5.001
Nome Artístico
Vinicius de Moraes
Nome verdadeiro
Marcus Vinícius da Cruz de Melo Morais
Data de nascimento
19/10/1913
Local de nascimento
Rio de Janeiro, RJ
Data de morte
9/7/1980
Local de morte
Rio de Janeiro, RJ
Dados biográficos

Poeta. Compositor. Teatrólogo. Jornalista. Diplomata.

Seu pai, Clodoaldo Pereira da Silva Moraes, era funcionário da Prefeitura, poeta e violonista amador, e sua mãe, Lidia Cruz de Moraes, era pianista amadora. Nasceu no bairro da Gávea e em 1916 mudou-se com a família para Botafogo, onde estudou na Escola Primária Afrânio Peixoto e onde escreveu seus primeiros versos. Em 1922, sua família mudou-se para a Ilha do Governador, mas ele permaneceu com a avô, a fim de terminar o curso primário. Durante as férias, nos fins de semana na Ilha, seus pais costumavam receber em casa a presença de Henrique de Melo Moraes, tio de Vinícius, e do compositor Bororó, o que garantia sempre boa música. Em 1924, ingressou no Colégio Santo Inácio, onde passou a cantar no coro e principiou a montar pequenas peças de teatro. Em 1927, tornou-se amigo dos irmãos Paulo e Haroldo Tapajós, com quem formou um conjunto que se apresentava em festas na casa de amigos e com quem começou a escrever suas músicas iniciais. Em 1929, concluiu o curso ginasial e sua família voltou a morar na Gávea. Nesse mesmo ano, ingressou na Faculdade de Direito do Catete, onde conheceu e tornou-se amigo do romancista Otavio Faria que o incentivou na vocação literária. Concluiu o curso de Direito em 1933. Em 1936, obteve o emprego de censor cinematográfico junto ao Ministério da Educação e Saúde. Em 1938, ganhou uma bolsa do Conselho Britânico para estudar língua e literatura inglesas em Oxford. Em 1941, retornou ao Brasil empregando-se como crítico de cinema no jornal “A Manhã”. Tornou-se também colaborador da revista “Clima” e empregou-se no Instituto dos Bancários. Em 1942, foi reprovado em seu primeiro concurso para o Itamarati. Em 1943, tornou a concorrer e foi aprovado. Em 1946, assumiu o primeiro posto diplomático em Los Angeles como vice-cônsul. Em 1950, com a morte do pai, retornou ao Brasil. Nos anos 1950, atuou diplomaticamente em Paris e em Roma, onde costumava realizar animados encontros na casa do escritor Sérgio Buarque de Holanda.

Dados artísticos

Em 1928, compôs “Loura ou morena” (c/ Haroldo Tapajós), foxtrote gravado em 1932 pela dupla Irmãos Tapajós, primeiro registro de sua atuação como letrista.

Em 1933, publicou seu primeiro livro, “O caminho para a distância”. Em seguida, foram gravadas outras canções de sua autoria: “Dor de uma saudade” (c/ Joaquim Medina), por João Petra de Barros e Joaquim Medina, em 1933, “O beijo que você não quis dar” (c/ Haroldo Tapajós) e “Canção da noite” (c/ Paulo Tapajós), ambas pelos Irmãos Tapajós, em 1933, “Canção para alguém” (c/ Haroldo Tapajós), pela mesma dupla, em 1934. Nesse período, estabeleceu amizade com os poetas Manuel Bandeira, Oswald de Andrade e Mário de Andrade. Ainda na década de 1930, foi contemplado com o Prêmio Felipe DOliveira por seu livro “Forma e exegese” (1935) e lançou o livro “Ariana a mulher” (1936).

Na década de 1940, publicou os livros “Cinco elegias” (1943), que marcou uma nova fase em sua poesia, e “Poemas, sonetos e baladas” (1946), ilustrado com 22 desenhos de Carlos Leão. Atuou como jornalista e crítico de cinemas em diversos jornais. Em 1947, lançou, com Alex Vianny, a revista “Filme”. Dois anos depois, publicou em Barcelona o livro “Pátria minha”.

Em 1951, já de volta ao Brasil após um período nos Estados Unidos, começou a trabalhar no jornal “Última Hora”, exercendo funções burocráticas na sede do Ministério das Relações Exteriores, na antiga Rua Larga, Palácio do Itamaraty.

Em 1953, Aracy de Almeida gravou “Quando tu passas por mim” (c/ Antônio Maria), primeiro samba de sua autoria, dedicado à esposa Tati de Moraes, marcando literariamente também o fim do casamento. No mesmo ano, foi para Paris como segundo secretário da embaixada.

No ano seguinte, Aracy de Almeida registrou mais uma de suas parcerias com Antônio Maria, “Dobrado de amor a São Paulo”. Também em 1954, sua peça “Orfeu da Conceição” foi premiada no concurso do IV Centenário de São Paulo e publicada na revista Anhembi.

No ano seguinte, publicou sua “Antologia poética”.

Em 1956, montou a peça “Orfeu da Conceição”, com cenário de Oscar Niemeyer e música de um jovem pianista que lhe foi apresentado por Lúcio Rangel, no Bar Gouveia, em frente à Academia Brasileira de Letras: Antônio Carlos Brasileiro de Almeida Jobim. A trilha sonora incluiu “Lamento no morro”, “Se todos fossem iguais a você”, “Um nome de mulher”, “Mulher sempre mulher” e “Eu e você”. As canções foram lançadas em disco por Roberto Paiva, Luiz Bonfá e Orquestra. Desse encontro, nasceria uma das mais fecundas parcerias da MPB, que marcaria definitivamente a música brasileira. A peça estreou no Teatro Municipal do Rio de Janeiro. No mesmo ano, o fox “Loura ou morena” foi gravado por Joel de Almeida.

No período de 1957 a 1958, o diretor francês Marcel Camus filmou, no Rio de Janeiro, “Orfeu do carnaval”, que recebeu o nome de “Orfeu negro”.

Em 1957, teve gravadas várias canções de sua autoria: “Bom-dia, tristeza” (c/ Adoniran Barbosa), por Aracy de Almeida, “Se todos fossem iguais a você” (c/ Tom Jobim), por Tito Madi, “Eu não existo sem você”, por Bill Farr, e “Serenata do adeus”, por Agnaldo Rayol. Nesse mesmo ano, foi transferido para Montevidéu, onde permaneceu até 1960.

Em 1958, Elizeth Cardoso lançou o LP “Canção do amor demais”, contendo canções de sua parceria com Tom Jobim, como “Luciana”, “Estrada branca” e a faixa-título, entre outras, além de “Chega de saudade” e “Outra vez”, registrando a batida diferente de um jovem violonista: João Gilberto. Nascia ali a Bossa Nova. João Gilberto só lançaria sua versão de “Chega de saudade” quatro meses depois da gravação de Elizeth Cardoso.

Em 1959, Lueli Figueiró gravou “A felicidade” e “O nosso amor”, ambas feitas para a trilha sonora do filme “Orfeu do carnaval”. “A felicidade” foi também gravada, no mesmo ano, por Severino Araújo e Sua Orquestra e por Chiquinho do Acordeom, Ainda em 1959, Lenita Bruno lançou o LP “Por toda minha vida”, contendo parcerias do poeta com Tom Jobim. Nesse mesmo ano, o filme “Orfeu do carnaval” foi contemplado com a Palma de Ouro no Festival de Cannes e o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, em Hollywood. Também em 1959, Albertinho Fortuna gravou “Eu sei que vou te amar” (c/ Tom Jobim), que logo viria a se tornar um clássico com inúmeras regravações. No mesmo período, Diana Montez gravou “O nosso amor” (c/ Tom Jobim), canção também lançada na trilha sonora do filme, juntamente com “A felicidade”, por Agostinho dos Santos e, logo depois, por João Gilberto em compacto duplo.

