0.000
Nome artístico
Fernando Pamplona
Nome verdadeiro
Fernando Augusto da Silveira Pamplona
Data de nascimento
28/9/1926
Local de nascimento
Rio de Janeiro, RJ
Data de morte
29/9/2013
Local de morte
Rio de Janeiro, RJ
Dados biográficos

Cenógrafo. Fotógrafo. Ator. Jurado de Carnaval. Carnavalesco.

Professor e diretor da Escola de Belas Artes do Rio de Janeiro.

Jornalista e apresentado de televisão.

Professor de Geometria.

O médico responsável por seu parto foi Pedro Ernesto, que cinco anos depois viria a ser prefeito do Rio de Janeiro.

Segundo o professor e pesquisador Luís Fernando Vieira: 

 

“No início da década de 1930 a família transferiu para a cidade de Xapuri, no Estado do Acre, onde o pai passou a atua como promotor público. No ano de 1935 a família retornou ao Rio de Janeiro, passando a residir no bairro do Flamengo, Zona Sul da cidade. Por essa época, foi matriculado na Escola México e posteriormente, no Internato Pedro II”.

 

Ingressou na Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Fez parte da União dos Estudantes e do grupo de Teatro Universitário, trabalhando como ator e codiretor de peças e onde conheceu a futura esposa Zeni, então bailarina do Teatro Municipal do Rio de Janeiro. 

Estudou com Georgina de Albuquerque, Diretora da Escola de Belas Artes da UFRJ, cargo que ocuparia anos depois.

Levado por Mário Conde (Chefe de Cenografia do Teatro Municipal do Rio de Janeiro), passou a trabalhar como cenógrafo no Teatro Jardel, em Copacabana, onde estreou na peça “Othelo”, de Shakespeare. Logo depois exerceu a profissão de cenógrafo em vários outros teatros, tais como no próprio Municipal do Rio de Janeiro e em teatro na Argentina.

Na década de 1940 passou a lecionar Cenografia na Escola Martins Pena de Teatro.

Em 1948 ganhou “Menção Honrosa” no Salão de Arte Moderna, do Rio de Janeiro.

Ingressou na UNE (União Nacional dos Estudantes), onde conviveu com Fernando Pedreira, Rogê Ferreira e Roberto Gusmão, entre outros.

Filiou-se ao PCB (Partido Comunista Brasileiro).

Em 1952 casou com Zeni, ano em que começou a trabalhar com fotografia, chegando a fazer capas para revista da época.

Em 1956 ganhou como prêmio uma viagem pelo Brasil, por sua participação no “Salão de Arte Moderna” do Rio de Janeiro.

No ano de 1959 foi premiado com a “Medalha de Ouro” no “Salão de Arte Moderna”. Neste mesmo ano, a convite do escritor Miécio Tati, passou a integrar o corpo de jurados do desfile das escolas de samba do Rio de Janeiro. No ano seguinte, foi convidado para o cargo de carnavalesco, quando desenvolveu o enredo do Grêmio Recreativo e Escola de Samba Acadêmicos do Salgueiro, para o qual formaria a seguinte equipe de carnaval composta por ele, Dirceu e Marie Louise Nery, Arlindo Rodrigues e o aderecista e desenhista Nilton de Sá. Assim começou a revolução estética que culminaria, anos mais tarde, na ênfase ao grande visual dos carnavais modernos. Neste carnaval de 1960 a escola classificou-se em primeiro lugar no Grupo 1 (equivalente ao Grupo Especial), com o enredo “Quilombo dos Palmares”, criado por ele.

Segundo o pesquisador Euclides Amaral:

 

“Na década de 1960, o Salgueiro começou a desenvolver enredos com a história focada em outra ótica, a história não oficial, principalmente nos sambas enredos. O samba enredo “Quilombo dos Palmares”, de Anescarzinho do Salgueiro, Noel Rosa de Oliveira e Walter Moreira, detentor do primeiro lugar no Grupo 1 no ano de 1960, foi um dos primeiros neste caso, baseado em enredo criado por Fernando Pamplona”.

 

Na direção carnavalesca desta escola ficaria por 14 anos e 12 carnavais, acumulando cinco primeiro lugares, três segundos e terceiros lugares em desfiles diferentes.

A professora e doutora em Artes Visuais pela Escola de Belas Artes da UFRJ Helenise Monteiro Guimarães ressalta em entrevista à Revista Carioquice, editada pelo Instituto Cultural Cravo Albin (ICCA).

