
Dança popular nordestina, onde um cantador, “tirador de cocos” ou “coqueiro”, tira versos em quadras, sextilhas ou décimas, respondidas por um coro. Numa roda, cantadores e dançadores giram e batem palmas, podendo ou não haver dançadores solistas. Por vezes os dançadores agitam o ganzá, aparecendo também a umbigada estilizada. A origem do coco ainda é controversa, havendo aqueles que, como Mário de Andrade, o consideram de origem africana próxima ou remota. Já outros o consideram de origem puramente nacional, resultante da mistura da música negra com a indígena, o que teria originado, segundo o pesquisador Luiz Heitor Corrêa de Azevedo, “o verdadeiro curiboca de nossa música”. A primeira referência que se tem sobre a dança remota à segunda metade do século XVIII, quando inclusive chegou a ser dançada em salões acompanhada de cítara. Tendo surgido no interior, nas usinas de açúcar é comumente encontrado no litoral. Enquanto dança, foi efetivada em Alagoas no século XIX, tendo aos poucos conquistado a região nordestina. Embora mantendo uma coreografia semelhante, existe uma grande variedade de tipos de coco, definidos a partir de seus diferenetes elementos. Conforme os instrumentos acompanhantes, pode ser coco-de-ganzá, coco-de-mungonguê ou coco-de-zambê. Conforme o texto poético pode ser coco-de-décima ou coco-de-oitava. Pelo processo musical pode ser coco-de-embolada. A divisão popular no Nordeste, divide o coco em coco-de-praia, coco-de sertão, coco-de-usina ou coco-de-roda. A forma do coco é geralmente estrofe-refrão, obedecendo aos compassos 2/4 ou 4/4. O refrão ou segue a estrofe ou é intercalada nela. Em termos poéticos, apenas o refrão é fixo, sendo o elemento caracterizador do coco. As estrofes, geralmente em quadras de sete sílabas, podem ser tradicionais ou improvisadas. Uma das formas de coco mais conhecidas é o coco-de-embolada, em cuja estrofe há a presença da embolada que segundo a definição de Mário de Andrade, “é um processo rítmico-melódico de formar a estrofe em determinadas peças nordestinas, coreográficas ou não”. O coco é geralmente acompanhado de instrumentos de percussão, como pandeiro, ganzá, zambê e bombo. Em bailes muito pobres, é comum a utilização de simples caixas. Sendo comum nas praias e sertões, chegou a ser dançado em salões da sociedade na Paraíba e em Alagoas, sendo conhecido também como samba, pagode, bambelô ou zambê. Sobre este aspecto, Jackson do Pandeiro chegou a gravar de Rosil Cavalcanti o coco “Coco social”, que relata a aceitação desse gênero nas altas rodas sociais. No Ceará existe ainda duas variantes, cujas adjetivações são tomadas ao refrão final, o coco-gavião, onde cantam “o gavião peneirô-ê” e o coco-bingolê, onde cantam “bingolê-ô, bingolê-á”, não havendo entretanto nenhuma diferenciação entre as coreografias. Um de seus mais célebres cultivadores foi o coqueiro Chico Antônio, descoberto por Mário de Andrade em suas pesquisas musicais no Rio Grande do Norte.