Em 1960, mais gravações por Jandira Gonçalves (“Janelas abertas”, com Tom Jobim) e Maria Porto de Aragão (“Bate coração”, com Antônio Maria).

Em 1961, registrou sua voz em disco contendo os sambas “Água de beber” e “Lamento no morro”, ambos com Tom Jobim. No mesmo ano, a Banda do Corpo de Bombeiros gravou a marcha-rancho “Rancho das flores”, versos do poeta sobre tema de “Jesus, alegria dos homens”, de J. Sebastian Bach. Ainda em 1961, tornou-se parceiro de Carlos Lyra nas canções “Você e eu”, “Coisa mais linda” “Primeira namorada” e “Nada como te amar”. Também nesse ano, foi inaugurado no Rio de Janeiro o Teatro Santa Rosa, com uma peça de sua autoria, Pedro Bloch e Gláucio Gil, “Procura-se uma rosa”, filmada depois pelo cinema italiano com o nome de “Una Rosa per Tutti”. O longa-metragem foi rodado no Rio e estrelado por Cláudia Cardinale.

Em 1962, a Banda do Corpo de Bombeiros gravou “Serenata do adeus”, Orlando Silva gravou “Canção da eterna despedida” (c/ Antônio Carlos Jobim) e Ângela Maria gravou “Em noite de luar” (c/ Ary Barroso). No mesmo ano, publicou “Antologia poética”, “Procura-se uma rosa”, e “Para viver um grande amor”, livro de crônicas e poemas. Compôs, com Pixinguinha, a trilha sonora do filme “Sol sobre a lama”, de Alex Vianny. Escreveu letras para dois chorinhos desse parceiro, “Lamento” e “Mundo melhor”, que logo se tornariam clássicos. No mesmo período, nasceu a parceria com Baden Powell, que renderia inúmeros sucessos, entre os quais “Só por amor”, “Canção de amor e paz”, “Pra que chorar”, “Tem dó”, “Tempo feliz”, “Formosa”, “Apelo”, “Samba em prelúdio”, “Canto de Ossanha” e muitos outros, além de “Samba da bênção”, que mais tarde seria incluído na trilha sonora do filme “Um homem e uma mulher”, do diretor francês Claude Lelouch. Em agosto de 1962, participou, juntamente com Tom Jobim, João Gilberto e Os Cariocas, de um dos mais importantes shows da bossa nova, “Encontro”, realizado na Boate Au Bon Gourmet (RJ), onde foram lançadas, entre outras, “Garota de Ipanema”, “Só danço samba”, “Insensatez”, “Ela é carioca” e “Samba do avião”, que se tornariam clássicos da música popular brasileira. Na mesma casa noturna foi montada a peça “Pobre menina rica”, de sua autoria, cuja trilha sonora, em parceria com Carlos Lyra, trazia canções como “Sabe você”, “Primavera” e “Samba do carioca”, lançando a cantora Nara Leão. No mesmo período, compôs com Carlos Lyra “Marcha da quarta-feira de cinzas” e “Minha namorada”.

Em 1963, Jorge Goulart gravou a “Marcha da quarta-feira de cinzas” e Elizeth Cardoso gravou mais duas de suas canções: “Mulher carioca” (c/ Baden Powell) e “Menino travesso” (c/ Moacir Santos). No mesmo ano, Elza Soares gravou “Só danço samba”, Pery Ribeiro e também o Tamba Trio gravaram “Garota de Ipanema” e Jair Rodrigues gravou “O morro não tem vez”, todas com Tom Jobim. No mesmo período, lançou um LP com a atriz Odete Lara, contendo “Berimbau”, “Só por amor”, “Mulher carioca” e “Samba em prelúdio”, entre outras, todas com Baden Powell, com arranjos e regência de Moacir Santos. Ainda em 1963, a Copacabana lançou o LP “Elizeth interpreta Vinícius”, contendo parcerias do poeta com Moacir Santos, Baden Powell, Vadico e Nilo Queiroz, com arranjos de Moacir Santos.

Em 1964, retornou ao Brasil e logo em seguida apresentou-se na Boate Zum Zum, ao lado de Dorival Caymmi, Quarteto em Cy e o Conjunto de Oscar Castro Neves, em show que teve enorme repercussão nos meios artísticos. O show foi lançado em LP da Elenco, com direção de Aloysio de Oliveira, contendo, entre outras, as composições “Carta a Tom”, “Dia da criação”, “Minha namorada”, com Carlos Lyra, “Bom-dia, amigo”, com Baden Powell, além das composições “…Das rosas”, “Saudades da Bahia”, “História de pescadores” e “Adalgiza”, todas de autoria de Dorival Caymmi.

Em 1965, participou do I Festival Nacional de Música Popular Brasileira (TV Excelsior), obtendo o primeiro e o segundo lugares com suas canções “Arrastão” (c/ Edu Lobo), defendida por Elis Regina, e “Valsa do amor que não vem” (c/ Baden Powell), defendida por Elizeth Cardoso. Também com Edu Lobo, compôs “Zambi” e “Canção do amanhecer”, que se engajaram no clima de protesto da época, apresentadas em projetos do CPC (Centro Popular de Cultura) da UNE (União Nacional dos Estudantes). Foi designado para trabalhar na delegação do Brasil junto à Unesco e retornou para a Europa. No mesmo período, trabalhou com o diretor Leon Hirszman no roteiro do filme “Garota de Ipanema” e voltou a apresentar-se no Zum Zum com Dorival Caymmi. Ainda em 1965, lançou o livro “Cordélia e o Peregrino”, pelo serviço de Documentação do MEC, e foi realizado, em sua homenagem, o show “Vinícius: poesia e canção”, no Teatro Municipal de São Paulo, com roteiro, produção e direção de José Marques da Costa, cenário de Flávio Império e iluminação de Flávio Rangel. O espetáculo contou com a participação da Orquestra Sinfônica de São Paulo sob a regência do maestro Diogo Pacheco. As composições apresentadas receberam arranjos dos maestros Guerra Peixe, Radamés Gnattali, Luiz Eça, Gaya e Luiz Chaves. Entre os intérpretes, estiveram Carlos Lyra, Edu Lobo, Suzana de Morais, Francis Hime, Paulo Autran, Cyro Monteiro e Baden Powell. Quando o poeta terminou a apresentação da composição “Se todos fossem iguais a você”, a platéia respondeu com 10 minutos ininterruptos de aplausos.

Em 1966, participou, ao lado de Maria Bethânia e Gilberto Gil, do show “Pois é”, no Teatro Opinião, com direção de Francis Hime. Nesse espetáculo foram lançadas para o público carioca as músicas do compositor baiano. No mesmo ano, gravou o LP “Afro sambas”, com suas composições em parceria com Baden Powell, que participou da gravação tocando violão. Constam do repertório do disco “Canto de Ossanha”, “Canto de Xangô”, “Canto de Iemanjá” e “Lamento de Exu”, entre outras. No mesmo período, foi convidado a participar do júri do Festival de Cannes, ocasião na qual descobriu que o “Samba da Benção”, de sua parceria com Baden Powell, havia sido utilizado na trilha do filme “Um homem e uma mulher”, vencedor do festival, sem os devidos créditos, o que somente foi feito após uma ameaça de processo. Lançou também o livro de crônicas “Para uma menina com uma flor”. Entre 1963 e 1967, viveu um período áureo na MPB, no qual foram gravadas cerca de 60 composições de sua autoria.

