
No dia 21 de janeiro de 1993, com um grupo de oito pessoas, foi criado o “AfroReggae Notícias”, um jornal de apenas quatro páginas lançado e que se propunha à divulgação das festas e shows da cena musical da Lapa, zona boêmia do Rio de Janeiro. Após a chacina na comunidade de Vigário Geral, com 21 mortes de moradores, esse mesmo grupo resolveu estabelecer-se na favela e começar um trabalho social de afastar os jovens das drogas e do crime através da música e de oficinas de instrumentos de percussão e assim nasceu o grupo musical Afroreggae, quando vários desses jovens comeram a fazer pequenas apresentações dentro da própria comunidade. O jornal era ligado à valorização da cultura negra, voltada sobretudo aos jovens ligados a música como reggae, soul, hip hop. Por essa época, a ONG também organizava uma festa de nome “Rasta Dancing”. Pouco tempo depois surgia a ONG (Organização Não Governamental) Grupo Cultural Afro Reggae, que inicialmente contava com cerca de 100 funcionários, atendendo a 400 crianças envolvidas no projeto desenvolvido pelo Núcleo Comunitário de Cultura, que dava amparo a jovens carentes e com potencial de se envolver com a criminalidade, que passavam a integrar projetos sociais com dança, capoeira, oficinas de percussão e futebol, além de reciclagem, com patrocínio da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro e da Fundação Ford.
Em 1994 José Júnior foi apresentado ao poeta Waly Salomão, que passou a levar artistas como Caetano Veloso, Regina Casé para a primeira sede da ONG no ano de 1996.
Com o objetivo de integração com a população, a ONG atuava principalmente na comunidade de origem de seus membros, a favela de Vigário Geral. Além da banda musical Afroreggae, foram criados ainda mais 13 grupos, aos quais pertenciam inicialmente três trupes de circo, um grupo de dança, um coral e oito bandas.
A banda musical Afroreggae fora apadrinhada por Caetano Veloso e Regina Case, fazendo sua primeira apresentação em 1995, posteriormente lançando quatro discos e sendo reconhecida em vários países.
Em agosto do ano de 2001, em parceria com o rapper MV BILL (Cufa – Confederação das Favelas), a ONG criou o projeto “Conexões urbanas”, apresentando grandes artistas em comunidades carentes do Rio de Janeiro. O projeto estreou no Morro da Formiga com a participação de Fernanda Abreu. A segunda edição do projeto aconteceu na favela da Vila Cruzeiro, na Penha, contando com apresentação de Caetano Veloso e, em sua terceira edição, levou para Inhaúma, Zona Norte do Rio de Janeiro, o grupo Titãs, além dos criadores do projeto e a própria banda padrão, a Afroreggae, que neste mesmo ano assinou contrato com a gravadora Universal Music.
Em 2003 um de seus principais integrantes, José Júnior (34 anos), lançou o livro “Da favela para o mundo”, com lançamento pela Aeroplano Editora, no qual relata os dez anos do grupo e das viagens nacionais e internacionais da banda de música. Neste mesmo ano a ONG criou o prêmio “Orilaxé”, entregando o prêmio em cerimônia no Teatro João Caetano, como reconhecimento a vários artistas em diversas áreas culturais e sociais da cidade do Rio de Janeiro.
Em 2005 foi lançado o documentário “Favela Rising”, no qual foi relatado o trabalho e a história da ONG Grupo Cultural Afroreggae. O filme de 80m minutos, com produção conjunta Brasil/Estados Unidos, foi dirigido pelos cineastas Jeff Zimbalists e Matt Mochary e contou com depoimentos de Zuenir Ventura, Anderson Sá, José Júnior, Michele Moraes, Márcio Nunes, Altair Martins, André Luiz Azevedo e Lizietia Carmen Siqueira, entre outros.
No ano de 2010 a ONG Grupo Cultural Afroreggae inaugurou o Centro Cultural Wally Salomão, considerado o primeiro padrinho da ONG. O Centro Cultural Wally Salomão conta com quatro andares que abrigam salas de aulas, biblioteca, videoteca e estúdios para ensaios e gravações. Em frente ao centro há uma praça para espetáculos, onde já se apresentaram Caetano Veloso, Tony Garrido, Marisa Monte, Fernanda Abreu, Adriana Calcanhoto e Daniela Mercury e Cidade Negra, entre muitos outros. Neste mesmo o ano a ONG contabilizou uma receita de 14 milhões de reais em projetos sociais desenvolvidos pelas oito bandas de música, como a AfroSambas e a própria banda padrão, a Afroreggae (musical), duas trupes de circo e uma trupe de teatro e mais 75 projetos sociais de empregabilidade e capacitação de jovens, na cidade do Rio de Janeiro. Ainda em 2010 a trupe de teatro Afroreggae estreou a peça “Urucubaca”, com textos inéditos de Jorge Mautner, na Casa de Cultura Laura Alvin, em Ipanema, Zona Sul do Rio de Janeiro. Neste mesmo ano de 2010 aconteceu a cerimônia da entrega da “12ª edição do Prêmio Orilaxè”, com evento no Teatro Carlos Gomes, no Rio de Janeiro, com apresentação da atriz Fernanda Lima e do ator Johayne Hidelfonso, com narração em off do ator Wagner Moura.
Em 2011 a ONG Grupo Cultural Afroreggae inaugurou uma nova sede em uma cobertura no bairro da Lapa, centro do Rio de Janeiro, com reforma concebida pelo designer Luiz Stein. Deu início às obras de um museu no Complexo do Alemão. Com projeto de Oscar Niemeyer e apoio do Banco Santander, na inauguração o acervo já contara com telas de Picasso, Monet e Salvador Dali. A ONG também mantém o programa “Conexões Urbanas” na Rádio Roquette Pinto FM 94.1 e também apresentado na rede de TV Multishow por José Júnior, programa de referência da cultural de periferia e que no ano passado, em 2010, gerou uma receita de 500 mil reais para os cofres da ONG Afroreggae. Ainda em 2011 o ONG Afroreggae estreou dois programas de televisão: “Papo de Polícia” na TV Multishow, sendo um reality show no Complexo do Alemão e o outro programa intitulado “3D”, na Rede Globo, um programa jornalísticos sobre os 18 municípios do Grande Rio, com reportagens que não entrariam na pauta tradicional de jornalismo da emissora. Neste mesmo ano de 2011 a ONG lançou o selo musical AR.
Em 2013 o Grupo Afro Reggae mantinha duas empresas e uma Oscip (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público) com orçamento anual de 20 milhões para desenvolvimento de cerca de 30 projetos sócios-culturais.