
Compositor. Ator. Cinegrafista. Foi criado em uma família judia nos subúrbios de Paris. Depois da Segunda Guerra Mundial atuou como jornalista. Antes de vir para o Brasil jogou com a equipe nacional francesa de vôlei. Faleceu em Paris aos 82 anos, depois de ficar internado em um hospital por cinco dias. Morreu de insuficiência cardíaca, informou sua mulher Atsuko Ushioda, japonesa, com quem morou muitos anos no Japão.
Em 1959, atuava como chansonier numa cantina italiana de Lisboa juntamente com o músico brasileiro Sivuca, que o apresentou ao disco “Chega de saudade”, de João Gilberto. Encantou-se com a Bossa Nova e resolveu ir para o Brasil, onde logo fez amizade com os principais cantores e compositores da Bossa Nova. Em 1965, tornou-se íntimo de artistas como Baden Powell e Vinícius de Moraes, entre outros. Nesse mesmo ano,Vinícius e Baden, num bar do bairro carioca do Leblon, lhe mostraram o “Samba da benção”. Ele ali mesmo começou a fazer a versão francesa, que se chamaria “Samba saravah”, logo incluído na trilha sonora do filme “Um homme et une femme”, de Claude Leloche, e que ele protagonizaria, além de escrever as letras para as músicas de Francis Laí, ao retornar para a França em 1966, Além de “Samba saravá”, foi sucesso da trilha sonora deste filme o tema principal, que, com influências da bossa nova, receberia inúmeras gravações mundo afora”. Também fez sucesso com a música “La bicyclette”. Teve composições gravadas por estrelas da música francesa como Yves Montand e FrancoiseHardy. Em 1969, retornou ao Brasil para dirigir um documentário sobre a música popular brasileira. Ao chegar ao Brasil no entanto, não conseguiu encontrar vários artistas por motivos políticos: Vinícius e Chico Buarque exilados na Europa, e Caetano Veloso e Gilberto Gil, presos. Foi então que Baden Powell lhe apresentou a Pixinguinha e João da Baiana, além dos iniciantes Paulinho da Viola e Maria Betânia. Em três dias ele filmou o documentário “Saravah”, considerado um filme antológico no qual aparecem as únicas imagens coloridas de Pixinguinha tocando saxofone, no choro “Lamentos”, dele mesmo, com Baden Powell fazendo solos de violão, e também acompanhando João da Baiana em pontos de candomblé como “Que quere que que” e “Yaô”. Já Paulinho da Viola e Maria Betânia, além de apresentarem o repertório deles mesmo cantaram sambas clássicos. Baden Powell e a cantora Marcia apresentaram afro-sambas. Dirigiu ainda outros três filmes e, como ator, atuou em 20 filmes, o último em 2010, “Le Marais Criminels”. Fez a versão para “A noite do meu bem”, de Dolores Duran, “La nuit de monamour”, e “Lesnuitsdes masques”, para “A noite dos mascarados”, de Chico Buarque, Em 2005, concedeu entrevista ao jornalista Hugo Sukman, para o jornal O Globo, na qual declarou ao falar de sua versão francesa para o “Samba da benção”: “Essas são as próprias palavras de Vinícius de Moraes, poeta e diplomata, autor desta canção e, como ele mesmo diz, o branco mais preto do Brasil, E eu que sou talvez o francês mais brasileiro da França adoraria lhes falar do meu amor pelo samba, como um apaixonado que não ousa revelar seu amor ao ser amado mas que fala desse amor a qualquer um que encontrar”. Foi considerado uma espécie de embaixador da música brasileira na Europa. De volta ao Brasil em 2006 doou ao ICCA – Instituto Cultural Cravo Albin a fita com o documentário “Saravá”.