Em 1967, estreou o filme “Garota de Ipanema”, que ele sugeriu ao cineasta Leon Hirzman realizar, baseado em sua música homônima, já um sucesso internacional e considerada a mais vendida do repertório brasileiro em todo o mundo depois de “Aquarela do Brasil”, de Ary Barroso. Organizou um festival de artes em Ouro Preto. Nesse período, fez viagens à Argentina e ao Uruguai.

Em 1968, depois de 26 anos de serviços prestados, foi aposentado do Itamaraty pelo AI-5, fato que o magoou profundamente. Nesse mesmo ano, no dia em que no Brasil era editado o Ato Institucional número 5, Vinícius encontrava-se em Portugal, onde viveu um dos episódios mais marcantes de sua vida. Após um show, foi avisado de que estudantes salazaristas estavam aglomerados na porta do teatro para protestar contra ele. Aconselhado a retirar-se pelos fundos do teatro, optou por enfrentar os protestos. Parando diante dos manifestantes, começou a declamar um de seus poemas que dizia: “De manhã escureço/De dia tardo/De tarde anoiteço/De noite ardo.” Um dos jovens tirou então o casaco e o colocou no chão para que o poeta passasse, no que foi imitado pelos outros manifestantes. Ainda em 1968, participou de shows em Lisboa, na companhia de Chico Buarque e Nara Leão. Também nesse ano, prestou histórico depoimento para o Museu da Imagem e do Som, de onde era membro do Conselho Superior de MPB, a convite do fundador da instituição, o crítico Ricardo Cravo Albin, que também o convidara, dois anos antes, a integrar o corpo de fundadores do Clube de Jazz e Bossa. Um ano depois, foi o principal entrevistador, no mesmo ciclo de depoimentos, do parceiro Antônio Carlos Jobim. Fez ainda apresentações em Buenos Aires, ao lado de Dorival Caymmi, Baden Powell, Quarteto em Cy e Oscar Castro Neves. Foi lançada no mesmo período sua “Obra poética” em edições Aguilar.

Em 1969, apresentou-se ao lado de Maria Creuza e Dorival Caymmi em Punta del Este. No mesmo ano, fez suas primeiras composições com um novo parceiro, o violonista Toquinho, entre as quais, “Tarde em Itapoã”, “Testamento” e “Como dizia o poeta”. Também nesse ano, fez recital na Livraria Quadrante, em Lisboa, apresentando, entre outros, os poemas “A uma mulher”, “Soneto da intimidade” e “O falso mendigo”, além de “Sob o Trópico de Câncer”, no qual trabalhou durante nove anos. O evento foi gravado ao vivo e lançado em LP pelo selo Festa.

Em 1970, apresentou-se, ao lado de Toquinho e Marília Medalha, no Teatro Castro Alves, em Salvador, e na boate La Fusa, em Buenos Aires, em show do qual resultou um LP gravado ao vivo e lançado pelo selo Diorama. Nesse período, dividiu o palco do Canecão (RJ) com o parceiro Tom Jobim, o violonista Toquinho e a cantora Miúcha, relembrando sua trajetória como poeta e compositor. O show ficou em cartaz quase um ano, devido ao grande sucesso obtido.

Em 1971, voltou a apresentar-se na Argentina, no Café Concerto de Sylvina e Coco Perez, em Mar Del Plata, com a participação de Toquinho e Maria Bethânia, em show registrado em disco pela EMI, no qual estão presentes, entre outras, algumas parcerias com Toquinho como “A tonga da mironga do Kabulete”, grande sucesso na época, “Testamento” e “Tarde em Itapoã”. Nesse período, um de seus grandes sucessos foi “Gente humilde”, com versos assinados com Chico Buarque sobre antigo choro de Garoto. A música foi gravada pelo parceiro da letra e regravada pouco depois, também com grande êxito, por Ângela Maria.

A parceria com Toquinho começou a render vários sucessos e a dupla passou a realizar uma série de shows pelo Brasil, percorrendo todo um inédito, até então, circuito universitário. A dupla também excursionou no exterior. Ainda em 1971, lançou com Toquinho seu primeiro LP na RGE, com destaque para “Maria vai com as outras”, “Testamento”, Morena flor” e “A rosa desfolhada”, parceria de ambos.

Em 1972, lançou, com Toquinho. o LP “São demais os perigos dessa vida”, com destaque para as composições “Para viver um grande amor”, “Regra três”, “Cotidiano nº 2” e a faixa-título. As canções, em parceria com o violonista, tornaram-se grandes sucessos. Compôs, com Toquinho, a trilha sonora da novela “Nossa filha Gabriela” (TV Tupi), registrada em disco nesse mesmo ano.

Em 1973, apresentou-se ao lado de Toquinho e Clara Nunes no Teatro Castro Alves, em Salvador, no show “O poeta, a moça e o violão”.

Em 1974, suas composições “As cores de abril” e “Como é duro trabalhar”, ambas com Toquinho, foram incluídas na trilha sonora da novela “Fogo sobre terra” (Rede Globo). No mesmo ano, lançou o LP “Toquinho, Vinícius e amigos”, com a participação de Maria Bethânia (em “Apelo” e “Viramundo”) e Cyro Monteiro (“Que martírio” e “Você errou”, últimas gravações do cantor), Maria Creuza (“Tomara” e “Lamento no morro”), Sergio Endrigo (“Poema degli occhi” e “La casa”) e Chico Buarque (“Desencontro”). No mesmo ano, lançou o LP “Toquinho e Vinícius”, trazendo, entre outras, “Tudo na mais santa paz”, “Sem medo” e “Samba do jato”, todas com Toquinho, e ainda “Samba pra Vinícius”, com Toquinho e Chico Buarque, que fez uma participação especial no disco.

Em 1975, lançou o LP “O poeta e o violão”, gravado em Milão, com a participação especial dos maestros Bacalov e Bardotti. No mesmo ano, a Philips lançou o LP “Toquinho e Vinícius”, com destaque para “Onde anda você”, parceria com Hermano Silva e que alcançou enorme sucesso, sendo regravada por Maria Creuza e outros intérpretes. Ainda nesse ano, lançou pela José Olympio o livro de poemas infantis “A Arca de Noé”.

Em 1976, a RCA Victor lançou o LP “Ornella Vanoni, Vinícius de Moraes e Toquinho – La voglia/La pazzia/Linconscienza/Lallegria”. Também nesse ano, a EMI lançou o LP “Deus lhe pague”, com as composições de sua parceria com Edu Lobo.

Em 1977, publicou o livro “O breve momento”, com 15 serigrafias de Carlos Leão. No mesmo ano, a Philips lançou o LP “Antologia poética”, com uma seleção de sua obra poética e participação especial de Tom Jobim, Francis Hime e Toquinho. A Som Livre colocou no mercado “Tom, Vinícius, Toquinho e Miúcha gravado ao vivo no Canecão”.

Em 1978, a Chantecler lançou “Vinícius e Amália”, LP gravado em Lisboa, no qual o poeta canta com a cantora portuguesa Amália Rodrigues. No mesmo ano, a Philips editou “10 anos de Toquinho e Vinícius”, com um resumo de uma década de trabalhos da dupla.

