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Nome artístico
Mário de Andrade
Nome verdadeiro
Mário Raul de Morais Andrade
Data de nascimento
9/10/1893
Local de nascimento
São Paulo, SP
Data de morte
25/2/1945
Local de morte
São Paulo, SP
Dados biográficos

Escritor. Músico. Crítico. Pesquisador.

Filho de Carlos Augusto de Andrade e Maria Luísa de Morais Andrade, estudou no Ginásio do Carmo, dos irmãos maristas, em São Paulo (SP), onde fez o curso secundário. Foi um dos articuladores da Semana de Arte Moderna de 1922, realizada do Teatro Municipal de São Paulo, e que marcou o início do período modernista no Brasil. Correspondeu-se por carta com diversos outros artistas, exercendo sobre eles forte influência, entre os quais Carlos Drummond de Andrade, Manuel Bandeira, Anita Malfati, Tarsila do Amaral e Fernando Sabino. Indicado por Paulo Duarte, em 1935, foi nomeado pelo então prefeito Fábio Prado diretor do recém-criado Departamento de Cultura da Prefeitura de São Paulo, cargo que ocupou até o ano seguinte, quando assumiu no Rio de Janeiro o Instituto de Artes da Universidade do Distrito Federal, onde passou a reger a cátedra de Filosofia e História da Arte. Ainda em 1936, ajudou a projetar o Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – hoje Instituto. Porém, somente com a extinção da Universidade do Distrito Federal, em 1939, passou a trabalhar, definitivamente, no Serviço. Em 1941, voltou para São Paulo reassumindo a cátedra de História da Música no Conservatório Dramático e Musical de São Paulo, sem, contudo, desligar-se totalmente do Serviço, pois passou a ser assessor técnico da seção paulista do mesmo. Após sua morte, 25 anos depois, a Biblioteca Municipal Mário de Andrade lançou um número especial de seu Boletim Bibliográfico contendo uma cronologia geral da sua obra, além de artigos.

Dados Atividade Específica

O início de suas atividades musicais datam de 1911, quando matriculou-se no Conservatório Dramático e Musical de São Paulo (SP) nos cursos de música, canto e piano, formando-se em 1917. Nesse mesmo ano, além de ensaios de crítica de arte em revistas e jornais, publicou o seu primeiro livro de poesias, “Há uma gota de sangue em cada poema”. Um dos intelectuais mais ativos do século XX no Brasil, teve atuação destacada na Semana de Arte Moderna, no Teatro Municipal de São Paulo (SP), em fevereiro de 1922, sendo, possivelmente, a sua figura principal junto com Oswald de Andrade. Nesse mesmo ano tornou-se professor de História da Música e de Estética Musical no conservatório que o diplomou e publicou “Paulicéia desvairada”, livro marco da poesia modernista no Brasil. A crítica da época, ainda afeiçoada a uma poética conservadora, atacou, violentamente, o livro e seu autor, sendo que apenas Amadeu Amaral e João Ribeiro demonstraram alguma compreensão para com a nova estética que surgia. Dois anos depois, assumiria também a cátedra de História da Música e de Piano no conservatório. Além das publicações na área de literatura, publicou uma série de obras relativas à música, que estabeleceram as bases teóricas para a formação de uma consciência musical brasileira. Em 1928, publicou “Ensaio sobre a música brasileira”, onde apresentava um esboço para a sistematização dos estudos musicológicos no Brasil. Um ano depois, publicaria “Compêndio de História da Música”, que mais tarde seria reescrito com o título de “Pequena história da música”. Em 1930,  publicou “Modinhas imperiais”, uma antologia de peças do século XIX, que apresentava com profundidade a história da modinha brasileira. Em 1933, lançou o título “Música, doce música”, uma reunião de ensaios, conferências e críticas.   Em 1936, editou, pelo Serviço de Cooperação Intelectual do Ministério das Relações Exteriores, “A música e a canção populares no Brasil”. Em 1940, o Instituto Brasil-Estados Unidos publicou a sua conferência “A expressão musical dos Estados Unidos”, e, em 1941, a Editora Guaíra, Curitiba (PR), editou seu livro “Música do Brasil”, com estudos sobre História e Folclore. Além de sua obra teórica se desdobrar em setores dos mais variados aspectos, foi um intelectual que atuou no campo prático ao exercer funções em órgãos públicos nos quais trabalhou. Quando diretor do Departamento de Cultura da Prefeitura de São Paulo criou parques infantis, a Discoteca Pública Municipal, além de utilizar recursos oficiais na criação da Orquestra Sinfônica de São Paulo, do Quarteto Haydn (depois Quarteto Municipal), do Coral Paulistano e de um Coral Popular. Em 1937, fundou a Sociedade de Etnografia e Folclore de São Paulo e foi um dos organizadores do I Congresso da Língua Nacional Cantada, cujos Anais foram publicados pelo Departamento de Cultura da Prefeitura de São Paulo, em 1938. Como colaborador do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, ajudou no tombamento dos monumentos históricos paulistas. Seu trabalho sobre folclore musical influenciou uma série de pesquisadores, entre os quais, Frutuoso Viana e  Luciano Gallet, sendo que escreveu para o último um ensaio histórico e crítico. Camargo Guarnieri e Francisco Mignone, entre outros, enalteceram suas valiosas contribuições para o desenvolvimento da música em nosso país. A partir de 1944, a Livraria Martins, de São Paulo (SP), iniciou a publicação das suas Obras Completas em 20 volumes, dos quais os volumes XIII e XVIII foram organizados por Oneyda Alvarenga, principal assessora de Mário de Andrade e que geriu o espólio dos inéditos e dispersos do autor. Em 1970, as modinhas “Último Adeus de Amor”, “Roseas Flores da Alvorada”, “Coração Perdido” e “Hei de Amar-te Até Morrer”, com adaptações suas, foram gravadas por Inezita Barroso no LP “Modinhas” lançado por ela na gravadora: Copacabana.
Em 2015, foi homenageado pela Flip, Feira Literária de Parati. Na ocasião, uma nota no caderno “Música”, do jornal O Globo notificava: “Uma ação combinada entre pesquisadores de universidades brasileiras (USP, Federal de Pernambuco e Federal do Recôncavo da Bahia) e da universidade americana de Indiana recuperou registros fonográficos feitos em 1940, no Rio, nos quais o poeta Mário de Andrade, junto com a escritora Raquel de Queiroz e Mary Pedroso, (mulher do crítico de arte Mário Pedrosa), cantam seis cantigas populares brasileiras para o linguista americano Lorenzo Turner”.