5.001
Nome Artístico
Zaíra de Oliveira
Nome verdadeiro
Zaíra de Oliveira
Data de nascimento
1891
Local de nascimento
Rio de Janeiro, RJ
Data de morte
1951
Local de morte
Rio de Janeiro, RJ
Dados biográficos

Cantora. Soprano.

Obteve formação clássica pelo Instituto Nacional de Música, atual Escola Nacional de Música.

Em 1932, casou-se com o compositor Donga, pioneiro do samba carioca. Mãe da pesquisadora Lígia Santos.

Dados artísticos

Em 1921, venceu um concurso de canto na escola de música, principal orgão oficial no ensino de música na então Capital Federal, mas não pode receber o prêmio por ser negra. Fez parte do “Coral brasileiro”, integrado entre outros por Bidú Saião e Nascimento Silva e idealizado por Eduardo Souto. Em 1922,apresentou-se na Exposição do Centenário da Independência do Brasil em uma barraca montada pela Rádio Sociedade que tinha um estúdio na Exposição. A orquestra popular foi montada pelo maestro Pixinguinha e contou ainda com as participações dos Oito batutas e Bonfiglio de Oliveira. 

Estreou em discos em 1924, na Odeon, gravando seis músicas, os fox-trot “Cabeleira a la garçone”, com arranjos de Pedro de Sá Pereira e “La monteria”, de J. Guerrero; o cateretê “Choroso”, de autor desconhecido e as canções “Cantiga”, “Amargura” e o fado-tango “Guitarrada”, as três de Eduardo Souto. Apresentou-se na Rádio Sociedade do Rio de Janeiro acompanhada do regional de Canhoto. Em 1925, participou de um festival artístico no Teatro Municipal de Niterói e na ocasião interpretou “Tosca”, de Puccini; “Berceuse”, de Alberto Nepomuceno; “Schiavo”, de Carlos Gomes; “A despedida”, de Eduardo Souto e Bastos Tigre e “Cantiga praiana”, de Eduardo Souto e Vicente Carvalho. Nesse ano, fez sucesso no carnaval com o fox-trot “Cabeleira a la garçone”. 

Em 1926, fez uma série de oito gravações em dueto com o cantor Bahiano interpretando as marchas “O teu olhar”, de autor desconhecido e “Quando me lembro”, de Eduardo Souto e João da Praia; o cateretê carnavalesco “Eu só quero é conhecer”, de Eduardo Souto e o cateretê “Caboclo véio”; a canção “Cale a boca” e os sambas “Que tem, tem”; “Um caso sério” e “Seu Cabral gostou”, de autores desconhecidos. Por essa época, apresentou-se com Catulo  da Paixão Cearense e Gastão Formenti no cassino do Hotel Copacabana Palace.

No carnaval de 1927, fez sucesso com a marcha-carnavalesca “Dondoca”, de José Francisco de Freitas, o Freitinhas, gravada em dueto como cantor J. Gomes Jr. No início da década de 1930, integrou o Conjunto Tupi, formado e dirigido por J. B. de Carvalho. Em 1931, ingressou na Parlophon e lançou os sambas “É preciso fingir”, de Gentil Torres e Osvaldo Santiago e “Pode bater”, de Luperce Miranda e Osvaldo Santiago, que fez razoável sucesso popular, com acompanhamento da Orquestra Guanabara. Em seguida, gravou a valsa “Solange” e a canção “Lua culpada”, de Duque e a “Canção dos infelizes”, de Donga e Luiz Peixoto e o “Fado da bossa”, de Donga e Augusto Calheiros. Nesse ano, gravou na Victor com o Grupo da Guarda Velha e Francisco Sena, a batucada “Já andei” e a macumba “Que querê”, de Pixinguinha, Donga e João da Baiana. Cantou na Rádio Guanabara do Rio de Janeiro sendo acompanhada pelo conjunto “Jacob e sua Gente”, formado pelos instrumentistas Carlos Gil, no cavaquinho, Osmar Menezes, no violão, Valério Farias,o “Roxinho”, no violão, Manoel Gil, no pandeiro e Natalino Gil, como ritmista, liderado por Jacob do Bandolim.

Gravou um total de 21 discos com 25 músicas pelas gravadoras Odeon, Parlophon e Victor, das quais se destacaram como sucessos populares a valsa “Solange” e a batucada “Já andei”, a primeira, composição do bailarino Duque e a segunda, de Pixinguinha, Donga e João da Baiana, quatro dos principais artistas brasileiros negros da época. Cantou também em coros de muitas igrejas. 

Em 2003, teve sua gravação da marcha “Dondoca”, de Freitinhas, relançada pelo selo Revivendo no número 20 da série “Carnaval – Sua História, sua glória. Foi professora de música do Colégio Orsina da Fonseca, tendo lecionado para Dona Ivone Lara. 

Foi considerada pelo embaixador Paschoal Carlos Magno como uma das maiores cantoras negras do mundo, opinião que contrasta com o pequeno número de gravações que deixou, o que se explica pelas dificuldades de gravação na época, que se agravavam para uma cantora negra.

Discografias
1931 Parlophon 78 Canção dos infelizes/Fado da bossa
1931 Victor 78 Já andei/Que querê

(Com Grupo da Guarda Velha e Francisco Sena)

1931 Parlophon 78 Solange/Lua culpada
1931 Parlophon 78 É preciso fingir/Pode bater
1927 Odeon 78 Dondoca

(Com J. Gomes Jr)

1926 Odeon 78 Caboclo véio

(Com Bahiano)

1926 Odeon 78 Cale a boca

(Com Bahiano)

1926 Odeon 78 Eu só quero é conhecer

(Com Bahiano)

1926 Odeon 78 O jeitinho dela
1926 Odeon 78 O teu olhar

(Com Bahiano)

1926 Odeon 78 Quando me lembro

(Com Bahiano)

1926 Odeon 78 Que tem, tem

(Com Bahiano)

1926 Odeon 78 Seu Cabral gostou

(Com Bahiano)

1926 Odeon 78 Sorrisos
1926 Odeon 78 Um caso sério

(Com Bahiano)

1924 Odeon 78 Amargura
1924 Odeon 78 Cabeleira a la garçone
1924 Odeon 78 Cantiga
1924 Odeon 78 Choroso
1924 Odeon 78 Guitarrada
1924 Odeon 78 La monteria
Bibliografia Crítica

AZEVEDO, M. A . de (NIREZ) et al. Discografia brasileira em 78 rpm. Rio de Janeiro: Funarte, 1982.