Em 1980, saiu pela Ariola o disco “Arca de Noé”, no qual diversos intérpretes cantam músicas infantis do poeta, musicadas a partir do livro homônimo. O disco gerou um especial infantil na TV Globo. Na madrugada de julho de 1980, começou a sentir-se mal na banheira de sua casa, na Gávea, onde morava com sua última mulher, Gilda Mattoso, vindo a falecer pouco depois. No mesmo ano, a Ariola lançou “Toquinho e Vinícus – Um pouco de ilusão”, último LP da dupla, que totalizou 20 discos gravados.

No ano seguinte, foi lançado o volume 2 da “Arca de Noé”.

Em 1988, foi lançado “Toquinho, Vinícius e Maria Creuza – O grande encontro”, pela Som Livre, com a participação de Marília Medalha e Monsueto.

Em 1991, foi lançado o CD triplo “A história dos shows inesquecíveis – Poeta, moça e violão: Vinícius, Clara e Toquinho”, pela Collectors Editora. Ainda nesse ano, José Castelo publicou, pela Companhia das Letras, o livro “Vinícius de Moraes – Livro de letras”.

Em 1993, a Lumiar Editora do Rio de Janeiro, de Almir Chediak, editou os três volumes do “Songbook Vinícius de Moraes”.

Em 1995, a cantora portuguesa Eugênia de Melo e Castro gravou um CD contendo exclusivamente músicas de sua autoria.

No ano seguinte, José Castelo publicou, pela Relume-Dumará/Rio Arte, o livro “Vinícius de Moraes”.

Em 1997, Geraldo Carneiro lançou, pela Toca do Vinicius, “Vinícius de Moraes”, uma edição ampliada do livro publicado em 1984, na série Encontro Radical da Editora Brasiliense.

Em 2000, por ocasião dos 20 anos de sua morte, foi realizado um show em sua homenagem na Praia de Ipanema, com a participação da Orquestra Sinfônica Brasileira, Roberto Menescal, Wanda Sá, Zimbo Trio, Os Cariocas, Emílio Santiago e Toquinho, interpretando composições de sua autoria.

Em 2001, foi editado, pelo Ministério das Relações Exteriores, em edições trilingües, o livro organizado pela embaixador e acadêmico Alberto da Costa e Silva sobre os grandes escritores e poetas da diplomacia brasileira, sendo o capítulo a ele dedicado escrito por Ricardo Cravo Albin. O livro foi lançado em brochura pela Editora Franciso Alves ao final de 2002. Nesse ano, foi lançado o “Arquivinho do poeta”, contendo documentos, fotos e textos organizados por Lélia C. Frota para a Editora Bem Te Vi.

O ano de 2003, em que o poeta completaria seu 90º aniversário, acolheu a realização de vários projetos em tributo à sua criação artística. A gravadora Som Livre lançou o CD duplo “Vinicius 90 anos”, produzido por Gilda Matoso, contendo gravações de Agostinho dos Santos (“A felicidade”), Maysa (“Água de beber”), Alaíde Costa (“Insensatez”) e Maria Bethânia (“O que tinha que ser”), entre outros artistas, além de depoimentos de Chico Buarque, Tom Jobim e Carlos Drummond de Andrade e Calazans Neto. Olívia Byington regravou, mantendo o mesmo título, as canções do histórico disco de Elizeth Cardoso “Canção do amor demais” (1958), que consolidou a parceria do poeta com Antonio Carlos Jobim. O CD “Miúcha canta Vinicius & Vinicius – Música e letra”, contendo exclusivamente obras do poeta sem parceiros, foi lançado pela cantora. Virgínia Rodrigues regravou os afro-sambas, parcerias com Baden Powell, no CD “Mares profundos”, lançado nos Estados Unidos pelo selo Deutsche Grammophon. Foi lançado o website http://www.viniciusde moraes.com.br, registrando altos índices de visitação. Chegou às livrarias o “Cancioneiro Vinicius de Moraes: Orfeu” (Jobim Music), songbook do espetáculo “Orfeu da Conceição”, encenado em 1956 no Teatro Municipal, trazendo 14 partituras das canções compostas com Tom Jobim, desenhos de Carlos Leão e Carlos Scliar, cartazes, críticas, capas de discos, textos de Sérgio Augusto, Susana de Moraes, Paulo Jobim e Cacá Diégues, uma edição assinada por Maria Lúcia Rangel dos textos do poeta sobre a criação da peça e a correspondência mantida com Tom Jobim acerca da primeira adaptação da obra para o cinema, realizada por Marcel Camus, em 1959, com o título de “Orfeu negro”.

Em 2005, “The Girl from Ipanema”, histórica gravação de Astrud Gilberto, ao lado de Tom Jobim, João Gilberto e Stan Getz, realizada em 1963, foi escolhida como uma das 50 grandes obras musicais da Humanidade pela Biblioteca do Congresso Americano. Também em 2005, estreou, na abertura da sétima edição do “Festival do Rio”, o documentário “Vinicius”, dirigido por Miguel Faria Jr. e produzido por Suzana de Moraes, filha do poeta, com a participação de Chico Buarque, Carlos Lyra, Caetano Veloso, Maria Bethânia, Adriana Calcanhoto, Mariana de Morais e Olívia Byington, entre outros convidados. A trilha sonora do filme foi lançada em CD pela Biscoito Fino.

Em 2007, foi lançado “Cancioneiro Vinicius de Moraes – Biografia e obras escolhidas” (Jobim Music), contendo partituras, biografia, fotos e cartas. A pesquisa realizada para a produção do livro revelou a letra “Bonita demais”, escrita para a música “Bonita”, de Tom Jobim, gravada com letra original em inglês de Tom em parceria com Gene Lees e Ray Gilbert no disco “A certain Mr. Jobim”. Revelou ainda a canção inédita “Por onde andará o amor”, parceria de Tom e Vinicius que acabou ficando de fora do disco “Antonio Brasileiro”, de 1994. Nesse mesmo ano, foi lançado o CD “O cinema de Pixinguinha”, reunindo pela primeira vez em disco a trilha do filme “Sol sobre a lama”, de Alex Viany, para a qual o poeta escreveu cinco letras, em regravações de Elza Soares (“Mundo melhor”), Jards Macalé (“Samba fúnebre”), Diogo Nogueira e As Gatas (“Iemanjá”), Marcelo Vianna e Mariana de Moraes (“Lamento”) e Céu (“Seule”, com letra em francês).

Em 2008, foi lançado o livro “Samba falado” (Azougue Editorial), organizado por Miguel Jost, Sergio Cohn e Simone Campos, com o texto de apresentação de Miguel Jost “A bênção, Vinicius”, contendo crônicas musicais deixadas pelo poeta.

No dia 9 de Julho de 2010, Carlos Lyra, seu parceiro em várias canções, fez recital em sua homenagem na Academia Brasileira de Letras, no Rio, dentro da série “MPB na ABL”. A apresentação do espetáculo esteve a cargo de Ricardo Cravo Albin, com roteiro elaborado por Carlos Lyra, em parceria com o Instituto Cultural Cravo Albin. A homenagem marcou 30 anos de seu falecimento e também sua promoção “post mortem” a Embaixador do Brasil, com ato solene no Palácio Itamaraty de Brasília, dia 16 de agosto do mesmo ano. Esta promoção só pode ser conquistada graças a um abaixo–assinado com 3.000 assinaturas promovido pelo Instituto Cultural Cravo Albin em 2009, através da Fundação Alexandre de Gusmão. O ato, assinado pelo Presidente Lula em 21 de  junho de 2010, mereceu uma grande solenidade no Palácio do Itamaraty, em  Brasília, a que compareceram todo o Ministério e o Corpo  Diplomático,  homenageados  por recital das cantoras  Miucha, Georgiana de Moraes e  Mariana de  Moraes, apresentadas por Ricardo Cravo Albin.

