre CD Pedra, flor e espinho
1999 WEA CD Balada MTV
1998 WEA CD Puro êxtase
1996 WEA CD Álbum
1994 WEA CD Carne crua
1992 WEA CD Supermercados da vida
1990 WEA LP Na calada da noite
1989 WEA LP Barão ao vivo
1988 WEA LP Carnaval
1987 WEA LP Rock'n geral
1986 Som Livre LP Declare guerra
1984 Som Livre Compacto simples Bete Balanço
1984 Som Livre LP Bete Balanço

(Trilha Sonora do filme, vários)

1984 Som Livre LP Maior abandonado
1983 Som Livre LP Barão Vermelho 2
1983 Som Livre Compacto simples Pro dia nascer feliz
1982 Som Livre LP Barão Vermelho
Obras
Baby suporte (Barros, Pequinho, Ezequiel e Cazuza)
Bete balanço (Frejat e Cazuza)
Cara a cara (Rodrigo e Golfi)
Declare guerra (Frejat, Guto Goffi e Ezequiel Neves)
Dolorosa (Frejat e Cazuza)
Down em mim (Cazuza)
Eu queria ter uma bomba (Cazuza)
Maior abandonado (Frejat e Cazuza)
Milagres (Frejat, Cazuza e Denise Barroso)
Narciso (Frejat e Cazuza)
Não amo ninguém (Frejat, Ezequiel e Cazuza)
Nós (Frejat e Cazuza)
Por que a gente é assim? (Frejat, Ezequiel e Cazuza)
Pro dia nascer feliz (Frejat e Cazuza)
Sem vergonha (Frejat e Cazuza)
Sub-produto do rock Geração do rock (Frejat e Cazuza)
Todo amor que houver nessa vida (Frejat e Cazuza)
Torre de Babel (Frejat, Guto Goffi e Ezequiel Neves)
Você se parece com todo mundo (Frejat e Cazuza)
Shows
Acústico MTV. Canecão, RJ.
DamaXoc, SP,
Maracanã (abertura para os Rolling Stones), RJ,
Rock In Rio, RJ,
Rock in Rio 3. Rio de Janeiro, RJ,
Clips
Pense e dance.
O poeta não morreu.
Puro êxtase
Bibliografia crítica

ALBIN, Ricardo Cravo. Dicionário Houaiss Ilustrado Música Popular Brasileira – Criação e Supervisão Geral Ricardo Cravo Albin. Rio de Janeiro: Instituto Antônio Houaiss, Instituto Cultural Cravo Albin e Editora Paracatu, 2006.

ALBIN, Ricardo Cravo. MPB – A História de Um Século. 2ª ed. Revista e ampliada, Rio de Janeiro: MEC/Funarte/Instituto Cultural Cravo Albin, 2012.

ALBIN, Ricardo Cravo. MPB, a história de um século. Rio de Janeiro: Atrações Produções Ilimitadas/MEC/Funarte, 1997.

ALBIN, Ricardo Cravo. O Livro de Ouro da MPB. Rio de Janeiro: Ediouro Publicações S.A., 2003.

ALEXANDRE, Ricardo. Dias de Luta – O Rock e o Brasil dos Anos 80. Porto Alegre, Rio Grande do Sul: Arquipélogo Editorial Ltda, 2ª ed., 2013.

AMARAL, Euclides. Alguns Aspectos da MPB. Rio de Janeiro: Edição do Autor, 2008; 2ª ed. Esteio Editora, 2009.

CHAVES, Xico e CYNTRÃO, Sylvia. Da Pauliceia à Centopeia Desvairada – as Vanguardas e a MPB. Rio de Janeiro: Elo Editora, 1999.

DAPIEVE, Arthur. BRock: o rock brasileiro dos anos 80. Rio de Janeiro: Editora 34, 1995.

FUSCALDO, Chris. Discobiografia Mutante: Álbuns que revolucionaram a música brasileira. Rio de Janeiro: Editora Garota FM Books, 2018. 2ª ed. Idem, 2020.

MARCONDES, Marcos Antônio. Enciclopédia da Música Brasileira – Erudita, folclórica e popular. São Paulo: Arte Editora/Itaú Cultural/Publifolha – 2ª edição, 1998.

NEVES, Ezequiel, GOFFI, Guto, PINTO, Rodrigo. Barão Vermelho – Por que a gente é assim?”. Rio de Janeiro: S/E, 2007.

NOGUEIRA, Elias. Conversando com Elias. Rio de Janeiro: Editora AMCGuedes, 2014.