
Mano Brown
Ice Blue
Edy Rock
KL Jay
Grupo de rap formado na cidade de São Paulo em 1988 e integrado por Mano Brown (Pedro Paulo Soares Pereira), Ice Blue (Paulo Eduardo Salvador), Edy Rock (Edivaldo Pereira Alves) e o DJ KL Jay (Kleber Geraldo Lelis Simões). Em 1988 participou da coletânea “Consciência black”, primeiro lançamento do selo Zimbabwe Records, especializado em música negra. Participaram com as músicas “Pânico na Zona Sul”, de Brown, e “Tempos difíceis”, de Rock e KL.
Em 1990, lançaram seu primeiro LP, “Holocausto urbano”, cujas letras eram marcadas pela denúncia do racismo e da miséria na periferia de São Paulo, que levam à violência e ao crime, problemas característicos dessa região. Ainda nesse ano e no seguinte fizeram vários shows por São Paulo, inclusive dois na FEBEM, além de participarem do show do “Public Enemy”, no Ginásio do Ibirapuera.
No ano de 1992 participaram do projeto “ARAPensando a Educação”, criado pela Secretaria Municipal de Educação de São Paulo, fazendo palestras para alunos e professores em escolas públicas da periferia. No final desse mesmo ano lançaram o seu segundo disco, “Escolha o seu caminho”, um mix com duas faixas: “Voz ativa”, de Brown, e “Negro limitado”, parceria de Brown com Rock. Nessa época participaram como atração principal do show “Rap no Vale”, realizado no Vale do Anhangabaú. No ano seguinte, participaram do projeto “Música Negra em Ação”, realizado no Teatro das Nações em São Paulo. Gravaram também o seu terceiro disco, o LP “Raio X Brasil”, lançado em uma festa na quadra da escola de samba paulistana Rosa de Ouro, com um público estimado de 10 mil pessoas. Do disco destacaram-se os sucessos “Fim de semana no parque” e “Homem na estrada”, ambas de Brown, que se tornaram verdadeiros hinos em bailes e rádios funk de todo o Brasil.
Em 1994, a Zimbabwe lançou a coletânea “Racionais MCS”, com os maiores sucessos do grupo. Nos anos seguintes participaram de vários shows filantrópicos em benefício de aidéticos, campanhas de agasalho e contra a fome realizadas em quadras de escolas de samba. Foram também um dos organizadores do protesto contra a data 13 de maio (libertação dos escravos).
Em 1997, lançaram “Sobrevivendo no inferno”, e ganharam vários prêmios da MTV brasileira. Ao recebê-los em programa transmitido ao vivo, Mano Brown ironizou a platéia dizendo que a mãe dele já teria lavado a roupa de muitos daqueles boys, e reafirmou seu compromisso com o seu público que é o da periferia, como ficou expresso na seguinte declaração de 1994:
“Nosso verdadeiro público está na periferia, eles nos colocaram no topo, eles é que precisam ouvir o que temos a dizer, não vamos abandoná-lo”.
Continuaram a se apresentar em clubes e quadras de escola de samba de comunidades carentes pelo Brasil. O disco chegou a marca de 500 mil cópias vendidas somente com distribuição do próprio grupo (nas bancas de jornal, bailes, clubes, quadras, shows e camelôs).
No ano de 2002, o grupo lançou o disco duplo “Nada como um dia após o outrro dia” e participou da entrega do “Prêmio Hutus”, apresentando-se no Armazém do Rio Número 5, no Rio de Janeiro.
Em 2003, ao lado de MV Bill e Nega Gizza, o grupo apresentou-se no Olimpo, no Rio de Janeiro.
No ano de 2007 lançou “1000 trutas, 1000 tretas”, primeiro DVD do grupo, também pelo selo Cosa Nostra Fonográfica e distribuído pela Unimar Music. Com 15 músicas gravadas ao vivo, o trabalho trouxe shows feitos pelo grupo a partir do ano de 2002, sendo o tema principal um espetáculo do ano de 2004 no Sesc Itaquera, com cenas de bastidores de shows, de viagens e de conversas entre os integrantes. O DVD, com tiragem inicial de 30 mil cópias, traz ainda traz um mini-documentário, dirigido por Mano Brown, sobre a história dos bailes black na periferia de São Paulo. O trabalho também contou com a participação especial de Jorge Benjor na faixa de abertura “À benção mamãe, à benção papai” e ainda com “Diário de um detento”, “Fórmula mágica da paz”, “Da ponte pra cá”, “Expresso da meia noite” e “Vida loka”, composições de discos anteriores da banda, “Sobrevivendo no inferno”, de 1997 e do CD “Nada como um dia após o outro dia”, de 2002.
No ano de 2014, após 12 anos, o grupo lançou o CD “Cores & valores”, com composições inéditas, destacando-se as faixas “O mal e o bem”, “Quanto vale o show” e “A escolha que eu fiz”.
Em 2016 o grupo fez show na quadra da Escola de Samba Mangueira, no Rio de Janeiro.
Durante a carreira o grupo vendeu cerca de um milhão de cópias de seus discos, apesar de atuar na periferia de São Paulo, não fazer uso de grandes mídias como TVs abertas e mesmo de participar de grandes festivais pelo Brasil.
(coletânea)
(vários)
ALBIN, Ricardo Cravo. Dicionário Houaiss Ilustrado Música Popular Brasileira – Criação e Supervisão Geral Ricardo Cravo Albin. Rio de Janeiro: Instituto Antônio Houaiss, Instituto Cultural Cravo Albin e Editora Paracatu, 2006.
ALBIN, Ricardo Cravo. MPB – A História de Um Século. 2ª ed. Revista e ampliada, Rio de Janeiro: MEC/Funarte/Instituto Cultural Cravo Albin, 2012.
ALBIN, Ricardo Cravo. O livro de ouro da MPB. Rio de Janeiro: Ediouro, 2003.
AMARAL, Euclides. Alguns Aspectos da MPB. Rio de Janeiro: Edição do Autor, 2008; 2ª ed. Esteio Editora, 2009.
CHAVES, Xico e CYNTRÃO, Sylvia. Da Pauliceia à Centopeia Desvairada – as Vanguardas e a MPB. Rio de Janeiro: Elo Editora, 1999.