Por conta dessa solenidade, o Instituto Cultural Cravo Albin editou, em 2011, o livro “Vinicius, o poeta da paixão”. Nesse mesmo ano, numa parceria do Instituto Cultural Cravo Albin com o selo Discobertas, foi lançado o box “100 Anos de Música Popular Brasileira”, contendo quatro CDs duplos, com áudio restaurado por Marcelo Fróes da coleção  de oito LPs da série homônima produzida por Ricardo Cravo Albin, em 1975, com gravações raras dos programas radiofônicos “MPB 100 ao vivo” realizadas no auditório da Rádio MEC, em 1974 e 1975. O compositor participou do volume 5 da caixa, com as seguintes canções em parceria com Tom Jobim: “Se todos fossem iguais a você”, “Eu sei que vou te amar” e “A felicidade”, todas na voz de Lúcio Alves, “Eu não existo sem você”, na voz de Alaíde Costa, e “Garota de Ipanema”, interpretada em dueto por Johnny Alf e Alaíde Costa. Participou também do volume 6 da caixa, com suas canções “Canto de Ossanha” (c/ Baden Powell), na voz de Rosana Toledo, e “Consolação” (c/ Baden Powell), na voz de Pery Ribeiro. Nesse mesmo ano, foi lançado o CD “Mario Adnet: Vinicius & Os Maestros – orquestra e convidados”, dedicado a canções de sua autoria “Se você disser que sim”, “Triste de quem, “Lembre-se” e “A Santinha lá da serra”, todas com Moacir Santos, “Em algum lugar”, “Acalanto da rosa” e “Luar do meu bem”, todas com Claudio Santoro, “Consolação”, “Samba em prelúdio”, “Canção de ninar meu bem” e “Canto de Xangô”, todas com Baden Powell, “Mundo melhor” e “Lamento”, ambas com Pixinguinha, “Valsa de Eurídice” e “Medo de amar”, de sua exclusiva autoria. O disco contou com a participação especial de Tatiana Parra (voz em “Em algum lugar”, “Samba em prelúdio”, “Valsa de Eurídice” e “Canto de Xangô”), Joyce Moreno (voz em “Triste de quem”, “Se você disser que sim”, “Medo de amar” e “Canto de Xangô”), Sergio Santos (voz em “Consolação”, “Se você disser que sim”, “Mundo melhor” e “Canto de Xangô”), Dori Caymmi (voz em “Lembre-se”, “Samba em prelúdio”, “Lamento” e “Canto de Xangô”) e Monica Salmaso (voz em “A Santinha lá da serra”, “Luar do meu bem”, ”Canção de ninar meu bem” e “Canto de Xangô”).

Em 2013, e com o mesmo título do livro “Vinicius, o poeta da canção”, o ICCA iniciou as  celebrações dos 100 anos do Poeta, abrindo em  junho uma exposição com peças raras cedidas pela viúva Gilda  Mattoso,  incluindo originais, tanto  do Poeta como de seus amigos intelectuais, tais  como Pablo  Neruda e até Charles  Chaplin. Em setembro desse mesmo ano, antecipando ainda o centenário, as  cantoras Miucha e Georgiana de Moraes fizeram recital na Academia Brasileira de Letras, dentro do projeto “MPB na ABL”, com roteiro e apresentação de Ricardo Cravo Albin. Nesse mesmo ano, como parte das comemorações de seu centenário, a Universal Music lançou “A bênção, Vinicius – A arca do poeta”, contendo duas coletâneas e 19 álbuns editados originalmente pela Odeon, Philips, Elenco e Ariola, e um libreto com texto de Tárik de Souza. As reedições, sob a responsabilidade de Luigi Hoffer e Carlos Savalla, receberam embalagens com reproduções da arte gráfica dos discos originais.

No mesmo ano, os músicos Francis Hime e Olivia Hime idealizaram um show também em sua homenagem. O espetáculo “Sem mais adeus” viajou o mundo, contando com apresentações na Noruega, na Finlândia, na China, na Alemanha, e em algumas cidades brasileiras tais como Fortaleza, Goiânia, Rio de Janeiro, Niterói e São Paulo. No repertório, composições em parceria com Tom Jobim, Carlos Lyra, Baden Powell e Toquinho. Mais tarde, o show virou um disco homônimo lançado pela gravadora Biscoito Fino.

Em 2014, a Biblioteca Parque Estadual inaugurou a exposição “Vinicius de Moraes – 100 anos”, com curadoria de Miguel Jost e organização de Mariana de Moraes, filha do músico. Mais de 80 mil pessoas visitaram a exposição, que ficou em cartaz durante pouco mais de dois meses. O projeto contou, também, com shows de Edu Lobo, Toquinho, Adriana Calcanhoto e Miúcha.

No mesmo ano, o cantor Ricardo Saboya estreou, no Espírito das Artes, no Rio de Janeiro, o show “A eterna chama”, em homenagem a Vinicius e no qual apresentou composições escritas por ele, por Baden Powel e por Tom Jobim.

Foi homenageado pela Orquestra de Solistas do Rio de Janeiro com o concerto “Vinicius de Moraes – Poema Sinfônico”, no Campus da Uerj e dentro do projeto “Vitrine Uerj”.  O repertório contou com uma seleção de 16 músicas do autor, para as quais foram criados novos e inéditos arranjos pelos maestros Jaime Alem, Gilson Peranzetta e Rafael Barros Castro.

Em 2016, a Som Livre lançou em formato digital o disco “O melhor da parceria – Toquinho & Vinicius”, uma compilação de 30 músicas gravadas pela dupla nos anos 70. Os áudios originais foram recuperados dos arquivos da extinta gravadora RGE. Dentre as faixas, clássicos como “Chega de saudade”, “Morena flor”, “Apelo”, “Regra três”, “Sei lá (a vida tem sempre razão)”, “Tatamirô” e “Tarde em Itapoã”.

Em 2016, suas músicas “Eu sei que vou te amar”, composta com Tom Jobim, e “Samba da benção”, em parceria com Baden Powel, foram incluídas no livro de Nelson Motta “101 canções que tocaram o Brasil”.
Em 2017, foi lançada pela editora Nova Fronteira uma luxuosa caixa com dois volumes organizados por Eucanaã Ferraz com toda a obra poética, textos em prosa, o teatro e todas as letras musicais, incluindo pela primeira vez a publicação na íntegra a estrutura do que deveria ser o musical “Pobre menina rica”, com detalhada descrição da ação entre as canções “Sabe você?”, “Primavera”, “Maria Moita”, “Canção do amor que chegou”, “Pau de arara”, compostas sobre temas musicas de Carlos Lyra. Em 2018, estreou no Teatro dos Quatro, no bairro carioca da Gávea o espetáculo musical “Com amor, Vinicius”, idealizado por Marcos França e Hugo Sukman tendo em cena Marcos França, no papel principal, a cantora Luiza Borges e o violonista André Siqueira. O espetáculo recria o formato de apresentações do poeta e compositor, “numa conversa intimista movida a observações despretensiosas sobre o mundo”, segundo reportagem do jornal O Globo.

Em 2019, a cantora Martnália lançou pelo selo Biscoito Fino o CD “Mart`nália canta Vinicius de Moraes” que incluiu as composições “Samba da benção”, “Deixa” “Canto de Ossanha” e “Samba da benção”, com Baden Powell, “A Tonga da Mironga do Kabuletê”, “Um pouco mais de consideração”, “Onde anda você?”, “Tarde em Itapoã” e “Maria Vai com as outras”, com Toquinho, “Minha namorada”, “Sabe você?” e “Você e eu”, com  Carlos Lyra, e “Eu sei que vou te amar”, com Tom Jobim.

