5.001
Nome Artístico
Valzinho
Nome verdadeiro
Norival Carlos Teixeira
Data de nascimento
26/12/1914
Local de nascimento
Rio de Janeiro, RJ
Data de morte
25/1/1980
Local de morte
Rio de Janeiro, RJ
Dados biográficos

Compositor. Violonista. Cavaquinista. 

Nasceu no bairro carioca de Irajá. Filho de Edgar Carlos Teixeira e de Niza Chaves Teixeira. Seu pai era violonista e exercia a profissão de ferroviário. Sua mãe tocava piano. Irmão do compositor e também violonista Newton Teixeira. Além do irmão, teve também três irmãs: Yeda, Cirene e Nilva. Cursou o primário na Escola Municipal Nilo Peçanha. Estudou desenho, escultura e gravura com Calmon Barreto no Museu de Belas Artes. Seu pai teve forte influência no talento dos filhos, pois costumava distribuir instrumentos nas mãos dos meninos desde quando eram muito pequenos. 

Começou a aprender cavaquinho aos 13 anos. Nessa época já trabalhava como ajudande de alfaiate, para ajudar nas despesas da família. Seu primeiro emprego foi na Casa da Moeda, como gravador artístico, onde acabou se aposentando muitos anos depois. Chegou a receber premiação com seus trabalhos no Salão Nacional de Belas Artes em 1940 e 1950. Entre suas obras destacam-se um busto de Radamés Gnattali, outro de Carmen Miranda e um retrato de César Ladeira. 

Em 1950, perdeu o pai, fato que muito o abalou. Em 1973, com a morte da mãe, ficou tão desconsolado que passou a pegar o violão apenas raramente, em especial para tocar em família, mantendo regularidade apenas para dar aulas ao sobrinho, filho da irmã Yedda, até surgir a oportunidade de gravar um LP produzido por Hermínio Bello de Carvalho em 1979, um ano antes de falecer. Em 2011, o acervo tanto seu como quanto de seu irmão Newton Teixeira foi revitalizado pelo sobrinho Edgard, em parceria com o Instituto Cultural Cravo Albin.