 

“Pamplona foi a mente brilhante que influenciou não só o desfile, mas o carnaval como um todo. Ele foi o responsável pela mudança da proposta de enredo, ao falar do negro brasileiro/africano, rompeu com os tradicionais temas de capa e espada, como ele mesmo define os enredos da época. Outra alteração foi a uniformização do visual da escola através de uma harmonia de cores e formas no figurino”.

 

No ano de 1961 ganhou do Museu de Arte Moderna, do Rio de Janeiro o prêmio de uma viagem à Europa, feita no ano seguinte, em 1962. Permaneceu por dois anos na Europa, retornando ao Brasil em 1964.

Passou a lecionar na Escola de Belas Artes da UFRJ e logo depois passou ao cargo de diretor da mesma escola, quando em sua homenagem um atelier da escola foi batizado de “Pamplonão”.

Como projetista de “stands” representando o Brasil no exterior, atuou entre os anos de 1962 e 1964 nas cidades de Berlim, Colônia e Hamburgo (Alemanha), Estocolmo (Suécia), Viena (Áustria), Budapeste (Hungria), Milão (Itália) e Estocolmo.

Para as companhias estrangeiras que visitaram o Brasil trabalhou como diretor de cena, iluminador e/ou coordenador de montagem  para Ballet da Ópera de Paris; Companhia Jean Louis Barreaut, Ballet de Champs Elisées; Ballet Jean Babilee; Picolo Teatro de Millano; Ballet Stanilawsky (URSS); Companhia Porgy And Bess (EUA);Ballet Senegal; Ballet da Geórgia (URSS); Companhia Memo Benasi (Itália) e Ballet Bolshoi.

Professor e mentor artístico de vários carnavalescos que começaram com ele, destacando-se Rosa Magalhães, Renato Lage, Arlindo Rodrigues, Lícia Lacerda, Maria Augusta e Joãosinho Trinta.

Em 2013 foi lançada no Bar Ernesto, na Lapa, centro do Rio de Janeiro, o livro “O encarnado e o branco”, autobiografia editada pelo jornalista Fábio Fabato pela Editora Nova Terra.

Considerado o inventor do carnaval contemporâneo e o pai de muitos carnavalescos profissionais como Rosa Magalhães, Maria Augusta, Lícia Lacerda, Renato Lage e Joãosinho Trinta.

Faleceu vitimado por um câncer raro, sendo sepultado no Cemitério São João Batista, em Botafogo, na Zona Sul do Rio de Janeiro.

Dados Atividade Específica

Entre as décadas de 1960 e 1970 atuou como decorador oficial do carnaval de rua da cidade do Rio de Janeiro e, também, do Teatro Municipal, além de ser o responsável pela decoração dos principais bailes oficiais da cidade, entre os quais os do Copacabana Palace, Hotel Glória e Hotel Nacional. Nesta mesma década, de 1970, foi o representante da EMBRATUR na decoração do ASTA (Congresso Internacional de Agentes de Viagens)  em Acapulco (México/1973), Montreal (Canadá/1974) e Rio de Janeiro (1975).
Na década de 1980 passou a ser comentarista de carnaval da Rede Manchete de Televisão e logo depois, da TV Globo, assumindo o papel de jurado no prêmio “Estandarte de Ouro”, do jornal O Globo e ainda da TV Bandeirantes. Atuou como cenógrafo, apresentador, produtor e jornalista da TVE (depois TV Brasil) nos cargos de Coordenador do Núcleo de Eventos Especiais e Superintendente de Produção e Programação, entre outros.
Foi Diretor do Sindicato de Atores e Cenotécnicos e Cenógrafos da TV Rio.
No ano de 2001 recebeu da Câmara Municipal do Rio de Janeiro a comenda “Medalha Pedro Ernesto”.

BIBLIOGRAFIA CRÍTICA:

ALBIN, Ricardo Cravo. Dicionário Houaiss Ilustrado Música Popular Brasileira – Criação e Supervisão Geral Ricardo Cravo Albin. Rio de Janeiro: Edição Instituto Antônio Houaiss, Instituto Cultural Cravo Albin e Editora Paracatu, 2006.
AMARAL, Euclides. Alguns Aspectos da MPB. Rio de Janeiro: Edição do Autor, 2008. 2ª ed. Esteio Editora, 2010.
ARAÚJO, Hiram. Carnaval – Seis milênios de história. Rio de Janeiro: Editora Gryphus, 2000.
REVISTA CARIOQUICE. “Olha o Pamplona aí, minha gente”. Ano III. Nº 12. Rio de Janeiro: Instituto Cultural Cravo Albin, 2007, pp. 44 – 49.