Discografias
2006 Seleções Reader’s Digest Caixa com cinco CDs Vinicius & Amigos

(Coletânea:)

1991 Collector's Editora CD triplo A história dos shows inesquecíveis. Poeta, moça e violão

Vinícius, Clara Nunes e Toquinho

1981 Ariola LP Arca de Noé 2
1980 Ariola LP A Arca de Noé
1980 Som Livre LP Marcus Vinícius da Cruz de Mello Moraes
1980 Barclay LP Saravah
1980 REE LP Testamento
1980 Ariola LP Toquinho e Vinícius. Um pouco de ilusão
1979 Som Livre LP O grande encontro de Maria Creuza, Vinícius de Moraes e Marília Medalha. Gala 79
1978 Decca LP Amália/Vinicius
1977 Som Livre LP Tom/Vinícius/Toquinho/Miúcha. Ao vivo no Canecão
1977 Philips LP Vinícius: Antologia poética
1976 RCA Victor LP Ornella Vanoni, Vinícius de Moraes e Toquinho. La voglia la Pazzia, L'incoscienza e L'allegria
1975 RGE LP Toquinho e Vinícius. O poeta e o violão
1975 Philips LP Vinícius e Toquinho
1974 RGE LP Toquinho/Vinícius e amigos
1974 Philips LP Vinícius e Toquinho
1972 RGE LP São demais os perigos dessa vida
1972 Polydor LP Vinícius canta "Nossa filha Gabriela"
1971 RGE LP Como dizia o poeta. Vinícius, Toquinho e Marília Medalha
1971 EMI LP Maria Bethânia, Vinícius de Moraes e Toquinho
1971 RGE LP Toquinho e Vinícius
1970 Diorama LP Vinícius de Moraes en "La Fusa" com Maria Creuza e Toquinho
1969 Festa LP Vinícius em Portugal
1966 Forma LP Os afro sambas de Baden e Vinícius
1966 Forma LP Vinícius: Poesia e canção
1964 Elenco LP Vinícius e Caymmi no Zum Zum
1963 Elenco LP Vinícius e Odete Lara
Obras
A bênção, Bahia (c/ Toquinho e Marília Medalha)
A carta que não foi mandada (c/ Toquinho)
A casa
A felicidade (c/ Tom Jobim)
A flor e a noite (c/ Toquinho)
A primavera (c/ Carlos Lyra)
A rosa desfolhada (c/ Toquinho)
A terra prometida (c/ Toquinho)
A tonga da mironga do Kabulete (c/ Toquinho)
A uma mulher
A vez do Dombe (c/ Toquinho)
Acalanto da rosa (c/ Carlos Santoro)
Ai de quem ama (c/ Nilo Queiróz)
Ai quem me dera
Algum lugar (c/ Marília Medalha)
Amei tanto
Amigo amado (c/ Alaíde Costa)
Amigos meus (c/ Toquinho)
Amor e lágrimas (c/ Cláudio Santoro)
Amor em paz (c/ Tom Jobim)
Andam dizendo (c/ Tom Jobim)
Apelo (c/ Baden Pawell)
Arrastão (c/ Edu Lobo)
As cores de abril (c/ Toquinho)
Astronauta (c/ Baden Powell)
Até rolar pelo chão (c/ Mutyinho)
Ausência (c/ Marília Medalha)
Bachiana (c/ Baden Powell)
Bate, coração (c/ Antônio Maria)
Berceuse (c/ Baden Powell)
Berimbau (c/ Baden Powell)
Blues para Emmet (c/ Toquinho)
Bocoxé (c/ Baden Powell)
Bom-dia, amigo (c/ Baden Powell)
Bom-dia, tristeza (c/ Andorian Barbosa)
Brasília, sinfonia da Alvorada (c/ Tom Jobim)
Brigas nunca mais (c/ Tom Jobim)
Broto maroto (c/ Carlos Lyra)
Cala, meu amor (c/ Tom Jobim)
Calmaria e vendaval (c/ Toquinho)
Caminho de pedra (c/ Tom Jobim)
Caminhos sem fim (c/ Tom Jobim)
Canta, canta demais (c/ Tom Jobim)
Canto de Iemanjá (c/ Baden Powell)
Canto de Ossanha (c/ Baden Powell)
Canto de Oxalufá (c/ Toquinho)
Canto de Oxanga (c/ Baden Powell)
Canto de Xangô (c/ Baden Pawell)
Canto de pedra (c/ Baden Powell)
Canto de pedra preta (c/ Baden Powell)
Canto do Caboclo Pedra Preta (c/ Baden Powell)
Canto e contraponto (c/ Baden Powell)
Canto e contraponto (c/ Toquinho)
Canto triste (c/ Edu Lobo)
Canção da canção que nasceu (c/ Marília Medalha)
Canção da eterna despedida (c/ Antônio Carlos Jobim)
Canção da noite (c/ Paulo Tapajós)
Canção de amanhecer (c/ Edu Lobo)
Canção de amor e paz (c/ Baden Powell)
Canção de enganar tristeza (c/ Baden Powell)
Canção de ninar meu bem (c/ Baden Powell)
Canção de nós dois
Canção do amor amigo (c/ Baden Powell)
Canção do amor ausente (c/ Baden Powell)
Canção do amor demais (c/ Tom Jobim)
Canção do amor que chegou (c/ Carlos Lyra)
Canção do homem só (c/ Carlos Lyra)
Canção em modo menor (c/ Tom Jobim)
Canção para alguém (c/ Haroldo Tapajós)
Canção para o grande amor (c/ Marília Medalha)
Carioca (c/ Carlos Lyra)
Caro Raul (c/ Raul)
Carta ao Tom 74 (c/ Toquinho)
Cartão de vista (c/ Carlos Lyra)
Cavalo marinho (c/ Baden Powell)
Cem por dentro
Certa Maria (c/ Cyro Monteiro)
Chanson d'hiver (c/ Baden Powell)
Chega de saudade (c/ Tom Jobim)
Chora coração (c/ Tom Jobim)
Chorando pra Pixinguinha (c/ Toquinho)
Choro para metrônomo (c/ Baden Powell)
Coisa mais linda (c/ Carlos Lyra)
Com você é pior (c/ Carlos Lyra)
Como dizia o poeta (c/ Albinoni e Toquinho)
Como dizia o poeta (c/ Toquinho)
Como é duro trabalhar (c/ Toquinho)
Consolação (c/ Baden Powell)
Cotidiano (c/ Toquinho)
Cotidiano nº 2 (c/ Toquinho)
Cântico
Deixa (c/ Baden Powell)
Derradeira primavera (c/ Tom Jobim)
Desalento (c/ Chico Buarque)
Deve ser amor (c/ Baden Powell)
Dia da criação
Diga, moreninha (c/ Haroldo Tapajós)
Distante (c/ Marília Medalha)
Dobrado de amor a São Paulo (c/ Antônio Maria)
Doce ilusão (c/ Haroldo Tapajós)
Dor de uma saudade (c/ Joaquim Medina)
Ela é carioca (c/ Tom Jobim)
Em noite de luar (c/ Ary Barroso)
Essa menina (c/ Toquinho)
Estes seus olhos (c/ Seri Pestana)
Estrada branca (c/ Tom Jobim)
Eu e o meu amor (c/ Tom Jobim)
Eu não existo sem você (c/ Tom Jobim)
Eu não tenho nada a ver com isso (c/ Toquinho)
Eu sei que vou te amar (c/ Tom Jobim)
Eu te amo, amor (c/ Francis Hime)
Exaltação do amor (c/ Tom Jobim)
Fala, meu amor (c/ Tom Jobim)
Fluido de saudade (c/ Baden Powell)
Fogo sob terra (c/ Toquinho)
Formosa (c/ Baden Powell)
Frevo (c/ Tom Jobim)
Garota de Ipanema (c/ Tom Jobim)
Garota prenongondon (c/ Baden Powell)
Gente do morro (c/ Carlos Lyra)
Gente humilde (c/ Chico Buarque e Garoto)
Gilda (c/ Toquinho)
Golpe errado (c/ Toquinho)
Hendulu
História antiga (c/ Baden Powell)
Honolulu (c/ Paulo Tapajós)
Iemanjá (c/ Baden Powell)
Improviso em bossa nova (c/ Baden Powell)
Indiscretion (c/ Baden Powell)
Insensatez (c/ Tom Jobim)
Insônia (c/ Baden Powell)
Janelas abertas (c/ Tom Jobim)
Já era tempo (c/ Ary Barroso)
La casa (c/ Bardotti e Sérgio Endrigo)
Labareda (c/ Baden Powell)