Dados artísticos

Ao lado de Garoto, Vadico e Custódio Mesquita, utilizava-se de harmonias ousadas para sua época, fato que lhe confere o posto de precussor da bossa nova. Começou sua carreira artística, tocando no conjunto regional do violonista Pereira Filho, do qual participavam Luís Bittencourt ao violão, Dante Santoro na flauta e Darci no pandeiro. Com esse regional atuou na Rádio Guanabara, em 1933.
Em 1934, passou a integrar o conjunto de Pixinguinha, juntamente com Valdemar no violão, João da Baiana no pandeiro e voz e Joca no pandeiro. Com Pixinguinha tocou em shows de teatro, cinemas e até em circos. Em 1936, passou a integrar o conjunto do bandolinista Luperce Miranda, com o qual tocou até 1938. Entre seus companheiros estavam o violonista Carlos Lentini e Salomão, baterista e pandeirista. Com Luperce Miranda, atuou na Rádio Mayrink Veiga por cerca de dois anos no Programa Casé. Em 1937, compôs a primeira música, “Tudo foi surpresa”, em parceria com Peterpan.
Em 1939, passou a fazer parte do regional de Dante Santoro, ao lado de Carlos Lentini no violão, Valdemar no cavaquinho, Joca no pandeiro, Norival Guimarães no violão e Rubens Bergman no violão. Com esse grupo foi contratado pela Rádio Nacional em 1940, onde permaneceu trabalhando por 30 anos. Na Nacional costumava substituir o violonista Luís Bittencourt na orquestra de maestro Chiquinho. Ainda em 1940, o samba “Tudo foi surpresa”, com Peterpan foi gravado por Aracy de Almeida na Victor.
Em 1944, teve o samba “Não sei porque”, com Luperce Miranda, gravado por Gilberto Alves na Odeon. No ano seguinte, o samba “Doce veneno”, parceria com Lentine e M. Goulart, foi gravado na Continental pelos Milionários do Ritmo e Marion.
Em 1946, seu samba “Tormento”, foi gravado por Orlando Silva na Odeon. Em 1949, o samba-canção “Três de setembro”, com Ricardo Batista, foi gravado por Castro Barbosa na gravadora Star.
Em 1953, Ivete Garcia gravou na Sinter o samba “Não vou chorar”, parceria com Domício Costa. Zezé Gonzaga gravou na Columbia em 1955 o samba-canção “Óculos escuros”, parceria com Orestes Barbosa, considerado um dos seus sucessos mais caracteristicos. No ano seguinte, fez com Evaldo Rui o samba-canção “Quando o amor vai embora” gravado na Continental por Nora Ney.
Chegou a integrar por pouco tempo o conjunto Bossa Clube, dirigido pelo violonista Garoto. Nessa época já utilizava  técnica original e compunha em um estilo que profetizava a bossa nova.
Em 1971, Paulinho da Viola regravou o samba-canção “Óculos escuros”, parceria com Orestes Barbosa. Em 1979, gravou com Zezé Gonzaga e Quinteto de Radamés Gnattali, pelo Museu da Imagem e do Som, o LP “Valzinho: Um Doce Veneno – Zezé Gonzaga & Quinteto de Radamés Gnattali” com a interpretação das composições “Óculos Escuros” e “Imagens”, parcerias com Orestes Barbosa; “Tudo Foi Surpresa”, com Peterpan; “Três de Setembro”, com Renato Batista; “Felicidade”, com Reinaldo Dias Leme; “Doce Veneno”, com Carlos Lentine e M. Goulart; “Teu Olhar”, com Garoto, em cuja gravação teve a participação do grupo As Morenas do Barulho; “Quando o Amor Vai Embora”, com Evaldo Ruy; ” Castigo”, com Manezinho Araújo; “Tempo de Criança”, com Luis Bittencourt, e “Amar e Sofrer”, “Fantasia” e “Tormento”, as três de
sua autoria, além de “Não Convém”, com Jorge de Castro, e “Viver Sem Ninguém”, com Marcelo Machado, que contaram com sua participação. Seu maior sucesso foi o samba-canção “Doce veneno”, regravao por Jamelão, Gaúcho e Sua orquestra, Britinho e Sua Orquestra, Paulinho da Viola e Elizeth Cardoso. Em 2014, por ocasião de seu centenário de nascimento, foi homenageado com a colocação no ar do site “valzinho.osteixeiras.com” com músicas suas além de fotos e outras curiosidades.

Discografias
1979 LP Zezé Gonzaga, Radamés Gnattali e Quinteto e Valzinho
Obras
Amar é sofrer
Castigo (c/ Manezinho Araújo)
Doce veneno (c/ Carlos Lentini e Espiridião Machado Goulart)
Fantasia
Felicidade (c/ Reynaldo Dias Leme)
Imagens (c/ Orestes Barbosa)
Não convém (c/ Jorge de Castro)
Não sei por quê (c/ Luperce Miranda)
Não vou chorar (c/ Domício Costa)
Quando o amor vai embora (c/ Evaldo Rui)
Súplica (c/ Pernambuco)
Tempo de criança (c/ Luís Bittencourt)
Teu olhar (c/ Garoto)
Tormento
Três de setembro (c/ Renato Batista)
Tudo foi surpresa (c/ Peterpan)
Viver sem ninguém (c/ Marcelo Machado)
Vou levando
Vou levando
Óculos escuros (c/ Orestes Barbosa)
Bibliografia Crítica

AZEVEDO, M. A . de (NIREZ) et al. Discografia brasileira em 78 rpm. Rio de Janeiro: Funarte, 1982.

CARDOSO, Sylvio Tullio. Dicionário Biográfico da música Popular. Rio de Janeiro: Edição do autor, 1965.

MARCONDES, Marcos Antônio. (ED). Enciclopédia da Música popular brasileira: erudita, folclórica e popular. 2. ed. São Paulo: Art Editora/Publifolha, 1999.

SEVERIANO, Jairo e MELLO, Zuza Homem de. A canção no tempo. Volume1. São Paulo: Editora: 34, 1999.

VASCONCELOS, Ari. Panorama da música popular brasileira – volume 2. Rio de Janeiro: Martins, 1965.