Lamento de exú (c/ Baden Powell)
Lamento do morro (c/ Antônio Carlos Jobim)
Lembre-se (c/ Moacir Santos)
Linda baiana (c/ Baden Powell)
Loura ou morena (c/ Haroldo Tapajós)
Luar de meu bem (c/ Cláudio Santoro)
Luciana (c/ Antônio Carlos Jobim)
Mais um adeus (c/ Toquinho)
Marcha da quarta-feira de cinzas (c/ Carlos Lyra)
Marcha do amanhecer (c/ Carlos Lyra)
Maria (c/ Francis Hime)
Maria da graça (c/ Tom Jobim)
Maria moita (c/ Carlos Lyra)
Maria-vai-com-as-outras (c/ Toquinho)
Medo de amar
Melancia e coco verde
Melhor tudo acabar (c/ Baden Powell)
Menina das duas tranças (c/ Toquinho)
Menino travesso (c/ Moacir Santos)
Meu pai oxalá (c/ Toquinho)
Meu tempo (c/ Marília Medalha)
Minha desventura (c/ Carlos Lyra)
Minha namorada (c/ Carlos Lyra)
Mister Toquinho (c/ Marília Medalha)
Modinha (c/ Tom Jobim)
Modinha nº 1 (c/ Toquinho)
Moinho d'água (c/ Marília Medalha)
Morena flor (c/ Toquinho)
Mulher carioca (c/ Baden Powell)
Mulher, sempre mulher (c/ Tom Jobim)
Mundo melhor (c/ Pixinguinha)
Nada como ter amor (c/ Carlos Lyra)
Namorado da lua (c/ Haroldo Tapajós)
No colo da serra (c/ Toquinho)
O beijo que você não quis dar (c/ Haroldo Tapajós)
O canto de Oxum (c/ Toquinho)
O canto de pedra (c/ Baden Powell)
O céu é o meu chão (c/ Toquinho)
O desespero da piedade
O falso mendigo
O filho que eu quero ter (c/ Toquinho)
O grande amor (c/ Tom Jobim)
O grande apelo (c/ Marília Medalha)
O mais-que-perfeito (c/ Macalé)
O morro não tem vez (c/ Tom Jobim)
O nosso amor (c/ Tom Jobim)
O nosso amor de criança (c/ Haroldo Tapajós)
O pato (c/ Toquinho)
O poeta aprendiz (c/ Toquinho)
O que tinha de ser (c/ Jobim)
O velho e a flor (c/ Toquinho e E. Bacalov)
Olha, Maria (c/ Tom Jobim e Chico Buarque)
Onde andará o amor? (c/ Tom Jobim)
Outra vez (c/ Tom Jobim)
Paiol da pólvora (c/ Toquinho)
Para fazer um bom café (c/ Baden Powell)
Para viver um grande amor (c/ Toquinho)
Paris toute grise (c/ Baden Powell)
Pau-de-arara (c/ Carlos Lyra)
Pela luz dos olhos teus (c/ Toquinho)
Pelos caminhos da vida (c/ Tom Jobim)
Planta baixa (c/ Toquinho)
Pobre menina rica (c/ Carlos Lyra)
Poema dos olhos da amada
Por toda minha vida (c/ Tom Jobim)
Porque será (c/ Toquinho)
Pour toi, Marie (c/ Baden Powell)
Pra que chorar (c/ Baden Powell)
Praia branca (c/ Tom Jobim)
Precedented (c/ Baden Powell)
Pregão da saudade (c/ Cláudio Santoro)
Prelúdio ao coração (c/ Baden Powell)
Primeira namorada (c/ Carlos Lyra)
Quando tu passas por mim (c/ Antônio Maria)
Quarta-feira de cinzas (c/ Amauri)
Quarto soneto de meditação
Que trouxe essa canção? (c/ Baden Powell)
Regra três (c/ Toquinho)
Rosa de Hiroxima (c/ João Ricardo)
Sabe você (c/ Carlos Lyra)
Sagarana (c/ Marília Medalha)
Samba Belo Horizonte (c/ Tom Jobim)
Samba cinco (c/ Baden Powell)
Samba da bênção (c/ Baden Powell)
Samba da rosa (c/ Toquinho)
Samba da volta (c/ Toquinho)
Samba de Gesse
Samba de Maria (c/ Francis Hime)
Samba de Orly (c/ Toquinho e Chico Buarque)
Samba de Oxóssi (c/ Baden Powell)
Samba de nós dois (c/ Baden Powell)
Samba do Veloso (c/ Baden Powell)
Samba do avião
Samba do carioca (c/ Carlos Lyra)
Samba do jato (c/ Toquinho)
Samba em chá-chá-chá (c/ Baden Powell)
Samba em prelúdio (c/ Baden Powell)
Samba fúnebre (c/ Pixinguinha)
Samba pra endrigo (c/ Toquinho)
Samba saravá (c/ Baden Powell)
Samba triste (c/ Baden Powell)
Saravá (c/ Baden Powell)
Saudade de amor (c/ Francis Hime)
Se o amor pudesse (c/ Marília Medalha)
Se todos fossem iguais a você (c/ Tom Jobim)
Se você disser que sim (c/ Moacir Santos)
Sei lá... a vida tem sempre razão (c/ Toquinho)
Seja feliz (c/ Baden Powell)
Sem mais adeus (c/ Francis Hime)
Sem medo (c/ Toquinho)
Sem razão de ser (c/ Marília Medalha)
Sem você (c/ Tom Jobim)
Sempre a esperar (c/ Osvaldo Coghiano)
Serenata do adeus
Simplesmente (c/ Baden Powell)
Sob o trópico de Câncer
Soneto a K. Mansfield
Soneto da intimidade
Soneto da separação (c/ Tom Jobim)
Sonho de amor e paz (c/ Baden Powell)
São Francisco (c/ Paulo Soledade)
São demais os perigos dessa vida (c/ Toquinho)
Só amor (c/ Carlos Lyra)
Só danço samba (c/ Tom Jobim)
Só me fez bem (c/ Edu Lobo)
Só por amor (c/ Baden Powell)
Tarde em Itapoã (c/ Toquinho)
Tatanurô (c/ Toquinho)
Teleco-teco
Tem dó (c/ Baden Powell)
Tempo da flor (c/ Francis Hime)
Tempo de amor (c/ Baden Powell)
Tempo de paz (c/ Baden Powell)
Tempo feliz (c/ Baden Powell)
Ternura
Testamento (c/ Toquinho)
Toi, ma blonde (c/ Baden Powell e Eduardo Bacri)
Toma meu coração (c/ Eduardo Bacri e Baden Powell)
Tomara
Triste de quem (c/ Moacir Santos)
Triste sertão (c/ Toquinho)
Tristeza e solidão (c/ Baden Powell)
Tudo na mais santa paz (c/ Toquinho)
Um nome de mulher (c/ Tom Jobim)
Uma rosa em minha mão (c/ Toquinho)
Valsa de Eurídice
Valsa do amor de nós dois (c/ Tom Jobim)
Valsa do amor que não vem (c/ Baden Powell)
Valsa do bordel (c/ Toquinho)
Valsa dueto (c/ Carlos Lyra)
Valsa para o ausente (c/ Marília Medalha)
Valsa para uma menininha (c/ Toquinho)
Valsa sem nome (c/ Baden Powell)
Valsinha (c/ Chico Buarque)
Veja você (c/ Toquinho)
Velho amigo (c/ Baden Powell)
Vida bela (c/ Tom Jobim)
Você e eu (c/ Carlos Lyra)
Zambi (c/ Edu Lobo)
Água de beber (c/ Tom Jobim)
É hoje só (c/ Baden Powell)
É preciso dizer adeus (c/ Tom Jobim)
É preciso dizer adeus (c/ Tom Jobim)
Shows
1973 Tom/Vinícius/Toquinho/Miúcha. Canecão, Rio de Janeiro.
1965 Poesia e canção. Teatro Municipal de São Paulo.
Encontro. Vinicius de Moraes, Tom Jobim, João Gilberto e Os Cariocas. Rio de Janeiro.
Pois é. Vinicius de Moraes, Gilberto Gil e Maria Bethânia. Teatro Opinião, Rio de Janeiro.
Vinicius de Moraes, Dorival Caymmi e Maria Creuza. Punta del Este.
Vinicius de Moraes, Dorival Caymmi, Quarteto em Cy e Oscar Castro Neves. Boate Zum Zum Zum, Rio de Janeiro.
Vinicius de Moraes, Toquinho e Marília Medalha. Teatro Castro Alves, Salvador.
Vinicius de Moraes. Mar del Plata.
Bibliografia Crítica

ALBIN, Ricardo Cravo. Dicionário Houaiss Ilustrado Música Popular Brasileira – Criação e Supervisão Geral Ricardo Cravo Albin. Rio de Janeiro: Rio de Janeiro: Instituto Antônio Houaiss, Instituto Cultural Cravo Albin e Editora Paracatu, 2006.

ALBIN, Ricardo Cravo. O Itamaraty nas Letras Brasileiras. Rio de Janeiro: MRE, 2001.

AMARAL, Euclides. A Letra & a Poesia na MPB: Semelhanças & Diferenças. Rio de Janeiro: EAS Editora, 2019.

AMARAL, Euclides. Alguns Aspectos da MPB. Rio de Janeiro: Edição do Autor, 2008; 2ª ed. Esteio Editora, 2009.

CARNEIRO, Geraldo. Vinícius de Moraes. Rio de Janeiro: Toca do Vinícius, 1997.

CASTELO, José. Vinícius de Moraes – Livro de Letras. São Paulo: Companhia das Letras, 1991.

CASTELO, José. Vinícius de Moraes. Rio de Janeiro: Relume Dumará/Rio Arte, 1996.

COSTA, Cecília. Ricardo Cravo Albin: Uma vida em imagem e som. Rio de Janeiro: Edições de Janeiro, 2018.

Crítica

Saudade, muita saudade do poetinha. Aliás, eu sempre considerei a palavra “poetinha” um tanto inapropriada a Vinícius, um poetão, um poetaço. Porque o diminutivo havia sido usado pejorativamente pelo General Costa e Silva quando lhe cassou a carreira de diplomata pelo AI-5 (em 13 de dezembro de 1968), com o agravante insultuoso do acréscimo do adjetivo vagabundo.

Vinícius de Moraes – que nunca foi um poetinha qualquer e muito menos um vagabundo – será lembrado não só como o maior lírico do seu tempo senão também como o maior letrista da MPB, uma síntese sofisticada de Orestes Barbosa e Noel, se me permitem o desvario das comparações inexatas.

Vinícius, um ser humano plural, até pelo vaticínio da letra S em seus dois nomes, não foi somente isso. Ele foi muitíssimo mais. Além de letrista, era compositor, e dos bons. Aí estão jóias que não me deixam mentir, como “Serenata do Adeus” ou “Medo de Amar”, duas canções dotadas de insinuantes melodias.

Vinícius, logo depois de cassado pela truculência do AI-5, me disse, em noite de desconsolo no Antonio’s, que iria dar um troco na ditadura, fazendo shows para os universitários do Brasil. Dito e feito. Tanto que o espetáculo “O poeta, a moça e o violão” (com Toquinho de um lado e do outro Maria Creuza, ou Maria Bethânia, ou Clara Nunes, ou Maria Medaglia) representou um farol de luz, beleza e dignidade na noite daqueles anos de chumbo. Nos anos 70, pois, enquanto muitos de seus melhores amigos estavam exilados, Vinícius resistia, dardejante, jogando beleza e verdade de suas músicas com Toquinho, seu derradeiro parceiro, as canções mais cantadas da década, lado a lado com os sambas de Martinho da Vila.

Pois bem, a importância de Vinícius de Moraes como personagem da música e poesia brasileiras ainda precisa ser avaliada. A meu ver, ela foi muito maior do que se pensa. Agora, o que não pode mesmo ser medido é a importância do hoje mito como ser humano. A não ser pelos que tiveram a felicidade de conviver com ele. Eu, por exemplo, jamais topei com ninguém pela vida com tal carga de generosidade. Vinícius era um bom, na melhor acepção da palavra.

Inicialmente que o digam suas quase dez ex-mulheres. Ao acabar o amor, imortal naturalmente, enquanto durasse, Vinícius saía de casa apenas com a escova de dente. O resto (casa, carros e “otras cositas más”) ele largava para lá e ia em frente.

Nós, seus muitos amigos, éramos freqüentes testemunhas de sua generosa delicadeza. Pequeninos gestos de grandeza definiam-lhe a dimensão: dar sempre esmola a um pedinte ou pagar a conta de bar para amigos mais necessitados eram atos corriqueiros no dia-a-dia do poeta.

Não se pense, contudo, que Vinícius fosse um santinho de altar. Ele adorava destilar sua fina ironia, mas com o cuidado de não ferir ninguém muito profundamente.

Certa vez, em roda do Conselho de Música Popular, do MIS, de que Vinícius era integrante, seu também advogado, o pianista Mário Cabral, desancou um certo compositor da moda. Enquanto todos os demais conselheiros ajudavam a apedrejá-lo, Vinícius, quietinho no seu canto, não emitiu uma só palavra, a não ser quando lhe solicitei uma opinião. E ele: “ – Vocês estão muito radicais. O rapaz até que é simpatiquinho. Não é que eu goste, mas aqueles bolerinhos dele me dão uma certa saudade. Uma saudadinha até interessante. E vocês sabem, música é como mulher, tem que inspirar algum sentimento. Mesmo um cheirinho inda que quase inodoro…”

Ricardo Cravo Albin